sábado, 13 de agosto de 2016

“Diz que me disse” dói mais que golpe dado em países baixos.

Olá gentes.

Eu tenho por habito dar espadas e outras peças de presente. Às vezes eu até mesmo fabrico uma peça especialmente para a pessoa que eu quero presentear. E por que eu faço isso? Bom, é uma forma de incentivo para que a pessoa continue treinando firme e forte, respeitando o código de conduta dos cavaleiros. É um fato: eu não dou minhas peças a quem não as merece. E quem eu sou para dizer quem merece ou não ganhar uma espada nova ou uma arma exótica, como um machado bárbaro de duas cabeças ou uma maça estrela? Eu sou o cara que forjou a peça. É toda autoridade que preciso.

Hoje um menino pediu que lhe desse uma dessas espadas. Respondi de forma mais ou menos rabugenta: Não. “Mas, por que?” insistiu o pedinte, ao qual respondi com imensa sinceridade: “Porque você não é digno”. E dei o assunto por encerrado. O tal jogador precisou sair mais cedo do treino e mais tarde, no mesmo dia, voltou acompanhado do seu pai.

“Você que é o Betão?”, perguntou o pai. “Sim”, respondi. “Queria que você explicasse para mim o que você falou do meu filho. Ele disse que você disse que ele não era digno de ganhar uma de suas espadas de presente e que para ser digno ele teria que nascer de novo”.

“Mas como é que é?” perguntei espantado e indignado. “Eu jamais diria algo assim a um colega de treino. Trato todos com respeito. Disse e reafirmo que o seu filho não é digno porque ele não age como um cavaleiro: ele é desatento, brinca nos momentos inapropriados e zomba quando derrota colegas de treino. Eu mesmo já o corrigi em várias oportunidades, esperando que ele melhorasse, não é verdade?” Eis que o menino assentiu com a cabeça.

“Você ouviu essas palavras da minha boca?” perguntei olhando fundo nos olhos do garoto, ao que ele respondeu que não. Nas palavras dele, alguém tinha dito aquilo a ele. Alguém tinha dito a ele que eu tinha dito que ele “só seria digno de ser um cavaleiro se nascesse de novo”. Daí eu perguntei: “E cadê esse cara que te disse isso?”, ao que o menino respondeu: “Não sei quem foi, mas não está mais aqui”.


O pai do menino pediu-me desculpas pelo mal entendido. Apertamos as mãos e cada um seguiu seu caminho: os dois de volta para casa e eu para o treino. E que lição valiosa eu aprendi disso tudo? Que fofoca, leva e trás e conversinhas paralelas só servem para enfraquecer o grupo. Quanto mal entendido apenas porque um menino deu ouvidos a uma fofoca? 

Um comentário:

  1. Provavelmente o menino se ofendeu apenas com o não é digno e ele próprio aumentou a história com sua própria interpretação do que seria necessário para "ser digno" ou simplesmente afim de fazer um drama pro pai por estar ofendido. Isso acontece com pouca raridade. =\
    Bom domingo pra ti, Betão!

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