Uma coisa que eu sempre quis fazer é uma seção com entrevistas. Mas nunca deu muito certo. Mas dessa vez eu acho que vai. Segue a primeira. O entrevistado é o Bruno Sara.
Antes de tudo
galera, obrigado pela oportunidade e por cederem um pouco do seu tempo para
essa entrevista. Estou vendo alguns rostos bonitos na página de vocês do face. Poderiam se apresentar
rapidamente, dizendo como cada um começou no swordplay, o que cada um faz no
clã, origem do nome do clã, signos, cores favoritas... esse tipo de coisa.
Eu sou o líder, no momento sou eu que cuido da parte
do treino e programa as atividades e o conteúdo do clã.
Gilialison Fernandes é o vice-líder, responsável pela
forja e mantém contato com parceiros.
Tatiane Braga cuida da nossa saúde nos treinos,
quando se trata de lesões, machucados ou medicamentos está sempre à disposição.
Sabrina Morais responsável pela compra do lanche,
função importante, pois ela não deixa a gente se alimentar com besteira.
Bennyson Bezerra trabalha até dia de domingo e chega
tarde infelizmente nos treinos, mas está sempre gravando alguns vídeos e
tirando algumas fotos para divulgação.
Gleyce Borges é a mais nova dentre nós, porém ela é responsável
pelo cuidado com as crianças. Eu e o Gilialison éramos de outro clã, mas não concordávamos
com a "doutrina" e organização e com isso resolvemos sair de lá. Mas
antes de sair, óbvio, chegamos na liderança e falamos o que pensávamos e o
motivo da saída. Os outros membros vieram aos poucos. Íamos de evento em evento
com duas espadas divulgar nosso novo Clã, que na época se chamava Bushido
Swordplay. Embora tenha nos dado muito
orgulho, resolvemos fechar por falta de mão de obra e começar do zero. Criamos
então o Império Kyôdai depois de uma fase difícil, pois com o término do
Bushido Swordplay os outros dois grupos resolveram nos tirar da aliança, mesmo
sabendo que voltaríamos com um projeto novo... Enfim... Planejamos uma logomarca
onde teria algo que representasse cada cultura ( Saxã, Nórdica, Asiática e
Romana ) e as cores do grupo. Depois de muitos testes paramos de relutar e
resolvemos assumir as cores do nosso Brasil e a formação em sua maior parte era
dos remanescentes do antigo clã.
Sobre a origem do nosso nome, Império Kyôdai, vem
pelo fato de que queríamos algo que expressasse “Irmandade” e a palavra
Japonesa “Kyôdai” significa “irmãos” e já sobre o Império isso é devido ao fato
de querermos expandir e deixar o nome do nosso grupo conhecido. Acredito que
seja normal querer reconhecimento pelo fruto de seu trabalho.
Nossa! Vocês
têm até nutricionista!!!
Hahahaah... Não, a Sabrina não é nutricionista, mas não
deixa que na hora do treino venhamos a ganhar as calorias que acabamos de perder.
Ela vai comprar em um determinado horário o lanche e sempre volta com frutas e
suco, organiza o corte dos alimentos e organiza a fila e se ver alguém comendo
porcaria briga e proíbe para o próximo treino. Ela é mandona, mas cumpre bem
sua função até porque não adianta treinar e jogar fora aquilo q se propôs a
fazer.
O Kyodai é uma
referência nordestina no swordplay brasileiro. Quantos membros vocês têm
atualmente? É complicado manter um clã?
Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram?
Hoje contamos com cerca de 15 membros ativos e mais
alguns que não mantém uma boa frequência. E isso se deve já ao maior problema que
enfrentamos recentemente, um membro que fazia parte da liderança trouxe alguns
membros da sua vizinhança e éramos cerca de quase 30 pessoas, não sei nas
outras regiões e estados, mas aqui no Ceará pra nós era muito. Ele havia saído
de outro clã no qual o considerava rebelde se assim podemos dizer, o acolhemos
e ensinamos algo que até então ele não sabia, que era respeito NO COMBATE,
respeito às regras, mas infelizmente não conseguimos ensinar o respeito às
pessoas e sua violência era nítida. É um assunto que não gostamos de comentar,
mas ele levou consigo os membros que trouxe já que foram os únicos a comprar
sua estória dos fatos. Bom, sobre a complicação de manter um clã é simplesmente
relativo ao mantimento de interesse dos membros, acredito que se formos capazes
de agradarmos a todos e mantermos as dificuldades não acabariam, mas reduziriam
bastante. Exemplo disso um jovem na cidade de Quixadá montou um clã, mas ele não
conseguia manter algo eficaz e constantemente pedia nossa contribuição, hoje
ele tem um reinado nosso naquela cidade. Algumas dificuldades continuam, mas hoje
ele tem um apoio mais forte, não pelo fato de ser Kyôdai também é sim por
acreditarmos nele, quando segundo ele, ninguém acreditou.
