quarta-feira, 22 de abril de 2015

Não se exceda.

Cuidado para não se exceder nos treinos.


O aviso não parece ser novidade. É dessas coisas que escutamos o tempo todo nas atividades desportivas. É um desses conselhos que ouvimos mas que por algum motivo preferimos ignorar. Faz parte daquele grupo de coisas como “alongue-se”, “faça aquecimento”, “beba água”, que resolvemos conscientemente, ou não, ignorar.

Ás vezes diante do desejo de melhorar como guerreiros tomamos atitudes que são contra producentes. O excesso de treinos é um engano comum que se costuma cometer no desejo de melhorar. Quantas vezes não ouvi de colegas comentários como “sei que o treino foi bom porque estou todo quebrado”, como se estar “quebrado” fosse sinônimo de alguma coisa boa!

Praticar todos os dias as mesmas técnicas ou estilos de combate gera fadiga osteomuscular e facilita o aparecimento de lesões. O ideal é praticar diferentes exercícios a cada dia, em modalidades e intensidades diferentes. Isso porque ganhamos massa muscular, fortalecimento dos ossos e perdemos gordura no período de descanso. Se não temos este tempo, ocorre o processo contrário, conhecido como catabolismo, no qual perdemos massa muscular de maneira generalizada e ainda aumentamos o estímulo para depósito de gorduras.

No último treino me deixei levar pela excitação do combate e das práticas e acabei que fiquei muito mal o fim de semana inteiro. Forcei demais a minha coluna e os meus joelhos (que não são muito bons) e acho que aprendi a minha lição.


Dizem que sem dor não há resultado. Pode até ser. Mas doer demais não garante resultado demais. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Alabarda para Swordplay

A alabarda é uma arma de haste longa. Parece, visto de longe, com o cruzamento de um machado com uma lança e partes de uma picareta. Seu uso foi iniciado por volta do século XVI e logo ela ganhou os campos de batalha por sua versatilidade contra soldados de infantaria e pesada e até mesmo contra cavaleiros.

Por conta de sua eficiência e multifuncionalidade comparada às demais armas da época, era utilizada pelos guardas de castelos e palácios para proteção das propriedades. Ainda hoje a Alabarda aparece como o padrão em unidades militares históricas, mantidas para fins decorativos, com suas fardas e armaduras de época.

A alabarda supera a lança em diversos aspectos. Primeiro porque não é uma arma apenas para estocar. A cabeça de machado permite uma boa variedade de golpes e posturas que se aproveitam dessa caraterística de corte. Um alabardeiro poderia atacar de cima para baixo, de baixo para cima, de um lado para outro e vice-versa, sem comprometer a sua posição.

O uso em combate de proximidade não era frequente devido à haste longa. O soldado armado de alabarda geralmente possuía uma adaga e eventualmente uma espada curta para estas situações. Além dos usos da parte ativa, a haste ou cabo poderia ser usado como bastão, para impacto, e o pé ou coronha muitas vezes era recoberto por metal para ser usado como ponta ativa secundária, para atingir um oponente que já tivesse ultrapassado o soltado, que aplicava um golpe para trás.

Pessoalmente, tenho uma alabarda e a acho muito mais útil em combate do que lanças e lanças de duas pontas. Fora a sua construção, que demanda mais tempo, habilidade e material específico, não vejo porque ela não é arma padrão de qualquer unidade de lanceiros.

Segue abaixo um link para um vídeo onde vemos essa arma em ação.


https://www.youtube.com/watch?v=OmEQUnd2_cs

domingo, 12 de abril de 2015

Aprenda a ouvir o que seus amigos têm a dizer.

Eu sou um cara grande. Pouco mais de 1,90m de altura e 120kg. Nada realmente atlético, mas para mover essa montanha de carne e ossos eu preciso de alguma pujança física. Nada realmente fora do normal, mas eu posso ser considerado um cara de força compatível com o meu tamanho. Sendo assim quando eu estou treinando uma das minhas maiores preocupações é com a força dos meus golpes. Não pode ser fraco demais ou o outro cara não vai sentir. Mas também não pode ser forte demais se não o outro cara não apenas vai sentir, como vai se machucar também.

No treino passado (11/04/2015) eu dei um golpe na lateral de um lanceiro. O golpe acerou no mesmo momento em que o lanceiro me abraçava e me golpeava com uma adaga nas costas (manobra típica de lanceiro). Logo após o golpe fui checar com ele se estava tudo bem, e ele reclamou que o golpe tinha sido muito forte. Achei estranho, já que eu não tinha batido com mais força que o habitual. Noutra oportunidade acertei outro lanceiro pelas costas, apenas uma estocada de leve, aproveitando que ele estava distraído. Mais uma vez a reclamação do excesso de força. Comecei a ficar preocupado que o problema poderia estar na minha arma e não em mim.

