Estamos de volta com a nossa
sessão de entrevistas. Dessa vez trazemos para vocês o Phoenix Northern, do
Acre. Do Acre? É... do Acre.
Vamos à entrevista.
Bom, a primeira coisa que eu queria saber é como é que surgiu a ideia
de montar um clã de swordplay aí no Acre.
Gustavo Pereira: Surgiu mais por
brincadeira nossa, Carol, eu e outras pessoas decidimos fazer um evento com a
temática de Percy Jackson e daí tivemos a ideia de ensinar técnicas básicas de
esgrima. Então fomos procurar como poderia ser o equipamento e achamos um
tutorial que usava cola de contato, tubo esponjoso e cano PVC, o evento foi um
sucesso e as pessoas pediram pra continuarmos com os treinos. Mas a história é
mais longa.
Eu descobri que muitos grupos no Brasil afora começaram por conta das
batalhas campais é de livros com Percy Jackson. Mas não tiver nada assim muito
secreto, eu adoraria ouvir a história longa.
Carol Bustamante: Aí saímos do
primeiro grupo e junto com o Natã e outras pessoas que já saíram e criamos a
Phoenix. Depois o Heric se juntou a nós e atualmente somos só nós quatro. O
grupo que organizou o evento se chamava Mythology's, mas hoje ele já foi
absorvido pela Phoenix. Temos mais ou menos sete meses de existência.
Um dos grupos que eu entrevistei lá em Fortaleza, eles tem até uma
espécie de nutricionista para cuidar bem da alimentação da galera. Vocês são
primeiro grupo que eu vejo que tem um designer.
Carol Bustamante: Heric Pinheiro,
o cavaleiro da Ordem Branca (um dos instrutores) e também designer do clã. (risos).
Ele que faz as chamadas para os eventos e tira nossas fotos. O clã de
Fortaleza era a Kyodai?
Heric Pinheiro: Meu sonho
pro clã é ter uma massagista...
Era sim. Vocês conhecem?
Carol Bustamante: Somos filiação.
Somos parceiros sérios.
Bom e como é ter um grupo de swordplay aí no Acre? Vocês escutam muitas
piadinhas quando o pessoal descobre que vocês são daí?
Heric Pinheiro: Da parte do
swordplay nunca vi. Ao menos por minha pessoa, né? Mas o estado em si sofre um
bullingzinho... (risos). Acho que por sermos um clã novo ainda não fomos
visados pelos haters e críticos de má
índole.
Carol Bustamante: Na parte do
Swordplay ninguém nunca menosprezou nosso grupo por ser do Acre, mas na vida é super normal. (risos). O estado sempre sofre.
Heric Pinheiro: Mas esperamos
isso, pois só vai nos mostrar que o clã está alcançando outros mares. O
que é muito bom: visibilidade pro swordplay.
É bom saber que os grupos não evoluindo bastante nesse sentido. Alguns
lugares no Brasil é complicado arrumar um lugar bacana para treinar. É assim
com vocês também?
Carol Bustamante: Nossa
dificuldade é só quando chove. Em dias ensolarados temos duas opções, porém
quando chove não temos um lugar fechado.
E costuma chover muito por aí?
Carol Bustamante: Só nos
primeiros meses do ano, de janeiro a abril. Ultimamente está chovendo todo dia.
Mas graça a Deus, no último treino choveu de manhã, mas na hora das atividades
fez sol.
Heric Pinheiro: Tem uma arena
circular perfeita pra duelos. Nesse dia fizemos uma gincana com jogos de guerra
e no fim balões d'água pra descontrair.
Aqui em Brasília todos os treinos que eu conheço também são outdoor. E como temos a maior incidência
de raios no Brasil inteiro, portanto treinar na chuva é um tanto perigoso.
Vocês já tiveram que disputar local de treino? Eu já ouvi falar de casos em que
um grupo que ocupa determinado local não deixa que ninguém mais treino por lá.
Com vocês acontece alguma coisa parecida?
Carol Bustamante: Pior que não,
os lugares aqui são públicos... Não tem como restringir.
Bom e em média quantas pessoas Vocês recebem por treino?
Natã Moreira: Ultimamente temos
cerca de 13 a 16 pessoas.
Logo a arena de vocês vai ficar pequena para tanta gente. Como é
basicamente a rotina de treino de vocês?
Gustavo Pereira: Já tivemos que
mudar o local de treino, pois no início era algo pequeno, mas cresceu
rapidamente. Quanto a rotina, temos o Natã e o Heric que já praticaram artes
marciais e sabem vários exercícios que
ajudam a aprimorar a resistência, agilidade e reação dos membros do clã.
A Carol ensina arco e flecha (ainda não foram introduzidos em batalhas) e eu
ensino mais o básico, como a base, postura de ataque e defesa. Agora que vamos
iniciar os treinos de técnicas pois fizemos a graduação e temos pessoas no 2°
patamar de treino.
Fiquei curioso com essa história de patamar de treino. Poderiam me
explicar, por favor?
Gustavo Pereira: Temos quatro
níveis patamar para os "soldados" do grupo. Quem entra inicia no 1°
patamar, são os recrutas. Eles podem subir para o 2° patamar, prestando o teste
de graduação. Se passarem eles se tornam soldados de 2° classe, que é aí onde
eles decidem fazer parte da milícia ou da artilharia. Caso eles queiram podem
prestar novamente o teste de graduação e continuar a subir na hierarquia até o
4° patamar, que é onde estão as patentes mais altas que são os mestres. Por
exemplo, mestre atirador (arco e besta), mestre especialista (onde eles têm
domínio completo de todas as armas), e por aí vai.
