De acordo com pesquisa da
universidade de Oxford na década de oitenta, o português figurava entre os 10
idiomas mais difíceis de aprender em todo o mundo. Nova pesquisa realizada no
começo dos anos 2000 deixou o português de fora. Não figurava mais nem no top
10. Eu achei um grande equivoco. O português é uma das línguas mais difíceis de
aprender. Mas não é por sua gramática – que é complicada, sem dúvida, mas nada
fora do comum – mas por suas pequenas exceções e particularidades. Pegue a
palavra “manga”, por exemplo. Ela pode se referir a manga da camisa, pode se
referir à fruta, pode se referir ao verbo mangar (rir de alguém, fazer troça,
zoar) e ainda pode ser associado ao quadrinho japonês (mangá). Como é que uma íngua
dessas não é complicada, meu deus?
Mas é no swordplay que a língua portuguesa
lança alguns de seus mais interessantes dilemas semânticos. Uma palavra que
usamos o tempo todo, mas que pode ser ao mesmo tempo a fortaleza ou a ruina de um
jogador ou grupo. Falo da palavra “orgulho”.
Existem duas formas dialéticas de
se compreender o Orgulho. Uma delas diz respeito ao “sentimento de prazer, de
grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra”; a outra versa
exatamente sobre “sentimento egoísta,
admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância, soberba”. Assim,
o termo pode ser empregado tanto como sinônimo de soberba e arrogância, quanto
para indicar dignidade ou brio de alguém ou de alguma coisa.
Filosoficamente não se pode
classificar o orgulho como uma virtude, uma vez que ele não é uma ação voluntária
e sim um sentimento. A grande questão é que, como sentimento, muitas pessoas
não aprenderam a controlar seus sentimentos e usá-los a seu favor.
Em um primeiro vislumbre não
existe nada de errado em se orgulhar de alguma coisa. Você fez uma espada
bonita e que todo mundo elogia; o seu grupo é conhecido por luar bem e ser
honesto e honrado no campo de batalha; seus colegas são famosos por falarem a
verdade. Não, não existe nada de errado em se orgulhar de coisas assim. O
problema é quando orgulho vem em excesso. O orgulho em excesso pode se
transformar em vaidade, ostentação, e soberba. Isso tudo pode levar o indivíduo
(ou o grupo, em alguns casos) ao chamado egoísmo, sendo visto como uma emoção
negativa. Uma nova evolução pode realmente acontecer: a passagem do Orgulho
para a Arrogância, se ela não o for constantemente patrulhada com nossa Sabedoria.
Neste caso em que se estabelece
uma relação entre orgulho e arrogância, ela se torna um tipo de satisfação
incondicional. Quando os próprios valores do grupo ou do indivíduo são
superestimados levam as pessoas a acreditarem ser melhores ou mais importantes
do que os outros. E esse é um sentimento desagregador, que causa cisão entre os
membros de um grupo.
Nunca é demais lembrar-se de que
nenhum de nós é melhor que todos nós juntos. O fato de eu ter uma espada ou um
escudo melhor do que você, não me faz melhor. O fato de eu lutar bem não
significa nada além disso, e só deveria ser motivo de satisfação até um limite
onde eu posso empolgar os outros ou ensiná-los a serem tão bons como eu.
O trabalho de combater o orgulho
no esporte deve vir de todos os lados. Devemos ser vigilantes não apenas com o
comportamento do outro, mas com o nosso mesmo a fim de evitarmos que ele deixe
de ser um sentimento positivo de auto realização e se torne algo destrutivo.
Muito bom o assunto. Podemos levantar também a questão de quando a arrogância da liderança afasta os membros do grupo e mina a vontade dos jogadores mais produtivos.
ResponderExcluirE também que, quando o ego e a arrogância impedem um líder de aceitar ajuda de outras pessoas para melhorar o grupo, pois esse líder acredita que só ele faz o certo e ponto final.
Vamos comentar!
Vou anotar
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