“só pra avisar, eu ainda tenho
algumas batas pra repassar, aproveitando que copiaram minhas cores, passando em
brasilia tento vender”. Foi com essa frase, copiada ipsi literis da uma
postagem no facebook, que começou uma das tretas mais “vergonha alheia” que eu
já v no swordplay. No começo pensei que se tratava apenas de uma brincadeira, mas
depois percebi que pelo menos uma das pessoas envolvidas acha (ou acredita
realmente) que foi ele que inventou o tabardo de duas cores. No caso específico
as cores preta e amarela, ou seja, as cores que usamos em nosso pequeno reino. Sério...
é isso mesmo, produção?
Vamos por alguns argumentos à
mesa, shall we?
Tabardo (substantivo masculino,
relativo à vestimenta). 1. Nos séculos XIII e XIV, espécie de capote com capuz
abotoado e mangas. 2. No século XV, casaco folgado, com grande capuz e mangas,
que os homens usavam sobre uma espécie de colete e as mulheres, sobre um
corpete. John Stow escreveu em 1598, para o dicionário Oxford, "Agora,
essas Tabardos são usados apenas pelo Heraults, e são chamados de ‘Coates de
Armes’ em serviço." ("Now these Tabardes are onely worne by the
Heraults, and bee called their coates of Armes in service").
As cores e os arranjos de cores
como conhecemos hoje vêm também do século XV e identificavam as “casas” ou a
ordem que cada portador da peça pertencia. Thomas Hawley, oficial de armas do
Colégio de Armas de Londres, em 1557, durante o reinado de Henrique VII, ficou
imortalizado em pintura usando um tabardo azul e vermelho com imagens em
dourado. Algumas das bandeiras mais
antigas da Irlanda e da Bretanha (por volta de 1600-1700) usavam as combinações
de vermelho e preto, e amarelo e preto. Os chefes de Tir Eogan usaram as amarelo
e preto por muito tempo em suas bandeiras. Maryland (EUA) usa na sua bandeira a
combinação amarelo e preto, além de uma cruz vermelha vazada num fundo branco.
Tendo explanado isso fica claro
que ninguém pode se dizer “dono” ou criador de combinação de cores para um
Tabardo, bandeira, emblema ou lenço de assoar nariz a não ser que seja capaz de
provar que tem pelo menos 415 anos de idade e seja nascido onde hoje temos a
Irlanda ou o norte da Inglaterra. Se não for esse o seu caso, por favor, deixe
de passar vergonha alheia.
No mundo do swordplay, onde vivemos de beber de fontes históricas, se dizer dono ou criador de alguma coisa é o primeiro passo para você se tornar o rei de todos os bacabas e bundões do mundo – e olha que não são poucos: nem os bundões, nem os babacas e nem os que querem o posto de rei.
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