segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entrevista: Império Kyôdai

Olá gentes...

Uma coisa que eu sempre quis fazer é uma seção com entrevistas. Mas nunca deu muito certo. Mas dessa vez eu acho que vai. Segue a primeira. O entrevistado é o Bruno Sara.

Antes de tudo galera, obrigado pela oportunidade e por cederem um pouco do seu tempo para essa entrevista. Estou vendo alguns rostos bonitos na página de vocês do face. Poderiam se apresentar rapidamente, dizendo como cada um começou no swordplay, o que cada um faz no clã, origem do nome do clã, signos, cores favoritas... esse tipo de coisa.
Eu sou o líder, no momento sou eu que cuido da parte do treino e programa as atividades e o conteúdo do clã.
Gilialison Fernandes é o vice-líder, responsável pela forja e mantém contato com parceiros.
Tatiane Braga cuida da nossa saúde nos treinos, quando se trata de lesões, machucados ou medicamentos está sempre à disposição.
Sabrina Morais responsável pela compra do lanche, função importante, pois ela não deixa a gente se alimentar com besteira.
Bennyson Bezerra trabalha até dia de domingo e chega tarde infelizmente nos treinos, mas está sempre gravando alguns vídeos e tirando algumas fotos para divulgação.
Gleyce Borges é a mais nova dentre nós, porém ela é responsável pelo cuidado com as crianças. Eu e o Gilialison éramos de outro clã, mas não concordávamos com a "doutrina" e organização e com isso resolvemos sair de lá. Mas antes de sair, óbvio, chegamos na liderança e falamos o que pensávamos e o motivo da saída. Os outros membros vieram aos poucos. Íamos de evento em evento com duas espadas divulgar nosso novo Clã, que na época se chamava Bushido Swordplay.  Embora tenha nos dado muito orgulho, resolvemos fechar por falta de mão de obra e começar do zero. Criamos então o Império Kyôdai depois de uma fase difícil, pois com o término do Bushido Swordplay os outros dois grupos resolveram nos tirar da aliança, mesmo sabendo que voltaríamos com um projeto novo... Enfim... Planejamos uma logomarca onde teria algo que representasse cada cultura ( Saxã, Nórdica, Asiática e Romana ) e as cores do grupo. Depois de muitos testes paramos de relutar e resolvemos assumir as cores do nosso Brasil e a formação em sua maior parte era dos remanescentes do antigo clã.
Sobre a origem do nosso nome, Império Kyôdai, vem pelo fato de que queríamos algo que expressasse “Irmandade” e a palavra Japonesa “Kyôdai” significa “irmãos” e já sobre o Império isso é devido ao fato de querermos expandir e deixar o nome do nosso grupo conhecido. Acredito que seja normal querer reconhecimento pelo fruto de seu trabalho.

Nossa! Vocês têm até nutricionista!!!
Hahahaah... Não, a Sabrina não é nutricionista, mas não deixa que na hora do treino venhamos a ganhar as calorias que acabamos de perder. Ela vai comprar em um determinado horário o lanche e sempre volta com frutas e suco, organiza o corte dos alimentos e organiza a fila e se ver alguém comendo porcaria briga e proíbe para o próximo treino. Ela é mandona, mas cumpre bem sua função até porque não adianta treinar e jogar fora aquilo q se propôs a fazer.

O Kyodai é uma referência nordestina no swordplay brasileiro. Quantos membros vocês têm atualmente?  É complicado manter um clã? Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram?
Hoje contamos com cerca de 15 membros ativos e mais alguns que não mantém uma boa frequência. E isso se deve já ao maior problema que enfrentamos recentemente, um membro que fazia parte da liderança trouxe alguns membros da sua vizinhança e éramos cerca de quase 30 pessoas, não sei nas outras regiões e estados, mas aqui no Ceará pra nós era muito. Ele havia saído de outro clã no qual o considerava rebelde se assim podemos dizer, o acolhemos e ensinamos algo que até então ele não sabia, que era respeito NO COMBATE, respeito às regras, mas infelizmente não conseguimos ensinar o respeito às pessoas e sua violência era nítida. É um assunto que não gostamos de comentar, mas ele levou consigo os membros que trouxe já que foram os únicos a comprar sua estória dos fatos. Bom, sobre a complicação de manter um clã é simplesmente relativo ao mantimento de interesse dos membros, acredito que se formos capazes de agradarmos a todos e mantermos as dificuldades não acabariam, mas reduziriam bastante. Exemplo disso um jovem na cidade de Quixadá montou um clã, mas ele não conseguia manter algo eficaz e constantemente pedia nossa contribuição, hoje ele tem um reinado nosso naquela cidade. Algumas dificuldades continuam, mas hoje ele tem um apoio mais forte, não pelo fato de ser Kyôdai também é sim por acreditarmos nele, quando segundo ele, ninguém acreditou.