Estava usando a minha german longsowrd, uma espada de duas mãos com 1,30m de comprimento do pomo à ponta (tem 1m apenas de lâmina), e depois de conversar com um colega sobre ela chegamos a um diagnóstico interessante: o espaguete de espuma encapado entre a silver tape o cano de PVC estava solto. Todas as pancadas que a espada tinha tomado ao longo dos últimos treinos tinham descolado uma das seções da ponta da arma. Daí quando eu girava a arma e batia em alguém o cano da arma “chicoteava” no colega de treino, machucando-o. Imediatamente mudei de arma, para a minha viking sword (espada de uma mão e meia, com 98cm de comprimento e lâmina de 78cm) e o resto do treino correu perfeitamente, sem qualquer acidente.

Os pontos chaves desse post são dois: manutenção constante das armas (que vai além de reparar os rasgos de silver tape) e se comunicar bem com os colegas. Ouvir o que eles têm a dizer. Se disserem que você está batendo forte, que você não está aceitando os golpes, ou que você não está seguindo alguma regra, escute o que eles têm a dizer.

Só para que fique claro ao chegar em casa desmontei a german longsword e percebi que nosso diagnóstico estava certo. Ao invés de apenas reparar a espada resolvi jogar a espuma encapada fora e refazer a espada toda. A espada renovada ficou um pouco mais pesada, mas bem mais macia.



domingo, 5 de abril de 2015

Arma exótica I: o chicote de cravos para Swordplay

A idéia para este post veio de uma discussão um tanto acalorada na comunidade “A Forja” no facebook. A postagem original era de um usuário, o Gabriel Maclaud que introduzia uma nova arma que ele havia pesquisado. Ele recriou para swordplay o chicote de cravos. A arma, plenamente fantástica e sem contrapontos históricos, teve sua inspiração vinda de jogos como Soul Calibur (Valentine, a espada de Ivy) ou de jogos como Castlevania (o chicote dos Belmont). Segue uma foto da mesma para que você possa saber do que estou falando.


Segundo as palavras do próprio Gabriel: “Galera meu "chicote" ficou pronto na sexta. (...) Eu acabei de voltar do Swordplay e foi uma experiência muito positiva. Ninguém se machucou com o chicote, e eu sempre que eu atacava, eu perguntava se havia machucado. O positivo do chicote e que o cara por mais que bloqueie o ataque com a espada, a arma continua e acerta o braço, lutar contra escudos e meio a meio. Os espinhos são uma coisa a mais, pois meu objetivo e acertar com a ponta e se isso não acontecer os espinhos contarão pontos”.

A arma dividiu opiniões. Em menos de uma hora já tinha mais de 40 comentários. Tirando os “zueiros” de plantão parecia impossível passar pela arma sem tecer algum comentário, seja a favor da mesma ou criticando o seu design, sua efetividade em campo de batalha ou mesmo o fato dessa arma jamais ter existido nos tempos medievais.

A primeira coisa que temos que ter em consideração é que o boffer swordplay é uma modalidade esportiva que permite tanto recriar armas como fazer armas comp0letamente diferentes. Não é incomum ver lanças chinesas, espadas sarracenos, katanas e todo tipo de arma que foge do cânone medieval e algumas que são complemente trazidas de animes e séries de TV, como a bustersword de Cloud Strife (FF VII) ou as espadas do poder (He-man e os mestres do universo). Ou seja, recriminar a arma apenas porque ela não faz parte do cânone medieval é uma crítica bem furada a meu ver.

Há de se questionar a sua segurança. Ela parece segura. Segundo as palavras do seu criador, ela também é segura. Eu não a vi em combate e nem a testei, mas como swordmaker que sou estou inclinado a achar que o maior perigo dessa arma é se enroscar no pescoço de alguém. Não sei se é mais perigosa que uma estocada de lança que acerta o mesmo local, mas vale o aviso para quem quiser fazer uma igual: todo cuidado é pouco.

