domingo, 24 de abril de 2016

Manutenção: o segredo da segurança e da durabilidade.

Daí você chegou em casa daquele treino maravilhoso. Colocou o equipamento no cantinho ele e esperou até o treino da semana que vem. Mas daí no meio do treino a sua espada rasga, a sua lança solta a ponta e o seu escudo se parte ao meio.

É certo que armas de Swordplay quebram. Cedo ou tarde vai acontecer. O seu equipamento de swordplay vai quebrar, algumas vezes para uma condição além de qualquer forma de conserto. Isso é meio que inevitável, uma vez que usamos como matéria prima canos de pvc, EVA, papelão e espuma de poliuretano. Não foi feito mesmo para durar. Qualquer coisa pode dar cabo do seu equipamento: aquele golpe mais forte quebrou o “core” da sua arma, ou que aquele encontrão tenha acabado por rasgar a alça do seu escudo. Mas essas são coisas que acontecem. Fazem parte do esporte. São acidentes. Infelizes acidentes e acidentes acontecem.   

Acidente? Acidente que nada! Muitos desses acidentes poderiam ser evitados se as pessoas prestassem atenção nas suas armas durante os dias que antecedem os treinos. Cara, não custa nada dedicar uns 15-30 minutos para verificar se a cobertura de fita está rasgada, se o cano está partido, se a espuma perdeu sua capacidade de absorver impacto e fazer os reparos em casa mesmo. 90% de tudo que acontece uma arma de swordplay pode ser resolvido com um pouco de silver tape em casa mesmo.

Então eu gostaria de pedir que vocês, colegas de treino e leitores, fossem mais cuidadosos com o equipamento de vocês. Todo mundo sabe que equipamento de Swordplay não dura mesmo nada e se você não der manutenção em casa corre o riso de perder a arma no meio do treino e pior, pode até machucar um colega. No treino passado tive que parar de treinar para dar manutenção nas armas de dois amigos meus (uma katana e um mangual atroz). Vamos ser mais cuidadosos, ok? Não custa nada e faz muito bem a você e aos outros. 


sábado, 23 de abril de 2016

É hora de mudar de grupo?

Para quem está atualmente participando de algum grupo de Swordplay, a pergunta formulada no título deste artigo/teste pode ou deve ser feita com alguma frequência. Claro, ninguém deve entrar num grupo de Swordplay pensando em sair, mas não faz o menor sentido permanecer num grupo onde a sua diversão não prospera e você só tem aborrecimentos. Não existe uma forma segura de medir isso. Alguns se sentem incomodados se passam um ano inteiro sem progredir com sua posição no grupo, outros precisam de um novo e estimulante desafio a cada novo jogo. Outros ainda anseiam sempre por conhecer gente nova e interessante.

Este teste pode dar alguns parâmetros úteis para quem tem dúvidas se deve ficar ou ir embora…

OBS: este teste tem tantos parâmetros científicos quanto a previsão astrológica, baseada no dia, hora e posição geográfica do seu nascimento. Mas tem quem acredite.  

1. Durante o processo de iniciação dos treinos, os responsáveis apresentaram uma proposta do que você veria pelos dias a seguir. Com certeza ele falou dos desafios e das técnicas que vocês poderiam aprender. O que ele disse se confirmou na prática?
( )sim            ( )não

2. O conjunto de treinos traduz exatamente o que foi prometido durante o processo de escolha do grupo?
( )sim            ( )não

3. A diversão está acontecendo?
( )sim            ( )não

4. A sua área de atuação (defensor, infantaria leve, exótico, lanceiro, batedor, etc...) goza de prestígio dentro do grupo?
( )sim            ( )não

5. O seu rei ou grão-mestre se preocupa em tecer comentários a respeito da sua atuação no campo de batalha?
( )sim            ( )não

6. Seu Rei/Grão-mestre é acessível?
( )sim            ( )não

7. Ele tem credibilidade com o seu reino/clã?
( )sim            ( )não

8. Você o admira?
( )sim            ( )não

9. Seus colegas de treino, que estão nele a mais tempo que você, continuam motivados? Se todos têm o mesmo tempo de jogo, eles continuam motivados ainda?
( )sim            ( )não

10. A maior parte de seus colegas está satisfeito com o grupo que tem?
( )sim            ( )não

11. O reino está sempre aberto para novos membros?
( )sim            ( )não

12. Os membros que ascenderam a postos mais elevados dentro da hierarquia do clã estão satisfeitos com a mudança?
( )sim            ( )não

