segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Plus ça change

A primeira vez que vi esta frase ela me pareceu enigmática. Era o título de um conto sobre o universo de shadowrun (um rpg que mistura cybercultura, magia e raças fantásticas).  A frase faz parte de uma expressão idiomática francesa plus ça change, plus c'est la même chose (“Quanto mais muda, mais fica igual.”). No conto ela mostrava o quanto o mundo que conhecemos tinha mudado, mas, na sua essência, continuava a mesma coisa.

Eu gosto de mudanças. Até porque as mudanças são inevitáveis. Você não pode escolher não mudar e em muitos casos não pode escolher como mudar, mas pode escolher como vai reagir as mudanças. Eu prefiro gostar delas. O que nos leva a segunda frase, dessa vez vinda de um dos cartazes promocionais dos quadrinhos dos X-men: Evolua ou morra.

Evoluir. Talvez seja essa a palavra que eu estava buscando desde o começo deste texto. As coisas evoluem e mudam ou então morrem e se acabam. Com o swordplay não é diferente. Se ele nãos e transforma, não evolui, não se modifica, ele acaba ficando perdido no tempo, isolado, fraco e potencialmente esquecido.

Por isso, aqui em Brasília resolvemos promover algumas mudanças na nossa maneira de fazer Swordplay. Estamos buscando mudanças que promovam o crescimento do grupo, fortaleça a sua identidade, e nos livre de certos problemas que nos atormentam nos dias de hoje.

Então, como resposta ao processo de mudança eu tenho a honra e o prazer de apresentar para vocês o novo sistema de graduação dos treinos dos Cavaleiros da Virtude (esse nome brega vai mudar também, pode eperar...)

Sistema de graduação
A ideia por trás desta proposta é criar um sistema de graduação que independa das famosas “panelinhas” onde apenas os amiguinhos do rei ou os coleguinhas dos nobres do reino consigam postos e graduações avançadas.

É importantíssimo salientar que a patente não deve significar poder e sim merecimento. Ela mede o desenvolvimento pessoal do membro em busca de seu constante melhoramento e o seu comprometimento com a Aliança e seu Reino. Ser um cavaleiro tem muito mais a ver com querer servir mais do que mandar mais do que os outros. Claro que existe alguma glória envolvida, mas ela não passa de uma sombra do que é o trabalho duro que será desenvolvido adiante.

Criamos 6 níveis num total (esses números podem ser escalonados de acordo com o seu grupo): Aprendiz, Soldado/guerreiro, Sargento, Capitão, Cavaleiro, e Lorde. Sendo que este último é membro do conselho de cavalaria, abaixo apenas o do rei, sendo que se só se chega a ele por convite de outro lorde ou membro ativo do conselho de cavalaria.

O sistema de graduação foi pensado para que uma pessoa que deseje, consiga ascender de Aprendiz a Lorde em apenas dois anos – Um ano e meio se ele for excepcionalmente bom. O sistema de graduação não é obrigatório: participa quem quer.

Níveis

Visitante: Todo mundo que vem no treino pela primeira vez ganha automaticamente esta patente. O visitante tem pouca ou nenhuma obrigação com a Aliança ou o Reino.

Aprendiz: Aquele membro mais constante, que já fez a ficha de cadastro, já tem sua bata e já compareceu pelo menos 4 treinos ou eventos.

Soldado/Guerreiro: Membro disciplinado. Já pode representar a Aliança ou seu Reino em eventos, como festas, encontros e etc. Também já pode se inscrever como staff.

Sargento: Já pode ajudar na organização do Reino ou da Aliança. Pode, em caso de guerra, comandar um grupo de até 10 pessoas (soldados, aprendizes ou outros sargentos), como uma unidade coesa. Ele já pode passar treinos, corrigir posturas e ajudar mais ativamente os outros membros a atingirem o seu desenvolvimento.

Capitão: Além de liderar várias unidades o capitão é responsável pela elaboração, aplicação e correção dos testes de graduação. Cabe também ao Capitão zelar intransigentemente pelos 3 H’s da Aliança (Honestidade, Humildade e Honra), garantindo que todos os membros sob seu comando conheçam e sigam essas diretivas.

