quarta-feira, 1 de março de 2017

Entrevista: Phoenix Northern

Estamos de volta com a nossa sessão de entrevistas. Dessa vez trazemos para vocês o Phoenix Northern, do Acre. Do Acre? É... do Acre.
Vamos à entrevista.

Bom, a primeira coisa que eu queria saber é como é que surgiu a ideia de montar um clã de swordplay aí no Acre.
Gustavo Pereira: Surgiu mais por brincadeira nossa, Carol, eu e outras pessoas decidimos fazer um evento com a temática de Percy Jackson e daí tivemos a ideia de ensinar técnicas básicas de esgrima. Então fomos procurar como poderia ser o equipamento e achamos um tutorial que usava cola de contato, tubo esponjoso e cano PVC, o evento foi um sucesso e as pessoas pediram pra continuarmos com os treinos. Mas a história é mais longa.

Eu descobri que muitos grupos no Brasil afora começaram por conta das batalhas campais é de livros com Percy Jackson. Mas não tiver nada assim muito secreto, eu adoraria ouvir a história longa.
Carol Bustamante: Aí saímos do primeiro grupo e junto com o Natã e outras pessoas que já saíram e criamos a Phoenix. Depois o Heric se juntou a nós e atualmente somos só nós quatro. O grupo que organizou o evento se chamava Mythology's, mas hoje ele já foi absorvido pela Phoenix. Temos mais ou menos sete meses de existência.

Um dos grupos que eu entrevistei lá em Fortaleza, eles tem até uma espécie de nutricionista para cuidar bem da alimentação da galera. Vocês são primeiro grupo que eu vejo que tem um designer.
Carol Bustamante: Heric Pinheiro, o cavaleiro da Ordem Branca (um dos instrutores) e também designer do clã. (risos). Ele que faz as chamadas para os eventos e tira nossas fotos. O clã de Fortaleza era a Kyodai?                       
Heric Pinheiro: Meu sonho pro clã é ter uma massagista...

Era sim. Vocês conhecem?
Carol Bustamante: Somos filiação. Somos parceiros sérios.

Bom e como é ter um grupo de swordplay aí no Acre? Vocês escutam muitas piadinhas quando o pessoal descobre que vocês são daí?
Heric Pinheiro: Da parte do swordplay nunca vi. Ao menos por minha pessoa, né? Mas o estado em si sofre um bullingzinho... (risos). Acho que por sermos um clã novo ainda não fomos visados pelos haters e críticos de má índole.
Carol Bustamante: Na parte do Swordplay ninguém nunca menosprezou nosso grupo por ser do Acre, mas na vida é super normal. (risos). O estado sempre sofre.
Heric Pinheiro: Mas esperamos isso, pois só vai nos mostrar que o clã está alcançando outros mares. O que é muito bom: visibilidade pro swordplay.

É bom saber que os grupos não evoluindo bastante nesse sentido. Alguns lugares no Brasil é complicado arrumar um lugar bacana para treinar. É assim com vocês também?
Carol Bustamante: Nossa dificuldade é só quando chove. Em dias ensolarados temos duas opções, porém quando chove não temos um lugar fechado.

E costuma chover muito por aí?
Carol Bustamante: Só nos primeiros meses do ano, de janeiro a abril. Ultimamente está chovendo todo dia. Mas graça a Deus, no último treino choveu de manhã, mas na hora das atividades fez sol.
Heric Pinheiro: Tem uma arena circular perfeita pra duelos. Nesse dia fizemos uma gincana com jogos de guerra e no fim balões d'água pra descontrair.

Aqui em Brasília todos os treinos que eu conheço também são outdoor. E como temos a maior incidência de raios no Brasil inteiro, portanto treinar na chuva é um tanto perigoso. Vocês já tiveram que disputar local de treino? Eu já ouvi falar de casos em que um grupo que ocupa determinado local não deixa que ninguém mais treino por lá. Com vocês acontece alguma coisa parecida?
Carol Bustamante: Pior que não, os lugares aqui são públicos... Não tem como restringir.

Bom e em média quantas pessoas Vocês recebem por treino?
Natã Moreira: Ultimamente temos cerca de 13 a 16 pessoas.

Logo a arena de vocês vai ficar pequena para tanta gente. Como é basicamente a rotina de treino de vocês?
Gustavo Pereira: Já tivemos que mudar o local de treino, pois no início era algo pequeno, mas cresceu rapidamente. Quanto a rotina, temos o Natã e o Heric que já praticaram artes marciais e sabem vários exercícios que  ajudam a aprimorar a resistência, agilidade e reação dos membros do clã. A Carol ensina arco e flecha (ainda não foram introduzidos em batalhas) e eu ensino mais o básico, como a base, postura de ataque e defesa. Agora que vamos iniciar os treinos de técnicas pois fizemos a graduação e temos pessoas no 2° patamar de treino.

Fiquei curioso com essa história de patamar de treino. Poderiam me explicar, por favor?
Gustavo Pereira: Temos quatro níveis patamar para os "soldados" do grupo. Quem entra inicia no 1° patamar, são os recrutas. Eles podem subir para o 2° patamar, prestando o teste de graduação. Se passarem eles se tornam soldados de 2° classe, que é aí onde eles decidem fazer parte da milícia ou da artilharia. Caso eles queiram podem prestar novamente o teste de graduação e continuar a subir na hierarquia até o 4° patamar, que é onde estão as patentes mais altas que são os mestres. Por exemplo, mestre atirador (arco e besta), mestre especialista (onde eles têm domínio completo de todas as armas), e por aí vai.