Quais são os maiores desafios para manter um clã de swordplay? Como vocês fazem para captar novos membros e manter uma estrutura sólida de treinos?
O Maior desafio para se manter um clã de Swordplay é referente ao armamento pois constantemente precisa de reparos e não temos uma mensalidade obrigatória, além de que parte dos nossos membros não trabalham, ou seja, não têm renda. Temos uma caixinha batizada de “Sicrano”, onde colocamos nos treinos e quem quiser nos ajudar com o valor que quiser; não estipulamos nada. Acredito que essa seja a maior dificuldade, pois quem trabalha com a parte da forja e compra os materiais sabe que nada é barato e dificilmente encontramos alguém que queira apoiar nossas idéias. É um ponto crucial já que somos uma prática lúdica que não pode, infelizmente, ser considerada como esporte, embora que erroneamente muitos fazem. Sobre a captação de novos membros, hoje em dia temos uma equipe maior, já que eu e o Gil temos outras responsabilidades. Colocamos os membros com certos desafios onde eles devem trazer pessoas que nunca participaram, como amigos, família e sempre que temos a oportunidade vamos a eventos de cultura nerd onde outros clãs organizam eventos. Como o sol nasceu pra todos aproveitamos a oportunidade e mostramos nossas qualidades tanto em batalha, quanto em conteúdo já que aqui influência bastante.

Como é a recepção dos novatos? Todo tipo de pessoa é bem vinda para treinar ou vocês têm alguma restrição?
Sobre a recepção dos novatos, nunca deixamos eles sozinhos, sempre perguntamos se estão gostando e nunca os deixamos muito tempo parados, sempre tentamos convencer a continuar fazendo alguma atividade. Já sobre restrição, não temos nenhuma, recebemos em nossos treinos qualquer pessoa que tenha verdadeiro interesse em treinar, independente de condições ou qualquer outro motivo. Óbvio sempre terá alguém que dará trabalho, mas vamos indo com ele até onde vemos que dá pra ir. Se ele se adaptar ficaremos muito felizes, caso não um adeus é sempre triste, mas é a vida.

Aqui no DF, local não é um problema para treino. Existem, literalmente, dezenas de espaços públicos disponíveis. E com vocês é assim também? Qual a maior dificuldade que vocês enfrentam para viabilizar os treinos?

Aqui é meio complicado referente a espaço já que tentamos encontrar de início um local que desse pra todos, sendo que alguns membros moram até em outras cidades da região metropolitana de Fortaleza. E isso é problema porque os melhores espaços, se assim posso dizer, ou são longe pra todos ou algum outro clã treinou uma vez e tomou como território. E se você resolver treinar naquele local, mesmo que não seja dia de treino desses clãs, gera uma confusão sem tamanho que seu BP só vai ser sobre isso. Lembrando que todo lugar é público, o difícil é explicar essa lógica.

Não existe a possibilidade de fazer um treino conjunto ou mesmo a união dos dois clãs?
Infelizmente não há essa possibilidade. Como abordei em uma das respostas, no término do Bushido Swordplay mesmo sabendo que iríamos voltar com um novo projeto, os outros dois grupos resolveram nos tirar da aliança. Aliança essa que nós corremos atrás de fazer com eles para unificar o Swordplay aqui! Com esse “banimento” se nós entrarmos em zona deles, somos tidos como invasores. Infelizmente é uma situação no mínimo nojenta, mas não nos importamos com isso, nosso espaço é muito pequeno comparado aos outros, mas com criatividade damos um jeito.

