Mais um artigo, mas dessa vez a
sugestão foi dada pelo meu amigo Victor da Silva.
Olá Betão. Queria que você fizesse um texto em seu blog a respeito do abuso de autoridade no swordplay. Ou seja, o cara que tem a patente maior, ou sua patente pertence à nobreza que comanda as patentes menores, desmerece pessoas que tem patente menor, não escuta ideias do grupo, chegam até humilhar, enfim. A falta de humildade com as pessoas que alguns líderes têm. Um texto sobre a liderança resumindo, só isso.
Olá Betão. Queria que você fizesse um texto em seu blog a respeito do abuso de autoridade no swordplay. Ou seja, o cara que tem a patente maior, ou sua patente pertence à nobreza que comanda as patentes menores, desmerece pessoas que tem patente menor, não escuta ideias do grupo, chegam até humilhar, enfim. A falta de humildade com as pessoas que alguns líderes têm. Um texto sobre a liderança resumindo, só isso.
Valeu, abraços.
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“Se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder” (Abraham
Lincoln)
Um aviso antes de começarmos. Se
você não gosta de filosofia e acha que é tudo loucura da esquerda pare de ler
por aqui. Tenho outros artigos aqui no blog que você pode se interessar. Mas
esse aqui, especificamente, eu trabalho sob a ótica da filosofia. Para ser mais
exata, a ótica prevista pelo autor Michel Foucault (pronuncia-se Fuucô).
Na sua obra “Vigiar e Punir”, Foucault
apresenta um amplo estudo sobre a disciplina na sociedade moderna. Nas palavras
parafraseadas do autor “uma técnica de produção de corpos dóceis”. Foucault
analisou os processos disciplinares empregados nas prisões, considerando-os
exemplos da imposição, às pessoas, e padrões "normais" de conduta
estabelecida pelas ciências sociais. A partir desse trabalho, explicitou-se a
noção de que as formas de pensamento são também relações de poder, que implicam
a coerção e imposição.
Aliás, todas as nossas relações
com os outros são relações de poder. Ao contrário do que a maioria das pessoas acredita
o poder não vem apenas de forma piramidal, vindo do topo para a sua base, mas
sim acontece em formato de “teia”, espalhando-se em várias direções. Esses
“micro poderes” estão presentes na obra de Foucault. Ele afirma também que não
é possível possuir o poder, como se fosse um objeto, mas tão somente fazer uso
prático do poder.
“Tá bom... eu te dei uma chance
Betão. Tô aqui faz três parágrafos ouvindo falar sobre esse filósofo que mais
parece o ‘Tio Chico’ (uncle Fester/tio Funério) da família Adams e ainda não
entendi o que picas isso tem a ver com o seu artigo”, perguntou o rapaz com
bata branca e cabelos desgrenhados, magro como um sibito, portando duas adagas
de EVA.
Ora meu amigo, as relações que
temos uns com os outros são relações práticas de poder. Logo, o abuso por parte
dos líderes nada mais é do que um crime de poder. É uma forma de controle
social, em que a submissão do outro é o que importa.
“Grandes poderes trazem grandes responsabilidades!” (Stan Lee/Ben
Parker).
“Poder corrompe. Poder absoluto corrompe absolutamente”. (John Emerich
Edward Dalberg-Acton – putz! e eu sempre pensei que era de Rousseau!)
As consequências de um tratamento
grosseiro no ambiente de treino são sérias e comprometem o resultado do grupo
como um todo. “O jogador fica menos criativo, produz menos, joga com menos
qualidade, se torna menos ousado e, no limite, deixa de jogar”, afirma a
estudante de psicologia e ex-jogadora Mariana F. Lima. Além disso, uma pessoa maltratada
num local que deveria ser uma fonte de alegria e prazer reage de forma
negativa, em certos casos retaliando abertamente.
Tanto homens quanto mulheres
fazem parte desse time, indiscriminadamente. A diferença está em como cada um
se manifesta. Enquanto eles reagem de maneira ostensiva, gritando impropérios,
por exemplo, elas não usam palavrões nem aumentam a voz, mas sabem exatamente
como ser cruéis e abalar a autoestima do colega jogador.
Os motivos para atitudes desse
tipo são variados: vão desde o líder de clã inseguro que precisa se respaldar
no medo do subordinado para se sentir competente até aquele que é assim por
puro prazer ou falta de informação.
