domingo, 28 de agosto de 2016

Seja um swordplayer melhor em dez passos simples

Eu já li dezenas de textos na internet sobre como ser um bom líder. Muitos destes textos que li sobre liderança são voltados para o meio corporativo e comercial, mas são plenamente adaptáveis para a prática de swordplay. Esse é um assunto que me interessa. Mas sabe uma coisa que não tem muito? Textos sobre o outro lado. Sobre como ser um bom swordplayer.

Se você parar pra pensar, cada grupo tem um líder e número variável de colega de treino. A proporção de textos deveria ser o oposto, deveria ter muito mais dicas pros colega de treino. Por que será que as pessoas focam no líder?

Eu acho que isso acontece porque existe em alguns a mentalidade de que tudo é responsabilidade dos lideres, reis, lordes, ou seja lá como você os chame. Ele é quem tem que deixar o treino interessante, e os outros swordplayers só comparecem e participam absorvendo tudo. Esse é um pensamento ruim, que impede que todos em campo atinjam seu potencial.

Então acho que é hora da gente mudar isso. Hora de escrever mais sobre como ser um bom swordplayer. Então aqui vai minha contribuição: 10 dicas de como ser um sworpdplayer melhor.

1 – Faça coisas
Sua prioridade máxima como swordplayer é fazer coisas. Seu papel não é ficar passivo esperando o rei entregar diversão de bandeja pra você. Contribua.
Dê o seu melhor em campo. Faça perguntas. Nada de fazer corpo mole. Converse (na hora certa) com os outros. Tome a iniciativa.

2- A existência do seu grupo depende das coisas que você diz e faz no jogo.
A maneira como você se comporta no campo de batalha é mais importante do que a história do seu personagem (supondo, é claro, que exista um personagem ou um jogo de LARP). Se você age de forma desleixada e desleal é essa a mensagem que você vai passar para os seus colegas. Se você for um cara graduado e não levar o treino à sério é essa a mensagem que você vai passar a seus colegas: que você pode dar o mínimo de esforço e ainda assim chegar longe.

3- Não tente parar as coisas
Você está liderando a linha de frente quando um de seus colegas percebe movimentação no flanco esquerdo e pede permissão para sair e fechar aquele flanco. Daí o que você faz? Diz que não, que ele tem que manter a linha junto com você. Daí, daqui a pouco todo mundo morre. E o que aconteceu na prática? Nada. Talvez não mudasse nada se ele saísse da linha e fosse lá fechar o flanco. Talvez mudasse nada. E nunca saberemos. Se alguém tem uma ideia – mesmo que seja idiota – deixe que a pessoa a siga. É só assim que ele vai aprender.

4- Pare de culpar o resto do mundo – a culpa é sua.
Tenho um colega que é bem impulsivo. Se ele vê uma oportunidade de fazer alguma coisa, ele vai lá e faz, mesmo sem pensar muito a respeito. Aliás, pensar a respeito não faz muito a praia dele. Ele já passou muitos minutos sentado na grama, esperando a hora de entrar de volta no jogo apenas porque achou que poderia dar conta de furar a linha inimiga sozinho. Quando eu o confrontei sobre a sua imprudência, eis que ele me respondeu: filho, olha bem pra mim! Sou de áries com ascendente em marte, então já viu né?
Besteira.  Pare de por a culpa das suas atitudes nos outros, na sua arma, no seu signo. A culpa é sua. Não é a espada que é pesada e não é o coleguinha que deixou você sozinho na retaguarda, a culpa é sua. Assuma.

5- Não prejudique os outros colega de treino
Não espalhe mentiras e boatos. Não seja um leva e traz. Se alguém disser que alguém está falando de você pelas costas tente por tudo em pratos limpos. Dê nome aos bois. Não solte indiretas. Se alguém traz uma nova modalidade para o grupo não seja o estraga prazeres que vai dizer que aquilo é chato antes mesmo daquela modalidade começar. Aceite quando for atingido e saia do campo quando isso ocorrer. Seja honesto com você e com os outros.  

