domingo, 5 de abril de 2015

Arma exótica I: o chicote de cravos para Swordplay

A idéia para este post veio de uma discussão um tanto acalorada na comunidade “A Forja” no facebook. A postagem original era de um usuário, o Gabriel Maclaud que introduzia uma nova arma que ele havia pesquisado. Ele recriou para swordplay o chicote de cravos. A arma, plenamente fantástica e sem contrapontos históricos, teve sua inspiração vinda de jogos como Soul Calibur (Valentine, a espada de Ivy) ou de jogos como Castlevania (o chicote dos Belmont). Segue uma foto da mesma para que você possa saber do que estou falando.


Segundo as palavras do próprio Gabriel: “Galera meu "chicote" ficou pronto na sexta. (...) Eu acabei de voltar do Swordplay e foi uma experiência muito positiva. Ninguém se machucou com o chicote, e eu sempre que eu atacava, eu perguntava se havia machucado. O positivo do chicote e que o cara por mais que bloqueie o ataque com a espada, a arma continua e acerta o braço, lutar contra escudos e meio a meio. Os espinhos são uma coisa a mais, pois meu objetivo e acertar com a ponta e se isso não acontecer os espinhos contarão pontos”.

A arma dividiu opiniões. Em menos de uma hora já tinha mais de 40 comentários. Tirando os “zueiros” de plantão parecia impossível passar pela arma sem tecer algum comentário, seja a favor da mesma ou criticando o seu design, sua efetividade em campo de batalha ou mesmo o fato dessa arma jamais ter existido nos tempos medievais.

A primeira coisa que temos que ter em consideração é que o boffer swordplay é uma modalidade esportiva que permite tanto recriar armas como fazer armas comp0letamente diferentes. Não é incomum ver lanças chinesas, espadas sarracenos, katanas e todo tipo de arma que foge do cânone medieval e algumas que são complemente trazidas de animes e séries de TV, como a bustersword de Cloud Strife (FF VII) ou as espadas do poder (He-man e os mestres do universo). Ou seja, recriminar a arma apenas porque ela não faz parte do cânone medieval é uma crítica bem furada a meu ver.

Há de se questionar a sua segurança. Ela parece segura. Segundo as palavras do seu criador, ela também é segura. Eu não a vi em combate e nem a testei, mas como swordmaker que sou estou inclinado a achar que o maior perigo dessa arma é se enroscar no pescoço de alguém. Não sei se é mais perigosa que uma estocada de lança que acerta o mesmo local, mas vale o aviso para quem quiser fazer uma igual: todo cuidado é pouco.

E quanto a efetividade dessa arma? Pelo seu design eu imagino que ela siga a mesma mecânica do mangual. O objetivo dela é dar a volta no inimigo, seja na sua espada ou escudo e atingi-lo. Mas para isso ela precisa estar sempre em movimento e para estar girando necessita de muito espaço. Ela precisar estar a uma distância média do oponente, nem mais e nem menos. Se for abaixo disso, ela tem efetividade reduzida uma vez que um espadachim pode se adiantar e acertar seu portador sem muita dificuldade. Não devemos esquecer que a infantaria leve (espadas de uma mão, de duas mãos e dual) são muito rápidos e se movem com fluidez. Mesmo um escudo alto, bem posicionado, pode quebrar com facilidade o ataque desse chicote. Se for além disso, numa longa distância por exemplo, o portador fica sujeito ao ataque das lanças e alabardas. Resumindo: a sua margem de ação é muito limitada. Essa é também uma arma de ataque puro. Ela não bloqueia, ou defende de ataques diretos.

Outro ponto que depõe contra essa arma é que ela não serve para ser usada em formações. Imagine girar uma arma como essa e acertar seu colega ao lado? Mesmo que ele não se importe de ser saco de pancadas de “fogo amigo” a arma perderá velocidade e terá de ser preparada de novo antes de ser usada. Tempo demais gasto, não acha?

Na modalidade x1, no entanto, ela brilha. Ela se comporta de forma errática, girando e acertando de todas as direções, dificultando a vida do defensor. Ela também é assustadora, pois a maioria das pessoas não consegue ver a brecha em sua forma de atacar. Mas depois de algumas rodadas e algumas derrotas bem humilhantes as pessoas aprendem “o segredo” da arma.


O meu veredicto sobre ela é simples: se for do seu gosto, use. 

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