13. O ambiente de treino é estruturado e agradável?
( )sim            ( )não

14. As pessoas que se desligaram por alguma razão são bem vindas em seu retorno?
( )sim            ( )não

15. Quando há alguma punição mais severa no grupo (advertência séria, suspensão, etc.), ainda que fiquem tristes, as pessoas sentem-se tratadas com dignidade?
( )sim            ( )não

16. Seu reino é reconhecido como empreendedor e pioneiro?
( )sim            ( )não

17. Você se vê como um membro ativo do grupo, participando de decisões realmente importantes, tais como propor novos jogos, discutindo regras ou coisas do gênero?
( )sim            ( )não

18. Há uma preocupação constante com novas tecnologias e mídias (novos livros, suplementos, treinamentos, programas de Swordplay, cds de musica, filmes) e práticas cada vez mais apuradas de jogar?
( )sim            ( )não

19. Jogadores podem dar dicas ou participar de mudanças na construção da prática do treino?
( )sim            ( )não

20. É uma política do grupo fazer intercâmbio com pessoas de outros grupos?
( )sim            ( )não

21. Há incentivos para que as pessoas tragam novos jogadores?
( )sim            ( )não

22. Quando esses novos jogadores chegam, eles são bem tratados?
( )sim            ( )não

23. O grupo que você joga é reconhecido como um grupo “formador de talentos”?
( )sim            ( )não

24. O resultado dos seus trabalhos (títulos, reconhecimento, passagem de categoria), são justas?
( )sim            ( )não

Resultados:
Marque abaixo o número de respostas “SIM” que você assinalou durante todo o teste. Depois, some-os e localize sua posição no gabarito.
Número de SIM assinalados: ___________

Acima de 18.
Fique no grupo, a não ser que existam razões subjetivas para que você saia. Invista no grupo, pois você também estará investindo em sua diversão, na diversão dos seus colegas e como ser humano. O grupo mostra que tem capacidades de crescer e de auxiliar – e muito – no pleno desenvolvimento de seu potencial.

De 12 a 17.
Hora de abrir os olhos. Sem pressa nem desespero está na hora de começar a ouvir amigos e conhecidos que estão em outros grupos, analisar melhor a cena do Swordplay na sua cidade/região, e eventualmente rever a sua área de atuação (quem sabe seja a hora de mudar de arma). O tempo irá mostrar se você precisará usar ou não essa investigação para procurar outro grupo. Talvez as mudanças que você promova já sejam o bastante.

De 6 a 11.
Vale a pena mudar de grupo sim. Você está estagnado e sua diversão parece estar comprometida. É hora de partir ativamente para uma mudança, procurando avançar no seu desenvolvimento e buscando um ambiente mais agradável ao crescimento antes que você perca a vontade de jogar…

Até 5.

Mude já. Leia os classificados na internet e fale com todos os seus conhecidos de outros grupos. Se você não puder fazer nada disso crie você mesmo um novo grupo de Swordplay. Já não tem mais jeito. O casamento entre você e o seu grupo de jogo já acabou faz tempo… só esqueceram de avisar as partes.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Backstab!

Matar pelas costas é ou não é desonroso?

“O código do líder samurai (...)  Agir de forma honrada. Agir com coragem e espírito de guerreiro. Quando souber o que precisa ser feito, entre em ação. Agir com retidão. Faça a coisa certa”.  (DEFENDERFFER, Bill. O líder samurai. Elsevier editora Ltda. 2006 – página 65).


Matar pelas costas é uma das coisas mais polêmicas envolvendo a prática do swordplay. E até posso imaginar porque ela é assim. Muitos grupos de swordplay se baseiam numa ideia de idade média, com cavaleiros em armaduras brilhantes percorrendo os campos em busca de aventura, defendendo a justiça e a honra. Essa versão traz um código de cavalaria que entre outras coisas reza que o cavaleiro deve “lutar com honra e nunca levantar sua mão contra um inimigo incapaz de se defender”.