6- Conheça as regras do jogo. Não seja um chato em relação a isso.
Se você conhece o sistema de regras que está sendo usado é muito mais fácil para você e para o resto do mundo. Você conhece as limitações das suas ações. Você sabe julgar mais ou menos as suas chances de ter sucesso com uma ação. Você sabe analisar uma situação e agir de acordo, porque você entende as regras que regem o jogo.
Aprenda as regras do jogo, pelo amor de deus. O que acontece quando acertam sua a perna? Nada? Você fica parado? Não pode mais correr? Tem que “fingir” que está mancando? E quando você está carregando a bandeira no jogo de pega-bandeirinha e te acertam uma lançada no meio das costelas? Você sabe como agir? Sabe que regras seguir nestes casos? Ou precisa que alguém sempre te lembre?

7- Dê sua atenção total ao jogo. Se não puder fazer isso, não jogue.
Sabe qual é o melhor momento pra sacar seu celular e caçar pokemons, como se fosse um retardado? É quando você está na escola, durante o intervalo, e não quando está no campo de batalha com seus amigos. Se você está tão entediado com o que você está fazendo que você sente a necessidade de jogar outro jogo ou acessar o Facebook, peça desculpas e vá embora. Você está acabando com o moral do resto grupo. Eu prefiro um grupo pequeno e focado do que um grupo grande e disperso, com muita gente sentado debaixo da árvore mais próxima falando sobre “o último bafão da Anita”.   
Talvez o treino esteja entediante. Eu entendo, isso acontece. Mas aí eu volto pra dica 1 deste post. Faça alguma coisa. Não é responsabilidade do rei sozinho tornar o dia divertido. Aja e dê a ele material para divertir todo mundo. Quem sabe você possa usar uma arma diferente ou tentar um estilo de luta completamente novo.

8- Se você deixar alguém desconfortável, peça desculpas e não faça de novo
Essa é uma dica sobre a relação interpessoal entre os colega de treino, mas ainda assim é importante. Quando estamos nos divertindo com amigos, a gente acaba se empolgando. Uma conversa inocente pode se transformar num papo animado sobre alguma coisa que você não gostaria que sua mãe ouvisse você falar a respeito... Sei lá. Coisas escrotas acontecem. Mas quando nos reunimos com os amigos toda semana, existe a chance de algum dia a brincadeira ir para um tema que ofende alguém. Ou deixa alguém desconfortável. Talvez você tenha feito uma piada de mãe com alguém que perdeu a mãe recentemente. Ou falou sobre algo que é tabu para um outro colega de treino. Seja o que for, a outra pessoa pode ser sentir desconfortável. Seus amigos não estão se reunindo com você pra se sentir mal. Vocês estão juntos pra se divertirem. Se algo assim acontecer, não tente fingir que nada aconteceu. E não zoe a pessoa que ficou ofendida.
Se você achar que ofendeu alguém, pergunte a ela discretamente se ficou ofendida. Não precisa chamar a atenção do grupo todo pra isso. Se ela ficou, peça desculpas (sinceras!) e depois pare de falar daquela coisa.
Seja legal. Seja extra-legal. Ninguém vai pensar menos de você por causa disso.

9- Seja quem você quer ser
Eu costumo contar uma história a meus alunos sobre um colega de escola que virou neurocirurgião. Nas festas as pessoas costumam comentar, depois de saber da profissão do meu amigo, que também gostariam de ser neurocirurgiões. Daí ele comenta: “E por que não são? Sempre é tempo de fazer a faculdade de medicina. O que os impede?”. Claro, você não precisa ser bruto como ele, mas pergunta é válida: se você quer lutar melhor com espadas, o que impede você de conseguir isso: chame uns amigos e faça um treino extra em casa.

10- Aceite as falhas
Tem gente que odeia falhar. Eu sei que às vezes a expectativa pelo sucesso pode ser alta. Daí você vê a chance perfeita de fazer algo espetacular bem ali na sua frente, você se meche e... Merda acontece.
Durante a última rodada do EPS 2016 o pessoal ensaiou um charge, para desespero dos organizadores. Quando eu vi minha linha se desfazendo para correr gritando contra a outra linha eu não pensei duas vezes e corri também. Só que ninguém deu charge em ninguém. Paramos uns na frente dos outros e começamos a lutar. Eu matei dois caras ante de um lanceiro fazer a limpa com o meu lado da linha. Cara, eu fiquei muito feliz com o lanceiro. Ele me pegou de surpresa. Foi bacana para eu prender a olhar de lado de vez em quando. Mas eu também fiquei muito puto porque tinha morrido “cedo demais” na última rodada.

