sexta-feira, 21 de julho de 2017

Swordplay nos jogos Interclasse CEM 02 - 2017

Eu sou uma pessoa acostumada a escrever e a falar em público. Para você que já é meu leitor não deve ser nenhuma surpresa saber que eu sou professor da rede pública de ensino.  Eu tenho uma certa fama na escola e entre meus amigos por sempre ter o que dizer. Por nunca ficar sem palavras ou argumentos sobre qualquer assunto.

Mas o que eu vivi nos últimos três dias, dentro do meu ambiente de trabalho favorito (a escola), reunindo um dos meus hobbies favoritos (o swordplay) me deixou sem palavras. Esta não é a primeira versão deste texto, mas é com certeza a versão que mais me agradou até agora.

Vou recorrer a um velho truque dos escritores, que é fazer uma recapitulação dos fatos, para ver se o texto flui. Então, vamos voltar até o ano passado quando eu introduzi a modalidade de swordplay nos jogos interclasse na minha escola. Foi um sucesso moderado, mas como tudo que acontece pela primeira vez foi bagunçado e meio descontrolado. Com os erros de 2016 eu tentei preparar cuidadosamente os jogos de 2017. Mas nada do que eu fiz me preparou para a sucessão de eventos que eu narro a seguir.
Isso aqui não deu nem para o cheiro


Combinei com os alunos e com a direção da escola que faríamos uma “oficina” de swordplay, onde eu ensinaria os alunos a forjarem as armas que eles usariam nos jogos daquele ano. Dessa forma cada aluno deveria trazer um cano PVC de ¾, duas tampinhas de garrafa pet e um espaguete de piscina para que, juntos, fizéssemos as espadas que eles usariam no torneio do dia seguinte. Na véspera da oficina fui até a loja Kalunga para comprar os materiais da oficina.
Todo mundo aprendendo os rudimentos da espada

Com o auxílio da professora de artes (querida Telma) começamos a oficina de construção na sala do laboratório de redação. Iniciamos os trabalhos com dois rolos e meio de fita Silver Tape (num total aproximado de 125m), três quartos de fita Silver Tape preta (35m), dois rolos de fita isolante, três quartos de lata de cola de contato, 10 isolantes térmicos de sete oitavos, estiletes novos... E não conseguimos terminar fazer e de cobrir todas as espadas.

No dia seguinte comprar o restante do material extra para cobrir as espadas. Tivemos que mudar o cronograma dos jogos. No planejamento original a quarta feira estava marcada para fazer as espadas e para dar treinamento básico para os alunos. Não deu. Usamos parte da quinta feira para terminar as espadas, dar treinamento básico e fazer duas das três modalidades propostas para os jogos.
Ainda na quinta fiz um rápido concurso para ver quem forjou a melhor espada. Três alunos foram escolhidos os melhores forjadores: Lailla Emilly (2ºJ), Fellipe Araujo Lima (3ºO) e Anna Eliza (3ºK).
Não tem como deixar de agradecer a todos os alunos que fizeram destes primeiros dias de gincana um exercício maravilhoso de trabalho e criatividade. Vocês, que nunca tinham forjado uma única espada na vida, me ensinaram muito mais sobre forja e criatividade do que eu jamais pude aprender com outras pessoas.
Os forjadores e suas armas prontas
Na quinta feira fizemos as duas primeiras modalidades. O famoso “X1” e o já tradicional “Jogos Vorazes” na escola. Foi um fim de tarde muito divertido e muitas vezes esqueci que estava coordenando uma competição. Os alunos jogavam com coragem, raça e honestidade, de tal forma que fariam inveja a muitos veteranos catimbeiros que existem dando sopa por aí.
X1 foi intenso



Os tributos se preparando para os jogos vorazes

No X1 destacaram-se os alunos de Djonatan Washington (2ºK), com o primeiro lugar; Luann Oliva (2ºQ) com o segundo lugar, e Kevin "Madonna" (3º M) que levou um honroso terceiro lugar.

Já na modalidade Jogos Vorazes tivemos uma espécie de repeteco com outros que já haviam ganhado antes: desta vez o Fellipe Araújo Lima ficou em primeiro, seguido pela Lailla Emilly e com o Kevin de novo em terceiro lugar.  Os melhores colocados do ano passado foram ficando pelo caminho.

O ponto alto do “terceiro” dia de eventos para swordplay foi a disputa entre equipes de quatro pessoas para o pega-bandeira. Usamos uma variação das regras de pega-bandeira à moda de Eldhestar para deixar as coisas mais dinâmicas. 5 equipes foram inscritas:  Azul 1, Azul 2, Vermelho, Verde e Preto (ok, concordo que precisamos melhorar o nome das equipes). O resultado do pega bandeira do swordplay acaba de sair. A equipe Azul 2 terminou empatada em primeiro lugar com a equipe Verde conseguiu um total de 100 pontos. A equipe Preta empatou em segundo lugar com a equipe Azul 1 e a equipe Vermelha não conseguiu nenhuma vitória.