Vale ressaltar que na Idade Média não existia algo que parecesse realmente como “um código” de cavaleiros. Esse código teria sido criado durante a Renascença, a fim de reforçar o caráter de personagens dos folhetins, como é o caso do romance português sobre cavalaria “Eurico, o presbítero” e constantemente alterado durante as épocas seguintes. A cavalaria e seus códigos como conhecemos surgiu no livro “A Morte de Artur”, originalmente Le Morte d'Arthur ou Le Morte Darthur, escrito no século XV pelo inglês Thomas Malory sobre a história do Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Faz sentido. Já que ninguém sabia ler, imagino que registros fossem difíceis de serem mantidos. E aliás, convenhamos, pelo que sabemos de História, os cavaleiros eram capazes de atos bárbaros e animalescos… afinal, eram nada mais que soldados treinados para a guerra. Nada daquela honra e coragem toda da Távola Redonda.  

Voltando ao mundo moderno e deixando os livros de história de volta na prateleira, o que isso tem a ver com swordplay? O grande cerne da questão é se matar pelas costas é honrado ou não. Se você levar em consideração fatos históricos, tanto samurias como cavaleiros medievais (e demais combatentes que portaram uma espada) não tinham qualquer escrúpulo em flanquear seu inimigo, atacar pelas costas ou mesmo lutar sujo. Não era considerado desonroso aproveitar-se de uma vantagem surgida da sua habilidade de combate ou da sorte. É como diz Defenderffer na citação inicial que abre este artigo: quando souber o que precisa ser feito, agir com coragem e determinação. Se isso envolver eliminar um combatente descuidado, vá lá e faça a “limpa”.

Mas é claro que mesmo apoiado em fatos e relatos históricos a questão não se encerra. Existem aqueles que realmente se ofendem por atacar pelas costas. E é um direito legítimo deles não gostar da prática, afinal de contas não estamos vivendo uma guerra de verdade e sim de fantasia: não se morre e nem se machuca com gravidade no swordplay então você pode se dar ao luxo de agir de uma forma mais romantizada ou heroica.

No fim das contas o que vai prevalecer é o entendimento do seu grupo sobre o assunto. Se o seu grupo prega que você deve ter visão do campo de batalha e estar sempre atento para não ser surpreendido por um traiçoeiro ataque furtivo é assim que você vai jogar. Agora se seu grupo afirma que é desonroso atacar alguém que está incapaz de se defender é essa pecha que você vai ganhar se atacar pelas costas.


O que vale mesmo é a diversão. Longa vida ao swordplay!

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Entrevista: Império Kyôdai

Olá gentes...

Uma coisa que eu sempre quis fazer é uma seção com entrevistas. Mas nunca deu muito certo. Mas dessa vez eu acho que vai. Segue a primeira. O entrevistado é o Bruno Sara.

Antes de tudo galera, obrigado pela oportunidade e por cederem um pouco do seu tempo para essa entrevista. Estou vendo alguns rostos bonitos na página de vocês do face. Poderiam se apresentar rapidamente, dizendo como cada um começou no swordplay, o que cada um faz no clã, origem do nome do clã, signos, cores favoritas... esse tipo de coisa.
Eu sou o líder, no momento sou eu que cuido da parte do treino e programa as atividades e o conteúdo do clã.
Gilialison Fernandes é o vice-líder, responsável pela forja e mantém contato com parceiros.
Tatiane Braga cuida da nossa saúde nos treinos, quando se trata de lesões, machucados ou medicamentos está sempre à disposição.
Sabrina Morais responsável pela compra do lanche, função importante, pois ela não deixa a gente se alimentar com besteira.
Bennyson Bezerra trabalha até dia de domingo e chega tarde infelizmente nos treinos, mas está sempre gravando alguns vídeos e tirando algumas fotos para divulgação.
Gleyce Borges é a mais nova dentre nós, porém ela é responsável pelo cuidado com as crianças. Eu e o Gilialison éramos de outro clã, mas não concordávamos com a "doutrina" e organização e com isso resolvemos sair de lá. Mas antes de sair, óbvio, chegamos na liderança e falamos o que pensávamos e o motivo da saída. Os outros membros vieram aos poucos. Íamos de evento em evento com duas espadas divulgar nosso novo Clã, que na época se chamava Bushido Swordplay.  Embora tenha nos dado muito orgulho, resolvemos fechar por falta de mão de obra e começar do zero. Criamos então o Império Kyôdai depois de uma fase difícil, pois com o término do Bushido Swordplay os outros dois grupos resolveram nos tirar da aliança, mesmo sabendo que voltaríamos com um projeto novo... Enfim... Planejamos uma logomarca onde teria algo que representasse cada cultura ( Saxã, Nórdica, Asiática e Romana ) e as cores do grupo. Depois de muitos testes paramos de relutar e resolvemos assumir as cores do nosso Brasil e a formação em sua maior parte era dos remanescentes do antigo clã.
Sobre a origem do nosso nome, Império Kyôdai, vem pelo fato de que queríamos algo que expressasse “Irmandade” e a palavra Japonesa “Kyôdai” significa “irmãos” e já sobre o Império isso é devido ao fato de querermos expandir e deixar o nome do nosso grupo conhecido. Acredito que seja normal querer reconhecimento pelo fruto de seu trabalho.

