Aviso: Ok, eu não quero e nem vou
bancar o dono da verdade aqui. Essa postagem é puramente opinativa. É a minha
opinião sobre o assunto e mais nada. Se você gostar, ok. Se não gostar, bem,
existem outros lugares onde você pode ir.
Uma das coisas que eu mais gosto
quando o assunto são artes marcais é a filosofia envolvida. Se você já praticou
alguma arte marcial num dojo sério sabe do que é que eu estou falando. São
muito mais que lições de vida, como as que vemos em filmes como Kung Fu Panda
ou Samurai X. Em alguns casos envolvem maneiras diferentes de encarar a vida,
buscando um estilo de vida mais, como dizer, “elevado”...
Vai ver é por isso que não me
agradam de verdade as Artes Marciais Mistas (MMA) que temos inundando os meios
de comunicação atualmente, justamente porque não existe uma filosofia
envolvida. A “filosofia do MMA” (se é que podemos chamar assim) resume-se a
ganhar do outro, não importa o que aconteça. Eu realmente não gosto disso. Vai contra
tudo o que eu aprendi sobre esporte, onde o importante é competir e não vencer.
Então, com base no que eu sei
sobre filosofia, cavalaria, bushidô e história do pensamento eu elenquei cinco
pilares que eu mesmo considero indispensáveis para a boa prática do swordplay.
São eles:
Honra
Respeito
Controle
Disciplina
Coragem
A Honra é um pilar de
comportamento do ser humano que age baseado em valores bondosos, como a
honestidade, dignidade, valentia e outras características que são consideradas
socialmente virtuosas. É também o princípio que leva alguém a ter uma conduta digna
e que lhe permite gozar de bom conceito junto à sociedade. Eu derivei este
conceito de uma das virtudes do bushido, o Meiyo. O verdadeiro guerreiro só tem
um juiz de sua honra, e este juiz é ele mesmo. As escolhas que você faz e como
você trabalha para obtê-las são um reflexo de quem você realmente é. Você não
pode se esconder de si mesmo. Dizemos muitas vezes o que os outros querem que
digamos, vemos o que os outros querem que vejamos. Ouvimos o que os outros
querem que ouçamos. O valor da nossa dignidade pessoal está implícito na
palavra honra.
No swordplay esse pilar
implica-se basicamente em duas oportunidades: a honestidade e o cuidado.
Honestidade para admitir que recebeu aquele golpe e não tornar-se um highlander
e cuidado para agir de modo a não machucar os outros. Afinal, treinamos boffer
swordPLAY e não boffer swordFIGHT.
O Respeito é oriundo do latim “respectus”
que é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço,
consideração, deferência. Na sua origem em latim, a palavra respeito
significava “olhar outra vez”. Assim, algo que merece um segundo olhar é algo
digno de respeito. Por esse motivo,
respeito também pode ser uma forma de veneração, de prestar culto ou fazer uma
homenagem a alguém, como indica a expressão "apresentar os seus
respeitos". Ter respeito por alguém também pode implicar um comportamento
de submissão e temor.
Ele também tem inspiração noutra
virtude do bushido, o Rei. O verdadeiro guerreiro não tem nenhuma razão para
ser cruel. Não há necessidade de provar a sua força. Um verdadeiro guerreiro é
cortês até mesmo para com os seus inimigos. Se não fosse assim, ele não seria
melhor do que qualquer animal. Um lutador de verdade é respeitado não só por sua
coragem, mas também pela forma como eles tratam os outros. O respeito impede
que uma pessoa tenha atitudes reprováveis em relação à outra.
No swordplay o respeito se
estende à todos: do rei ao mais novo recruta. Um bom guerreiro trata com
respeito a todos, agindo com a parcimônia necessária em todos os casos.
Controle também vem do latim. São
duas palavras: “contra” e “rotulus”, que indicam ato ou efeito de controlar-se.
Neste caso também gosto de usar o termo autocontrole. Nas artes marciais este
pilar indica a nossa capacidade de dominar um determinado aspecto da técnica,
ou a técnica em si. Ter controle, entretanto, vai muito mais do que dominar uma
técnica ou estilo de luta. Ele está diretamente ligado a controlar também a nós
mesmos. Evitar nos exceder ou que sejamos displicentes naquilo que fazemos. A medida
do autocontrole também é a medida do autoconhecimento.
No swordplay ter controle é saber
o que fazer e como fazer. É não usar força excessiva, é manter a calma quando
atingido por algum golpe mais sofrido. É ser “cool”.
Disciplina do latim “discipulus”:
“aquele que aprende”, e do verbo “discere”, que significa aprender. Para o
filósofo pragmático americano Jim Rohn a disciplina é a ponte entre metas e
realizações. Este talvez seja o pilar, o hábito, a virtude que buscamos com
quem convivemos, tanto a nível profissional, como pessoal. Percebemos grande
dificuldade das pessoas em seguir algum propósito, isto tem haver com
disciplina ou falta dela. Sem disciplina, o indivíduo pode ser submetido a
metas, objetivos, cobranças... pode até ser treinado e de nada adiantará. Do
esporte vêm os casos mais escancarados onde a falta da disciplina implica
diretamente no desempenho indesejável, tanto pessoal, como profissional.
A disciplina, assim como o
controle, também tem uma face voltada diretamente ao ser humano. Assim, a
autodisciplina pode ser considerada um tipo de treinamento específico, criando-se
novos hábitos de pensamento, ação e linguagem para o auto-aperfeiçoamento e
para ajudar a obter suas metas. A autodisciplina pode também ser alcançada
através de pequenas tarefas específicas. Encare a autodisciplina como um
esforço positivo e não como negativo (de deixar para lá).
No swordplay a disciplina está em
se conhecer as regras e saber aplica-las; a dedicar-se ao que tem que ser feito
sem deixar para “depois”. Em se conhecer e se aprimorar a cada treino.
Coragem vem do latim “coraticum” e é a capacidade de agir apesar do medo, do temor e da intimidação. Deve-se notar que coragem não significa a ausência do medo, e sim a ação apesar deste. Muitas vezes é tida também como virtude, como é o caso do bushido, onde ela se encerra em Yuu: um samurai deve ter coragem. Viver é arriscado e perigoso e esconder-se como uma tartaruga que se esconde em sua concha não é a maneira mais adequada de viver. Devemos aprender a viver a vida ao máximo, intensamente. Substitua o medo pelo respeito e cautela. A coragem não é cega, ela é inteligente e forte. O guerreiro bravo motiva-se a ir mais além. Enfrenta os desafios com confiança e não se preocupa com o pior. O medo pode ser constante, mas o impulso o leva adiante. Coragem é a confiança que o homem tem em momentos de temor ou situações difíceis, é o que o faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força positiva para combater momentos tenebrosos da vida.
No swordplay implica em “ir para
cima”, “cair dentro”, não importa quem é o outro cara. Sim, você vai ser
respeitoso ao lutar com o melhor dos lanceiros, mas isso não vai impedir você de
dar os eu melhor.
No fim das contas, você tem que
coragem para enfrentar o seu oponente em batalha; tem que ter disciplina e controle
para enfrenta-lo de forma digna; e agir com respeito e honra, seja qual for o
resultado da luta.
É isso. Obrigado para quem leu
tudo isso.
Genial Beto
ResponderExcluirTo precisando exercitar mais esses pilares