Essa é uma organização bem militar. Vocês se inspiraram em algum grupo ou tudo certo da cabeça de vocês?
Gustavo Pereira: Como somos filial do Império Kyödai usamos o manual de regras deles como base.

Muito bacana. E como é a receptividade das pessoas que treinam?
Gustavo Pereira: O que mais vejo em relação ao patamares é empolgação. Principalmente no Teste de graduação. Acho que os praticantes querem evoluir e chegar em um novo patamar pode ser a possibilidade de aprender coisas novas. Alguns deles são bem competitivos entre si, e estão sempre tentando se superar. Isso, quando de uma forma saudável, é muito bom, pois repentinamente se vê a melhora deles.

Essa é uma postura bem interessante. Vocês já participaram de algum evento fora do Acre, como, por exemplo, o encontro Paulista de Swordplay?
Carol Bustamante: Infelizmente não tivemos essa oportunidade , pois ainda estamos iniciando no meio do Swordplay.                      
Gustavo Pereira: Pois é. E tem a relação custo benefício também. Acho que por enquanto o contato que precisamos com outros clãs são mínimos. E esse contato/ experiências/ aprendizagem dá para a gente conseguir com clãs aqui perto. Ao menos por enquanto.

Que clãs próximos vocês têm mais acesso?
Natã Moreira: O que está mais próximo de nos é a ordem dos corvos. Eles também são de Rio Branco.
Carol Bustamante: É, mas não temos acesso.
Gustavo Pereira: É... Eles estão mais próximos, mas não temos acesso.
Carol Bustamante: Com a internet conhecemos vários clãs e já recebemos conselhos e apoio de alguns, com a Magnus Legio, e o Swordplay Manaus.

Eu não entendi muito bem. Vocês não têm acesso porque é muito longe ou por que a ordem dos Corvos é muito fechada?
Natã Moreira: São da mesma cidade que nós.
Carol Bustamante: Falta de afinidade.

Que coisa desagradável. Aqui em Brasília nós temos alguns grupos bem fechados que praticamente não se misturam, mas como nós não estamos tão longe do eixo Rio-São Paulo a gente nem se importa tanto. E a que vocês atribuem esse isolacionismo?
Carol Bustamante: Bem, a maioria de nós era de lá, e ocorreu divergências, não só com o esporte mas coisas pessoais.

Vocês acham que o Swordplay está em desenvolvimento no Brasil, ou tudo não passa de uma espécie de bolha que logo logo vai chegar no fim e estourar?
Carol Bustamante: Bom a tendência é só crescer, nós consideramos um esporte como outro qualquer e dificilmente irá acabar. Praticamente quase todos os estados já têm um clã.

Querendo ou não Vocês acabaram se tornando referência para o norte do Brasil. Como vocês sentem a responsabilidade de representar um estado como Acre diante de toda a comunidade swordplay do Brasil?
Carol Bustamante: Nós ficamos muito felizes, nós crescemos muito rápido e começamos de uma brincadeira, quando nos demos conta, já tínhamos eventos marcados, uma mostra no shopping da cidade... E isso nos deixa muito feliz. E sobre a responsabilidade, nós sempre buscamos fazer tudo da forma correta para não decepcionamos nossos recrutas e soldados. Nosso clã é muito família, muitos dos nossos integrantes levam seus parentes como pais , avós e sempre buscamos leva o que a de melhor no esporte para todos
Heric Pinheiro: Queremos ver nosso esporte reconhecido na região. E também visibilidade para ele. Por que com isso vem mais diversão, mais sorrisos e mais jovens ou adultos saindo da mesmice/ sedentarismo/ vícios.

Na opinião de vocês o que é que mais impede o Swordplay de crescer no Brasil?
Gustavo Pereira: Em minha opinião creio que a aceitação das pessoas. Isso porque algumas dlas riem quando falamos o que é Swordplay e não conseguem ver o Swordplay como um esporte, igual futebol, basquete e etc.

Agora me diz uma coisa vocês acham que o Swordplay tem a ganhar com regras unificadas para o Brasil inteiro ou é melhor deixar do jeito que está com regras locais dependendo de cada lugar que você está?
Carol Bustamante: Depende... Cada clã tem suas regras e seu jeito é isso que torna o Swordplay interessante. A unificação seria bom pela parte do reconhecimento, mas cada um com sua identidade e sua maneira de desenvolver as atividades.

Cada grupo tem uma marca registrada alguma, coisa que o diferencia de todos os outros. O meu grupo, por exemplo, tem um Pega-Bandeira diferenciado usando regras de Swordplay. O que vocês podem dizer que diferencia o grupo de vocês?
Carol Bustamante: Bom eu considero nosso diferencial é nossas atividades e nossa maneira de ensinar e treina os meninos. Sempre buscamos interagir com eles como iguais.
Gustavo Pereira: Com relação a unificação das regras em um manual seria bem mais fácil para o reconhecimento como esporte, mas envolve muita coisa por trás de um manual de regras universal e é isso que complica. Mas creio que um manual para todos os grupos seria muito bom. O diferencial do nosso grupo (ao menos na minha visão) é a nossa organização interna, sempre pensando em atividades para não tornar os treinos monótonos.

Olha gente eu agradeço demais a entrevista de vocês. Gostariam de acrescentar mais alguma coisa?

Gustavo Pereira: Nós quem agradecemos a oportunidade. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...