Nossa! Vocês têm até nutricionista!!!
Hahahaah... Não, a Sabrina não é nutricionista, mas não deixa que na hora do treino venhamos a ganhar as calorias que acabamos de perder. Ela vai comprar em um determinado horário o lanche e sempre volta com frutas e suco, organiza o corte dos alimentos e organiza a fila e se ver alguém comendo porcaria briga e proíbe para o próximo treino. Ela é mandona, mas cumpre bem sua função até porque não adianta treinar e jogar fora aquilo q se propôs a fazer.

O Kyodai é uma referência nordestina no swordplay brasileiro. Quantos membros vocês têm atualmente?  É complicado manter um clã? Quais são as maiores dificuldades que vocês encontram?
Hoje contamos com cerca de 15 membros ativos e mais alguns que não mantém uma boa frequência. E isso se deve já ao maior problema que enfrentamos recentemente, um membro que fazia parte da liderança trouxe alguns membros da sua vizinhança e éramos cerca de quase 30 pessoas, não sei nas outras regiões e estados, mas aqui no Ceará pra nós era muito. Ele havia saído de outro clã no qual o considerava rebelde se assim podemos dizer, o acolhemos e ensinamos algo que até então ele não sabia, que era respeito NO COMBATE, respeito às regras, mas infelizmente não conseguimos ensinar o respeito às pessoas e sua violência era nítida. É um assunto que não gostamos de comentar, mas ele levou consigo os membros que trouxe já que foram os únicos a comprar sua estória dos fatos. Bom, sobre a complicação de manter um clã é simplesmente relativo ao mantimento de interesse dos membros, acredito que se formos capazes de agradarmos a todos e mantermos as dificuldades não acabariam, mas reduziriam bastante. Exemplo disso um jovem na cidade de Quixadá montou um clã, mas ele não conseguia manter algo eficaz e constantemente pedia nossa contribuição, hoje ele tem um reinado nosso naquela cidade. Algumas dificuldades continuam, mas hoje ele tem um apoio mais forte, não pelo fato de ser Kyôdai também é sim por acreditarmos nele, quando segundo ele, ninguém acreditou.

Quais são os maiores desafios para manter um clã de swordplay? Como vocês fazem para captar novos membros e manter uma estrutura sólida de treinos?
O Maior desafio para se manter um clã de Swordplay é referente ao armamento pois constantemente precisa de reparos e não temos uma mensalidade obrigatória, além de que parte dos nossos membros não trabalham, ou seja, não têm renda. Temos uma caixinha batizada de “Sicrano”, onde colocamos nos treinos e quem quiser nos ajudar com o valor que quiser; não estipulamos nada. Acredito que essa seja a maior dificuldade, pois quem trabalha com a parte da forja e compra os materiais sabe que nada é barato e dificilmente encontramos alguém que queira apoiar nossas idéias. É um ponto crucial já que somos uma prática lúdica que não pode, infelizmente, ser considerada como esporte, embora que erroneamente muitos fazem. Sobre a captação de novos membros, hoje em dia temos uma equipe maior, já que eu e o Gil temos outras responsabilidades. Colocamos os membros com certos desafios onde eles devem trazer pessoas que nunca participaram, como amigos, família e sempre que temos a oportunidade vamos a eventos de cultura nerd onde outros clãs organizam eventos. Como o sol nasceu pra todos aproveitamos a oportunidade e mostramos nossas qualidades tanto em batalha, quanto em conteúdo já que aqui influência bastante.