E quanto a efetividade dessa arma? Pelo seu design eu imagino que ela siga a mesma mecânica do mangual. O objetivo dela é dar a volta no inimigo, seja na sua espada ou escudo e atingi-lo. Mas para isso ela precisa estar sempre em movimento e para estar girando necessita de muito espaço. Ela precisar estar a uma distância média do oponente, nem mais e nem menos. Se for abaixo disso, ela tem efetividade reduzida uma vez que um espadachim pode se adiantar e acertar seu portador sem muita dificuldade. Não devemos esquecer que a infantaria leve (espadas de uma mão, de duas mãos e dual) são muito rápidos e se movem com fluidez. Mesmo um escudo alto, bem posicionado, pode quebrar com facilidade o ataque desse chicote. Se for além disso, numa longa distância por exemplo, o portador fica sujeito ao ataque das lanças e alabardas. Resumindo: a sua margem de ação é muito limitada. Essa é também uma arma de ataque puro. Ela não bloqueia, ou defende de ataques diretos.

Outro ponto que depõe contra essa arma é que ela não serve para ser usada em formações. Imagine girar uma arma como essa e acertar seu colega ao lado? Mesmo que ele não se importe de ser saco de pancadas de “fogo amigo” a arma perderá velocidade e terá de ser preparada de novo antes de ser usada. Tempo demais gasto, não acha?

Na modalidade x1, no entanto, ela brilha. Ela se comporta de forma errática, girando e acertando de todas as direções, dificultando a vida do defensor. Ela também é assustadora, pois a maioria das pessoas não consegue ver a brecha em sua forma de atacar. Mas depois de algumas rodadas e algumas derrotas bem humilhantes as pessoas aprendem “o segredo” da arma.


O meu veredicto sobre ela é simples: se for do seu gosto, use. 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Swordplay Seguro

Segurança acima de tudo


Existem preocupações constantes na mente de todas as pessoas que praticam esportes de conato: fazer uma boa partida, não se machucar, treinar duro, fazer o fairplay, ser um membro valioso da equipe, entre tantas outras. Uma das minhas maiores preocupações quando o assunto é o Swordplay é justamente com a segurança. A minha e a dos outros participantes.

Como você sabe o Swordplay é um esporte de conato. Ele envolve acertar os outros com armas feitas de espuma e mesmo com todas as normas de segurança, acidentes podem acontecer. Não é incomum que um golpe mal calculado acerte áreas proibidas (cabeça ou genitais), que se exagere na força (já vi armas de cano branco para água quente serem despedaçadas), que haja trombadas entre jogadores (eu mesmo trombei com um colega no último treino, o que o levou a nocaute instantâneo), além de torções, quedas, arranhões entre tantas outras coisas nem um pouco agradáveis.

Por isso, acredito que na esfera das prioridades de qualquer grupo sério, a segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Entendo perfeitamente que quem pratica Swordplay quer ter a noção do que era empunhar armas e armaduras de antigamente; sentir na pele o que é brandir uma espada contra um oponente habilidoso. Mas isso não pode ou não deve se ficar acima da idéia de segurança. Fico preocupado com grupos e discussões onde as pessoas usam materiais mais duros para confeccionar suas armas sob a alegação de que assim elas ficam mais bonitas e realistas. É claro que uma espada cortada a partir de lâminas de tatame será muito mais firme e terá um acabamento melhor. Mas também será mais pesada, de manejo mais complexo e potencialmente mais perigoso.

Da mesma forma, cada vez fica mais firme em mim a idéia de que armas de arremesso (qualquer tipo) devem ser deixadas de lado. Sei que nas guerras antigas um pelotão de arqueiros fazia toda a diferença num campo de batalha. Mas o Swordplay não é um combate de verdade. É uma simulação fantástica de um combate. Ora, num combate de verdade machados partiriam escudos com facilidade. Como o mesmo não ocorre com o Swordplay. Vai ver por isso temos poucas pessoas que se dedicam à nobre arte de brandir um machado enorme de duas mãos. Num treino passado vi um colega brandir um arco. Uma das flechas acertou em cheio na orelha de outro jogador. Resultado: nocaute instantâneo e o som de “telefone ocupado” durante um bom tempo na cabeça do colega.

“Mas foi um acidente!” vai comentar alguém. Claro que foi! Eu não imagino que alguém vá fazer uma coisa dessas de propósito. Mas o fato é que a arma de arremesso contém em si um perigo eminente que não pode ser desprezado. As chances de sair alguma coisa errada são muito grandes: uma flecha perdida pode acertar uma pessoa ou animal que por ventura esteja passando pelo local do treino. O Juan (o cara que foi abatido com uma flechada na orelha) deve ser uma montanha de uns 130 kg e foi ao chão! Imagina se isso pega numa criança pequena, numa mulher grávida, num velhinho... E mesmo que o local do treino seja particular, sem transeuntes, o que impede a flecha de acertar com tudo algum lugar que não deveria?


A grande lição é ser cuidadoso gente.  

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...