Não veja a falha como um fracasso pessoal. Veja a falha como uma chance de aumentar o seu aprendizado e diversão. Ah sim, depois da luta  lanceiro veio ver se eu estava bem. Muito maneiro da parte dele.

Enfim, Swordplay é um jogo. Ele não é a hora de bater “de com força” nos outros. Não é sua chance de explorar seus amigos. Não é o momento de bater papo sobre o final do campeonato brasileiro de LOL. Não é o momento de ficar quieto à sombra. É um jogo.

Você e seus amigos decidiram jogar juntos. Reservaram tempo para isso. Estão todos criando uma história juntos, para vocês mesmos. A a diversão que ela traz pro grupo vem em primeiro lugar.

Este é um jogo. Então jogue. Mas respeite os outros colegas de treinos. Respeite a história. Aceite que muitas vezes o jogo não vai acontecer do seu jeito, e que não ser do jeito pode ser muito interessante. Faça o que é melhor para o jogo, para todo o grupo. Seja ativo! Seja positivo! Seja interessante! Mude as coisas!

Se você não voltar pra casa depois da partida com boas lembranças da partida, todo o grupo falhou, não só os organizadores. Então colabore.


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

E mais um torneio passou...

Primeiramente fora ***** (entenda como quiser!)


Neste último domingo, 21 de agosto de 2016, houve o primeiro torneio de inverno dos Cavaleiros de Nova Ibelin. Ele é o terceiro torneio do ano e faz parte da liga dos quatro torneios anuais que a Aliança de Beufort pretende lançar ao longo de 2016. Dessa vez o torneio tomou palco no Parque da Cidade, em Brasília, no estacionamento 11, por trás do Carreira Kart.

Mais uma vez tivemos um torneio de alto nível, com muitas modalidades, repescagens e até reviravoltas mais que interessantes. O público que não quis participar do torneio tinha um espaço aberto para fazer pequenas guerras de 10x10 e rolou até mesmo um “pega-bandeira” com quem tinha sido eliminado do troneio.

Uma das coisas mais legais que eu pude ver foi a forma como os diversos grupos, mesmo os de fora da Aliança, se misturavam. Não parecia haver distinção entre os grifos de prata, cavaleiros da virtude, membros do Alamut, ou mesmo dos nossos anfitriões.   Os juízes, muito atentos e sincronizados, deram conta de resolver todos os casos de choque com as regras de dúvidas de disputas.

Como prêmio, além das tradicionais espadas de PI fornecidas pelo competentíssimo pessoal do “Gatosas de Prata”, Cavaleiros de Nova Ibelin presentearam os vencedores cm colares artesanais representando a coragem e bravura de seus donos. Não vou negar que senti uma certa inveja dos vencedores, uma vez que cada uma daquelas peças era única. Quem sabe no ano que vem eu não me anime o bastante para trazer uma delas no meu pescoço.

Uma coisa interessante é que dessa vez todos os primeiros lugares ficaram com o clã dos filhos de Alamut (antiga Ordem dos Assassinos – DF, que sofreu uma bem-vinda repaginada). Qualquer dia eu vou lá no treino deles documentar o que fez eles os grandes vencedores do torneio de inverno!

Além do torneio tivemos a sagração de dois cavaleiros da Aliança. Cerimônia muito bonita, diga-se de passagem.


Bem, se você não deu as caras neste torneio saiba que perdeu uma boa dose de diversão. E se você veio, tenho certeza que vai querer estar conosco no terceiro torneio deste ano. Aguardem novidades!

Fotos: 

Os caras levaram todos os prêmios!

Confraternizando

Todo mundo sorrindo - Olha, o Chester caiu!

Dessa vez todo mundo sério!

A zueira estava lá!

Ganhamos de novo, né? 

Marconi recebe o prêmio da Brenda. 

O grande campeão

Torneio de Dual

Torneio de Espada e Escudo

Já que a gente morreu mesmo...






sábado, 13 de agosto de 2016

“Diz que me disse” dói mais que golpe dado em países baixos.

