sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Reflexões para 2018

O ano de 2017 se encerra em poucos dias. Esta é a última postagem do ano. Queria fazer uma retrospectiva do ano que passou, mas depois de ler alguns textos sobre a mudança dos estados mentais, resolvi fazer diferente. Ao invés de apenas fazer uma retrospectiva do que passou, tentarei elencar aquilo que eu aprendo neste ano.

A lição mais importante que eu pus em prática este ano foi a seguinte: “aquele que não sai para caçar acaba dormindo com fome; é preciso se arriscar para alcançar o mais e o melhor”. 2017 começou com o reino de Eldhestar lutando para sobreviver. Nascido das cinzas dos cavaleiros da virtude o reino estava se desfazendo. Mesmo com todo o empenho dos membros ele veio a ter seu fim. Os fatores foram muitos, mas o principal deles foi que a galera meio que “despilhou” de treinar. Então eu tinha duas opções: ficar a mercê de um grupo morto-vivo ou fazer um grupo novo. Reunido com alguns colegas (Manassés, Gabriel Melo e Hugo Catarino) formamos os Lordes de Ferro, com sede no Gama. Grupo que venho administrando desde agosto de 2017.

A segunda lição que aprendi versa sob liderança. “O bom líder é forjado diretamente na forja da adversidade e moldado com o martelo da vida e a bigorna da experiência”. A verdade é que eu nunca quis ser líder de um grupo. Acontece que se eu não fizesse isso, provavelmente hoje não teria onde treinar.   Além de aceitar o desafio de começar e treinar um grupo do zero eu me dispus a fazer uma liderança participativa e afirmativa, onde todos têm vez e voz dentro do clã. Tenho errado um pouco e acertado outro tanto. Mas o importante é que eu venho evoluindo junto com o grupo.

A terceira lição foi a seguinte: “nenhum de nós é mais forte que todos juntos. E não existe todos nós se um de nós está faltando”. Sei que vai soar como um clichê, daqueles bem piegas como “a união faz a força”, mas é bem isso mesmo. Eu não teria conseguido nada de não fosse o grupo maravilhoso que eu tenho. Eles não apenas compraram a ideia do grupo, mas se dedicaram de sobremaneira. Não tenho como deixar de agradecer.

A última lição que eu quero compartilhar com vocês é a seguinte: você não precisa esperar o ano novo para mudar a sua vida. Mude agora.

Estamos oficialmente de recesso. Nos veremos de novo em 2018. 




domingo, 17 de dezembro de 2017

Imprevistos (shit!) acontecem (e a importância de estar preparado para eles)

Hoje foi o último domingo de sol do ano de 2017. Clima meio nubladinho, perfeito para ir até o local de treino e passar algumas horas trocando golpes com seus colegas de reino. Mas acabou não rolando. Onde eu estava quando o ultimo domingo de sol do ano dava as caras? Estava preso no meu quarto, over medicado, me retorcendo de dor. E sem eu, não tem treino.

Ok, eu não quero parecer um babaca. Desses meninos bestas que se não forem não tem jogo de futebol porque a bola é dele. Mas acontece é que se eu não for para dar o treino, ou pelo menos para levar o equipamento da galera (todas as armas do reino ou a sua grande maioria são obra da minha forja), não tem treino. Acho que apenas três ou quatro membros do reino (3 ou 4 num universo de 20 membros mais ou menos frequentes) tem seu próprio material. E não, não dá para reunir de dez a quinze pessoas para lutar de só temos três espadas disponíveis.

Bom, você pode dizer que imprevistos, como ficar doente, acontecem. E que não tem nada que você possa fazer quanto a isso a não ser lamentar e ser um pouco compreensivo. Mas eu penso que não. Se a grande maioria dos membros já tivesse seu equipamento próprio, o fato de eu estar doente ou incapacitado de aparecer não atrapalharia os treinos.

“Ah Betão, qual é?” – interpela o rapaz de cabelos backpower e camiseta tanquinho – “Eu moro na pata que partiu! Tu imaginas como é complicado ficar andando para cima e para baixo com uma espada de espuma, num ônibus?”. Claro que eu entendo. Eu já fui para um treino de ônibus (combo ônibus + van) com saco de espadas e escudo. Mas entendo perfeitamente o seu ponto. Não é todo mundo que pode sair por aí carregando um arsenal na rua.

Outra opção seria que tivesse alguém, ou algumas pessoas responsáveis em levar parte do arsenal para os treinos. O problema é que isso maximiza as chances de alguma coisa dar errado. Imagina se eu divido o arsenal em espadas longas (Spartacus), Arming swords e espadas curtas (Bardo), escudos (Gato), Lanças (Diva) e nesse da, exatamente, o Bardo não vem.  

E como resolver esse problema? A curto prazo não tem. O ideal é que cada um fizesse sua arma de confiança e a levasse aos treinos. Ok, seu que carregar uma espada na van é complicada, mas se ela estiver numa sacolinha, fica até de boas.



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Cuidando do seu bem mais valioso

Olá amigos. Desculpem a demora em escrever, mas muita coisa aconteceu desde a última vez que eu abri este blog para falar a respeito de Swordplay e coisas assim.

Eu tenho liderado um pequeno, mas promissor, grupo de swordplay aqui no Gama. Começamos os treinos em agosto deste ano e hoje já contamos com 10-15 pessoas por treino. Os Lordes de Ferro. Já temos até um canal no youtube e uma página no face. Dá um google por nós.

E como líder eu tenho percebido que as minhas responsabilidades vão bem mais longe do que coordenar os treinos e manter o equipamento em bom estado. Os meus jogadores acreditam na proposta que eu apresento. Eles acreditam no nosso grupo. E justamente por acreditarem no nosso grupo é que e descobri a coisa mais importante que um grupo de swordplay pode ter. Seus membros.

Muito recentemente eu estava contatando alguns jogadores “turistas” e tive o seguinte diálogo com um deles:

Jogador: Depois de umas coisas que rolaram, perdi um pouco do interesse em umas coisas q eu fazia. Mas sinto falta se vocês...
Eu: Como assim?
Jogador: Antes eu adorava treinar agora é só falta de vocês, mas a cama ou alguma coisa puxa pra ficar dentro de casa, né?
Eu: Eu entendo bem a sua posição. Tem dias que eu também não quero sair de casa para treinar. Mas é só me pôr em movimento que a sensação some por completo. Não pode deixar a preguiça é impedir de você de se divertir com seus amigos. Eu estou esperando por você no próximo treino, sem falta.
Jogador: Farei meu máximo pra ir pra vocês me darem muita porrada, porque tô sem treinar a muito tempo.
Eu: Não se preocupe. Você vai ver como é bom treinar com um monte de gente. Deu 14 pessoas no treino de domingo. Muita gente para dar porrada.
Jogador: Sim, tá aumentando muito. Tô vendo eles irem treinar no calorzão, na chuva... Sua equipe é ótima ^^.
Eu: Nossa equipe. Eu não teria conseguido sem você. Nós não somos um todo quando está faltando alguém.
Jogador: Vai estar completo domingo, e eu vou estar aí batendo nas costas dos outros e correndo...

Quando você cuida bem de seus membros, os seus membros cuidam do seu grupo.


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O Sabotador

Então você finalmente criou vergonha na cara e resolveu montar o seu grupo de swordplay. Foram semanas de pesquisa na internet, olhando fóruns e grupos do facebook, navegando em vídeos do youtube, até que finalmente você forjou a sua primeira espada. Ok, não ficou essas coisas todas, mas você continuou firme. Reuniu meia dúzia de colegas que se interessaram quando você mostrou aquele vídeo com os melhores momentos do EPS 2015 e começaram a treinar.
No começo parecia aquela novela do SBT: “Éramos Seis”. Mas com persistência e trabalho duro o grupo começou a crescer. Os amigos chamaram amigos, que chamaram outros amigos e quando você viu, já tinha gente o bastante para fazer um dia inteiro de 5x5. Vocês montaram tabardos personalizados, determinaram símbolos, patentes e de repente já eram um clã, reconhecido na região.
Então começaram a surgir as “figurinhas carimbadas” que povoam a flora e fauna de todos os grupos de swordplay: os turistas (que aparecem de vez em nunca), os highlanders (que nunca morrem), os sentidos (que todo golpe pega forte), os ninjas (que ficam invisíveis até a hora de dar o golpe), as meninas alegres (que mais conversam do que jogam), os otakus (que correm como Narutos retardados no campo de batalha) e os Sabotadores... o pior tipo de criatura que pode cair no seu treino.

Um Sabotador no ninho
Os Sabotadores são um tipo especial de parasita. Eles vêm aos treinos, mas estão preocupados apenas com a sua própria diversão. Eles não ajudam em nada, não contribuem em nada. Mas antes fosse apenas isso. Além de não ajudar, a Sabotador em questão faz discurso contra a liderança, minando as boas ações do líder do clã e criando atritos desnecessários dentro do grupo.
Ele é sempre uma voz dissonante, excessivamente critica destrutiva, apontando apenas as falhas e desmerecendo todo o trabalho realizado até então. Além disso ele forma “panelinhas”, aumentando ainda mais a desunião do grupo. Muitas vezes ele também planta a semente da discórdia entre os membros, espalhando mentiras e fofoquinhas. Você sabe de quem estou falando: o famoso “leva e traz”.
Vejo a Sabotador como o pior tipo de jogador que existe. Porque tudo que ele faz tem por objetivo destruir ou desestabilizar o grupo. E depois de meses (ou mesmo anos!) atrapalhando o bom andamento do grupo, ele simplesmente abandona o clã – que ele mesmo nunca ajudou, mas atrapalhou para caramba. Mas ao sair ele não diz que saiu porque não estava satisfeito com o andamento das coisas: ele sai apontando o dedo para todas as direções, jogando a culpa nos outros membros. A culpa do fracasso nunca é dele. Ele é sempre a vítima. É sempre ele que está sendo perseguido pela liderança, ou maltratado pelos colegas.

Hora de arrancar o ninho das cobras pela raiz
Quando eu ainda trenava nos cavaleiros da virtude pude identificar algumas dessas pessoas. Algumas delas foram tão tóxicas que trouxeram prejuízos indeléveis ao grupo. Prejuízos esses que, fatalmente, levaram o grupo a seu prematuro fim.
Numa dessas ocasiões (relatada com detalhes na postagem “Diz que me disse dói mais que golpe dado em países baixos”, do dia 13 de agosto de 2016) um menino chamou seu pai ao treino para tirar satisfações comigo por uma coisa que eu nunca tinha dito!
Em outra ocasião, quando nós discutíamos a respeito do nosso tabardo, eu afirmei que não me sentia à vontade para usar uma cruz, porque desrespeitava o meu credo. Daí um cara disse mais ou menos assim: “pois eu acho que está na hora de você buscar outro grupo”. Cara, aquilo magoou bastante. E quase que eu fiz isso mesmo.

E por que as pessoas fazem isso?
Porque sabotadores são pessoas que não desejam o crescimento de ninguém e colocam a si mesmas em primeiro lugar, sempre. A psicóloga Dra. Beatriz Nayara define o sabotador como uma pessoa emocionalmente incompetente. "Por mais calculista que seja, o sabotador é um desajustado, que vai arcar um dia com o seu próprio blefe. Talvez a forma mais usual de eles atuarem seja usando de fofocas e mentiras. Mas a quem convencem com essas fofocas e mentiras? Primeiramente eles mesmos e depois qualquer incauto que caia em sua lábia”, completa.

