Técnica. Do grego “téchne”, significava
arte, ou ofício. É o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm, como
objetivo, obter um determinado resultado, seja no campo da ciência, da
tecnologia, das artes ou em outra atividade qualquer. Trocando em miúdos,
técnica é tipo uma “receita de bolo” que você segue para conseguir alguma
coisa, algum resultado. Óbvio que a definição do termo “técnica” vai bem além
disso, mas para o que eu quero discutir aqui essa ideia central serve muito
bem.
Todo mundo que pratica swordplay
já tentou, pelo menos uma vez, fazer a sua própria espada. Não só no Brasil,
como em todo mundo as pessoas desenvolvem “receitas” de como fazer suas armas
favoritas, dando mais cor e forma ao desporto: machados de duas cabeças,
réplicas de armas vistas em filmes e animes, armas orientais, onde o limite é
apenas o que a pessoa é capaz de construir. Tutoriais existem aos montes pela
internet e não me deixam mentir. Alguns deles tão antigos quanto a atividade
desportiva em si. Variações dentro dos modelos, formas, objetivos e
necessidades que se aplicam a cada grupo ou clã. É muito comum, inclusive, que
se dê nome às técnicas mais famosas. É normal ouvir coisas como “esta espada
foi feita pelo método bellator” ou “esse machado foi feito baseado no estilo da
magnus legio”. E não existe nada de errado nisso.
Mas será que existe alguém que
possa dizer-se “dono/dona” de uma determinada técnica? Será que num mundo com 7
bilhões de pessoas, você é único “floquinho de neve” que desenvolveu aquele
modo de fazer adagas, ou aquele jeito de fortificar as bases de um machado?
Desculpe filho/filha, mas a resposta é não.
Existem XXXX itens a serem
observados. O primeiro deles é que existe nos seres humanos uma coisa chamada “evolução
paralela”: pessoas submetidas a problemas semelhantes e com recursos
semelhantes tendem a descobrir respostas parecidas para seus problemas. Você é
capaz de dizer qual o país ou cultura do mundo desenvolveu a lança? Ou
espada? A clava? Você não pode porque
são criações que existem em todas as culturas do mundo. Desde os Ianômanis do norte
do Brasil, passando pelos Otomanos do século XV, até os gregos de VII aC.
A segunda coisa a ser observada é
que muito do que é criado no swordplay vem da interação com os outros. É muito
difícil fazer swordplay sozinho. Não dá para dizer onde começou a sua ideia e
onde terminou a dica do outro. Quem pensou me usar macarrão de piscina pela
primeira vez? Quem decidiu fazer guarda de EVA siliconado? Quem decidiu
experimentar a fibra de vidro ou o famoso (e mítico) PI pela primeira vez? Ninguém
sabe, mas provavelmente não foi qualquer um capaz de ler essas palavras.
Então o meu conselho é: vamos
parar de ser cuzões e deixar de reivindicar para nós mesmos a “invenção da roda”.
Se você criou algo bem legal mesmo para o desporto o legal é compartilhar com
os outros. Manter a fórmula secreta só para você faz de você um babaca. E de
babacas, convenhamos, o mundo está cheio.
É isso gentes. Bom fim de ano para todos e longa
vida ao swordplay.
Serviço:
Magnus Legio - https://www.youtube.com/channel/UCWMzWUZuU0FdULLjX8wJNTQ
Dacmarcinakis - https://www.youtube.com/channel/UCYvjVswU6CzMRCyoENE0jVQ
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