Esse foi sem dúvida o dia mais divertido porque os alunos aprenderam o real sentido do swordplay: companheirismo, amizade, respeito, honra e honestidade. Muitas vezes eu não precisava advertir o jogador quando ele fazia alguma coisa errada. Ele mesmo se desculpava com o colega e assumia a punição combinada. Os próprios jogadores se policiavam, com muito respeito e honestidade. Uma coisa linda de se ver e que eu vou sentir falta quando for jogar com pessoas mais “experientes”. Eu fiquei verdadeiramente impressionado com o caráter dos meninos e meninas que deram seu suor e fôlego nos jogos de hoje.

E sabe que outro saldo positivo eu tive? Somo s a única modalidade (fora o xadrez) que não teve incidentes relativos á briga dos alunos uns com os outros. Não teve briga, incitação e nem mesmo xingamentos. Bem difernte da queimada feminina e do futsal masculino que exigiram intervenção da direção da escola. 

No final do dia tivemos uma rápida confraternização. Amanha teremos o encerramento dos jogos e vou para a festa com a sensação de dever cumprido. Para o ano que vem teremos reformulações. Pegar o que deu certo e manter e o que deu errado consertar e evoluir. Mas vou dar uma dica: no fim do primeiro dia o diretor da escola perguntou se os alunos iam jogar com uniformes medievais (batas, tabardos e cia!).  Respondi que era um projeto para o ano que vem. Vamos ver no que dá.


Estou mesmo muito feliz. 

domingo, 16 de julho de 2017

Meu grupo virou pó... e agora?

Ah cara, eu não sei mais o que fazer. Meu grupo de swordplay virou pó. Por que isso acontece? O que fazer quando isso acontece? Na semana passada reunimos menos de dez pessoas para treinar (...) no nosso auge chegamos a ter 40 pessoas...

Esse fragmento faz parte de uma conversa que eu tive com um colega no chat do facebook. Ele está chateado – e com razão – afinal o grupo dele está se desfazendo a olhos vistos. E pelo que eu conversei com ele nada parece fazer efeito para que isso se reverta.

Você se sente familiar com essa situação? Já passou por isso? E o que se pode fazer numa situação como essa? Procurar um novo grupo? Buscar por paliativos (tipo videogame/ academia/ esportes de contato)? Arrumar uma namorada? Maratonar todas as temporadas de TBBT?

Ponderei bastante sobre essas questões – e até assisti dois episódios de TBBT – e a única reposta coerente que consegui encontrar foi: “sei lá”.

Uma coisa que eu percebi ao longo da minha vida, e de todos os hobbies que eu já tive, é que grupos [de qualquer coisa] costumam possuir uma espécie de “prazo de validade”. Eu estimo alguma coisa entre dois e cinco anos. E foi. Alguém se muda, casa, briga, começa a faculdade, termina o colégio, começa a namorar, começa a trabalhar, tem filhos, ou qualquer outra mudança drástica que vem com o passar dos anos. Algumas vezes não precisa nenhuma mudança drástica. A pessoa continua a mesma: não casou, não tem filhos, não trabalha, não faz porra nenhuma... Basta que ela esteja de saco cheio para treinar. Já é suficiente para parar de jogar e dar uma rasteira na motivação do resto dos jogadores.

O pior é que, na verdade, muitas vezes nem dá para saber o motivo que leva uma pessoa a deixar de frequentar os treinos. No meu grupo mesmo tinha um casal que simplesmente resolveram não treinar mais, sem dar nenhum feedback a respeito.

Ah Betão, mas quem quer de verdade dá um jeito de continuar treinando. Eu tô casada, filha pequena no colo e mudei para a puta que pariu de longe e continuo frequentando os treinos sem problemas” afirma aquela menina simpática com bata branca e vermelha, segurando uma adorável e imparável bebezinha no colo.

Sim, eu sei e concordo com você. Quem quer vai e faz. O ponto é que swordplay não é o hobbie mais atrativo do mundo. Aliás, quanto mais velho você fica, mais complicado é manter um grupo regular. As pessoas mudam, envelhecem e mudam de interesse. Nada mais natural. 
  
E finalmente o que fazer? Tem muita coisa que você pode fazer a respeito, mas antes de qualquer coisa veja se vale a pena manter suas energias no seu grupo atual. Vai ver ele já deu o que tinha que dar. Ficar insistindo é meio que incentivar um cavalo morto a continuar puxando uma carroça.

Quem sabe seja a hora de se reinventar. Você pode procurar outros grupos e se filiar a eles. Quem sabe mudar o local de treinos para ver se atrai novos jogadores? Quem sabe?


Se quiser se aprofundar sobre o assunto dá um pulo neste outro artigo que escrevi: 
http://swordplaydobetao.blogspot.com.br/2016/03/a-faculdade-e-outras-doideiras-da-vida.html  

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...