domingo, 18 de fevereiro de 2018

Treinando com os lordes de ferro

Recentemente eu coloquei mais um vídeo no canal dos lordes de ferro e fiz questão de compartilhar com os principais grupos de swordplay dentro do Facebook. 

Quando estava preparando a postagem lembrei de colocar um pequeno aviso antes do vídeo: "pode ser que não tenha lá muita técnica, mas sobra companheirismo, amizade, respeito e diversão". 

Entretanto esta frase ficou martelando dentro da minha cabeça. Porque eu precisava dizer isso antes do vídeo começar? Seria para justificar a falta de técnica em esgrima, tanto minha como dos meus colegas? Seria para fugir das críticas que provavelmente viriam a respeito da postura e da maneira como golpeamos? 

Está bem longe disso. Depois de raciocinar um pouco eu percebi que não era um aviso a fim de fugir de críticas, mas que era um outro tipo de aviso. Um aviso de que aqui estamos mais preocupados em nos divertimos do que em fazer as coisas da maneira "historicamente correta". 

Claro, você não precisa me levar a mal, ou tomar a ferro e fogo tudo o que eu digo. Eu não estou dizendo que jogar de uma maneira que busque mais a diversão do que a historicidade está correta ou o contrário. Meu grupo não é pior ou melhor do que o seu porque a gente coloca a diversão em primeiro lugar. Tem espaço para todo tipo de grupo porque existe por aí todo tipo de gente. 

Mas eu penso que este é realmente o diferencial do nosso grupo. Ninguém é forçosamente melhor do que ninguém e todo mundo se diverte. Nós nos divertimos com o cara que treina espada Samurai e corre com as mãos para trás como se fosse o Naruto, nos divertimos com a menina que usa o mangual com a corrente mais comprida que eu já vi (de verdade parece um helicóptero de uma hélice só), nos divertimos quando alguém cria uma regra de magia que ninguém quer usar, nos divertimos quando alguém traz um colega pela primeira vez ao treino e ele promete voltar na semana seguinte ( e volta!). 

De certa maneira eu acho que esse vídeo acabou abrindo uma chave dentro da minha cabeça e me fez perceber o quanto eu sou sortudo. Eu tenho um grupo que não apenas se diverte junto mas que é companheiro e amigo. Ter companheiros e amigos no mundo de hoje é quase um tesouro. 

Então eu não sei qual é o objetivo do seu grupo de swordplay. Pode ser que vocês queiram emular com fidelidade histórica a maneira de lutar dos Cavaleiros teutônicos do século 12 lutavam, pode ser que vocês queiram fazer um clã Viking do qual Lagherta teria orgulho, ou pode ser simplesmente que vocês queiram fazer espada de macarrão de piscina e ficar se batendo por aí. Eu realmente não sei. Mas eu sei qual é o objetivo do meu grupo. 

Aqui queremos um lugar Nerd só nosso. Talvez você acha estranho eu dizer isso, uma vez que hoje em dia o termo nerd está amplamente disseminado como uma coisa quase que da moda. Mas eu sou do tempo em que ser um nerd estava longe de ser um elogio. A gente se sentia muito solitário naquele tempo, justamente porque não tinha ninguém para conversar. Hoje e é muito tranquilo você encontrar um colega e discutir a respeito do último filme dos Vingadores ou marcar de ir todo mundo junto para assistir o filme do Pantera Negra. 

Mas antigamente era bem diferente. Era difícil você encontrar alguém que lesse os mesmos quadrinhos que você. Era muito complicado encontrar pessoas que tem o mesmo gosto por seriados de TV que você tinha. E quando você encontrava, pouco importava se o cara era alto, magro, gordo, baixo, preto, branco, azul ou amarelo. Ele agora era seu colega. 

É mais ou menos isso que eu sinto quando treino com os Lordes de Ferro. Somos um grupo de swordplay, numa cidade pequena e tacanha, dentro do Distrito Federal. O simples fato de qualquer um de nós gostar de swordplay já é o bastante para que sejamos quase irmãos. 

No fim das contas eu acho que esse texto é muito mais uma expressão de gratidão do que qualquer outra coisa. 

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