Olá gentes.

Eu tenho por habito dar espadas e outras peças de presente. Às vezes eu até mesmo fabrico uma peça especialmente para a pessoa que eu quero presentear. E por que eu faço isso? Bom, é uma forma de incentivo para que a pessoa continue treinando firme e forte, respeitando o código de conduta dos cavaleiros. É um fato: eu não dou minhas peças a quem não as merece. E quem eu sou para dizer quem merece ou não ganhar uma espada nova ou uma arma exótica, como um machado bárbaro de duas cabeças ou uma maça estrela? Eu sou o cara que forjou a peça. É toda autoridade que preciso.

Hoje um menino pediu que lhe desse uma dessas espadas. Respondi de forma mais ou menos rabugenta: Não. “Mas, por que?” insistiu o pedinte, ao qual respondi com imensa sinceridade: “Porque você não é digno”. E dei o assunto por encerrado. O tal jogador precisou sair mais cedo do treino e mais tarde, no mesmo dia, voltou acompanhado do seu pai.

“Você que é o Betão?”, perguntou o pai. “Sim”, respondi. “Queria que você explicasse para mim o que você falou do meu filho. Ele disse que você disse que ele não era digno de ganhar uma de suas espadas de presente e que para ser digno ele teria que nascer de novo”.

“Mas como é que é?” perguntei espantado e indignado. “Eu jamais diria algo assim a um colega de treino. Trato todos com respeito. Disse e reafirmo que o seu filho não é digno porque ele não age como um cavaleiro: ele é desatento, brinca nos momentos inapropriados e zomba quando derrota colegas de treino. Eu mesmo já o corrigi em várias oportunidades, esperando que ele melhorasse, não é verdade?” Eis que o menino assentiu com a cabeça.

“Você ouviu essas palavras da minha boca?” perguntei olhando fundo nos olhos do garoto, ao que ele respondeu que não. Nas palavras dele, alguém tinha dito aquilo a ele. Alguém tinha dito a ele que eu tinha dito que ele “só seria digno de ser um cavaleiro se nascesse de novo”. Daí eu perguntei: “E cadê esse cara que te disse isso?”, ao que o menino respondeu: “Não sei quem foi, mas não está mais aqui”.


O pai do menino pediu-me desculpas pelo mal entendido. Apertamos as mãos e cada um seguiu seu caminho: os dois de volta para casa e eu para o treino. E que lição valiosa eu aprendi disso tudo? Que fofoca, leva e trás e conversinhas paralelas só servem para enfraquecer o grupo. Quanto mal entendido apenas porque um menino deu ouvidos a uma fofoca? 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Código de um Cavaleiro

Estava eu na livraria Cultura do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, véspera do EPS 2016, esperando alguns amigos que eu não via há dez anos ou mais quando esbarrei com este livro. Sua aparência de livro velho me conquistou imediatamente, mas foi a sua premissa que o fez voltar para o hotel comigo naquela noite. “Um cavaleiro, temendo não retornar da batalha, escreve uma carta para os filhos na tentativa de deixar um registro do que aprendeu durante a vida. Seu objetivo não é simples: dar a seus filhos uma bússola para uma jornada que terão que fazer sozinhos, um pequeno guia sobre o que dá sentido e beleza à vida”.

Partindo de uma história minimamente verossímil, o autor Ethan Hawke (que já foi indicado ao Oscar quatro vezes) tece uma história muito bacana. Através da carta do cavaleiro a seus filhos embarcamos numa série de reflexões sobre solidão, humildade, perdão, honestidade, coragem, graça, orgulho e paciência. Baseado nos ensinamentos das antigas filosofias oriental e ocidental e nos grandes escritos espirituais e políticos da história humana e até em alguns clichês, Hawke nos leva pelo livro com uma escrita leve e de fácil compreensão.

E por que eu estou falando sobre esse livro num blog que versa sobre swordplay? Porque este livro tem muito mais a ver com a prática do jogo como nós conhecemos do que muitos livros sobre esgrima medieval disponíveis na internet.