E como identificar esse tipo de parasita?
Os sabotadores dificilmente fazem elogios; demonstram que nada do que os outros fazem é bom o suficiente; quando você mostra sua arma nova, dizem que ela não está bem “teipada”; não querem que você lute além do necessário. “Para que correr se a chegada final de todos é a morte?” dizem alguns deles. A cada passo para frente que o grupo dá, eles tentam dar dois passos para trás.
Inclusive, por incrível que pareça , existem líderes de clãs que também são sabotadores (mesmo que sejam assim de forma inconsciente). Existem líderes de clã que são inseguros e, por isso, acabam sabotando, conscientemente ou não, os próprios colegas de treino. Quando um membro do treino tenta fazer algo para melhorar, esse tipo de líder passa a mão na cabeça dele, dando a entender que ele não consegue fazer sozinho, ou pior, desencoraja a pessoa imediatamente.
Existem sabotadores que agem de forma muito sutil, quase imperceptível. Na frente do alvo, parecem bons amigos. Pelas costas, a lógica se inverte. São colegas que se fazem de amigos, nunca falam mal pela frente, mas, quando são questionados, logo apontam o dedo. Além disso, não dão o crédito devido às pessoas. Desconfie das pessoas que parecem saber de todas as fofocas que estão rolando ou que falam mal dos líderes pelas costas.
Infelizmente não existe uma forma 100% segura de se lidar com esse tipo de gente. O ideal é sempre deixar as coisas transparentes, e conscientizar os membros do seu grupo contra esse tipo de criatura. Reuniões pós-treino, para colocar tudo em pratos limpos, onde todo mundo tem o direito de falar e de ser ouvido costuma dar bons resultados. Mas o papel principal é feito por você que está lendo isso. Não seja um leve e traz. Não deixe que falem pelas costas do seu grupo ou do seu líder. Uma coisa é uma crítica construtiva e outra é a crítica apenas pela crítica. Aprenda a separar as duas, aceitando a primeira e rechaçando a segunda imediatamente.
Era isso. Vamos ver no que dá. 

domingo, 26 de novembro de 2017

Conquista desbloqueada!

Uma das coisas mais legais que os consoles da nova geração trouxe para os jogadores são as chamadas achievements (conquistas). São objetivos definidos fora dos parâmetros de um jogo. Diferente dos sistemas de missões ou fases, que geralmente definem os objetivos de um jogo eletrônico e afetam a jogabilidade diretamente, o sistema de conquistas funciona fora dos limites do ambiente de jogo. Cumprir as condições de uma conquista é chamado de desbloqueá-la.

As conquistas são incluídas nos jogos para estender a longevidade de um título e proporcionar aos jogadores um ímpeto para não só completar o jogo, mas encontrar todos os seus segredos. Elas são, efetivamente, desafios arbitrários definidos pelos desenvolvedores para serem cumpridos pelo jogador. Essas conquistas podem coincidir com os objetivos principais do próprio jogo, como completar uma fase, com objetivos secundários, como encontrar power-ups ou fases secretas, ou ainda podem ser independentes dos objetivos principais e secundários do jogo, como jogar um determinado tempo, assistir a um vídeo, derrotar determinado número de NPCs ou completar uma fase antes de certo tempo. Algumas conquistas podem levar a outras: muitos jogos possuem uma conquista que requer que o jogador consiga todas as outras conquistas.

E o que isso tem a ver com o swordplay? Bem, um dos grupos mais legais aqui de Brasília, a Ordem de Alamut, criou um interessantíssimo sistema de XP e conquistas para agitar as coisas entre seus membros. Um dos documentos a que eu tive acesso tinha mais de 100 conquistas diferentes que vão desde coisas simples como aparecer no treino, até derrotar mais de 15 oponentes pelas costas numa batalha campal.

Eu adaptei alguns deles para o meu grupo e vou colocar alguns dos mais interessantes (segundo a minha humilde opinião) aqui.

1. Ferreiro – Deve ser capaz de fazer no mínimo seis armas diferentes.
(...)
5. Aprendiz de Curandeiro – Deve entregar um relatório três métodos de primeiros socorros e demostrar no treino.
(...)
11. Mestre Espadachim – Deve ter domínio sobre qualquer categoria de Espada. Conhecer suas posturas, ataques, defesas, contra-ataques, medidas de cada espada, como se forja etc.
(...)
17. Imperceptível – O membro deve participar de todos os combates em grupo do dia apenas com adagas devendo matar pelo menos 15 membros pelas costas. Não contará usos de adagas de arremesso ou magia.
(...)
20. Voraz – Sobreviver 15 vezes na modalidade jogos vorazes.
(...)
24. Colecionador de armas: Possuir um arsenal completo. (Duas adagas, duas espadas curtas ou médias, uma espada longa, dois machados, uma lança, um escudo, arco, 6x flechas, uma arma de arremesso, um mangual, Clava, Broquel).
(...)
31. Mestre de Reparos – Aquele que reformar 20 armas do grupo.

E como funciona? Você vai até um dos líderes do grupo e avisa que vai tentar buscar uma das conquistas. Se você conseguir a conquista ela se tornará um título para você. Algo como: Eu apresento Lorde Fulano, Mestre Espadachim, o Imperceptível, o Voraz, o mestre dos reparos.  
Experimente no seu grupo e conte como foi!

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Como montar seu grupo de swordplay?

Um guia compacto. 

Uma das perguntas mais comuns que você encontra quando circula pelos fóruns da internet é essa. Como montar um grupo de swordplay? O que é preciso? Como começar?
Bem, eu separei a minha experiência de vida, misturada com a experiência de outros grupos e coloco aqui a resposta.

1 – Arrume um lugar para treinar
O primeiro passo é arrumar um local para treinar. Ele deve ser público, visível e seu uso deve ser livre. Quem sabe um campinho de grama do lado da pista de caminhada, uma área verde no centro da cidade, uma praça, um parque público...
Antes de começar a treinar verifique se o lugar tem alguma contraindicação.  

2 – Arrume interessados
Não dá para treinar sozinho. Por isso reúna-se com outros interessados em tocar a sua ideia para frente. Pode ser um colega de escola, um bróder da faculdade, um amigo que curte coisas nerds... pouco importa. Reúna-se com esse pessoal e comece a treinar.
2.1 – Se você não sabe lutar aproveite os tutoriais da internet. Tem muita coisa boa por lá e você pode aprender para caramba.

3 – Crie um nome bacana e um símbolo para o seu grupo. Vale em inglês, pode ser em alemão, pode ser em árabe, pode ser até numa língua que não existe, como o dialeto dos elfos de Tolkien, mas crie um nome. O nome pode transparecer seriedade como a ordem de Alamut ou ser comédia como os defensores da cachoeira de Makka-ku, pode ser histórico ou de fantasia. Tanto faz, desde que reflita quem são vocês.
3.1 – Batas ou tabardos são opcionais, mas existem bons tutoriais de como fazer o seu sem gastar muito e sem ter afinidade com agulhas e linhas.

4 – Arrume equipamento. Produza algumas peças de armas – no começo não precisam ser muitas. Espadas, machados, escudos, lanças, adagas, enfim o que você puder fazer. Tutoriais na internet  não faltam para ajudar você a fazer seu arsenal.

5 – Treine. Sério. Vá lá e treine toda semana, nos mesmos horários. Isso passa a mensagem que vocês são sérios e ajudam as pessoas interessadas a buscarem o treino de vocês. Mesmo que o treino seja você e um colega, esforce-se para estar lá sempre que for marcado.

6 – Faça divulgação. Divulgue seu grupo com cartazes, chamadas na internet, eventos de anime e coisas do gênero. Deixe cartazes e banners nas universidades, colégios e cursos da região. Convide amigos, e peça que amigos convidem mais amigos.


7 – Tenha paciência. Não é da noite para o dia que você vai ter um grupo de 40 pessoas correndo para todo lado no seu campo de batalha. O segredo é persistência. 

Serviço:
Tabardos a preços baixos: 
http://www.swordplay.com.br/2016/06/29/tutorial-tabard-basico/
https://www.youtube.com/watch?v=wGU4AEqA4fw&t=9s
https://www.youtube.com/watch?v=OwHsJVzMNBI&t=29s

Espadas e coisas do gênero:
Sabre: 
https://www.youtube.com/watch?v=X6NcGO8jU7M&t=
Espada e escudos: 
https://www.youtube.com/watch?v=COTG8INu0wg
https://www.youtube.com/watch?v=nY0s0fA7CBA&t=
https://www.youtube.com/watch?v=vTOMnnH_ojg&t=
https://www.youtube.com/watch?v=X06VuKNOVYU
https://www.youtube.com/watch?v=B9ixHvXuCWE&t=2s
Machado:
https://www.youtube.com/watch?v=1fZC_o-DXKo

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Excesso de Competitividade no swordplay - Vídeo

Essa semana o texto é um vídeo, estreando o nosso canal do youtube.

https://www.youtube.com/watch?v=dDTH8eHEmMA


Confere lá.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Lá e de volta outra vez.

Estava passeando pelas comunidades de swordplay do facebook quando me deparei com uma postagem assaz intrigante.

Dúvida: como eu faço pra voltar para um grupo que eu fui expulso a 10 mil anos atrás?

Num primeiro momento achei que se tratava de algum tipo de brincadeira ou zoeira, já que ela tinha sido postada na Liga Nacional de Swordplay (Freepost), um lugar conhecido pela quantidade absurda de abobrinhas relacionadas ao swordplay. Mas depois, lendo a postagem em questão, percebi que se tratava de um assunto muito sério.

A primeira pergunta que se pode fazer diante de uma postagem dessas é “o que diabos você fez para merecer uma expulsão?”, em primeiro lugar. Consultei alguns amigos de outros grupos que foram categóricos em afirmar que a expulsão é uma punição reservada para infrações muito graves. Graves mesmo. “Não temos uma quantidade muito grande de membros” firmou um colega de São Paulo “Por isso fazemos o possível para contornar as situações adversas que aparecem nos treinos. Muitas vezes uma boa conversa e alguns dias de molho resolvem o problema. Expulsão apenas em último caso”.

Entretanto nem todos os grupos são assim. Em alguns casos as expulsões são arbitrárias. Existem “diferenças criativas irreconciliáveis” entre a liderança do clã e a pessoa que foi expulsa. Em algumas situações tem a ver com implicância ou com o jeito de ser da pessoa que foi expulsa. Enquanto pesquisava para este artigo esbarrei com uma pessoa que foi expulsa porque estava namorando com a ex-namorada do líder do grupo.

Nestes casos existe pouco o que pode ser feito. De forma pragmática existem dois caminhos possíveis. O primeiro deles é esperar a poeira assentar e depois de algum tempo buscar a redenção. Essa é a opção de agir como pessoas maduras e conversar com as lideranças se desculpando, dizendo como mudou e prometendo que não voltará a cometer os mesmos erros.

Outro caminho, igualmente pragmático é seguir em frente. Pode ser que você considere que sua expulsão foi injusta e que não vale à pena voltar para o grupo antigo. Simplesmente busque abrigo em outro grupo. Se não houver um grupo disponível você ainda tem a opção de fazer o seu mesmo. A internet está cheia de bons textos e vídeos sobre como você pode começar.

Mas existem casos em que a expulsão não pode ser reversível. Estes raríssimos casos não são um simples problema de comportamento, ou atitude. Existem casos em que o que está em jogo é o caráter e, por conseguinte, a segurança dos envolvidos. Pessoas que falam mal de seus grupos, semeiam a desunião e jogam membro contra membro devem sim ser expulsos. Pessoas assim são tóxicas e nocivas e não importa para que grupo se desloquem, continuarão a trazer experiências ruins pata todos à sua volta.


No fim tudo uma expulsão é sempre um pouco traumática. Para o bem ou para o mal é uma mudança sólida e muitas vezes necessária. 

sábado, 16 de setembro de 2017

Dicas rápidas de um bom treino

Para quem não sabe, estou coordenando dos treinos dos Lordes de Ferro, na cidade do gama – DF. Todo domingo, a não ser por força maior. Por conta disso tenho estudado muito sobre como gerir um grupo e sobre como conduzir atividades físicas – essa segunda parte está sendo bem complicada.

O objetivo do curtíssimo texto de hoje é trazer algumas dicas (seis no total) para quem está começando a treinar swordplay.

1.       Não exagere.
Para começar, quem não tem o costume de se movimentar precisa ter em mente a necessidade de dar os primeiros passos e seguir aos poucos, sem exagerar.

2.       Não desista no primeiro obstáculo.
Após o início das primeiras atividades, é importante não desistir. É preciso manter-se ativo, focado, firme e forte nos exercícios e movimentos até que eles façam parte da sua rotina.

3.       Não desanime com a falta de tempo.
Depois que o treino começar a fazer parte da sua rotina de exercícios, é importante não desanimar, nem deixar o trabalho, a universidade, os filhos ou outra ocupação atrapalhar seu movimento. Precisa de um bom estímulo? É simples. Chame um amigo para praticar junto!

4.       Não desanime pela falta de resultados rápidos.
Quer outro bom motivo para não deixar de praticar swordplay? Pense nos benefícios que o esporte e as atividades físicas trazem para sua saúde. Pode ser que você não esteja lutando tão bem quanto gostaria, mas é só uma questão de tempo.

5.       Pratique de cor (e salteado)
Ainda precisa de mais um argumento? Então, lembre-se do coração. Ele precisa de movimento para ficar forte e levar você vida à fora. Você não quer perder o ônibus só porque não conseguiu dar um pique até a parada, não é mesmo?  

6.       A ciência para se sentir melhor
Está mais que comprovada a importância do movimento para o aumento da autoestima das pessoas. Com a autoestima lá em cima, os benefícios virão em diversos momentos: o estresse diminui e o trabalho fica melhor. Vai ser mais fácil até pra cumprir as metas do dia a dia.


Apesar de tudo, é preciso ter em mente que isso nada disso vai fazer sentido se não for feito com prazer. Se você não gosta do swordplay (ou de qualquer outro esporte) não force. Procure outra modalidade em que você se divirta. O importante é curtir o tempo que você tem disponível e não ficar se torturando por conta dele. Agora, se você gosta de swordplay, o que você está esperando? Um convite para fazer parte da távola redonda?  

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Pedra que rola não cria limo

Mudanças...

Mudar não é fácil. Sair da nossa zona de conforto, do caminho que estamos acostumados, da situação que sabemos lidar são verdadeiros desafios que persistem na humanidade desde tempos imemoriais. Extensa literatura pode ser encontrada para ajudar a compreender como a mudança, que é, ironicamente, uma das únicas constantes da vida, pode ser abraçada.

E nesses dias eu tomei uma dose extra de coragem para fazer algumas mudanças. Para que não sabe, eu fazia parte do reino de Eldhestar, antigamente conhecido como Reino dos Cavaleiros da Virtude e ainda antes disso conhecido como Lobos do Sul, sediado na Região Administrativa de Santa Maria, no condomínio Santos Dumont, em Brasília. Este grupo em especial já chegou a sediar treinos com mais de 50 participantes. Durante muito tempo ele manteve-se bastante ativo, mas de uns tempos para cá foi se esvaziando. Coisas como preparação para vestibular, emprego, faculdade e demais responsabilidades da vida foram afastando seus membros mais atuantes até que não havia quem pudesse ministrar os treinos, guardar o arsenal e se responsabilizar pela coisa toda. Não apenas isso, mas muitos membros “despilharam” de jogar swordplay. Nada mais natural. As pessoas pilham e despilham o tempo todo.

Então eu me vi preso com um grupo de pessoas que não queriam mais jogar ou que não tinham mais tempo para jogar. O que é que eu poderia fazer? A opção era montar um novo grupo, em outra Região Administrativa do Distrito Federal e começar tudo de novo, ou ficar se lamentando porque não tinha mais treinos. Abracei a primeira opção. Começar do zero. Sem nome, sem fama, sem arsenal, sem símbolo, sem nada.  

Conversei com pessoas interessadas em montar um grupo na Região Administrativa do Gama. Descolamos um bom local, perto da rodoviária da cidade e começamos os treinos aos domingos.

O primeiro treino teve pouco mais de quatro pessoas. Foi um risco assumido fazer um treino em pleno domingo dia dos pais. Mas no final de semana seguinte o número aumentou. Estamos no nosso 4º treino, com uma média de 13-15 pessoas por treino e 29 pessoas no nosso grupo do facebook.

O grupo em si me surpreendeu desde o nosso terceiro encontro. A ideia original é que o grupo fosse uma das bases da Aliança de Beufort, mas o grupo decidiu que no momento não queria fazer parte de nenhuma agremiação existente. “Não vou ‘bend the knee’ para um rei que não conheço” disse um dos meninos, fã de GoT. “Podemos dar conta de nós mesmos, professor. Se cada um fizer sua parte, podemos dar certo”, disse outra menina. Então foi o que fizemos. Estamos sós, stand alones e adorando cada momento.  

Em votação aberta no face escolhemos o nosso símbolo. Um corvo. O nome? Ainda não temos. Vai ser escolhido até o final do feriadão. Por enquanto somos os Lordes de Ferro, reino autônomo. Foi decidido também pelo grupo que não vamos seguir um sistema de cores de batas. Ou seja, qualquer membro pode criar a sua Bata com o sistema de cores que achar melhor. Pode fazer uma toda preta ou uma toda branca, pode misturar as cores, pode homenagear o seu time favorito, ou a sua escola de samba campeã do carnaval. É com o jogador. Pode fazer mais de uma, inclusive. O que vai nos separar do resto do mundo é o símbolo que vamos usar no peito: o nosso corvo.  

Outra coisa que ficou decidido é que se o jogador quiser fazer um brasão pessoal, está liberado. O jogador pode usar o brasão pessoal no lado esquerdo do peito, numa versão menor, ou nas costas com uma versão bem maior.

Por enquanto é isso. Treinamos todos os domingos, a partir das 14:30-15:00 horas, ao lado do Galpãozinho do Gama, do lado da biblioteca pública da cidade, em frente a galeria do Super Frota, perto da Rodoviária da cidade.




OBS: neste feriadão de 07 de setembro não teremos treino. Vamos ao festival medieval de Brasília. 

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Espadas, espadas, espadas...


Qual a melhor espada para você? 


Quando você começa a treinar swordplay muitas coisas vem na sua cabeça. E provavelmente uma das perguntas mais comuns é justamente qual é a melhor espada para ser usada. Eu garanto a você que esta pergunta já gerou dezenas e centenas de milhares de flame wars na internet. Todo mundo que luta ou que treina algum tipo de esgrima tem a sua espada favorita. Isso seja lá por que motivo for. Tem gente que se agarra a motivos históricos, tem gente que se agarra a ideia de vídeos que viu em algum lugar da internet, tem gente que conclama que a espada de determinado anime ou seriado é melhor que a de outra... Enfim não é mesmo sobre isso que eu quero discutir. 

Se você olhar com atenção o título deste texto vai perceber que eu coloquei uma particularidade na pergunta. Eu perguntei "para você". Mas quando eu fiz isso eu não estava tratando apenas de uma questão de opinião. A pergunta que eu faço atravessa o subjetivismo com uma certa clareza e pergunta de maneira distinta qual é a espada mais indicada para você. Sim, você que está lendo isso.  

A melhor maneira de responder esta pergunta é através do empirismo. Ou seja você, caro leitor, é quem deve experimentar todas as espadas que você puder e assim escolher o estilo de luta que mais lhe agrada. O meu conselho, neste caso, é que você vá com o espírito aberto e "desarmado". Se você já for para experimentar as espadas pensando que esta ou aquela já é, automaticamente melhor, e que você está apenas confirmando isso, você está fazendo errado. É um péssimo começo. Vá experimentar sem medo de se descobrir fã desta espada ou daquele estilo em detrimento de outro. Não existe nada de errado em mudar de ideia. "Só não muda de ideia quem não tem ideia".  

Eu mesmo comecei swordplay achando que a espada japonesa era o que havia de mais avançado quando assunto era esgrima. Pode parar de rir, você aí que está fazendo tranças no cabelo, usando uma bata azul com o que parece ser um corvo estampado no meio do peito. Eu vim direto do kenjutsu para o swordplay. Nada mais natural que eu achasse mesmo que a espada Samurai fosse melhor que todas as outras. Com o passar do tempo me identifiquei mais com a esgrima alemã e depois disso passei a usar o escudo. Hoje eu sei que não existem espadas melhores ou piores do que outras, especialmente quando vamos jogar boffer swordplay. Existe apenas uma questão muito pessoal de gosto. Mas a espada que mais se adequa a mim, as minhas necessidades, é a espada longa de uma mão e meia, usada em conjunto com escudo. 

Mas eu só cheguei a esta conclusão quando eu passei a ser honesto comigo mesmo e quando eu passei a querer realmente encontrar a espada que melhor se adequasse ao meu estilo de luta. Se eu continuasse preso aos antigos estereótipos que eu tinha provavelmente eu seria um infeliz espadachim usando uma katana e uma wakizashi. 

Então o meu conselho para você e vai em frente e experimente o máximo de espadas que você puder. Descubra aquela que melhor serve aos seus propósitos e objetivos dentro do jogo. E não tenha medo de mudar de arma ou categoria apenas porque você já tem um certo nível na sua arma ou categoria antiga. O importante neste caso é que você se divirta.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Orgulho

O leitor Daniel Aureliano sugeriu como tema "quando o orgulho atrapalha do desenvolvimento da pratica". Segue abaixo Daniel. Obrigado pela dica.
 
De acordo com pesquisa da universidade de Oxford na década de oitenta, o português figurava entre os 10 idiomas mais difíceis de aprender em todo o mundo. Nova pesquisa realizada no começo dos anos 2000 deixou o português de fora. Não figurava mais nem no top 10. Eu achei um grande equivoco. O português é uma das línguas mais difíceis de aprender. Mas não é por sua gramática – que é complicada, sem dúvida, mas nada fora do comum – mas por suas pequenas exceções e particularidades. Pegue a palavra “manga”, por exemplo. Ela pode se referir a manga da camisa, pode se referir à fruta, pode se referir ao verbo mangar (rir de alguém, fazer troça, zoar) e ainda pode ser associado ao quadrinho japonês (mangá). Como é que uma íngua dessas não é complicada, meu deus?

Mas é no swordplay que a língua portuguesa lança alguns de seus mais interessantes dilemas semânticos. Uma palavra que usamos o tempo todo, mas que pode ser ao mesmo tempo a fortaleza ou a ruina de um jogador ou grupo. Falo da palavra “orgulho”.

Existem duas formas dialéticas de se compreender o Orgulho. Uma delas diz respeito ao “sentimento de prazer, de grande satisfação com o próprio valor, com a própria honra”; a outra versa exatamente sobre  “sentimento egoísta, admiração pelo próprio mérito, excesso de amor-próprio; arrogância, soberba”. Assim, o termo pode ser empregado tanto como sinônimo de soberba e arrogância, quanto para indicar dignidade ou brio de alguém ou de alguma coisa.

Filosoficamente não se pode classificar o orgulho como uma virtude, uma vez que ele não é uma ação voluntária e sim um sentimento. A grande questão é que, como sentimento, muitas pessoas não aprenderam a controlar seus sentimentos e usá-los a seu favor.

Em um primeiro vislumbre não existe nada de errado em se orgulhar de alguma coisa. Você fez uma espada bonita e que todo mundo elogia; o seu grupo é conhecido por luar bem e ser honesto e honrado no campo de batalha; seus colegas são famosos por falarem a verdade. Não, não existe nada de errado em se orgulhar de coisas assim. O problema é quando orgulho vem em excesso. O orgulho em excesso pode se transformar em vaidade, ostentação, e soberba. Isso tudo pode levar o indivíduo (ou o grupo, em alguns casos) ao chamado egoísmo, sendo visto como uma emoção negativa. Uma nova evolução pode realmente acontecer: a passagem do Orgulho para a Arrogância, se ela não o for constantemente patrulhada com nossa Sabedoria.

Neste caso em que se estabelece uma relação entre orgulho e arrogância, ela se torna um tipo de satisfação incondicional. Quando os próprios valores do grupo ou do indivíduo são superestimados levam as pessoas a acreditarem ser melhores ou mais importantes do que os outros. E esse é um sentimento desagregador, que causa cisão entre os membros de um grupo.

Nunca é demais lembrar-se de que nenhum de nós é melhor que todos nós juntos. O fato de eu ter uma espada ou um escudo melhor do que você, não me faz melhor. O fato de eu lutar bem não significa nada além disso, e só deveria ser motivo de satisfação até um limite onde eu posso empolgar os outros ou ensiná-los a serem tão bons como eu.


O trabalho de combater o orgulho no esporte deve vir de todos os lados. Devemos ser vigilantes não apenas com o comportamento do outro, mas com o nosso mesmo a fim de evitarmos que ele deixe de ser um sentimento positivo de auto realização e se torne algo destrutivo. 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Honra!

O leitor e cartomante Giovanni Borghi de Vasconcellos pediu (ou previu) que eu escrevesse (ou escreveria) um texto sobre a relação honra-honestidade x trapaça-ma fé. Eis o resultado abaixo.
  
Eu me recordo de muitas lições importantes que eu aprendi enquanto treinava kenjutsu no Instituto Niten, em Brasília, sob a atenta supervisão do Senpai Ricardo Lopes. E uma dessas lições ajudou a moldar o meu caráter de forma indelével.

Era uma tarde de outono e estávamos treinando no clube militar do SMU de Brasília. Era uma quadra poli esportiva muito bonita, mas razoavelmente mal cuidada. No final daquela tarde houve alguns shiais (lutas simples) entre os membros mais graduados. Um espetáculo de técnica, estratégia e habilidade. Um desses shiais, já feito em completa penumbra, revelou a luta entre dois senpais muito graduados. Foi lindo e no final um deles – acredito eu que o menos graduado – sagrou-se vencedor. Quando foi anunciada a sua vitória ele mal podia acreditar e permitiu-se uma tímida comemoração. Nada mais que um simples puxão de punho em direção ao peito (o famoso yes!).

Eis que o Senpai Ricardo imediatamente alterou o resultado da luta, dando a vitória para o outro lutador. A explicação foi lacônica: “na vitória ou na derrota as virtudes do bushidô devem prevalecer sobre nossos sentimentos”.

E o que foi que o lutador fez de tão errado? Ao comemorar a vitória ele esqueceu-se de três virtudes do caminho do guerreiro: o Rei (Respeito), o Makoto (Honestidade) e o Meiyo (Honra). Sim, tudo isso com um simples yes!

Foi neste dia que eu aprendi esta valiosa lição que agora compartilho com vocês. Seguir o caminho do guerreiro é dar ênfase à lealdade, fidelidade, coragem, justiça, educação, humildade, compaixão, honra e acima de tudo, viver e morrer com dignidade. Ou seja, ser honrado significa ser o juiz de si mesmo. As escolhas que você faz e como você trabalha para obtê-las são um reflexo de quem você realmente é. Você pode se esconder dos outros e até mentir para eles, mas você não pode se esconder de si mesmo.

E no boffer swordplay poucas coisas são tão valiosas quanto o tripé das virtudes Honra-Honestidade- Humildade (que são, não por acaso, o lema não escrito da Aliança de Beufort). Sabe por quê? Porque, diferentemente de outros esportes de contato, no boffer swordplay, eu preciso confiar na palavra do outro. Enquanto que em outros esportes a catimba, a trapaça, e a mentira são valorizados (gol de mão é mais gostoso...), no swordplay a honestidade, a verdade e a honra é que são valorados. Melhor perder honestamente do que vencer trapaceando.

E justamente essa é ao mesmo tempo a maior fortaleza e maior fraqueza do swordplay: como eu preciso acreditar na palavra do outro, eu só vou saber que ele está mentindo em situações muito óbvias. Mesmo. Dessas que não se pode mesmo esconder. Uma pessoa que queira trapacear ou agir de má fé tem diante de si um terreno amplo e fértil. Afinal de contas, quantas vezes já não no deparamos com pessoas que não aceitam golpes que recebem (os famosos higlanders) ou que são direcionadores de golpes (os não tão famosos drivers)? Só para esclarecer um highlander jamais é atingido, mas um driver é um cara que quando é atingido perto do ombro diz que você o atingiu no pescoço ou em outra área proibida.

E como resolver essa questão? Não é uma coisa simples. Como um bom “advogado do diabo” eu sempre procuro ver todos os lados de uma questão. Pode ser que a pessoa não tenha sentido o golpe mesmo, ou pode ser que ela ainda não tenha entendido que viver e morrer de forma honrosa seja mais importante do que vencer no swordplay. Pode ser que ela ache mesmo que ninguém está vendo, ou que ela ache que assim como ela usa o “jeitinho” brasileiro para se safar de outras situações, pode fazer o mesmo com o swordplay.

De qualquer forma é uma situação espinhosa. Eu sempre comparo isso a dizer para alguém que o seu desodorante venceu ou que ele está com mau hálito... Nunca é uma tarefa fácil.

O que eu posso garantir que funciona à longo prazo é a educação contínua de seus colegas de treino e de você mesmo. É relembrar, de tempos em tempos, que essas práticas não são permitidas, desejadas ou mesmo incentivadas. Que é “feio e errado” trapacear no jogo. Não respeitar as regras é um ato essencialmente egoísta: em busca de uma falsa satisfação de que se é o melhor, você estraga a diversão de todo mundo à sua volta. Sério... Não dá para ter respeito por gente que age dessa maneira.
Em casos rotineiros uma boa conversa e alguma supervisão personalizada costumam resolver. Em casos mais graves uma bronca, e quando a pessoa não aprende mesmo, a suspensão dos treinos e até expulsão. Ou se aprende por bem, ou se aprende por mal.

“E como é que se faz quando o problema está acontecendo num evento? No EPS desse ano eu vi um grupo que não morria nem que dessem um tiro de 38 na cara deles.” Disse a líder de clã com uma bata fashion cor de vinho com borda dourada. Daí eu não sei. Eu tentaria conversar com o líder do clã em questão e se não desse resultado eu falaria com o pessoal do evento. Se mesmo assim não funcionasse eu tentaria evitar esse pessoal em campo de batalha. Neste caso o ostracismo parece ser um remédio amargo mas eficaz.

“Mas e se eu quiser bater de volta no cara, com mais força, para curar o higlanderismo dele na base da porrada?” pergunta o rapaz barbudo, meio clone de Ragnar, com óculos escuros e bata vermelha e amarela. Você pode, claro. Mas eu não aconselho. Aliás eu enfatizo que você não deve fazer disso. Não se cura o mal com o mal.

Então, era isso. Até a próxima. 


sexta-feira, 21 de julho de 2017

Swordplay nos jogos Interclasse CEM 02 - 2017

Eu sou uma pessoa acostumada a escrever e a falar em público. Para você que já é meu leitor não deve ser nenhuma surpresa saber que eu sou professor da rede pública de ensino.  Eu tenho uma certa fama na escola e entre meus amigos por sempre ter o que dizer. Por nunca ficar sem palavras ou argumentos sobre qualquer assunto.

Mas o que eu vivi nos últimos três dias, dentro do meu ambiente de trabalho favorito (a escola), reunindo um dos meus hobbies favoritos (o swordplay) me deixou sem palavras. Esta não é a primeira versão deste texto, mas é com certeza a versão que mais me agradou até agora.

