segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Os reis da espadinha tóxica

Ou: guia rápido de como lidar com os babacas que abundam o mundo do swordplay.

Nunca falha: De repente você está de boa, conversando com o pessoal do treino ou com amigos na net quando chega um sujeito que mais parece um peito de pombo, arrotando todo o “conhecimento” que ele tem do esporte. Daí ele começa a falar um monte de besteiras e para garantir a sua argumentação solta uma pérola do tipo: “Ah, mas eu treino faz mais de dez anos”. Da vontade de olhar para a cara do pulha e soltar um: “E daí?”

Sabem, poucas frases me deixam mais revoltado do que esta acima e suas variações. É o tipo da coisa que eu não suporto e eu acho que, sinceramente, ninguém deveria suportar é um cara que usa deste tipo de argumento para vencer um debate ou para dar mais peso ao que ele está falando. Claro eu não estou desmerecendo aqui quem tem história de verdade no swordplay e usar esse conhecimento para fazer o esporte florescer. Uma coisa é você sair por ai dizendo que joga tem dez anos ou mais (e dessa forma chamando todo mundo de noobie), ou se propondo a ajudar alguém (Ei cara, você luta bem. Já pensou em usar o quadrado de Meyer na sua técnica?)

Infelizmente é fácil constatar que essa postura se enquadra em todos os lugares. Pessoas se arvoram de seus pseudo-conhecimentos para vencer discussões ou para parecerem superiores. Como se citar o currículo dele fosse o bastante, uma espécie de arma definitiva. E no swordplay eles têm aparecido como erva daninha numa horta mal cuidada.

Você conhece o sujeito. É aquele tipinho que se arvora como “o dono do maior grupo de recriação histórica de Brasília” ou “o cara que inventou as batas amarelo e pretas” ou “o cara que primeiro usou silvertape para cobrir PI30 sobre uma vareta de fibra de vidro”. É uma maneira bem estúpida de usar dessas qualificações para fazer valer o seu próprio ponto de vista. E é o tipo da coisa que é mais comum no mundinho do swordplay do que podemos supor. Parece que quando mais popular o esporte fica ou fica mais conhecido o grupo que a pessoa faz parte, mais a pessoa incha, ou melhor, seu ego incha, tal qual fosse um cururu tei-tei. E daí, pouco a pouco, o ego vai tomando de conta. Cedo ou tarde o cara vai achar que caga mais cheiroso do que qualquer um de nós aqui simplesmente porque ele é dono de um blog que fala de swordplay, ou coisa que o valha.

E claro, não podemos esquecer os caras que nunca jogam em ocasião nenhuma, mas que fazem questão de aparecer nos eventos e treinos, isso há muitos anos. Quantas vezes ouvimos coisas do tipo “como jogador a mais de trinta anos” ou “como dono do maior grupo de swordplay deste lado do parque do Ibirapuera”? Vezes o bastante em minha opinião. Está na hora de contra-atacar.

Normalmente quem usa desses argumentos é uma pessoa que verdadeiramente não tem preparo algum, base ou argumentos sólidos o bastante para permanecer na discussão. Ele quer crescer de uma forma pouco ética, mas muito comum: diminuindo o outro. Ora que chances eu, pobre mortal, tenho de vencer uma discussão sobre espadas longas com um cara que treina desde que Sarney era presidente da república? Eu tenho todas. Desde que eu saiba do que estou falando e esteja pronto para a aceitar o argumento do outro e não suas falácias e bravatas.

E como dar cabo desses tipos? É muito fácil. Quando alguém usar de qualquer desses argumentos tudo o que você precisa é ignorá-lo. Deixe o cara falando bosta sozinho e vá bater espadinha com os colegas. Você ganha muito mais. Mas na possibilidade de não poder fazer isso, basta responder:

Você sabe com quem está falando?
Sim, eu sei. Estou falando com um cidadão brasileiro, assim como eu. Um cidadão cumpridor de seus deveres e direitos como eu. Pessoas que perante a lei são iguais.

Você não sabe do que está falando. Eu sou o líder do antigo (e extinto) clã das espadas emplumadas e ganhador da Copa Itaim-Bibi de Swordplay de 1998…
Eu não sei em que suas qualificações como líder/ganhador do prêmio podem fazer seus argumentos mais fortes ou mais consistentes. Acredite, usar sua qualificação para dar sustentação a esses argumentos fracos só desmerece sua capacidade e reputação.

Eu jogo/treino a 20 anos e é a coisa mais idiota que eu já ouvi.
Eu jogo a bem menos tempo e coisas idiotas por coisas idiotas esse seu argumento bateu os meus recordes. A única coisa que tempo de jogo favorece é ter acesso a mais tempo de treino do que eu. Mas mesmo isso não garante nenhuma argumentação ou conhecimento mais sólido.




No fim das contas, argumente. E não leve as posições tão á sério. A não ser que a posição seja da esgrima francesa. 

3 comentários:

  1. isso ai valberto!! treino à kse 8 anos e sinceramente não consigo usar esta frase para discussões e graças à deus nunca precisei, tudo se resolve igual vc disse mais acima, apenas luto e continuo a vida hehe

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    1. É isso aí cara, que bom que você tem essa postura. Nada mais desagradável do que encontrar um cara cujo ego era maior que a espada do Berserk.

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  2. Mandou muito bem! Gente prepotente tem mais é que ser cortada. Tomar uns tapas de realidade.

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