A grande vantagem que eu vejo no swordplay sobre outras atividades desportivas é justamente a confiança e a honestidade que cada jogador tem que possuir. Se eu estou lutando com alguém e ele diz que eu acertei sua cabeça eu não questiono: peço desculpas pelo golpe mal dado e me retiro do combate. Mas e se ele estiver mentindo Betão? Bom neste caso eu ainda saio ganhando. Por que? Quanto tempo eu vou ficar de fora? Uma rodada? É pouco tempo. Mas ele que sai vencendo como mentiroso terá de carregar esse peso por toda a sua vida. A minha derrota será vencedora e sua vitória será fracassada.

O livro nos ajuda a sermos swordplayers melhores. Ele nos ensina a sermos cavaleiros aprimorados. Em último caso, tenta nos ensinar a sermos seres humanos melhores.  


O livro custa em torno dos R$30,00. Eu pretendo distribuir trechos a meus colegas de clã. Afinal de contas eu os quero cada vez melhores. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Liderança sem vaidade

“Grandes líderes não usam as pessoas para que possam vencer. Eles lideram pessoas para que todos possam vencer juntos.” - John Maxwell.

Depois do EPS-2016 eu fiz muitas amizades e o meu chat do facebook tem me deixado bastante ocupado. É uma troca maravilhosa de informações, de conhecimento, de saberes. É maravilhoso poder falar com pessoas com o mesmo interesse meu, ignorando as barreiras geográficas.

Dia desses, estava conversando com um amigo que tinha acabado de formar um clã. Tinha aproximadamente cinco pessoas nele. Daí ele me pediu umas dicas de como fazer o clã crescer e eu disse que tinha escrito algo a respeito. Ele replicou que já tinha lido a respeito, mas que não ia procurar os ouros dois grupos da sua região, porque os líderes desses grupos eram muito vaidosos e metidos.

Tenho que admitir que esta é uma das coisas que mais me chamou atenção desde que eu comecei a praticar swordplay: a vaidade de alguns líderes.  A arrogância e prepotência de alguns swordplayers chega a me dar náuseas. E como venho percebendo através dos chats e bate-papos Esse sentimento é compartilhado pela grande parte das pessoas que estão ou já estiveram sob a liderança desses medíocres, com título de Lideres.

No mundo profissional algumas pessoas são líderes apenas por causa de seus cargos. Ou seja, a liderança dessas pessoas é empurrada goela abaixo. São chefes e não líderes. Posso garantir que isso causa muito sofrimento e desmotivação aos liderados. Trabalhei numa escola em que o coordenador via defeitos em tudo à sua volta, tornando o nosso trabalho virtualmente impossível de ser realizado a contento. No swordplay não é difícil que esse tipo de coisa aconteça. Conheço grupos em que o chefe usa de todas as armas escusas (intimidação, perseguição, punições arbitrárias, calúnia) para manter-se no topo.

Certa vez, num evento local aqui em Brasília tive a nítida sensação de estar diante de um pavão. Ele era tão pavão que suas “penas” chegavam a atrapalhar. Neste mesmo evento, o pavão me disse que a culpa pelos problemas que o seu clã vinha enfrentando era de seus membros. Eram “metidos, indisciplinados e arrogantes”. Perguntei então quem era o responsável pelos treinamentos e regras do clã. Ele com a maior cara de pau ele disse "eu". Ora, então este pavão treina mal e a culpa é dos outros. É muito fácil perceber esse tipo de chefe. Se as coisas saem bem - “EU FIZ”. Quando acontece alguma coisa errada - “ELES fizeram”. Caros guerreiros, liderança não é nada disso.


Para uma liderança de sucesso é preciso levar em consideração “as pessoas”. O capital pessoal é o maior patrimônio de um clã. Não sãos as espadas de fibra ou escudos de PI que fazem as coisas acontecerem. São as pessoas que o líder treinou e ajudou a chegar onde chegaram. Liderar envolve servir e não ser servido. Liderar é fazer as pessoas que estão à sua volta crescerem. Liderar é treinar e fazer novos líderes. Vitórias? Reconhecimento? Crescimento do grupo? Será uma consequência disso tudo.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

EPS - 2016 - Como foi

Se tiver uma coisa que o filme Scott Pilgrim é que quanto mais expectativa você gera sobre um determinado assunto, mais chances você tem de ter essas expectativas frustradas. Por isso, como uma forma de me proteger desse tipo de frustração – e como forma de aproveitar ao máximo as coisas – eu procuro criar pouca ou nenhuma expectativa a respeito das coisas. Foi assim com os últimos filmes e seriados que eu assisti. Foi assim também com o EPS – Encontro Paulista de Swodplay, que aconteceu neste domingo, 30 de julho de 2016.