Quais são os
maiores desafios para manter um clã de swordplay? Como vocês fazem para captar
novos membros e manter uma estrutura sólida de treinos?
O Maior desafio para se manter um clã de Swordplay é
referente ao armamento pois constantemente precisa de reparos e não temos uma
mensalidade obrigatória, além de que parte dos nossos membros não trabalham, ou
seja, não têm renda. Temos uma caixinha batizada de “Sicrano”, onde colocamos
nos treinos e quem quiser nos ajudar com o valor que quiser; não estipulamos
nada. Acredito que essa seja a maior dificuldade, pois quem trabalha com a
parte da forja e compra os materiais sabe que nada é barato e dificilmente
encontramos alguém que queira apoiar nossas idéias. É um ponto crucial já que
somos uma prática lúdica que não pode, infelizmente, ser considerada como
esporte, embora que erroneamente muitos fazem. Sobre a captação de novos
membros, hoje em dia temos uma equipe maior, já que eu e o Gil temos outras
responsabilidades. Colocamos os membros com certos desafios onde eles devem
trazer pessoas que nunca participaram, como amigos, família e sempre que temos
a oportunidade vamos a eventos de cultura nerd onde outros clãs organizam
eventos. Como o sol nasceu pra todos aproveitamos a oportunidade e mostramos
nossas qualidades tanto em batalha, quanto em conteúdo já que aqui influência
bastante.
Como é a recepção dos novatos? Todo tipo de pessoa é bem vinda para treinar ou vocês têm alguma restrição?
Sobre a recepção dos novatos, nunca deixamos eles
sozinhos, sempre perguntamos se estão gostando e nunca os deixamos muito tempo
parados, sempre tentamos convencer a continuar fazendo alguma atividade. Já
sobre restrição, não temos nenhuma, recebemos em nossos treinos qualquer pessoa
que tenha verdadeiro interesse em treinar, independente de condições ou
qualquer outro motivo. Óbvio sempre terá alguém que dará trabalho, mas vamos
indo com ele até onde vemos que dá pra ir. Se ele se adaptar ficaremos muito
felizes, caso não um adeus é sempre triste, mas é a vida.
Aqui no DF, local não é um problema para treino. Existem, literalmente, dezenas de espaços públicos disponíveis. E com vocês é assim também? Qual a maior dificuldade que vocês enfrentam para viabilizar os treinos?
Aqui é meio complicado referente a espaço já que
tentamos encontrar de início um local que desse pra todos, sendo que alguns
membros moram até em outras cidades da região metropolitana de Fortaleza. E
isso é problema porque os melhores espaços, se assim posso dizer, ou são longe
pra todos ou algum outro clã treinou uma vez e tomou como território. E se você
resolver treinar naquele local, mesmo que não seja dia de treino desses clãs,
gera uma confusão sem tamanho que seu BP só vai ser sobre isso. Lembrando que
todo lugar é público, o difícil é explicar essa lógica.
Não existe a possibilidade de fazer um treino conjunto ou mesmo a união dos dois clãs?
Infelizmente não há essa possibilidade. Como abordei
em uma das respostas, no término do Bushido Swordplay mesmo sabendo que iríamos
voltar com um novo projeto, os outros dois grupos resolveram nos tirar da
aliança. Aliança essa que nós corremos atrás de fazer com eles para unificar o
Swordplay aqui! Com esse “banimento” se nós entrarmos em zona deles, somos
tidos como invasores. Infelizmente é uma situação no mínimo nojenta, mas não
nos importamos com isso, nosso espaço é muito pequeno comparado aos outros, mas
com criatividade damos um jeito.
