A antiguidade conheceu os mais
variados tipos de guerreiros. Mas poucos deles podem rivalizar a força, a
coragem e especialmente a fúria dos antigos guerreiros vikings conhecidos como
Berserkers. O termo significa “sem camisa” ou “pele de urso” justamente porque
estes guerreiros entravam num estado de fúria frenética que lhes concedia
coragem e habilidades quase sobrenaturais no campo de batalha. Não se sabe
exatamente o que levava esses guerreiros a este estado de fúria incontrolável,
mas é farta a documentação histórica que atesta a veracidade, tanto da sua
existência quando das suas proezas no campo de batalha.
A fúria e a raiva não são estranhas
aos campos de batalha. Guerreiros furiosos, entupidos com o efeito da
adrenalina correndo por seus corpos eram verdadeiras ameaças vivas aos seus
inimigos – e às vezes até mesmo a seus aliados.
Mas no swordplay um berserker não
é desejável. Swordplay é uma atividade desportiva que visa a diversão. Não é
uma guerra de verdade e nem mesmo uma simulação ou recriação de uma batalha. Você
pode treinar assim ou assado, mas se não houver diversão e segurança, alguma
coisa está realmente errada. E não dá para ter segurança com alguém “puto de
raiva” solto no campo de batalha.
É regra no grupo onde eu jogo que
se você atingir qualquer parte proibida do corpo (cabeça, pescoço, nuca, seios,
genitais) ou bater com muita força você é quem efetivamente é derrotado. No nosso
último treino eu levei dois golpes na cabeça. Todos dois bem fortes. O primeiro
deles pegou da testa para cima, em direção ao lobo frontal do lado direito da
cabeça. Doeu pacas na hora e a pessoa que deu o golpe limitou-se a colocar sua
arma de lado e se encaminhar para a zona de respawn. Algumas rodadas mais tarde
o mesmo cara me atingiu de novo com arco semi-profissional, praticamente à
queima roupa (eu estava a menos de três metros dele, com certeza), me atingindo
bem no olho direito. Na hora pensei que tivesse quebrado meus óculos, ou pior,
que tivesse cortado o meu olho. Mas tudo o que fez foi me deixar cego por uns
instantes e meio zonzo por alguns minutos. De novo o atacante não pediu
desculpas.
Mesmo sendo uma pessoa controlada
eu fiquei muito puto. Mas não o bastante para partir para cima do cara. Eu sei
que foi um acidente, mas machucou e me deixou muito enraivecido. A raiva durou praticamente
o resto do treino. E com a dose extra de adrenalina correndo nas veias eu lutei
muito melhor, cegando a despachar sozinho cinco atacantes do outro time que
haviam me cercado. Mas eu não gostei.
Não foi uma vitória doce. Foi amarga. Eu estava furioso e não medi minhas
palavras e devo ter dito coisas que normalmente eu não diria. Não é dessa forma
que eu sou e nem dessa forma que eu quero lutar.
Então, se há alguma coisa a ser
aprendida nisso tudo é que você deve tentar relevar o máximo os acidentes quanto o comportamento dos
colegas. E se não for possível e você perceber que não vai se controlar ou que
vai fazer alguma coisa errada, simplesmente deixe o campo de batalha. É melhor
para você e para todo mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário