segunda-feira, 2 de maio de 2016

Respeito é palavra de ordem

Nem sempre as relações entre a organização do treino e aqueles que treinam são harmoniosas, como também entre os próprios colegas de treino durante os treinos e até fora deles. Treinar com amigos sempre é bom, treino duro, competitivo, mas a amizade e respeito sempre deverão prevalecer. Cada um sabe do momento particular que atravessa, então devemos respeitar nossos amigos de treinos. Uma atitude, uma palavra, um gesto, pode desencadear um processo de desentendimento que nem sempre se consegue reverter a situação e chegar a um final feliz. Uma frase mal colocada pode, mesmo sem intenção, desmotivar ou mesmo acabar com um grupo inteiro.

Creio que tem que existir um respeito mútuo entre as pessoas que se propõem a treinar juntos, dentro e fora dos campos de batalha, como também entre todos os alunos entre si e em nível do grupo. Tudo existe um limite, uma fronteira que não se pode ultrapassar. O respeito e a compreensão devem ser mútuos. Se essa amizade vem primeiro da vida particular para os campos de guerra, ou saiu dos campos de guerra para a amizade particular, nenhuma dessas vias dá o direito de um ou do outro de passar certos limites e certas brincadeiras. Ter respeito não deve ser medido pela graduação ou posto do guerreiro, se ele é habilidoso ou não, se tem muito tempo de treino ou não, mas sim por educação.

O respeito aos mais graduados é importante, como também dos mais graduados aos menos graduados e aos novatos. Não podemos esquecer que todo graduado teve seu início como novato. É como diz o ditado, comum em academias de artes marciais: “o faixa preta foi um faixa branca que não desistiu”. Os líderes do grupo não são proprietários dos participantes do grupo, nem os participantes podem deixar de entender que ali, no campo de batalha, ele é mais um guerreiro que está aprendendo uma técnica ensinada por um guerreiro mais graduado, mesmo que esse guerreiro mais graduado seja um amigo de longa data. Já presenciei em treinos, colegas mais graduados que, no meu ponto de vista, ultrapassaram o limite da relação entre ele e os colegas menos graduados. Da mesma forma, já presenciei casos de colegas querendo derrubar os líderes do clã como se vivêssemos numa realidade paralela à moda de Game of Thrones.

Esses fatos não são bons, desestruturam o ambiente do treino. Deve-se respeitar a todos, independentemente das graduações e sexo. Muitas vezes, esses limites não ficam bem claros, e surgem aborrecimentos, situações difíceis de serem contornadas. No meu grupo, já vivenciei certas situações desnecessárias de terem acontecido. O campo de treino é, em última medida, uma sala de aula. Eu repito isso sempre para que meus colegas percebam a importância do local onde pisam e como exige um respeito enquanto estiverem pisando nesse local, que ganha ares de “quase-sagrado”.

Estar sempre com o tabardo arrumado e limpo, postura correta, conduta correta e expressões corretas. Atitudes desrespeitosas, comentários indiscretos não podem acontecer. Os guerreiros muitas vezes se esquecem que podem ter mulheres ou crianças treinando e não precisam escutar certas coisas. Ou melhor, ninguém precisa escutar certas coisas e observações.

Certa vez um colega fez um comentário depreciativo sobre a postura de uma novata no treino. Eu o chamei em particular e lhe perguntei: “Você acha que estaria tudo certo se fosse sua irmã ou sua mãe que escutasse o que você acabou de dizer?”. Ele ficou calado. Educação é fundamental, e isso inclui o cuidado com a higiene própria. Não apenas de nossos corpos e equipamentos, mas também de nossas mentes.

Um tabardo sujo e rasgado não dá mais habilidade ao seu dono. Ser grosseiro também não. Não vejo ser sinônimo de “casca-grossa” um cara truculento. Treino duro não significa grosseria. Treine sempre buscando o golpe cheio, legítimo, preocupado com a segurança do outro, dentro das regras. Cabe aos organizadores, reis, chefes de clãs ou membros de conselhos agir da mesma forma. Eles são “O” exemplo a ser seguido. Se um dos líderes do grupo solta piadinhas racistas, como exigir que os novatos não o fizessem? O local de treino exige o mesmo respeito de um ambiente em que normalmente nos preocupamos com a nossa postura, seja a nível profissional ou social.

Por isso, redobre sua atenção e seu respeito. Todo mundo merece. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...