Antes de começar bem esse texto quero deixar claro outra coisa: eu fui à São Paulo para rever amigos que não via tem dez anos ou mais. Ir ao EPS era a desculpa perfeita para custear a passagem e a estadia no hotel. Por isso, minha agenda na sexta e no sábado foi super lotada – então desculpe a todo mundo que eu disse não sobre ir treinar na véspera do evento. Eu tinha, mesmo, outras coisas para fazer.

Tendo posto essas duas informações a priori fica mais fácil dizer o que eu achei do evento e si. Foi absolutamente fantástico. Eu saí do meu hotel e peguei um uber em frente ao shopping Ibirapuera e parti para o Parque Villa Lobos. Lá chegando eu estava me sentindo meio deslocado, carregando o meu escudo e o meu saco de espadas. Mas essa sensação durou até que eu vi dois membros do Draikaner chegando ao parque no mesmo momento que eu. Segui os dois até o ponto de encontro, onde encontrei com o Rodrigo Castillo – que eu tinha conhecido na sexta à noite na livraria moonshadows. De lá foi só alegria.

A primeira pessoa da organização a me cumprimentar foi a Toshie Yumito. Ela me recebeu com um caloroso abraço e depois me indicou o “caminho das pedras”. Dessa hora em diante eu só fui conhecendo pessoas legais como a Carla Fajardo (professora, como eu), o João Pedro Fajardo (Draikaner), e tanta gente que a minha cabeça: Eduardo Souza, Rasec, Victor Frazão, Ruan Bodnar (acho que era ele...), Glauco Ferrinho, Akuma, Luis Felipe, Rafael (capitão Jack), Guiro, Guilherme Hernandez (Falcões Super Sentai), Beatriz Helena (na linha, na linha!), Roberto Kyo (sou um grande fã desse cara), entre tantos outros...

Para você ter uma ideia do tamanho da coisa foram quase setecentas pessoas, com vinte e sete clãs representados e mais uns oitenta mercenários que estava sem clã. Cara, eu não sei quanto a você, mas reunir tanta gente num lugar só é uma loucura. Que outro lugar eu teria chance de conhecer grupos como o Fyrdraka (SP), o pessoal mais que simpático dos Reinos do Sul (Curitiba! foices gigantes – Dire Schytes!), Falkisgate (SP com Piracicaba, São Paulo, Mauá, Cândido Mota/Assis, Suzano, Sumaré, Americana; PR com Londrina, e em breve DF com Planaltina), Império do Swordplay, Clã Warlords (roxo e preto), Shadow Fênix (Mogi-SP), Cavaleiros de Tempus (D&D na veia!), Darastrix, Ordo Fili Umbras (que lutou do meu lado, que bacana!), Dragões do Império (RJ), Cavaleiros da Morte (escudos padronizados – UAU!), Magnus Legio,  Shadowfax... sem falar dos mercenários e de outros grupos que infelizmente não tive como cumprimentar adequadamente.

Outro ponto positivo foi o espírito reinante no lugar. Não havia traços de competição, de querer ser o melhor. Tinha um espírito de confraternização muito legal. “Opa, vamos um x1?” era o equivalente ao “bom dia, prazer em conhecer você!”. Deve ter rolado algumas tretas, com certeza, mas nenhuma delas foi realmente notável. A organização fez o melhor trabalho que eu já vi num evento desse porte. Parabéns mesmo.

Óbvio que nem tudo são flores. O parque é muito bonito, mas tem pouca infraestrutura para receber tanta gente (a fila dos banheiros estava de matar) e tinha pouca opção de lanche para quem não trouxe comida de casa.


O grande problema que o evento me trouxe foi para 2017. Eu sei que eu vou estar lá, tabardo e tudo mais. Mas vai ser complicado segurar a expectativa. 

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...