Swordplay nos Estados Unidos: um
jeito diferente de jogar.
O João Pedro Marques Rodrigues,
membro da Draikaner – SP, está passando uma temporada nos Estados Unidos e
resolveu procurar um grupo por lá. Ele encontrou um chapter do Aratari, do
grupo Dagorhir, sediado na Virgínia do Norte. Então ele resolveu fazer um vídeo
bem amador (nas palavras dele mesmo) apresentando as principais diferenças do
swordplay de lá para o swordplay daqui. Dá uma bicada no vídeo. Ficou bom.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=psQV_IeIZOc
Uai Betão! Se você já mostrou o
vídeo do cara, você vai falar do que? – pergunta uma menina simpática enfiada
numa armadura samurai completa de eva azul.
O que eu quero fazer é uma rápida
dissertação sobre as diferenças. Uma boa dose de achismo e alguns conceitos de
segurança super proteção.
Como todo mundo sabe o swordplay brasileiro
é uma derivação do swordplay americano. Este por sua vez surgiu na década de
1970. Nos primeiros anos do swordplay no Brasil as pessoas seguiram as regras
americanas. Muitos jogadores antigos (cavaleiros dinossauros) lembram-se disso.
Mas com o passar do tempo os jogadores brasileiros foram adaptando essas regras
para as nossas necessidades. Hoje as regras brasileiras pouco lembram as regras
americanas.
Uma das principais diferenças é
que no Dagorhir o golpe válido é o que acerta primeiro, vindo do movimento do
braço. É fácil perceber nos vídeos certo excesso de força, enquanto que em
outros temos literalmente uma seção de “porradaria” grátis. Golpes na cabeça,
rosto, nuca, seios, genitais não geram advertência. Isso acaba selecionando uma
variedade de jogadores altos, fortes e corpulentos. Afinal, exige-se massa
muscular para bater com o boffer com muita velocidade e força. A chance de
alguém se machucar usando esse tipo de regras é muito grande. Favorece
especialmente jogadores grandes e corpulentos. É difícil ver um magrinho ou um
baixote jogando nesses vídeos gringos.
Técnicas dos manuais Johannes
Liechtenauer (esgrima alemã), Flos Duellatorum de Fiore dei Liberi (esgrima
italiana), Paulus Hector Mair, Joachim Meyer e Salvador Fabris passam longe dos
campos Dagorhir. “Eles parecem mais interessados em bater com a espada como se
ela fosse um porrete do que cortar como se ela tivesse lâmina de verdade”
comentou comigo uma vez o antigo rei da Aliança de Belfort Juan Sebastian.
Outro ponto é como eles lidam com
as regras de desmembramento. Um golpe no braço inutiliza o braço que deve ser
posto para trás na hora. Um golpe na perna faz com que você seja obrigado a
lutar de joelhos ou com um joelho no chão. Em outros vídeos (recomendo o https://www.youtube.com/watch?v=EIcqcZjIRIg, no youtube) é possível ver o pessoal se jogando no chão,
batendo os joelhos com tudo! Um pesadelo para mim, que tenho os joelhos
bugados.
Tem muita gente que diz que o
boffer swordplay praticando no Brasil é um faz-de-conta e que nos Estados
Unidos tudo é muito “mais melhor”. Acredito que o que eu estou vendo aqui é a
boa e velha síndrome de vira-lata, como diria Nelson Rodrigues. Nosso boffer swordplay
é muito mais colorido e bonito do que o americano. Existe uma grande
diversidade de estilos e construção de armas, roupas e armaduras. Muito mais
gente estuda os manuais e os adapta do que lá. Além de haver uma grande
preocupação com o bem-estar do outro. Preocupar-se com o outro nada mais é do
que uma medida de ética. E daí que você não precisa bater com força? E daí que
é proibido meter o boffer com tudo na cabeça do coleguinha?
Eu sempre acreditei que o Brasil
era meio que os "borgs" de Jornada nas Estrelas. Pegamos o que os outros países têm
de melhor, adaptamos para nossa Cultura e nossa realidade, e acabamos fazendo
isso melhor que os criadores originais. Foi assim com o sistema bancário,
cirurgia plástica, futebol...
Sendo assim com o boffer swordplay, nós adaptamos
aos equipamentos que utilizamos, montamos um sistema de combate mais bem
dinâmico e seguro para os participantes aonde brutamontes, mulheres e pessoas
mais fracas têm as mesmas chances de vencer.
Claro, há quem prefira o combate
mais duro. A experiência do combate jamais vai ser mais completa se você
elimina um dos principais alvos: a cabeça. Como que pode requerer mais
habilidade se a atividade é mais restritiva? Muitos aspectos da arte marcial são
facilitados, deixa de ser combate vira brincadeira. Mas para esses jogadores já
existe uma modalidade: Softcombat é o nome da modalidade que estão procurando.
1 - deixar da síndrome de vira-latas;
Sobre equipamentos
ResponderExcluirSou do grupo Tormenta da FAlkisgate.
Aqui sempre presamos 1º segurança 2º funcionabilidade da arma 3º e so por ultimo estética da arma.
Ele tem q ser segura e funcional - isso é o que mais importa na questão da atividade. Ela ser bunita xavosa é outrs 500. Tanto que tem gente que faz os famosos porretinhos, espada boffer padrão enfiar o cano pelo flutuador e ta 10/10.
Sobre regras
Sobre o golpe movimento do braço - eu entendo que golpes simuntaneos eliminam os dois oponentes, maaaas, tem gente que por ter acertado primeiro desconsidera o golpe que ja estava vindo, o que é bem meh isso, pq o golpe ja esta em curso.
E como vão dizer aqui no meu grupo, bem no meu grupo se os dois se acertam em menos de 1seg os dois levam o golpe. Claro que mesmo assim ainda tem a galera querendo ganhar em cima disso, falando que acertou muito antes, mas fazer o que.
sobre regras na cabeça, concordo com o Sidarta da Liga.
Aqui raspão não consideramos, o que cai na mesma outra regra, raspão na cabeça. Considerando que isso nunca é proposital, desconsideramos. Os combates ficam mais dinamicos, sem parar por qualquer golpinho/toquinho de leve que resvale na cabeça.
E sobre um comentario que o Sallenave fez, muitos dos golpes que acertam areas proibidas tipo cabeça, vai mais do movimento descontrolado de quem leva, por querer abaixar de uma forma errada e levando o golpe, do que tentando aparar com a espada ou esquivando de uma forma. correta