Olá gentes.
Eu tenho por habito dar espadas e outras peças de presente. Às
vezes eu até mesmo fabrico uma peça especialmente para a pessoa que eu quero
presentear. E por que eu faço isso? Bom, é uma forma de incentivo para que a
pessoa continue treinando firme e forte, respeitando o código de conduta dos
cavaleiros. É um fato: eu não dou minhas peças a quem não as merece. E quem eu
sou para dizer quem merece ou não ganhar uma espada nova ou uma arma exótica,
como um machado bárbaro de duas cabeças ou uma maça estrela? Eu sou o cara que
forjou a peça. É toda autoridade que preciso.
Hoje um menino pediu que lhe desse uma dessas espadas.
Respondi de forma mais ou menos rabugenta: Não. “Mas, por que?” insistiu o
pedinte, ao qual respondi com imensa sinceridade: “Porque você não é digno”. E
dei o assunto por encerrado. O tal jogador precisou sair mais cedo do treino e
mais tarde, no mesmo dia, voltou acompanhado do seu pai.
“Você que é o Betão?”, perguntou o pai. “Sim”, respondi. “Queria
que você explicasse para mim o que você falou do meu filho. Ele disse que você disse
que ele não era digno de ganhar uma de suas espadas de presente e que para ser
digno ele teria que nascer de novo”.
“Mas como é que é?” perguntei espantado e indignado. “Eu
jamais diria algo assim a um colega de treino. Trato todos com respeito. Disse
e reafirmo que o seu filho não é digno porque ele não age como um cavaleiro:
ele é desatento, brinca nos momentos inapropriados e zomba quando derrota
colegas de treino. Eu mesmo já o corrigi em várias oportunidades, esperando que
ele melhorasse, não é verdade?” Eis que o menino assentiu com a cabeça.
“Você ouviu essas palavras da minha boca?” perguntei olhando
fundo nos olhos do garoto, ao que ele respondeu que não. Nas palavras dele,
alguém tinha dito aquilo a ele. Alguém tinha dito a ele que eu tinha dito que
ele “só seria digno de ser um cavaleiro se nascesse de novo”. Daí eu perguntei:
“E cadê esse cara que te disse isso?”, ao que o menino respondeu: “Não sei quem
foi, mas não está mais aqui”.
O pai do menino pediu-me desculpas pelo mal entendido.
Apertamos as mãos e cada um seguiu seu caminho: os dois de volta para casa e eu
para o treino. E que lição valiosa eu aprendi disso tudo? Que fofoca, leva e trás
e conversinhas paralelas só servem para enfraquecer o grupo. Quanto mal
entendido apenas porque um menino deu ouvidos a uma fofoca?
Provavelmente o menino se ofendeu apenas com o não é digno e ele próprio aumentou a história com sua própria interpretação do que seria necessário para "ser digno" ou simplesmente afim de fazer um drama pro pai por estar ofendido. Isso acontece com pouca raridade. =\
ResponderExcluirBom domingo pra ti, Betão!