segunda-feira, 19 de junho de 2017

Mentores, guerreiros e respeito.

Em 1984 desembarca    va no Brasil o desenho He-man e os defensores do universo (He-man and the masters of the universe) que contava a história do príncipe Adam (He-Man) e seus amigos defendendo o planeta Eternia e o Castelo de Grayskull das forças malignas comandadas pelo vilão Esqueleto.

No Brasil o desenho teve algumas particularidades interessantes. A dublagem brasileira, feita nos estúdios da Herbert Richers, acrescentou três musicas que não faziam parte da trilha sonora original do desenho. No episodio "Semente do Mal" foi acrescentada "Timesteps" de Walter Carlos que na verdade faz parte da trilha sonora do filme Laranja Mecânica. Em outros episódios foram também usados as musicas "Fantasía de Piratas” e “Fu-Man-Chu" do grupo espanhol de musica eletrônica Azul y Negro.

Mas foi na tradução dos nomes que o desenho se superou. Um dos personagens secundários mais importantes para a trama é Duncan, codinome Man-at-Arms, o pai adotivo de Teela. Ele é responsável por todas as invenções, armas e máquinas do desenho. Ele foi traduzido no Brasil como “mentor”. Eu, inclusive, achava que o nome do personagem era mentor.

Sei que devemos evitar ao máximo traduzir certos termos do inglês. Especialmente nomes, mas no caso de Men-at-Arms a tradução foi perfeita. Porque o personagem faz muito mais o papel de mentor, professor e conselheiro do príncipe Adam/He-man do que de um guerreiro – convenhamos, como o guerreiro Duncan era meio fraquinho.

E é justamente sobre isso que eu quero falar. Sobre mentores. Mentores são guias, orientadores de jovens ou de estudantes. São muitas vezes autores intelectuais, responsáveis pela idealização ou pelo planejamento de alguma coisa, para cuja execução influencia o comportamento de outros. Em outras palavras o mentor é como um professor que ao invés de dar todas as respostas acompanha o pupilo na sua busca por elas.

Eu tenho vários mentores. Pessoas que eu admiro e que servem de guias para a minha vida. Entre elas eu posso e devo citar o professor Mário Sérgio Cortella. Se você não teve o prazer de conhecê-lo eu sugiro que pare a leitura agora e dê um pulo no youtube. Procure por termos como “não nascemos prontos” e assista alguns vídeos curtos. Depois volte aqui.

Assistiu? Beleza. Agora quero trazer uma vivência deste grande autor. Ele diz: “Elogie em público e corrija em particular. Um sábio orienta sem ofender, e ensina sem humilhar”. Tento fazer isso sempre que possível. E acredito que este é um atributo de qualquer bom líder. É mais ou menos como aquela velha frase terrorista de nossos pais: “deixa que em casa a gente conversa”.

Esse é um conselho tão bom que ele serve para todos, em qualquer situação hierárquica. Seja ela horizontal como vertical. Desde o líder que quer repreender a pessoa que fez algo de errado até o comandado que quer questionar as posturas de seu líder. E, dependendo da hierarquia local do seu grupo, essa é a única forma de diálogo que costuma funcionar.

E qual é o problema? Justamente porque vivemos numa democracia achamos que tudo tem de ser democrático e questiona-se, muitas vezes sem razão, o que está acontecendo, de forma pública e sem educação. Quantas vezes eu não vi líderes agirem de forma autoritária? Claro que isso é errado. Mas quantas vezes eu também vi pessoas de fora da liderança fazerem questionamentos fora de momento? Inúmeras.

Pessoas – sejam líderes ou comandados – tem que entender que não são perfeitas. Que são falíveis. E como tal vão errar. Não é bem sobre evitar o erro e sim como lidar quando isso acontece. Ao invés de explodir na frente de todo mundo acusando um jogador de ser highlander e dar nele uma bronca, chamar o cara de lado e conversar. Ao invés de sair discutindo com o líder ou juiz se aquele golpe pegou mesmo ou foi válido chamar o cara de lado e conversar com ele numa boa, sem dar escândalos e sem se alterar. Ser educado e firme ao mesmo tempo, recheando a sua fala de argumentos lógicos e sensatos.


Voltando ao argumento inicial deste texto o mundo precisa cada vez menos de men-at-arms e cada vez mais de mentores. Seja um mentor de si mesmo, de seu grupo, de seu mundo. Lidere pelo exemplo, respeite os outros e mantenha-se firme. E se tudo mais der errado você pode sempre tentar resolver as coisas com um duelo. 

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