domingo, 12 de julho de 2015

Inimigo Natural

- Apesar de todos os estilos de Wushu você defende que nenhum estilo é superior ao outro?
 - É nisso que eu acredito.
 - Se é verdade, deixe-me perguntar: se não há diferença no Wushu por que tantas competições?
 - Eu acredito que não existe nenhum estilo superior de Wushu. Todos que praticam diferentes estilos de Wushu teriam, naturalmente, um nível diferente de habilidade. As competições revelam nossas fraquezas e inflam o ego. Nossos verdadeiros inimigos somos nós mesmos.

Essa é provavelmente a melhor cena de O mestre das Armas (Fearless, 2006). Ele trás, em poucas palavras, várias lições poderosas e verdadeiras.

A primeira delas é que não existe ninguém melhor do que ninguém. Nenhum combatente, nenhuma arma, nenhum estilo, nenhum grupo é melhor que o outro. O que existem são combatentes diferentes, armas diferentes, estilos diferentes, pessoas diferentes, enfim, níveis de habilidades diferentes. E é justamente essa diferença que faz a vida valer à apena. É a sua diversidade e não a sua homogeneidade que faz da vida uma experiência única e verdadeira.

Outra lição que devemos aprender e que pretendo carregar sempre junto ao meu coração é que é nas competições que revelamos nossas fraquezas – físicas, mentais, espirituais, morais, de todos os tipos – e que deixamos o nosso ego dominar a nós mesmos. O meu maior inimigo não é o outro combatente. É a mim mesmo.

Quando vamos treinar kenjutsu o sensei nos ensina a dizer sempre “Onegai-shimassu” antes de começar a luta ou o treino com um colega. A expressão quer dizer “Ensine-me, por favor”. E ao final da sessão as pessoas se cumprimentam com um “Arigatô Gozaimassu”, que quer dizer “muito obrigado”.  Por que todo esse cuidado? Para evitar que o ego cresça. Para que a lição mais importante passa ser compreendida: nós somos nosso maior inimigo.


Por isso da próxima vez que você for treinar pare um pouco e perceba o que você esta fazendo. Contra quem você está mesmo lutando?

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