quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Apresentando: Alliance Village Swordplay


Uma das coisas mais legais que vem acontecendo é ver o surgimento de novos grupos. Um deles - e bem promissor - é o Alliance Village Swordplay.

Eles treinam no parque do Trote: Av. Nadir Dias de Figueiredo - Vila Maria Baixa, São Paulo - SP, 02110-000. Próximo à Avenida Maria Cândida, do metrô Santana e Carandiru.

Os treinos ocorrem todos os sábados e domingos das 14:00 as 18:00.

E o que pode ser esperado desse grupo?

Com a palavra os fundadores:
“Nosso clã nasceu e se baseia na cultura Bretanha e do Reino Unido, onde nos priorizamos espadachins e bom lanceiros como Diarmung herói da mitologia celta e Dagda Deus da guerra e da forja. Nosso método de crescimento dentro do clã e puramente meritocrático. Para nós o clã é uma família. Nosso maior símbolo e a árvore, e  a usamos em braceletes e em nosso tabardo”. Rafael (diarmung) e Gustavo (reod dai).

O contato com os líderes pode ser feito por e-mail:
rafaeltech13@gmail.com

Ou, pelo telefone:  
(WhatsApp) (11) 97770-2543

Ficou curioso? Quer conhecer? Dê uma passada lá e conte para nós o que você achou de treinar com eles. Não esqueça de usar roupas leves, calçado firme, protetor solar e levar uma boa garrafa de água!

domingo, 19 de agosto de 2018

É o meu futebol


Uma das coisas que eu mais trabalho nesta vida é com definições. Conceituações. Dar o nome e a definição correta a cada termo para poder usa-los adequadamente para construir uma narrativa, uma explicação ou mesmo construir um conceito.

Para que haja uma comunicação eficaz, ambos os interlocutores tem de falar o mesmo idioma e ter clareza dos mesmos termos. Caso contrário, a comunicação e a compreensão da mensagem ficam prejudicadas. Observe por exemplo a palavra “escudeiro”, usada com tanta frequência em nosso meio. Ela pode designar ao mesmo tempo a pessoa que luta usando o escudo combinado com outra arma e o servidor ou pajem que carregava o escudo de um cavalheiro, acompanhando-o na guerra. Ela também pode significar um cavaleiro em treinamento, ou mesmo um título de nobreza baixo. É claro que num bate papo de amigos sobre swordplay quando eu uso a palavra escudeiro estou me referindo a quem usa escudo. Mas se eu estiver falando de idade média eu me refiro ao pajem.

Por isso, dar definições adequadas ao swordplay e suas práticas é uma coisa que me persegue. Eu já fiz algumas digressões sobre isso aqui (http://swordplaydobetao.blogspot.com/2017/06/esclarecimentos-definicoes-e-objetivos.html) mas queria hoje fazer mais um aprofundamento.

Aproveito para começar o texto pegando emprestado a frase de Kyo Tachibana Santos, dada em entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, quando ele diz que “este (esporte, no caso o swordplay) é o meu futebol”. Sempre gostei de analogias sobre o esporte favorito dos bretões e portanto começarei por ele.

Existem diversas modalidades esportivas que atendem por futebol. Tem o futebol de campo (o mais famoso), o futebol de salão, o futebol de praia, o futebol americano (que não é bem um futebol mesmo...), o futebol de botão... é tudo futebol. Cada categoria de futebol é independente uma da outra e ninguém as vê como alguma fase introdutória para se chegar a outra. Você pode migrar regras de uma modalidade para outra, mas no fim tudo é futebol e todas são diferentes.

Com o swordplay é a mesma coisa. Existe o boffer, o softcombat, o hema, a esgrima, a recriação histórica, o kendô... todos lidam com espada, mas cada um é um universo em si mesma.

O grande erro das pessoas, a meu ver, é tentar trazer para a sua modalidade favorita características de outras modalidades. É mais ou menos como uma pessoa que adora futebol de campo e quer usar chuteiras numa partida de futebol de areia. Não dá muito certo.

Outro ponto a ser considerado é que embora muitos jogadores transitem entre as diversas modalidade de swordplay nenhuma delas funciona como uma “escada” o como “um ponto de iniciantes para as outras”. Assim como o futebol de salão não é a versão para novatos do futebol de campo, o boffer swordplay não é a versão para iniciantes do hema ou de qualquer outra categoria. Quem não gosta das dimensões do campo ou do tamanho da bola do futebol de salão, muda para o futebol de campo e não tenta trazer o campo gramado ou a bola da copa do mundo (jabulaaaani!) para o futebol de salão. Se você treina kendô, você não vai levar para o treino uma espada chinesa ou um escudo viking. Pelo menos, deveria ser assim.

