O ataque dos otakus!
Mas bem que poderia ser chamado
de “bando de otaku fedido”
Contando a história do começo.
No dia 14 de abril de 2018 o
grupo dos Lordes de Ferro foi convidado para fazer uma participação no já
tradicional festival de cultura japonesa – o 6º Nihon Matsuri – do Cil (Centro
Interescolar de Línguas), na cidade do Gama. Foi um convite que nos deixou
muito felizes e ao mesmo tempo um pouco apreensivos. Afinal de contas seria o
nosso primeiro evento. Iriamos nos apresentar para um público estimado de mais
de 400 pessoas.
Prontamente entramos em contato
com a organizadora do evento, a Sensei Veryanne Couto, que se mostrou bastante
solícita e disposta a nos ajudar. Escolhemos um espaço arborizado, entre a
quadra de esportes e ao prédio da coordenação, em frente as primeiras salas do
bloco A. O espaço foi escolhido porque as chuvas no DF já tinham passado e os
dias de agora até novembro tendem a ser bem ensolarados: a sombra das árvores
seria mais do que bem vinda em caso de sol forte. O espaço escolhido, apesar de
um pouco apertado, serviria para pequenos combates, um espaço para arquerismo e
até mesmo uma oficina para fazer espadas na hora e ensinar as pessoas como
funciona um boffer. Também era propício para trazer e levar equipamentos sem
ter que andar muito e podíamos contar com algumas tomadas à disposição.
Tinha selecionado uma equipe com
oito voluntários (que depois se tornaram nove) e dei a eles todo o treinamento
que eu julguei ser capaz de dar no pouco tempo que tivemos para nos preparar.
Pouco tempo mesmo, porque levamos quase duas semanas apenas para fechar o
espaço com a Sensei Veryanne. Não que fosse culpa dela: a boa e velha
burocracia estatal nos atrapalhou um pouco. O evento abria as portas as dez da
manha, mas as oito a galera já estava montando o stand a todo vapor.
Íamos ter um dia longo e
divertido à frente. Ele se revelou, entretanto, bastante estressante também.
Bando de Otaku fedido!
O evento começou morninho. Os
primeiros visitantes vinham até minha mesa (que transformei em oficina) e
perguntavam timidamente como faziam para participar e se tinha que pagar alguma
coisa. Como a ideia era apenas divulgar o grupo, deixamos as pessoas curtirem o
stand de forma gratuita. Eu sorria e pedia que eles buscassem informações com
os meus confrades vestidos de tabardos. Esse foi o nosso primeiro grande erro.
Por mais que a equipe fosse
comprometida havia sempre mais pessoas no stand do que o confortável. E sem
supervisão o público pegava a primeira arma que via pela frente e se batia
livremente com qualquer coleguinha armado.
Observando agora percebo que
deveria ter limitado o numero de participantes de cada vez na arena. No máximo três
ou quatro para cada confrade. Por mais boa vontade e paciência que meus
confrades tivessem foi muito extenuante repetir dezenas de vezes as mesmas
instruções: não bata com força, não apoie a espada no chão, não atinja a cabeça
do coleguinha... Muitos pareciam fazer de propósito, trocando de equipamento a
cada rodada, deixando as espadas com a ponta para baixo ou simplesmente jogando
as armas ao chão. Isso quando não se batiam como se fossem selvagens,
descontando a raiva do coleguinha ou o estresse do dia a dia.
O resultado não poderia ser pior:
vou levar semanas para reparar todas as espadas cuja estrutura ou segurança
foram comprometidas durante o evento.
As coisas começaram a acalmar a
tarde quando o tempo nublou e... choveu. Estava no meio do processo de fazer
uma espada nova. Foi literalmente um banho de água fria e o fim prematuro da
arena de swordplay. Eu não ia arriscar que ninguém se machucasse ali e não ia deixar
meu equipamento e ferramentas se molharem. Tem coisa perdida até agora.
Agora eu entendo um pouco o horror
que alguns grupos têm dos otakus. Não consigo deixar de pensar que muitos deles
realmente trazem má fama ao grupo inteiro.
Se você sobreviveu é porque, provavelmente, fez direito.
Do jeito que estou colocando este
relato eu fiz parecer que o evento foi um grande fracasso. Não foi. Desculpe se
eu dei essa impressão. Os problemas que tivemos serviram como um aprendizado
fantástico. É uma pena que eu não soubesse disso duas semanas antes. O evento
teria sido completamente diferente. Mas assim mesmo foi divertido: fizemos muitos
amigos, fechamos alguns contatos e já fechamos a nossa participação para o
Nihon Matsuri para o ano que vem.
Só que dessa vez eu vou ser mais
assertivo e não vou permitir excessos. Aprender com os erros é uma forma dura
de aprender, mas é a forma que traz
frutos mais valiosos.
Para quem quiser, tem versão em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=VTJYzdaf8qY
Para quem quiser, tem versão em vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=VTJYzdaf8qY