Cavaleiro: Porta de entrada para o Conselho e para a patente de Lorde. Além da todas as obrigações dos outros níveis o cavaleiro deve ser exemplo vivo de tudo aquilo que a Aliança prega. Apenas Cavaleiros podem ser chamados para serem ajudantes do Conselho da Cavalaria.

Lorde: Membro Ativo do Conselho. São os ideias da Aliança feitos em carne e osso.
A cada treino e realização o membro da aliança receberá uma quantidade de Experiência (XP). Ao acumular bastante experiência esse membro pode pleitear participar de um teste de graduação. São ao todo três testes por ano.

O teste Oral versará sobre a história do seu Reino e da Aliança.

O teste Escrito versará sobre estratégia militar e movimentação de tropas em campo, além de questões objetivas sobre ética e moral.

O teste de combate mede a capacidade e a tenacidade do combatente.

Para passar de Aprendiz para Soldado/Guerreiro, o membro terá que ter uma taxa de acertos de 60%.
Para passar de Soldado/Guerreiro para Sargento, o membro terá que ter uma taxa de acertos de 65%.
Para passar de Sargento para Capitão, o membro terá que ter uma taxa de acertos de 75%.
Para passar de Capitão para Cavaleiro, o membro terá que ter uma taxa de acertos de 85%.
Para passar de Cavaleiro para Lorde, o membro terá que ter uma taxa de acertos de 95%, além da indicação do Conselho em si.

Tabela de Experiência (XP)
Cada Treino
10 XP
Treino Conjunto
50 XP
Encontro Brasiliense de Swordplay
100 XP
Encontro Paulista de Swordplay
100 XP
Torneio (outro reino)
50 XP
Torneio (local)
25 XP
Membro de Staff (outro reino)
30 XP
Membro de Staff (local)
30 XP
Forjador de Armas
50 XP por arma aprovada
Armoreiro
50 XP por peça de armadura aprovada
Costureiro
50 XP por peça de roupa aprovada
Emissário
Variável
Outros
(Variável)


Só serão validos treinos e eventos em que a pessoa realmente participe. Ficar sentado debaixo das árvores, batendo papo, é legal, mas não dá XP! Bom também ficar esperto para os eventos especiais que dão XP em dobro.

Quantidade de XP por nível
Visitante: 0 XP
Aprendiz: 0 XP (4 treinos e bata)
Soldado/Guerreiro: 300 XP
Sargento: 620 XP
Capitão: 960 XP
Cavaleiro: 1320 XP
Lorde: 1720 XP
Exemplo: Pedro é aprendiz. Para se tornar um soldado ele tem que acumular 300 XP para fazer o teste. Para passar no teste ele tem que ter pelo menos 60% de acertos. Se ele passar, receberá sua patente imediatamente. Se ele falhar vai ter de esperar a próxima graduação.
É OBRIGÇÃO EXPRESSA DO APLICADOR DO TESTE explicar porque o pleiteante não passou e o que ele deve fazer para obter sucesso na próxima empreitada. Neste caso, o pleiteante pode solicitar:
a)                 que seja feita uma revisão de sua nota;
b)                 que o reino lhe designe um tutor para orientá-lo nos treinos seguintes.


Essa é a primeira grande mudança. Nas próximas postagens eu pretendo esmiuçá-las um pouco mais. 

sábado, 12 de novembro de 2016

Quem não vive para servir não serve para viver.

Servindo...


Eu sempre gostei de lutas com espadas. Boa parte da culpa disso vem dos antigos filmes que passavam na sessão da tarde: atores como Errow Flinn, Tony Curtis, Douglas Fairbanks e tantos outros mantiveram acessa a chama da esgrima em mim.

Com o passar dos anos eu fui descobrindo que não existia apenas a esgrima europeia e me apaixonei pela esgrima japonesa. Lendo inicialmente as Tartarugas Ninja (Leonardo usava duas katanas) e depois passando para o desenho dos Thundercats (Hashiman, o samurai do terceiro mundo!) eu vim a me tornar fã de carteirinha da cultura japonesa. Não vou mentir: foi uma decepção, quando no auge dos meus doze anos de idade, descobri que palavra samurai significava “servo” ou “aquele que serve”. Foi um balde de água fria nos meus kiais.