Claro que aqui o objetivo não é cagar regras. Se você acha que as regras do boffer não são adequadas para você e você não quer migrar para outra categoria pode tentar fazer uma das três coisas abaixo:

Criar uma categoria nova

Mudar as regras no seu grupo

Propor e convencer outros grupos a fazerem a mudança junto com você.

Seja lá o que você for fazer é bom ter em mente, com muita clareza, o que você quer. Você quer uma coisa mais realista? Você quer a possibilidade de fazer ataques de carga? Chutar escudos? Usar as regras de combate medieval desarmado? Usar armaduras e armas de metal? Fazer valer apenas os golpes que acertam em cheio? Banir para sempre “jutsus” e posturas de anime? Proibir regras de magia ou poderes sobrenaturais? Acertar a cabeça e os genitais dos colegas? Se você quer uma delas ou mais de uma eu tenho duas notícias para você:

Primeiro: a modalidade que você quer já existe.

Segundo: ela não é o boffer swordplay.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Traição


Embasamento teórico-conceitual
Traição é um substantivo abstrato, não condicionado a gênero, que remete para o ato de trair e significa uma falta de lealdade, quebra de fidelidade e confiança.
Traição tem a mesma origem que a palavra tradição, o termo em latim traditione. Quanto à etimologia, esta palavra está conotada com a entrega de alguma coisa que pode prejudicar outro.
O conceito de traição implica que há quebra na confiança, fidelidade ou lealdade, entre os elementos envolvidos. Assim, a traição pode acontecer entre amigos, entre companheiros ou entre pessoas que têm um relacionamento amoroso.
Uma das traições mais famosas da humanidade é a de Judas. Segundo conta a tradição, este traiu o seu mestre Jesus, entregando-o às autoridades judaicas. Esta traição também é famosa porque Judas identificou Jesus através de um beijo.
Entretanto, a traição é sempre uma coisa ruim? Não sou religioso e o que vou dizer a seguir não tem por objetivo questionar a fé de quem quer que seja. Veja o caso de Judas: Jesus é filho de deus, onipresente, onipotente e onisciente, e sabia que Judas o trairia. Ele teria, em tese, poder para impedir a traição de Judas, uma vez que ele sabia da tal traição. Ou seja, se não houvesse a traição de Judas, Jesus não teria sido preso e nem tão pouco crucificado. Não teria morrido e nem ressuscitado. Concluindo, sem a traição de Judas, o Cristianismo, como conhecemos não existiria. Claro que há quem defenda que jesus estava apenas respeitando o livre arbítrio de Judas, mas não muda o fato de que ele sabia da traição.  
Existem outros pontos a serem debatidos. A traição pode ser boa. Imagine uma guerra entre dois senhores feudais. Um dos vassalos do senhor A rompe relações com ele e bandeia seus exércitos para o senhor B. Durante a feroz batalha o vassalo traidor começa a atacar a forças do senhor B. A traição dele tinha sido falsa. Ele era, em suma, uma traição dentro de uma traição. Para o senhor A, a estratégia da traição foi muito boa.
A traição, portanto depende do ponto de vista de quem trai e de quem é traído. É necessário lembrar que apenas uma pessoa sente os efeito da traição e realmente se importa com ela: a parte que é traída.   

E o quico (e o swordplay)?
Recebi uma comunicação de um amigo e antigo colaborador da página (O que? Você não sabia que pode ser colaborador aqui da página? Contate-me em particular e descubra como) que dizia mais ou menos assim:
- Betão, tem algum texto na sua página que fale de traição?
- Cara, que eu saiba não. Mas qual foi a fita?
- Bom, o meu clã treinávamos com vários lordes. Cada lorde tinha uma casa e o membro que atingisse a patente baixa de soldado era convidado a entrar numa casa. Dentre essas casas, tinha uma casa chamada XXXXXXXXX, é o lorde dessa casa começou a usar os membros que tinha com ele para montar um novo clã sem se pronunciar. E os que eram da casa dele foram juntos e ainda combinaram de convidar o oferecer vantagens para os outros membros do clã para se juntarem a eles no novo clã. Então, isso nos deixou bem chateado. (...) Ele usou do pouco de influência, mais o trabalho dos membros do clã, para criar um novo clã sem se quer se pronunciar, tudo secretamente. Enfim, pegou a gente de surpresa.  
- Vou ver o que eu posso fazer.
Bom, este texto é a resposta deste diálogo. Eu fiz pequenas alterações cosméticas no texto o meu amigo para que não fosse possível identificar quem era ele e de que clãs estávamos falando. Num assunto passional como a traição eu preciso manter a discrição e a posição neutra.  

