Quando o caldo azeda.
O mal estar entre colegas do mesmo grupo é mais comum do que
se imagina. Grupos musicais famosos como os Rolling Stones não entram em turnê
se não forem com uma espécie de psicóloga/juíza de paz que vai fazer a mediação
entre os membros. Tenho colegas que trabalham lado a lado, fazem anos, na mesma
repartição pública e não trocam sequer um bom dia. E é claro, essa situação pode afetar –
e muito – grupos de swordplay.
Bem, pode ter começado como um mal entendido, uma troca de
impropérios num momento em que o sangue estava quente, um golpe mais forte que
acabou deixando certo rancor, uma série de pequenos desentendimentos que foram se acumulando, ou qualquer outro motivo, mas fato é que você não
suporta mais aquele seu colega de treino. Você não vai deixar de treinar e é
muito provável que seu colega também não deixe. Como suportar e treinar junto com
aquela pessoa que você não quer ver nem "pintado de ouro”?
A boa notícia é que se você está passando por esse problema
e consegue ler este texto, provavelmente você já tem todas as ferramentas
necessárias para resolver ou amenizar a situação.
A primeira coisa que você tem que entender é que não existe
nenhuma lei cósmica que obrigue você a gostar de todo mundo. O reverso é
verdadeiro: ninguém é obrigado a gostar de você. Mas como vivemos numa
sociedade regida por um código de conduta moral, as coisas vão bem além dessa
questão. Não preciso gostar de você, mas tenho que te respeitar. Ser respeitoso
não é ser falso (ou falsiane, como dita agora a moda dos memes nas redes
sociais). Ser respeitoso é agir de forma socialmente aceita para evitar conflitos
desnecessários. É mais ou menos a mesma coisa de você dar bom dia para a tia
que você não gosta ou para o professor que você não suporta: você não está
sendo falso; está apenas cumprindo um ritual social, sendo ou demonstrando ser educado.
Então a primeira dica é essa: cumpra estritamente os rituais
sociais. Dê bom dia, boa tarde e boa noite, e se for o caso pode até apertar as
mãos, mas não passa disso. Você não precisa nem sorrir, embora não seja de bom
tom ficar com cara de quem foi reprovado no exame de fezes. Se não for uma
obrigação, não precisa nem mesmo dar bom dia. Com o tempo vocês dois vão entrar
em sincronia e meio que vão “se evitar mutuamente”.
Se os santos de vocês não se batem, evite a pessoa no campo
de batalha. Isso é mais fácil de conseguir em grupos grandes, mas é plenamente
manobrável também em grupos menores. Se o seu dessabor está no mesmo time que você basta
ignorar a presença dele/dela. Se ele está no time oposto, basta evitar essa
pessoa no campo de batalha. Resista a tentação de ir até lá e enfiar a sua espada de espuma de flutuador no meio das costelas daquele infeliz escutador de Anita. É como diz um colega meu, o Júlio: “se o problema
não te encontra então você não tem problema”.
E quando eu tenho de treinar justo com aquela pessoa? Bom,
pode acontecer. Alguns grupos criam dinâmicas de treinamento que exigem que você
dialogue ou trabalhe com aquela pessoa que você não gosta. Tenha em mente que
isso vai ser temporário. Simplesmente faça o que foi pedido no exercício/treino
e nada mais. Seja educado. E só.
Óbvio que o ideal seria chamar a pessoa de lado e colocar
tudo em pratos limpos. Mas sei bem que às vezes isso não é possível, nem
desejável e nem necessário: aliás, só causaria mais transtornos e desavenças,
azedando o caldo ainda mais.
Resumindo: seja respeitoso, evite a pessoa e mantenha uma
distância segura. No fim, dará tudo certo.
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