Segurança acima de tudo
Existem preocupações constantes na mente de todas as pessoas
que praticam esportes de conato: fazer uma boa partida, não se machucar,
treinar duro, fazer o fairplay, ser um membro valioso da equipe, entre tantas
outras. Uma das minhas maiores preocupações quando o assunto é o Swordplay é
justamente com a segurança. A minha e a dos outros participantes.
Como você sabe o Swordplay é um esporte de conato. Ele
envolve acertar os outros com armas feitas de espuma e mesmo com todas as
normas de segurança, acidentes podem acontecer. Não é incomum que um golpe mal
calculado acerte áreas proibidas (cabeça ou genitais), que se exagere na força
(já vi armas de cano branco para água quente serem despedaçadas), que haja
trombadas entre jogadores (eu mesmo trombei com um colega no último treino, o
que o levou a nocaute instantâneo), além de torções, quedas, arranhões entre
tantas outras coisas nem um pouco agradáveis.
Por isso, acredito que na esfera das prioridades de qualquer
grupo sério, a segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Entendo
perfeitamente que quem pratica Swordplay quer ter a noção do que era empunhar
armas e armaduras de antigamente; sentir na pele o que é brandir uma espada
contra um oponente habilidoso. Mas isso não pode ou não deve se ficar acima da
idéia de segurança. Fico preocupado com grupos e discussões onde as pessoas
usam materiais mais duros para confeccionar suas armas sob a alegação de que
assim elas ficam mais bonitas e realistas. É claro que uma espada cortada a
partir de lâminas de tatame será muito mais firme e terá um acabamento melhor.
Mas também será mais pesada, de manejo mais complexo e potencialmente mais
perigoso.
Da mesma forma, cada vez fica mais firme em mim a idéia de
que armas de arremesso (qualquer tipo) devem ser deixadas de lado. Sei que nas
guerras antigas um pelotão de arqueiros fazia toda a diferença num campo de
batalha. Mas o Swordplay não é um combate de verdade. É uma simulação
fantástica de um combate. Ora, num combate de verdade machados partiriam
escudos com facilidade. Como o mesmo não ocorre com o Swordplay. Vai ver por
isso temos poucas pessoas que se dedicam à nobre arte de brandir um machado
enorme de duas mãos. Num treino passado vi um colega brandir um arco. Uma das
flechas acertou em cheio na orelha de outro jogador. Resultado: nocaute
instantâneo e o som de “telefone ocupado” durante um bom tempo na cabeça do
colega.
“Mas foi um acidente!” vai comentar alguém. Claro que foi!
Eu não imagino que alguém vá fazer uma coisa dessas de propósito. Mas o fato é
que a arma de arremesso contém em si um perigo eminente que não pode ser
desprezado. As chances de sair alguma coisa errada são muito grandes: uma
flecha perdida pode acertar uma pessoa ou animal que por ventura esteja
passando pelo local do treino. O Juan (o cara que foi abatido com uma flechada
na orelha) deve ser uma montanha de uns 130 kg e foi ao chão! Imagina se isso
pega numa criança pequena, numa mulher grávida, num velhinho... E mesmo que o local
do treino seja particular, sem transeuntes, o que impede a flecha de acertar
com tudo algum lugar que não deveria?
A grande lição é ser cuidadoso gente.
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