Tratando do assunto
A primeira coisa que se tem que entender é que cada caso de traição é um caso diferente de traição. Duas traições não são as mesmas e cada um tem suas nuances, agravantes e atenuantes. Mas outra coisa que há de se deixar claro: os motivos não variam muito. Relação desgastada por brigas e desentendimentos, Falta de interesse de umas ou de ambas as partes, Falta de companheirismo, e Promessas não cumpridas figuram entre os motivos mais comuns para esse tipo de fenômeno.
Uma relação é feita de idas e vindas, onde todo mundo tem que ceder. E num grupo de swordplay as relações entre os membros ou entre os membros e os líderes podem azedar. Ninguém quer permanecer num grupo que perde mais tempo se desentendendo ou fazendo DR (Discutindo Relação) do que efetivamente treinando. Ninguém vai para o treino para ter raiva.  
A falta de interesse ou até mesmo a falta de companheirismo são fatores bem críticos também. Especialmente se o novo grupo que vai nascer dos dissidentes do antigo tiver uma proposta diferenciada, mais de acordo com os interesses das pessoas. Para evitar esse tipo de coisa o grupo tem que se reinventar a cada seis meses.
Entretanto são as promessas não cumpridas que causam a grande quantidade dos casos envolvendo o swordplay. Não foram poucas as vezes eu presenciei pessoas que saíam de seus clãs ou de seus grupos, sob a justificativa de que não tinha sido por aquilo que eles tinham assinado a ficha de filiação. Promessas de igualdade de tratamento, de justiça entre os membros, ou mesmo ações que indicam favorecimento de determinados membros em detrimentos de outros são fatos mais pesados do que a maioria das pessoas gosta de supor.  
Independente dos motivos, se justos ou não, a traição não deve ser tratada como tabu ou coisa que o valha. É desagradável, sem dúvida, mas está longe de ser o fim do mundo. O ideal é que o grupo tenha tudo às claras e que as relações entre os membros sejam regidas por normas bastante dignas Reclamações devem ser ouvidas e resolvidas. E mesmo que haja uma ruptura, é imprescindível que haja uma ponte de comunicação entre os membros para que as coisas possam ser resolvidas em paz. Ou pelo menos da melhor forma possível.


Resumindo...
A traição não é necessariamente uma coisa ruim. Ela pode ser parte de um necessário crescimento para você e seu grupo, se assim você compreender este fenômeno.  Por lidar com a ideia de uma quebra de confiança entre duas ou mais pessoas a traição costuma ser um assunto passional e pode levar a dissabores bem maiores.
Sobre o que aconteceu com o meu amigo, vale a pena repensar se o grupo poderia ter antevisto os sinais de uma eminente traição ou se poderia ter feito alguma coisa para evitar o que aconteceu. Isso para referências futuras, lógico.
E o que fazer no presente? O melhor é esquecer e deixar que os outros sigam com suas vidas. Siga com a sua. Se quiser, risque o nome da pessoa da sua agenda e bloqueie no facebook.  Você não vai ganhar nada em espezinhar e perseguir os que se foram. Deixe que vão embora e lamente a perda deles enquanto se esforça para se recuperar, seja em números ou em qualidade.
E para o futuro? Aprenda a ouvir seus membros e dar seguimento às suas demandas com parcimônia, justiça e transparência. Entenda também que não importa o que você faça traições podem surgir de qualquer lugar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Minhas impressões do EPS 2018


No princípio
Lembro-me vagamente quando ouvi falar do EPS pela primeira vez. Foi durante o meu treino conjunto da Aliança de Beufort.  Todo mundo dizia que valia à pena ir para um treino conjunto, que era muito legal e coisa e tal, sensacional, que tinha gente pra caramba...

