segunda-feira, 21 de maio de 2018

Relato do evento do 6º Matsuri no Cil Gama


O ataque dos otakus!

Mas bem que poderia ser chamado de “bando de otaku fedido”

Contando a história do começo.
No dia 14 de abril de 2018 o grupo dos Lordes de Ferro foi convidado para fazer uma participação no já tradicional festival de cultura japonesa – o 6º Nihon Matsuri – do Cil (Centro Interescolar de Línguas), na cidade do Gama. Foi um convite que nos deixou muito felizes e ao mesmo tempo um pouco apreensivos. Afinal de contas seria o nosso primeiro evento. Iriamos nos apresentar para um público estimado de mais de 400 pessoas.
Prontamente entramos em contato com a organizadora do evento, a Sensei Veryanne Couto, que se mostrou bastante solícita e disposta a nos ajudar. Escolhemos um espaço arborizado, entre a quadra de esportes e ao prédio da coordenação, em frente as primeiras salas do bloco A. O espaço foi escolhido porque as chuvas no DF já tinham passado e os dias de agora até novembro tendem a ser bem ensolarados: a sombra das árvores seria mais do que bem vinda em caso de sol forte. O espaço escolhido, apesar de um pouco apertado, serviria para pequenos combates, um espaço para arquerismo e até mesmo uma oficina para fazer espadas na hora e ensinar as pessoas como funciona um boffer. Também era propício para trazer e levar equipamentos sem ter que andar muito e podíamos contar com algumas tomadas à disposição.
Tinha selecionado uma equipe com oito voluntários (que depois se tornaram nove) e dei a eles todo o treinamento que eu julguei ser capaz de dar no pouco tempo que tivemos para nos preparar. Pouco tempo mesmo, porque levamos quase duas semanas apenas para fechar o espaço com a Sensei Veryanne. Não que fosse culpa dela: a boa e velha burocracia estatal nos atrapalhou um pouco. O evento abria as portas as dez da manha, mas as oito a galera já estava montando o stand a todo vapor.
Íamos ter um dia longo e divertido à frente. Ele se revelou, entretanto, bastante estressante também.

Bando de Otaku fedido!
O evento começou morninho. Os primeiros visitantes vinham até minha mesa (que transformei em oficina) e perguntavam timidamente como faziam para participar e se tinha que pagar alguma coisa. Como a ideia era apenas divulgar o grupo, deixamos as pessoas curtirem o stand de forma gratuita. Eu sorria e pedia que eles buscassem informações com os meus confrades vestidos de tabardos. Esse foi o nosso primeiro grande erro.
Por mais que a equipe fosse comprometida havia sempre mais pessoas no stand do que o confortável. E sem supervisão o público pegava a primeira arma que via pela frente e se batia livremente com qualquer coleguinha armado.   
Observando agora percebo que deveria ter limitado o numero de participantes de cada vez na arena. No máximo três ou quatro para cada confrade. Por mais boa vontade e paciência que meus confrades tivessem foi muito extenuante repetir dezenas de vezes as mesmas instruções: não bata com força, não apoie a espada no chão, não atinja a cabeça do coleguinha... Muitos pareciam fazer de propósito, trocando de equipamento a cada rodada, deixando as espadas com a ponta para baixo ou simplesmente jogando as armas ao chão. Isso quando não se batiam como se fossem selvagens, descontando a raiva do coleguinha ou o estresse do dia a dia.
O resultado não poderia ser pior: vou levar semanas para reparar todas as espadas cuja estrutura ou segurança foram comprometidas durante o evento.
As coisas começaram a acalmar a tarde quando o tempo nublou e... choveu. Estava no meio do processo de fazer uma espada nova. Foi literalmente um banho de água fria e o fim prematuro da arena de swordplay. Eu não ia arriscar que ninguém se machucasse ali e não ia deixar meu equipamento e ferramentas se molharem. Tem coisa perdida até agora.
Agora eu entendo um pouco o horror que alguns grupos têm dos otakus. Não consigo deixar de pensar que muitos deles realmente trazem má fama ao grupo inteiro.

Se você sobreviveu é porque, provavelmente, fez direito.
Do jeito que estou colocando este relato eu fiz parecer que o evento foi um grande fracasso. Não foi. Desculpe se eu dei essa impressão. Os problemas que tivemos serviram como um aprendizado fantástico. É uma pena que eu não soubesse disso duas semanas antes. O evento teria sido completamente diferente. Mas assim mesmo foi divertido: fizemos muitos amigos, fechamos alguns contatos e já fechamos a nossa participação para o Nihon Matsuri para o ano que vem.
Só que dessa vez eu vou ser mais assertivo e não vou permitir excessos. Aprender com os erros é uma forma dura de aprender, mas é  a forma que traz frutos mais valiosos.

Para quem quiser, tem versão em vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=VTJYzdaf8qY 

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...