Qual é o roteiro de um treino normal do Império? O que uma pessoa que nunca veio ao treino de swordplay pode esperar do grupo?
Nosso roteiro de treino começa com aquele rotineiro alongamento e algo voltado pra parte física. Logo após, abrimos espaços para duelos onde a liderança fica passeando entre os duelistas, verificando erros de postura, o porquê de estar sofrendo ponto e tentar, juntamente com esse membro, consertar esses pequenos erros. Mais pra frente começamos as atividades coletivas onde buscamos testar seus conhecimentos estratégicos, liderança e trabalho em equipe. Lógico que sempre mantendo a diversão. Nosso foco é o fazer e se sentir bem, não buscamos rivalidade ou deixar esse sentimento paras os membros.

Como é a relação de vocês com as mídias e redes sociais? O que vocês acham dos vídeos de treinamento on-line? São válidos? Ou é só bobagem?
Infelizmente não temos "manjadores" no nosso grupo, incluindo a liderança que tenha uma intimidade com redes sociais e outras mídias. Tentamos diversas vezes fazer tutoriais variados, mas pela falta de conhecimento o produto final nunca fica bom o bastante para nós. Sobre vídeos de treinamentos achamos sim válidos, porém concordamos que não é a mesma coisa de que quando se tem um profissional lá perto de você tirando suas dúvidas. Vemos, buscamos entendimento e se não sai tão bem quanto esperado, buscamos uma forma de adaptar, mas de maneira nenhuma achamos besteira.

Como funciona a evolução pessoal dentro do clã? Até onde um novato pode chegar, se for esforçado o bastante?
A evolução pessoal de um membro do clã vai de Recruta a General, onde Recruta é o mais baixo e General é o maior reconhecimento que podemos dar a um membro que se dedica a batalhas. Porém temos evoluções onde os membros podem se dedicarem na parte apenas de estilo. Nessa categoria eles focam no crescimento naquela categoria, aperfeiçoando e mais pra frente ensinando a um novato. E também cedemos títulos para aqueles que querem nos ajudar administrativamente, mas se por acaso tiver um membro que tenha tempo e disponibilidade para fazer tudo, quem somos nós para barrar alguém que queira trabalhar!? Somos o tipo de grupo que busca ouvir todas as opiniões, porém gostamos de ouvir todas as suas razões que na sua opinião a faz tão boa.

Mais ou menos um ano atrás os Cavaleiros (meu grupo) fez uma ação social com doação de roupas e agasalhos para um lar de idosos. Vocês têm ações semelhantes? O que acham desse tipo de coisa?
Achamos esse tipo de iniciativa excelente, tanto que ano passado em um colégio de um bairro aqui nas redondezas, fizemos um evento onde a entrada era 1kg de alimento. Oferecemos just dance, RPG de mesa e Swordplay. Algumas pessoas não trouxeram e nos sentimos mal em querer barrar e cedemos a entrada, mas o resultado não foi tão insatisfatório e conseguimos ajudar a uma instituição que cuida de crianças carentes.

Vocês acham que o swordplay vem crescendo nos últimos anos no Brasil? O que falta para um desenvolvimento maior da atividade desportiva no Brasil?
Sim, o Swordplay vem crescendo grandiosamente no Brasil, exemplo nítido disso é o aparecimento de inúmeros grupos em diversos lugares. Mas nós do Império Kyôdai concordamos que crescimento não é amadurecimento e o que falta na nossa prática hoje é isso: líderes que estejam dispostos a uma melhoria no geral é não apenas no que é seu. As pessoas se fecham em seus casulos achando que fazendo algo pelo seu grupo faz algo pelo Swordplay em si, mas não. Correm atrás de benefícios onde somente quem se junta a eles podem usufruir disso e quem não quer se juntar que se exploda! Ou somos maduros e buscamos amadurecimento para a prática onde todos possam se beneficiar e entrar em concordância, ou apenas seremos números e nunca qualidade.

Caras, obrigado mesmo pela entrevista. Gostariam de comentar mais alguma coisa? Mandar beijo para a sua mãe, para o seu pai...?
Nós que agradecemos tamanho reconhecimento, ficamos muito felizes pelas suas citações e saiba que no que Betão ou Cavaleiros da Virtude precisar de nós, estaremos aqui. Buscamos algo pelo Swordplay, mas sabemos o quanto é difícil para ambos os grupos. Ficaríamos felizes se um dia nos encontrássemos nos campos de batalha, mas até lá torcemos para que tudo der certo para nós todos. Mais uma vez muito obrigado pela oportunidade.

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