Em fevereiro de 2015 eu comecei minha jornada no swordplay.
Começou como a busca por um novo hobbie. Naquele momento de 2015 eu tinha começado
duas campanhas de D&D 5ª edição que não foram para frente porque os
jogadores não tinham agenda. Foi absolutamente frustrante. E eu precisava
ocupar a minha mente com alguma coisa. Coincidentemente vi uma reportagem no
DFTV sobre uns loucos que se vestiam de fantasias medievais e ficavam se
batendo com armas de espuma no parque da cidade. Lembrei-me na mesma hora do
Graal/SP, um grupo de boffer swordplay que eu tinha visto numa convenção de RPG
na década de 90. Daí eu pensei... por que não?
Entrei em contato com o meu amigo e parceiro de jogos de
longa data, o confrade Leandro Godoy, da confraria das ideias, e pedi indicações
de um grupo de swordplay no DF. Haviam vários grupos em vista, mas por
comodidade resolvi experimentar o grupo mais próximo de casa. O grupo dos “cavaleiros
da virtude” (hoje Eldhestar) ficava a menos de dez minutos de carro. Acertei tudo
para o sábado e na semana anterior me dediquei a fazer a minha primeira espada
de espaguete de piscina. Pena que a espada não durou nadinha: o cano quebrou
antes do fim do primeiro treino. Uma pena. Mas o importante foi que eu me
diverti muito e na semana seguinte lá estava eu de novo.
Eu não era exatamente um novato na luta com espadas. Tinha
feito dois anos de kendô/kenjutsu no Instituto Niten, aqui de Brasília e já
tinha conquistado o sétimo kyo (não fique impressionado – é algo como a
primeira graduação, como se fosse uma faixa cinza de judô). Antes disso tinha
pegado toda aquela safra de filmes de piratas e cavaleiros que abundava a sessão
da tarde na década de 80. Mas nada disso tinha me preparado para o swordplay.
Claro, olhando de fora você pensa que é tudo uma grande
palhaçada. As poses, os golpes, a movimentação... mas quando é você que está
segurando o pedaço de cano coberto com espuma e amarrado com silvertape o seu
entendimento muda de figura. E o mais importante: o divertimento flui.
As coisas foram evoluindo e eu deixei de lado a espada de
duas mãos e passei a usar um escudo. Eu acabei me adaptando bem ao uso do
escudo, tanto é que esse é o estilo de luta que me deixa mais à vontade hoje em
dia. Foi nesta mesma época que comecei a me interessar pela forja a um nível
mais bacana. Quase toda semana eu crio uma arma diferente. Quando eu levo o meu
“arsenal completo” as pessoas dizem que é como se eu levasse armas para um
reino inteiro.
Meio que a contragosto eu fui crescendo dentro do esporte. Tudo
o que eu queria era um novo hobbie: não queria me envolver com organização, com
tretas e com nada que não fosse explicitamente divertido. Alguma coisa para me
manter ocupado e longe de imbecilidades como o Luciano Huck ou o Esquenta numa
tarde de sábado tediosa. Mas acabou que em vários momentos eu precisei deixar
esse desejo de lado e me aventurar em práticas menos divertidas de organização.
É como me disseram uma vez: se você quer se divertir tem que ajudar os outros a
se divertirem também.
Eu sou, provavelmente, o cara mais velho em atividade
praticando o swordplay no DF. Tenho 40 anos – se tiver um tiozão mais velho ou
na mesma faixa etária, dê um oi e vamos montar a liga dos tiozões do swordplay –
mas não vejo os meus colegas de treino como crianças. Eu os vejo como irmãos de
armas, como colegas de treino, e eu trato todos como iguais. Não é porque sou
mais velho que vou tratar todo mundo como se fosse meu filho.
Esse ano que passou foi muito duro. Perdemos pessoas
incríveis que treinavam conosco, mudamos nossa identidade, estivemos na beira
do abismo e às portas da desistência. Mas o importante é que seguimos em
frente. Alias, é a única coisa que importa: seguir em frente, não importam as
adversidades.
Eu não sei o que o ano de 2017 vai nos trazer. Mas seja lá o
que for, pretendo enfrenta-lo de escudo em guarda e espada pronta para o
contra-ataque. É como diz a musica
Advanced Wind, da trilha sonora do jogo Wild Arms 3 do Playstation 2:
My shield is strong,
I'll take my chances here
and now!
Bring on the fight,
I'll find a way to win
somehow!
No tomorrows, no regrets,
I'll risk it all for this
brand new day!
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