O pior é que este comportamento
rude, de abuso de poder, tende a ser copiado. Estatisticamente falando um a
cada quatro jogadores acreditam que ser líder “é ser bruto e grosseiro”. Essa é
a mesma estatística revelada por uma pesquisa americana que lida com o abuso de
poder no ambiente corporativo. Ainda há os que acreditam piamente que estão
fazendo um favor a seus colegas de treino.
“É a síndrome do treinamento de anime”, como afirma Mariana, “eles agem
de forma rude, pois acreditam que isso ajuda seus comandados a aguentar a
pressão. Como se fosse um treinamento para que as pessoas sejam mais fortes”.
“Você é a doença, eu sou a cura” (Sylvester Stallone)
“E como lidar com isso tudo?”, pergunta
a menina baixinha de cabelos encaracolados que está terminando de por silver
tape numa lança novinha. Ao entender que se trata de uma relação de poder, você
deve interromper o fluxo de poder daquela pessoa.
Com a ajuda da Mariana eu
elenquei 6 atitudes que você pode tomar para ajudar a resolver sua questão.
1 Seja racional. Enfrente a
situação como se fosse mais uma tarefa do dia-a-dia, sem deixar a emoção
interferir. Chorar ou sair correndo não ajuda, tão pouco guardar os sentimentos
ruins para si e ficar chateado também não. O ignorante é ele, não você. Seja
educado, porém firme: “Olha Paulo mesmo sendo líder você não tem o direito de
falar comigo dessa forma. Exijo que você demande a mim o mesmo respeito que eu
demando a você”.
2 Evite o confronto (se
possível). Evitar conflitos é mais inteligente a se fazer, mas tem horas que
você simplesmente não consegue. Nessas horas não caia na tentação de usar as
armas da oposição. Seja simples, assertivo e firme. “Escute aqui Lucas, eu
entendo que a estrutura do nosso grupo tem uma estrutura militar, mas acho que
você está abusando de sua posição de liderança. Aqui não é o exército. Estamos
aqui todos para nos divertir e não para ser humilhados. O trabalho do líder é
nos guiar para que possamos melhorar e não nos fazer sentir pior a cada
vez”.
3 Mantenha a tranquilidade. Fale
com seu líder tirânico o mais baixo e calmamente possível, como se nada
estivesse acontecendo. Em algumas situações, vale até pedir para ele repetir
alguma ordem, caso você não tenha entendido. E pense sempre antes de responder
a uma grosseria. “Dá para repetir, por
favor, Andréia? Não entendi o que é para fazer”.
4 Lembre-se do Capitão Planeta (ah
como me senti velho agora): o poder é de vocês. Ele é o líder do grupo, certo?
Mas ele só é líder do grupo porque existe um grupo. E o grupo só existe porque
tem pessoas que o frequentam. Ou seja, é você e seus colegas que permitem que o
líder chato os trate assim. A partir do momento em que vocês se organizam e
demandam o tratamento adequado das duas uma: ou o cara se conscientiza e muda
ou ele se muda do time.
5 Escancare o verbo. Se ser
discreto não está funcionando jogue a merda no ventilador na frente de todo
mundo. Busque o conselho do reino ou se uma a outros colegas para exigir o seu
direito: o de ser tratado de forma digna. Porque, no fim das contas, um título
é só isso: um título. Não vale nada.
6 Se nada mais deu certo, parta
para outra. Ficar no grupo quando o abuso continua só vai piorar para você.
Saia de lá e monte seu próprio grupo. Contate os descontentes com a atual
gestão e bola para frente. O importante é ser feliz.
Bela argumentação. Sou de um grupo de swordplay e Larp que passou por poucas e boas por causa da má conduta de quem detém o poder. Estamos nos resolvendo agora de maneira mais correta, porém é sempre bom lembrar todo dia dos nossos erros e fazer o possível para não repeti-los.
ResponderExcluirCompartilharei a mensagem, pois serve para todos.
Bela argumentação. Sou de um grupo de swordplay e Larp que passou por poucas e boas por causa da má conduta de quem detém o poder. Estamos nos resolvendo agora de maneira mais correta, porém é sempre bom lembrar todo dia dos nossos erros e fazer o possível para não repeti-los.
ResponderExcluirCompartilharei a mensagem, pois serve para todos.