Qual é o roteiro de um treino normal do Império? O que uma pessoa que nunca veio ao treino de swordplay pode esperar do grupo?
Nosso roteiro de treino começa com aquele rotineiro
alongamento e algo voltado pra parte física. Logo após, abrimos espaços para
duelos onde a liderança fica passeando entre os duelistas, verificando erros de
postura, o porquê de estar sofrendo ponto e tentar, juntamente com esse membro,
consertar esses pequenos erros. Mais pra frente começamos as atividades
coletivas onde buscamos testar seus conhecimentos estratégicos, liderança e
trabalho em equipe. Lógico que sempre mantendo a diversão. Nosso foco é o fazer
e se sentir bem, não buscamos rivalidade ou deixar esse sentimento paras os
membros.
Como é a relação de vocês com as mídias e redes sociais? O que vocês acham dos vídeos de treinamento on-line? São válidos? Ou é só bobagem?
Infelizmente não temos "manjadores" no
nosso grupo, incluindo a liderança que tenha uma intimidade com redes sociais e
outras mídias. Tentamos diversas vezes fazer tutoriais variados, mas pela falta
de conhecimento o produto final nunca fica bom o bastante para nós. Sobre
vídeos de treinamentos achamos sim válidos, porém concordamos que não é a mesma
coisa de que quando se tem um profissional lá perto de você tirando suas
dúvidas. Vemos, buscamos entendimento e se não sai tão bem quanto esperado,
buscamos uma forma de adaptar, mas de maneira nenhuma achamos besteira.
Como funciona a evolução pessoal dentro do clã? Até onde um novato pode chegar, se for esforçado o bastante?
A evolução pessoal de um membro do clã vai de Recruta
a General, onde Recruta é o mais baixo e General é o maior reconhecimento que
podemos dar a um membro que se dedica a batalhas. Porém temos evoluções onde os
membros podem se dedicarem na parte apenas de estilo. Nessa categoria eles
focam no crescimento naquela categoria, aperfeiçoando e mais pra frente
ensinando a um novato. E também cedemos títulos para aqueles que querem nos
ajudar administrativamente, mas se por acaso tiver um membro que tenha tempo e
disponibilidade para fazer tudo, quem somos nós para barrar alguém que queira
trabalhar!? Somos o tipo de grupo que busca ouvir todas as opiniões, porém
gostamos de ouvir todas as suas razões que na sua opinião a faz tão boa.
Mais ou menos um ano atrás os Cavaleiros (meu grupo) fez uma ação social com doação de roupas e agasalhos para um lar de idosos. Vocês têm ações semelhantes? O que acham desse tipo de coisa?
Achamos esse tipo de iniciativa excelente, tanto que
ano passado em um colégio de um bairro aqui nas redondezas, fizemos um evento
onde a entrada era 1kg de alimento. Oferecemos just dance, RPG de mesa e Swordplay. Algumas pessoas não trouxeram
e nos sentimos mal em querer barrar e cedemos a entrada, mas o resultado não
foi tão insatisfatório e conseguimos ajudar a uma instituição que cuida de
crianças carentes.
Vocês acham que o swordplay vem crescendo nos últimos anos no Brasil? O que falta para um desenvolvimento maior da atividade desportiva no Brasil?
Sim, o Swordplay vem crescendo grandiosamente no
Brasil, exemplo nítido disso é o aparecimento de inúmeros grupos em diversos
lugares. Mas nós do Império Kyôdai concordamos que crescimento não é
amadurecimento e o que falta na nossa prática hoje é isso: líderes que estejam
dispostos a uma melhoria no geral é não apenas no que é seu. As pessoas se
fecham em seus casulos achando que fazendo algo pelo seu grupo faz algo pelo
Swordplay em si, mas não. Correm atrás de benefícios onde somente quem se junta
a eles podem usufruir disso e quem não quer se juntar que se exploda! Ou somos
maduros e buscamos amadurecimento para a prática onde todos possam se
beneficiar e entrar em concordância, ou apenas seremos números e nunca
qualidade.
Caras, obrigado mesmo pela entrevista. Gostariam de comentar mais alguma coisa? Mandar beijo para a sua mãe, para o seu pai...?
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