Como é a recepção dos novatos? Todo tipo de pessoa é bem vinda para treinar ou vocês têm alguma restrição?
Sobre a recepção dos novatos, nunca deixamos eles sozinhos, sempre perguntamos se estão gostando e nunca os deixamos muito tempo parados, sempre tentamos convencer a continuar fazendo alguma atividade. Já sobre restrição, não temos nenhuma, recebemos em nossos treinos qualquer pessoa que tenha verdadeiro interesse em treinar, independente de condições ou qualquer outro motivo. Óbvio sempre terá alguém que dará trabalho, mas vamos indo com ele até onde vemos que dá pra ir. Se ele se adaptar ficaremos muito felizes, caso não um adeus é sempre triste, mas é a vida.

Aqui no DF, local não é um problema para treino. Existem, literalmente, dezenas de espaços públicos disponíveis. E com vocês é assim também? Qual a maior dificuldade que vocês enfrentam para viabilizar os treinos?

Aqui é meio complicado referente a espaço já que tentamos encontrar de início um local que desse pra todos, sendo que alguns membros moram até em outras cidades da região metropolitana de Fortaleza. E isso é problema porque os melhores espaços, se assim posso dizer, ou são longe pra todos ou algum outro clã treinou uma vez e tomou como território. E se você resolver treinar naquele local, mesmo que não seja dia de treino desses clãs, gera uma confusão sem tamanho que seu BP só vai ser sobre isso. Lembrando que todo lugar é público, o difícil é explicar essa lógica.

Não existe a possibilidade de fazer um treino conjunto ou mesmo a união dos dois clãs?
Infelizmente não há essa possibilidade. Como abordei em uma das respostas, no término do Bushido Swordplay mesmo sabendo que iríamos voltar com um novo projeto, os outros dois grupos resolveram nos tirar da aliança. Aliança essa que nós corremos atrás de fazer com eles para unificar o Swordplay aqui! Com esse “banimento” se nós entrarmos em zona deles, somos tidos como invasores. Infelizmente é uma situação no mínimo nojenta, mas não nos importamos com isso, nosso espaço é muito pequeno comparado aos outros, mas com criatividade damos um jeito.

Qual é o roteiro de um treino normal do Império? O que uma pessoa que nunca veio ao treino de swordplay pode esperar do grupo?
Nosso roteiro de treino começa com aquele rotineiro alongamento e algo voltado pra parte física. Logo após, abrimos espaços para duelos onde a liderança fica passeando entre os duelistas, verificando erros de postura, o porquê de estar sofrendo ponto e tentar, juntamente com esse membro, consertar esses pequenos erros. Mais pra frente começamos as atividades coletivas onde buscamos testar seus conhecimentos estratégicos, liderança e trabalho em equipe. Lógico que sempre mantendo a diversão. Nosso foco é o fazer e se sentir bem, não buscamos rivalidade ou deixar esse sentimento paras os membros.

Como é a relação de vocês com as mídias e redes sociais? O que vocês acham dos vídeos de treinamento on-line? São válidos? Ou é só bobagem?
Infelizmente não temos "manjadores" no nosso grupo, incluindo a liderança que tenha uma intimidade com redes sociais e outras mídias. Tentamos diversas vezes fazer tutoriais variados, mas pela falta de conhecimento o produto final nunca fica bom o bastante para nós. Sobre vídeos de treinamentos achamos sim válidos, porém concordamos que não é a mesma coisa de que quando se tem um profissional lá perto de você tirando suas dúvidas. Vemos, buscamos entendimento e se não sai tão bem quanto esperado, buscamos uma forma de adaptar, mas de maneira nenhuma achamos besteira.

Como funciona a evolução pessoal dentro do clã? Até onde um novato pode chegar, se for esforçado o bastante?
A evolução pessoal de um membro do clã vai de Recruta a General, onde Recruta é o mais baixo e General é o maior reconhecimento que podemos dar a um membro que se dedica a batalhas. Porém temos evoluções onde os membros podem se dedicarem na parte apenas de estilo. Nessa categoria eles focam no crescimento naquela categoria, aperfeiçoando e mais pra frente ensinando a um novato. E também cedemos títulos para aqueles que querem nos ajudar administrativamente, mas se por acaso tiver um membro que tenha tempo e disponibilidade para fazer tudo, quem somos nós para barrar alguém que queira trabalhar!? Somos o tipo de grupo que busca ouvir todas as opiniões, porém gostamos de ouvir todas as suas razões que na sua opinião a faz tão boa.

