quarta-feira, 25 de março de 2015

Descobrir a técnica ou aprender a técnica?

Para quem não sabe eu sou professor. E uma das minhas manias é ensinar as coisas aos outros. Eu acredito firmemente que quando eu divido o que eu sei com outras pessoas o conhecimento se multiplica. É como aquela propaganda do canal futura: conhecimento é a única coisa que quanto mais você divide com os outros mais se multiplica. Outra de minha mania é aprender. Eu quero conhecer o máximo de coisas que eu puder.

Assim, sempre que eu posso dou dicas a meus colegas de treino. Desde posturas, de como segurar a espada, de como bloquear com o escudo, mas especialmente de como eles podem vencer a minha técnica. Eu os ensino o caminho das pedras de como podem me vencer. Derrotar aquilo que eu faço de melhor. Sei que parece estranho. Por que eu ensinaria aos outros uma forma segura e verdadeira de me vencer? Será que eu gosto de perder?

Não. Nada disso. Como professor eu gosto de ver todos à minha volta evoluindo. E quanto mais o meu grupo evoluir, mais fortes seremos. Eu ensino o cara do machado como ele pode neutralizar meu escudo e golpear com a espada curta enquanto estou sem ação.  Existe aqui um duplo benefício: vou ter de melhorar ainda mais o que eu sei se quiser continuar evoluindo e, quando o cara do machado for enfrentar outro escudeiro ele terá muito mais chances de vencer.

Assim, sempre que eu posso ensinar o pouco que eu sei, eu o faço. Seja nas modalidades que eu me saio melhor (como espada de duas mãos ou espada e escudo) como nas que eu não sou assim tão chegado.

Mas eu percebo que nem todos são assim. Algumas pessoas simplesmente não gostam de serem ensinadas. Eles são o que chamo de descobridores de técnica. Eles querem se superar descobrindo por eles mesmos maneiras de vencer qualquer técnica ou postura que se apresente diante deles. De certa forma eles estão trilhando o caminho mais longo: eles vão apanhar um bocado para descobrirem a brecha na defesa do escudeiro ou o timming perfeito para atacar o lanceiro, mas pode ser que isso os enriqueça ainda mais do que qualquer outra forma de aprender. Pode ser que ao invés de buscar o tutorial de dual na internet ele assista episódios de sua série favorita até aprender por si mesmo como fazer aquelas manobras. 

Nenhum dos dois é melhor que o outro. Ambos são apenas diferentes. E com cada um deles o grupo evolui de uma forma distinta. Quando temos uma maioria de aprendizes o grupo cresce de forma mais homogênea e o desenvolvimento é mais constante, mesmo que a velocidade não seja lá essas coisas. Em grupos onde a maioria é de descobridores o desenvolvimento do grupo acontece apenas a nível pessoal, absolutamente heterogêneo, com picos de desenvolvimento rápido seguidos de longos momentos de calmaria.

Um grupo não precisa nem ao menos escolher uma das vertentes: ele pode muito bem prosperar com pessoas que aprendem e com pessoas que descobrem.

Mas e na sua opinião, o que é melhor para o grupo? Bem meu pai tinha uma frase muito legal sobre isso. Ele dizia que se você quer chegar em algum lugar rápido você vai sozinho. Mas se você quiser chegar longe, vá em grupo.



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