Então eu paguei para ver. Quase 50 pessoas distribuídas entre todos os reinos da Aliança à época. Muito interessante e divertido lutar ao lado, com e contra tantas pessoas diferentes. Tantos estilos diversos, tantas armas diferentes, tanta gente para conhecer. Foi mesmo muito legal.
- Tá gostando, Betão? – perguntou para mim o antigo rei da Aliança, Juan Sebastian.
- Achei muito legal. Valeu à pena vir até o parque da cidade.  – respondi.
- Pois se você gostou tem de conhecer o EPS. Isso aqui não é nem um décimo  do que é o EPS.

Por um momento eu fiquei sem acreditar, mas como eu já tinha morado na terra da garoa e sabia, pelas experiências dos eventos de RPG que eu costumava ir, que em São Paulo tudo é superlativo.

Então em 2016 eu fui para o evento. E meu mundo nunca mais foi o mesmo.

O evento
Mesmo quem conhece o EPS de várias edições não tem como não sofrer o impacto da quantidade absurda de pessoas que participam dele. É muita gente. MESMO. Linhas de trezentas, quatrocentas pessoas de cada lado se aproximando para o alcance das lanças e a defesa dos escudos. É uma sensação única, um tanto indescritível. Parafraseando Cecília Meireles: O EPS é uma coisa que não há ninguém que explique, e uma vez vivido, ninguém que não entenda.

O local foi o mesmo dos anos passados, o Parque Villa Lobos, mas com uma bem vinda alteração. Não seria mais na ilha musical, que estava ocupada com um festival de jazz, e sim em outro ponto, mais arborizado, ao lado do portão 2, próximo a estação Villa Lobos – Jaguaré.

O vídeo com a Toshie mostrando como chegar da estação para o evento foi bastante didático. Fácil de chegar. O local é infinitamente melhor que a ilha musical e desde já tem o meu voto para ser o novo point do EPS: mais arborizado, de melhor acesso, mais seguro, com fácil acesso a lanchonetes, bebedouros e banheiros. Por ser um espaço um pouco menor garantiu que os grupos ficassem mais próximos uns dos outros. Isso aumenta a integração entre os grupos e a segurança de nossos equipamentos.

Fiz um vídeo mostrando a minha experiência durante o evento.  O link estará no final deste relato.
A manhã começou morninha, com poucos grupos, mas a medida que o dia ia avançando as coisas foram esquentando. Depois de ter inspecionado meus equipamentos e de ter me registrado, comecei a passear pelo evento, revendo amigos de outras edições e conhecendo novas pessoas como o tiozão da Magnus Legio, Romão da Wolfenrir, a Charlote do ombro deslocado da Leões do Vale, o pessoal fantástico da Lions and vandals, e tantas outras pessoas maravilhosas que a minha memória de peixinho dourado não permite lembrar agora.

Passei boa parte da manha circulando entre os grupos, numa atmosfera muito amigável e descontraída. Foram dezenas (talvez até uma centena de duelos de x1) onde não tive nenhum dissabor ou aborrecimento. Mesmo nas concorridas rodadas de 4x4, 10x10 e 20x20.

Outro ponto muito forte que eu pude observar foi a organização do evento. Foi impecável. Dos guias espalhados pelo parque, passando pelos juízes-gandulas de equipamentos, até o pessoal da área médica, tudo funcionava milimetricamente bem. Eu me lembro que na terceira ou quarta rodada das massivas eu perdi um braço e deixei meu escudo cair. Logo em seguida eu morri. Quando me virei vi que meu escudo já estava na área de retorno de equipamentos.

Só tenho agradecimentos a fazer. Nada mais. Foi uma experiência memorável. Única. Alguma coisa que todos deveríamos almejar.

Finalizando
Só uma coisa quero acrescentar. Ao final do evento e saí para me despedir dos colegas e passei em dois lugares muito rapidamente: no pessoal da DK do Rio de Janeiro e no pessoal da Magnus Legio de Limeira. E nas duas eu ouvi coisas muito parecidas.

“Gente, o parque fecha em quinze minutos. Reúnam todo o equipamento e vamos embora. Mas antes de irmos, deem uma passada nos outros acampamentos para socializar, apertar as mãos e conhecer os outros. Todo mundo aqui é amigo”. 

Ver essa mesma sintonia nos dois maiores grupos do evento me emocionou de verdade. E no ano que vem? No ano que vem tem mais.

https://www.youtube.com/watch?v=IN6x_Hhkv5Y&t

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...