Mais ou menos um ano atrás os Cavaleiros (meu grupo) fez uma ação social com doação de roupas e agasalhos para um lar de idosos. Vocês têm ações semelhantes? O que acham desse tipo de coisa?
Achamos esse tipo de iniciativa excelente, tanto que ano passado em um colégio de um bairro aqui nas redondezas, fizemos um evento onde a entrada era 1kg de alimento. Oferecemos just dance, RPG de mesa e Swordplay. Algumas pessoas não trouxeram e nos sentimos mal em querer barrar e cedemos a entrada, mas o resultado não foi tão insatisfatório e conseguimos ajudar a uma instituição que cuida de crianças carentes.

Vocês acham que o swordplay vem crescendo nos últimos anos no Brasil? O que falta para um desenvolvimento maior da atividade desportiva no Brasil?
Sim, o Swordplay vem crescendo grandiosamente no Brasil, exemplo nítido disso é o aparecimento de inúmeros grupos em diversos lugares. Mas nós do Império Kyôdai concordamos que crescimento não é amadurecimento e o que falta na nossa prática hoje é isso: líderes que estejam dispostos a uma melhoria no geral é não apenas no que é seu. As pessoas se fecham em seus casulos achando que fazendo algo pelo seu grupo faz algo pelo Swordplay em si, mas não. Correm atrás de benefícios onde somente quem se junta a eles podem usufruir disso e quem não quer se juntar que se exploda! Ou somos maduros e buscamos amadurecimento para a prática onde todos possam se beneficiar e entrar em concordância, ou apenas seremos números e nunca qualidade.

Caras, obrigado mesmo pela entrevista. Gostariam de comentar mais alguma coisa? Mandar beijo para a sua mãe, para o seu pai...?
Nós que agradecemos tamanho reconhecimento, ficamos muito felizes pelas suas citações e saiba que no que Betão ou Cavaleiros da Virtude precisar de nós, estaremos aqui. Buscamos algo pelo Swordplay, mas sabemos o quanto é difícil para ambos os grupos. Ficaríamos felizes se um dia nos encontrássemos nos campos de batalha, mas até lá torcemos para que tudo der certo para nós todos. Mais uma vez muito obrigado pela oportunidade.

domingo, 17 de abril de 2016

5 maneiras de capitalizar o seu grupo de swordplay

Swordplay é uma atividade lúdica, mas que exige alguns custos. Deslocamentos, adereços, bandeiras e banners, além de arsenal e manutenção constante deste mesmo arsenal são preocupações constantes de qualquer Grão-mestre ou Rei que se preze. E para fazer isso não basta boa vontade e gente talentosa: é preciso também dinheiro.
Apresento aqui 5 maneiras simples e relativamente seguras de capitalizar o seu grupo.

1 – Passa lá no Cicrano.
“Cicrano” é o simpático nome da caixa de contribuições financeiras voluntárias que o grupo Império Kyôdai, de Fortaleza – CE, possui. A caixa fica à vista de todos e contribui quem quer, da forma que achar melhor. Esse tipo de prática apela para a boa vontade do grupo e favorece um crescimento passivo das finanças do grupo. O seu caráter voluntário ajuda a dizer alguma coisa do grupo e quanto seus membros estão comprometidos com ele.

2 – Até o momento não identificamos o pagamento da sua mensalidade. Caso o pagamento já tenha sido efetuado, desconsidere esta mensagem.
É... a boa  e velha mensalidade. Cada grupo que optar por esta prática terá uma entrada de recursos mensais. Entretanto, dependendo do grupo e das condições sócio-financeiras de seus membros a mensalidade atrapalha mais do que ajuda. O fato de você pagar para bater espadinha pode espantar uma boa parte do pessoal.



3 – Eventos? Você disse eventos?
Participar e eventos nerds é uma boa forma de capitalização. Normalmente o swordplay não vai ser o carro-chefe do evento, mas mesmo assim ele ainda vai ajudar a fazer do evento um sucesso. Participar de eventos é uma boa forma de ganhar dinheiro e ainda divulgar o seu grupo. Situação ganho-ganha.

4 – Torneios
Fazer torneios é uma boa maneira de conseguir dinheiro. Você investe numa boa espada de PI para premiação e deixa que todo mundo que queria participar pague uma simples taxa de inscrição. No dia, além da competição principal, você pode colocar coisinhas para vender, como comidinhas e artesanato. Ajuda na divulgação do grupo e na socialização com outros grupos.

