quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Baixe sua bola, coleguinha.

Uma das três virtudes preconizadas pelos estatutos da Aliança de Beufort é a Humildade. Como eu já coloquei aqui em algum lugar, ser humilde não é baixar a cabeça e sim saber qual é o seu lugar. Vinda do latim humilitas, é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas, agindo de acordo com essa consciência.

Alguns autores, como Aristóteles, afirmam que ela refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é considerada pela maioria das pessoas como a virtude que dá o sentimento exato do nosso bom senso ao nos avaliarmos em relação às outras pessoas.

Não devemos, no entanto, confundir a humildade com a modéstia. Entendendo modéstia como o sentimento de acautelar-se quanto às qualidades intelectuais e morais em oposição a um exibicionismo vaidoso.

Apesar de não ter sido um praticante da humildade Sócrates parecia conhecê-la por demais. No seu aforismo “só sei que nada sei” ele eixa isso bem claro. Ao dizer que ele sabia que não sabia das coisas ele afirmava duas coisas: a sua ignorância, ao não saber de nada e o seu desejo de aprender. Ora, se ele sabe que não sabe de nada, ele pode aprender qualquer coisa!

Em outras palavras a Humildade nos leva a um conhecimento raro nos dias de hoje: o de se conhecer. E como dizia Sun Tzu: ser humilde é demonstração de sabedoria.

E por que eu estou trazendo esse assunto à baila? Cara, porque tem mesmo muita gente que se acha no meio do swordplay. Dia desses estava conversando com um colega meu sobre as diferenças regionais dos jogos. Na cidade dele a maioria das pessoas prefere o escudo redondo e com pegada de punch enquanto eu dizia que aqui no DF o pessoal preferia o escudo Heather com pegada strap. Daí, do nada, chegou um cara arrotando que nós dois estávamos errados e que na “antiguidade clássica” ninguém amarrava o escudo no braço e que isso era coisa de filme e nerd bitolado...

Na hora me deu aquela vontade de perguntar para a pessoa: vem cá, quem foi que te chamou nessa conversa, hein? Mas eu permaneci calado porque antevi que aquela era uma briga que eu não estava disposto a comprar. Simplesmente dei “calado” como resposta e ignorando o sujeito intrometido continuei conversando com o meu amigo visitante.

Talvez você não saiba amigo/amiga, mas ninguém gosta de um sabichão. Quem sabe o intrometido ache que esta abafando, mostrando quanto ele estudou nesses últimos anos, mas na verdade tudo o que ele está fazendo é se mostrando uma pessoa pouco humilde, metida e inconveniente.  

Eu mesmo procuro ser humilde sempre que posso. Num dos últimos treinos eu pedi para enfrentar outra pessoa no jogo de pega-bandeira. O jogador que eu queria evitar era rápido demais para mim e como eu não costumo (e nem posso) correr, pedi que outra pessoa o marcasse.

Então, o conselho de hoje é muito simples: seja humilde. Conheça-se muito antes de achar que conhece o mundo à sua volta. Todos ganham com esse tipo de postura.


Um comentário:

  1. eu pratico HMB hj em dia.. e sai do Reenactment por esse exato motivo. muita gente falando oque eu não podia fazer e desmerecendo os meus estudos e referencias. lamentável ver que tem gente que troca uma cadeira numa mesa cheia de amizades pra querer sentar sozinho no trono da razão.

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Samurai sim, santo jamais

 Sempre tive fascínio por artes marciais. Judô quando era moleque, um pouco de karatê na juventude, e, mais recentemente — antes da pandemia...