De certa forma eu não tinha ainda maturidade para entender isso. E às vezes essa maturidade demora para chegar. Eu só fui aprender mesmo o significado de samurai quando, muito tempo depois de Leonardo e Hashiman, eu pus os olhos em Xógun: a fantástica novela de James Clavell.
Então eu descobri que não apenas o termo samurai estava certo como também tentei transpor para a minha vida pessoal algumas de suas práticas. Cheguei mesmo a praticar Kenjutsu e tenho algumas espadas samurai soltas aqui em casa.

E o que eu quero dizer quando o assunto é ser samurai, no swordplay? É brandir uma katana de espuma e fazer poses fodas depois de matar alguém? Bom, também é isso. Tem muito mais a ver com o seu interesse no esporte em si, no seu grupo, em como você trata os outros e em como você se comporta.

Ter o espírito marcial do samurai aplicado ao swordplay é trazer parte do que significa ser um samurai. O primeiro passo para fazer isso é a simplicidade. Simplicidade é dar um passo acima da complexidade. Simplifique sua prática no esporte. Fazer simples não significa fazer de qualquer forma. Torne o seu treino e a si mesmo mais leve, dispensando as rotinas, discussões e burocracias que não servem para nada. Simplifique e facilite apenas para ter mais energia e trabalhar ainda mais. Ao invés de carregas dúzias de espadas que você sabe que não vai usar no treino, leve apenas as de seu uso. Uma mochila leve ajuda a transportar um homem cansado no fim de um treino. Facilite as coisas sempre que puder, seja para você ou para os outros. Se você ver que o líder do seu grupo esta com dificuldade para organizar a galera, simplesmente dê um passo à frente e o ajude a fazer isso. Não espere o convite.

Se você não quer subir, ninguém pode te ajudar a subir. Essa frase foi dita por um antigo sensei de judô e hoje eu entendo o seu significado com perfeição. Para ser ajudado você tem que querer se ajudar. A motivação é interna, alguém pode te incentivar, educar, inspirar, mas tomar a decisão de subir é sua, somente sua, nesse sentido você é o único e total responsável pela sua vida. Você pode ir ao treino e ficar debaixo das árvores conversando sobre Pokemon Go (alguém ainda joga isso?), ouvindo K-pop ou pode simplesmente pegar seu equipamento e cair para dentro. A escolha é sua. Tome uma atitude e faça sempre o seu melhor.

Você não pode mudar as estações do ano, mas ode mudar como você age em relação à elas. Você não precisa gostar da atitude daquele amigo que é highlander, mas pode mudar sua relação com ele. Tente conversar com ele fora do treino, explique o que houve, tente dialogar. Se não funcionar tente outra coisa. E mais outra. E outra. Cedo ou tarde você vai descobrir alguma coisa que funciona.


Era isso gente. Boa semana para todos. 

domingo, 6 de novembro de 2016

O que você pode fazer para que seu evento seja melhor

Então, você e o seu grupo fizeram um evento qualquer. Pode ter sido o primeiro encontro de swordplay da sua região, um workshop dentro de um evento de anime, ou simplesmente uma intervenção cultural dentro de um evento maior, mantido por uma escola ou universidade. Seja lá como for o evento terminou e você percebeu que ele não foi exatamente do jeito que você queria.

Acontece. Mas nada de sair aí por aí apontando o dedo na direção de todo mundo, dizendo quem errou ou quem deixou de fazer o quê. Vale a pena fazer alguns questionamentos, mesmo que você não tenha sido um dos organizadores. Algumas dessas perguntas vão ajudar você a perceber que mesmo não sendo um dos organizadores você também é responsável pelo evento.