5 – Venda de equipamentos.
Os ferreiros do reino podem fazer armas para vender para fora e assim ajudar o caixa do reino. Esse é um método mais complicado de implementar porque já existem boas lojas de ferreiros por aí, mas se o seu grupo for excepcionalmente talentoso pode se sobressair.


É importante ter em mente que seja qual for o modo de capitalizar que você escolha ele vai ter um custo especial que é justamente a transparência e a competência com que você usa esses recursos captados. Imagine que seu grupo faz um mega evento e consegue US$300,00 dólares. Como os membros vão se sentir ao saber que o cara responsável pelas finanças gastou tudo numa festinha particular, regada à redbull, netflix e pipoca? 

domingo, 10 de abril de 2016

O poder do uniforme (ou, o hábito faz o monge)

Muitos aqui sabem que eu sou professor (se você não sabia, agora já sabe!).  Uma das mais constantes reclamações que eu recebo é sobre o uniforme escolar. Sempre que surge um grêmio novo (ou seja, todo ano) vem sempre àquela proposta sobre alterar ou flexibilizar o uso do uniforme escolar. “Imagina que louco, Betão. Todo mundo vindo para a escola com a roupa que quiser, que nem naquelas escolas americanas. Daí a gente só precisa colocar uns armários nos corredores. Não seria legal?”

Não. Não seria nada legal. O uniforme é uma identificação. Ele identifica o aluno como tal. Indica a que escola ele pertence. Promove a segurança do aluno, já que permite que se perceba com facilidade identificar quem não é aluno daquela escola. Num caso de emergência medica ou acidente, o uniforme garante ao aluno pronto acesso ao atendimento especializado, além de favorecer a sua identificação ou localização do responsável.

Tá tio, mas o que isso tem a ver com swordplay? Tudo e nada. O “uniforme” do swordplay é o seu tabardo. Ele carrega as cores do seu reino/clã e ajudam a identificar quem é você no campo de batalha. No caso de um acidente é fácil identificar a sua filiação e localizar pessoas do clã para ajudar. No caso de uma conquista todos vão saber a que clã você pertence e essa conquista recairá também sobre seus amigos. Mas, no caso de um ato desonroso, todos vão saber que seu clã é também responsável: ele ganhará a má fama por suas ações.

Em certos grupos usar o tabardo é uma conquista. Em outros é uma mera formalidade. E em outros ainda não é sequer requerida. Grupos americanos como o Dagorhir chegam a dar penalidade para quem não segue indumentária correta. Mas todos são meio que unânimes em afirmar que são necessários, se não ao menos importantes. Conheço grupos que exigem que o tabardo seja devolvido se a pessoa é expulsa do grupo. É como me explicou uma colega de treino: “aquela pessoa não é mais digna de carregar nossas cores”.

Mas o questionamento que eu quero levantar é sobre a uniformidade do tabardo. É certo ou errado fazer alterações em seu design? Mudar suas cores, seu modelo, adicionar ou retirar partes como golas, mangas e coisas assim? Cada grupo tem suas regras sobre esse assunto e não é meu desejo desrespeitar essas regras. Se seu grupo diz que é ok, mude; se ele diz que não é ok, não mude.


De minha parte tenho muitas ideias de customização do tabardo, mas sempre mantendo as cores originais. E vocês? O que acham? 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Como escolher um grupo de swordplay?

Pauta sugerida pelo leitor Luis Felipe A Nascimento. 

Bom, aconteceu. Você foi até um evento geek/de anime e viu um pessoal se batendo com espadas de espuma. Participou de uma ou duas lutas e achou legal. Agora, você quer treinar. Como escolher o melhor grupo de swordplay para você?

A primeira questão de ordem é a localização. Normalmente escolhemos grupos pela facilidade de acesso aos treinos ou a proximidade desse local em relação à nossa casa. Você não vai querer se enfiar em dois ônibus e mais um metrô num dia de domingo apenas para se bater com uma galera quando tem um grupo a 20 minutos da sua casa, não é mesmo? Então localização é um item muito importante. Reafirmo que é o primeiro item que temos que olhar.  Tenho que admitir que eu comecei a treinar com os Cavaleiros da Virtude justamente porque eles ficavam sediados  a exatos dez minutos de carro da minha casa.