Essa é uma organização bem militar. Vocês se inspiraram em algum grupo
ou tudo certo da cabeça de vocês?
Gustavo Pereira: Como somos
filial do Império Kyödai usamos o manual de regras deles como base.
Muito bacana. E como é a receptividade das pessoas que treinam?
Gustavo Pereira: O que mais vejo
em relação ao patamares é empolgação. Principalmente no Teste de graduação.
Acho que os praticantes querem evoluir e chegar em um novo patamar pode ser a
possibilidade de aprender coisas novas. Alguns deles são bem competitivos entre
si, e estão sempre tentando se superar. Isso, quando de uma forma saudável, é
muito bom, pois repentinamente se vê a melhora deles.
Essa é uma postura bem interessante. Vocês já participaram de algum
evento fora do Acre, como, por exemplo, o encontro Paulista de Swordplay?
Carol
Bustamante: Infelizmente não tivemos essa oportunidade , pois ainda
estamos iniciando no meio do Swordplay.
Gustavo Pereira: Pois é. E
tem a relação custo benefício também. Acho que por enquanto o contato que precisamos
com outros clãs são mínimos. E esse contato/ experiências/ aprendizagem dá para
a gente conseguir com clãs aqui perto. Ao menos por enquanto.
Que clãs próximos vocês têm mais acesso?
Natã Moreira: O que está mais
próximo de nos é a ordem dos corvos. Eles também são de Rio Branco.
Carol Bustamante: É, mas não
temos acesso.
Gustavo Pereira: É... Eles estão
mais próximos, mas não temos acesso.
Carol Bustamante: Com a internet
conhecemos vários clãs e já recebemos conselhos e apoio de alguns, com a Magnus Legio, e o Swordplay Manaus.
Eu não entendi muito bem. Vocês não têm acesso porque é muito longe ou
por que a ordem dos Corvos é muito fechada?
Natã Moreira: São da mesma cidade
que nós.
Carol Bustamante: Falta de
afinidade.
Que coisa desagradável. Aqui em Brasília nós temos alguns grupos bem
fechados que praticamente não se misturam, mas como nós não estamos tão longe
do eixo Rio-São Paulo a gente nem se importa tanto. E a que vocês atribuem esse
isolacionismo?
Carol Bustamante: Bem, a maioria
de nós era de lá, e ocorreu divergências, não só com o esporte mas coisas
pessoais.
Vocês acham que o Swordplay está em desenvolvimento no Brasil, ou tudo
não passa de uma espécie de bolha que logo logo vai chegar no fim e estourar?
Carol Bustamante: Bom a tendência
é só crescer, nós consideramos um esporte como outro qualquer e dificilmente
irá acabar. Praticamente quase todos os estados já têm um clã.
Querendo ou não Vocês acabaram se tornando referência para o norte do
Brasil. Como vocês sentem a responsabilidade de representar um estado como Acre
diante de toda a comunidade swordplay do Brasil?
Carol Bustamante: Nós ficamos
muito felizes, nós crescemos muito rápido e começamos de uma brincadeira,
quando nos demos conta, já tínhamos eventos marcados, uma mostra no shopping da
cidade... E isso nos deixa muito feliz. E sobre a responsabilidade, nós sempre
buscamos fazer tudo da forma correta para não decepcionamos nossos recrutas e
soldados. Nosso clã é muito família, muitos dos nossos integrantes levam seus
parentes como pais , avós e sempre buscamos leva o que a de melhor no esporte
para todos
Heric Pinheiro: Queremos ver
nosso esporte reconhecido na região. E também visibilidade para ele. Por que
com isso vem mais diversão, mais sorrisos e mais jovens ou adultos saindo da
mesmice/ sedentarismo/ vícios.
Na opinião de vocês o que é que mais impede o Swordplay de crescer no
Brasil?
Gustavo Pereira: Em minha opinião
creio que a aceitação das pessoas. Isso porque algumas dlas riem quando falamos
o que é Swordplay e não conseguem ver o Swordplay como um esporte, igual
futebol, basquete e etc.
Agora me diz uma coisa vocês acham que o Swordplay tem a ganhar com
regras unificadas para o Brasil inteiro ou é melhor deixar do jeito que está
com regras locais dependendo de cada lugar que você está?
Carol Bustamante: Depende... Cada
clã tem suas regras e seu jeito é isso que torna o Swordplay interessante. A unificação
seria bom pela parte do reconhecimento, mas cada um com sua identidade e sua
maneira de desenvolver as atividades.
Cada grupo tem uma marca registrada alguma, coisa que o diferencia de
todos os outros. O meu grupo, por exemplo, tem um Pega-Bandeira diferenciado
usando regras de Swordplay. O que vocês podem dizer que diferencia o grupo de
vocês?
Carol Bustamante: Bom eu
considero nosso diferencial é nossas atividades e nossa maneira de ensinar e
treina os meninos. Sempre buscamos interagir com eles como iguais.
Gustavo Pereira: Com relação a
unificação das regras em um manual seria bem mais fácil para o reconhecimento
como esporte, mas envolve muita coisa por trás de um manual de regras universal
e é isso que complica. Mas creio que um manual para todos os grupos seria muito
bom. O diferencial do nosso grupo (ao menos na minha visão) é a nossa
organização interna, sempre pensando em atividades para não tornar os treinos
monótonos.
Olha gente eu agradeço demais a entrevista de vocês. Gostariam de
acrescentar mais alguma coisa?
Gustavo Pereira: Nós quem
agradecemos a oportunidade.
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