Pergunte a si mesmo: estou sendo amigável e prestativo?
Mesmo que você não faça parte da organização, é uma de suas obrigações ser amigável e prestativo com todas as pessoas que foram convidadas e que estão prestigiando seu evento. Quando fui à São Paulo para um encontro Paulista de Swordplay eu fui muito bem recebido por todas as pessoas com quem tive contato. Não teve nenhuma delas que me recebeu com menos do que um sorriso. Isso deixa impressão muito positiva para qualquer pessoa.

Pergunte a si mesmo: estou sendo positivo sempre?
O segredo aqui é espalhar o bom humor com o seu melhor sorriso. Demonstre sempre que você tem uma atitude "sem problemas". Aliás, se você puder ser um solucionador de problemas ao invés de um causador de problemas, tanto melhor. Tenha em mente que você será sempre observado, dentro e fora dos exercícios, das lutas ou de quaisquer outras atividades. Mesmo durante os intervalos os participantes do evento observam tudo o que está acontecendo. As atitudes falam muito mais do que palavras. Lembre-se que as pessoas não vão a um evento em busca de mau humor ou pessoas negativas: elas querem se divertir. Seja parte ativa disso.

Pergunte a si mesmo: Como está minha aparência?
Se você vai participar de um evento vista-se à caráter. Demonstre o seu respeito pelos participantes, pelo evento em si, e por si mesmo. Essa é a primeira impressão que você vai passar sobre o nosso Esporte. Uma bata suja, rota e rasgada, somada a um equipamento fedido e mal cuidado não vão fazer você parecer um lutador “badass” e sim um coitado.

Pergunte a si mesmo: você é Pontual?
É muito importante ser pontual. Seja pontual e ajude os outros a serem também. Se você marcou o treino para começar às 15:00, comece o treino às 15:00. Mesmo que os outros não tenham chegado. Quando você começa a ser pontual os outros aprendem que você é pontual e acabam se adequando a sua pontualidade. Se ele sabe que o evento começa impreterivelmente às 15:00 eles vão fazer de tudo para estar lá no máximo às 15:00.

Pergunte a si mesmo: eu estou focado naquilo que estou fazendo?
Poucas coisas são mais desagradáveis do que você conversar com alguém e perceber que ela não está dando a devida atenção ao que você está dizendo. Quando você não se concentra naquilo que está fazendo, está abrindo uma porta perigosa para que enganos e acidentes aconteçam. Se o seu trabalho é flanquear pelo lado direito do campo ou instruir os novos colegas em como usar um boffer, é isso que você deve fazer. Concentre-se em fazer aquilo que você tem que fazer da melhor maneira possível. E se você perceber que não foi talhado para aquele tipo de missão, não pense duas vezes e peça ajuda a alguém.

Pergunte a si mesmo: Estou prestando atenção nas apresentações e nas atividades?
Qualquer que seja o seu papel no grupo ou no evento prepare-se muito bem pra ele. Cada tarefa, por menor que seja, é importante para o sucesso do evento. O seu nível de energia deve ser alto. A sua atenção ao que está acontecendo pode ajudar a refinar todo o conteúdo e ensinar coisas que você jamais pensou em aprender. Se você estiver focado de verdade também poderá corrigir quaisquer e interrupções errôneas por parte dos participantes, caso venha a ser questionado por eles.

Pergunte a si mesmo: estou demonstrando interesse genuíno em cada convidado?
Trate cada convidado do seu evento como se ele fizesse parte do seu grupo. Mesmo que você não seja da organização do evento, você está vestindo as cores do seu clã ou do seu grupo. No evento ninguém vai olhar para mim e dizer simplesmente “o Betão”. Vão olhar para mim e vão dizer “o Betão dos Cavaleiros da Virtude”. A maneira como você trata cada um dos convidados vai ser reputada ao seu Clã.

Pergunte a si mesmo: eu contribuí para tornar o evento divertido, simples e mágico para todos?
Como membro da sua equipe, você espalhou otimismo e entusiasmo para todas as pessoas? Ajude as pessoas a entenderem que o swordplay é uma atividade divertida, simples e mágica. Todos temos um excelente motivo para estar ali, e um motivo ainda melhor para estarmos felizes.

Espero que este texto tenha contribuído para o entendimento de todos. O evento não é só dos organizadores. É de todos nós.

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...