Na comunidade da Liga Nacional de Swordplay, no facebook tem uma lista bem atualizada dos grupos de swordplay do Brasil. Dá um pulo lá.
(https://www.facebook.com/groups/156209394482267/)

O segundo ponto a ver é se o grupo é bem organizado. Ele é pontual? Tem uma liderança clara? Essa liderança é firme e justa? Existe uma clara divisão de tarefas dentro do grupo? Ninguém merece estar num grupo que marca o treino para as 14:00 horas, mas que só começa lá pelas 15:45. Você que esta começando agora (e você que já joga a um tempão) não merece estar num grupo onde ninguém respeita o líder.

O terceiro ponto fala das relações interpessoais. O grupo recebe bem os novatos? São respeitosos com quem está começando agora? São respeitosos entre eles mesmos?  Existem muitas panelinhas? Lutas pelo poder? Os líderes são uns babacas que se acham melhor que todo mundo? As meninas e os meninos são tratados com justa igualdade? Existe sexismo, misoginia ou homofobia no grupo? Esse ponto é bem importante. Você, menina guerreira, não merece estar num grupo que acha que mulheres são inferiores aos homens, ou que todo mundo se trata como um bando de vagabundos sem lei.  O grupo deve ser atencioso e protetor. Se você não se sente bem com ele, não fique.

O quarto ponto lida com os custos. Existem grupos que cobram mensalidades de seus membros. Outros não cobram nada. Você deve colocar este custo em perspectiva, quando houver. Afinal você já vai gastar fazendo sua espada e mandando costurar sua bata. Vale a pena gastar com uma mensalidade quando tem algum outro grupo que não cobra nada? De novo, não há nada errado em cobrar, desde que a contrapartida valha à pena.

Grupos famosos, conhecidos e renomados por sua seriedade são o primeiro destino de qualquer pretendente a cavaleiro. Vá lá, faça um treino e veja se o grupo tem o que você quer.

Serviço:

Império Kyodai: https://www.facebook.com/groups/1154851044542472/

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Em Roma, como os romanos...

Uma das lembranças mais vívidas da minha infância foi uma visita que fiz a na companhia de minha mãe a um mosteiro, onde um amigo dela estava hospedado. Antes de entrar minha mãe recomendou-me que prestasse atenção no que os outros faziam e tentasse imita-los. “Essas pessoas têm hábitos diferentes dos nossos, filho. Temos de ser respeitosos e seguir o costume deles. Essa é a casa deles e somos apenas visitantes”. Não, o passeio não teve nada fora do comum, fora o tédio e a oração antes do almoço. Acabou que esta foi uma das maiores máximas que minha mãe me ensinou: em Roma, como os romanos.

E não deixa de ser uma verdade. Quando você esta visitando algum lugar cuja cultura é diferente da sua, você tem que seguir as regras dos seus anfitriões e não as suas. Você pode até não gostar, fazer alguma cara feia e em exemplos extremos mesmo se recusar, mas são as regras deles que vão valer. A mesma fora que, quando orem visitar você, serão as suas regras que darão o tom da convivência. Minha casa, minhas regras.

Por que com Swordplay seria diferente? Apesar de seguirem um bastião sucinto de regras comuns é certo que grupos distintos têm regras distintas. Se você está visitando um grupo que não é seu, tem que respeitar as normas deles. Por mais diferente que seja. É a sua obrigação como visitante acatar as regras do seu anfitrião. É no mínimo uma questão de boa educação.

Por isso se a galera chamar para um alongamento, não faça corpo mole. Vá lá e faz o danado do alongamento, dentro dos seus limites. Se lá as lutas são sempre na modalidade carniceiro, prepare-se para largar o escudo sempre que for atingido num dos braços. E se não pode “cantar golpe”, já viu, né?

E quando alguma prática vai mesmo contra aquilo que você acredita firmemente? Simplesmente explique isso ao líder do grupo que você está respeitando profundamente as práticas deles, mas não quer participar, e se abstenha de fazer aquela dinâmica. Nada de errado aqui. Sou alérgico à cocos. Se me servirem um bobó de camarão com leite de coco eu vou reclinar educadamente porque não está nos meus planos morrer de reação alérgica.

Por isso, seja educado e deixe de melindres. Na casa do Paulinho, as regras do Paulinho...


A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...