Olá, queridos leitores!
Estou reabrindo esse blog depois de um tempo. É um
renascimento.
E hoje, gostaria de compartilhar um pouco sobre a minha
jornada no mundo das artes marciais e minhas reflexões sobre a diversidade e as
semelhanças entre diferentes estilos de combate com espadas.
Desde cedo, espadas sempre me fascinaram. Fosse a esgrima
exagerada dos filmes da antiga Sessão da Tarde dos anos 80, com clássicos como
"Príncipe Valente", "O Escudo Negro de Falworth",
"Zorro" com Douglas Fairbanks, "Robin Hood" com Errol
Flynn, e "Os Três Mosqueteiros" com o eterno Gene Kelly, ou espadas
mágicas em desenhos como "Thundercats", "He-Man",
"Darkstar" e até obras de quadrinhos como "Camelot 3000".
Transformava qualquer pedaço de madeira que caísse em minhas mãos numa espada
invencível.
Minha jornada nas artes marciais começou a se tornar mais
séria quando entrei no Instituto Niten, onde treinei sob a orientação do sensei
Jorge Kishikawa. De lá, passei alguns anos na atividade recreativa de boffer
swordplay e, mais recentemente, desde 2023, tenho me dedicado intensamente ao
caminho da espada novamente.
Treinei também na escola Chien no Senshi, fundada pelo
sensei João Martins, e sou autodidata em esgrima alemã (inspirada nos
ensinamentos de Fiore dei Liberi), bem como em espada e escudo no estilo viking
e medieval.
O que diferencia meu caminho é a abordagem menos ortodoxa
que adoto para estudar essas artes. Não me prendo a rótulos ou formas
específicas. Em vez disso, busco compreender e integrar técnicas de diferentes
estilos, valorizando o aprendizado contínuo e a troca de conhecimentos entre
tradições. Embora já tenha sido criticado por fugir do sistema rígido de
algumas escolas, especialmente nas tradições europeias, acredito firmemente que
não há limites para o que um ser humano pode aprender. Se Musashi estivesse
vivo hoje, tenho certeza de que ele também buscaria dominar o escudo, a espada
alemã e até mesmo o facão criolo.
Uma das coisas que mais me fascina é comparar diferentes
estilos de artes marciais e observar as similaridades entre eles. Por exemplo,
a postura waki-gamae no kendo é muito semelhante à postura de cauda longa ou
portão de ferro na esgrima europeia. Essas comparações me instigam e me motivam
a aprender cada vez mais.
No entanto, enquanto algumas posturas são semelhantes,
outras técnicas diferem completamente. O trabalho de pés (footwork) é um ótimo
exemplo dessas diferenças. No kendo, usamos o suri-ashi, um passo deslizante
básico que proporciona estabilidade e rapidez. Na esgrima europeia, o footwork
é mais variado e adaptável, focando em deslocamentos precisos e rápidos. Já na
esgrima crioula, com facão e capa, utilizamos o jingado, um estilo mais fluido
e rítmico, influenciado pelas danças locais.
Além das técnicas físicas, gosto de integrar filosofia em
meus estudos de esgrima. Especialmente a filosofia estoica (inspirada por Marco
Aurélio e Sêneca) e a pragmática (influenciada por Maquiavel). A meditação
oriental, conhecida como moku-sô, também desempenha um papel importante em
minha prática, ajudando a manter o foco e a clareza mental.
Minha jornada é uma busca contínua por conhecimento e
entendimento das artes marciais. Ao deixar de lado as querelas entre estilos e
escolas, acredito que podemos expandir nosso horizonte e nos tornar melhores
praticantes e conhecedores da filosofia inerente à espada.
Espero que este texto inspire outros a seguir um caminho
similar, buscando sempre aprender e crescer, sem se limitar a rótulos ou tradições
específicas. Vamos juntos explorar o maravilhoso mundo da espada e suas
inúmeras possibilidades!
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