Vou recorrer a um velho truque dos escritores, que é fazer uma recapitulação dos fatos, para ver se o texto flui. Então, vamos voltar até o ano passado quando eu introduzi a modalidade de swordplay nos jogos interclasse na minha escola. Foi um sucesso moderado, mas como tudo que acontece pela primeira vez foi bagunçado e meio descontrolado. Com os erros de 2016 eu tentei preparar cuidadosamente os jogos de 2017. Mas nada do que eu fiz me preparou para a sucessão de eventos que eu narro a seguir.
Isso aqui não deu nem para o cheiro


Combinei com os alunos e com a direção da escola que faríamos uma “oficina” de swordplay, onde eu ensinaria os alunos a forjarem as armas que eles usariam nos jogos daquele ano. Dessa forma cada aluno deveria trazer um cano PVC de ¾, duas tampinhas de garrafa pet e um espaguete de piscina para que, juntos, fizéssemos as espadas que eles usariam no torneio do dia seguinte. Na véspera da oficina fui até a loja Kalunga para comprar os materiais da oficina.
Todo mundo aprendendo os rudimentos da espada

Com o auxílio da professora de artes (querida Telma) começamos a oficina de construção na sala do laboratório de redação. Iniciamos os trabalhos com dois rolos e meio de fita Silver Tape (num total aproximado de 125m), três quartos de fita Silver Tape preta (35m), dois rolos de fita isolante, três quartos de lata de cola de contato, 10 isolantes térmicos de sete oitavos, estiletes novos... E não conseguimos terminar fazer e de cobrir todas as espadas.

No dia seguinte comprar o restante do material extra para cobrir as espadas. Tivemos que mudar o cronograma dos jogos. No planejamento original a quarta feira estava marcada para fazer as espadas e para dar treinamento básico para os alunos. Não deu. Usamos parte da quinta feira para terminar as espadas, dar treinamento básico e fazer duas das três modalidades propostas para os jogos.
Ainda na quinta fiz um rápido concurso para ver quem forjou a melhor espada. Três alunos foram escolhidos os melhores forjadores: Lailla Emilly (2ºJ), Fellipe Araujo Lima (3ºO) e Anna Eliza (3ºK).
Não tem como deixar de agradecer a todos os alunos que fizeram destes primeiros dias de gincana um exercício maravilhoso de trabalho e criatividade. Vocês, que nunca tinham forjado uma única espada na vida, me ensinaram muito mais sobre forja e criatividade do que eu jamais pude aprender com outras pessoas.
Os forjadores e suas armas prontas
Na quinta feira fizemos as duas primeiras modalidades. O famoso “X1” e o já tradicional “Jogos Vorazes” na escola. Foi um fim de tarde muito divertido e muitas vezes esqueci que estava coordenando uma competição. Os alunos jogavam com coragem, raça e honestidade, de tal forma que fariam inveja a muitos veteranos catimbeiros que existem dando sopa por aí.
X1 foi intenso



Os tributos se preparando para os jogos vorazes

No X1 destacaram-se os alunos de Djonatan Washington (2ºK), com o primeiro lugar; Luann Oliva (2ºQ) com o segundo lugar, e Kevin "Madonna" (3º M) que levou um honroso terceiro lugar.

Já na modalidade Jogos Vorazes tivemos uma espécie de repeteco com outros que já haviam ganhado antes: desta vez o Fellipe Araújo Lima ficou em primeiro, seguido pela Lailla Emilly e com o Kevin de novo em terceiro lugar.  Os melhores colocados do ano passado foram ficando pelo caminho.

O ponto alto do “terceiro” dia de eventos para swordplay foi a disputa entre equipes de quatro pessoas para o pega-bandeira. Usamos uma variação das regras de pega-bandeira à moda de Eldhestar para deixar as coisas mais dinâmicas. 5 equipes foram inscritas:  Azul 1, Azul 2, Vermelho, Verde e Preto (ok, concordo que precisamos melhorar o nome das equipes). O resultado do pega bandeira do swordplay acaba de sair. A equipe Azul 2 terminou empatada em primeiro lugar com a equipe Verde conseguiu um total de 100 pontos. A equipe Preta empatou em segundo lugar com a equipe Azul 1 e a equipe Vermelha não conseguiu nenhuma vitória.


Esse foi sem dúvida o dia mais divertido porque os alunos aprenderam o real sentido do swordplay: companheirismo, amizade, respeito, honra e honestidade. Muitas vezes eu não precisava advertir o jogador quando ele fazia alguma coisa errada. Ele mesmo se desculpava com o colega e assumia a punição combinada. Os próprios jogadores se policiavam, com muito respeito e honestidade. Uma coisa linda de se ver e que eu vou sentir falta quando for jogar com pessoas mais “experientes”. Eu fiquei verdadeiramente impressionado com o caráter dos meninos e meninas que deram seu suor e fôlego nos jogos de hoje.

E sabe que outro saldo positivo eu tive? Somo s a única modalidade (fora o xadrez) que não teve incidentes relativos á briga dos alunos uns com os outros. Não teve briga, incitação e nem mesmo xingamentos. Bem difernte da queimada feminina e do futsal masculino que exigiram intervenção da direção da escola. 

No final do dia tivemos uma rápida confraternização. Amanha teremos o encerramento dos jogos e vou para a festa com a sensação de dever cumprido. Para o ano que vem teremos reformulações. Pegar o que deu certo e manter e o que deu errado consertar e evoluir. Mas vou dar uma dica: no fim do primeiro dia o diretor da escola perguntou se os alunos iam jogar com uniformes medievais (batas, tabardos e cia!).  Respondi que era um projeto para o ano que vem. Vamos ver no que dá.


Estou mesmo muito feliz. 

domingo, 16 de julho de 2017

Meu grupo virou pó... e agora?

Ah cara, eu não sei mais o que fazer. Meu grupo de swordplay virou pó. Por que isso acontece? O que fazer quando isso acontece? Na semana passada reunimos menos de dez pessoas para treinar (...) no nosso auge chegamos a ter 40 pessoas...

Esse fragmento faz parte de uma conversa que eu tive com um colega no chat do facebook. Ele está chateado – e com razão – afinal o grupo dele está se desfazendo a olhos vistos. E pelo que eu conversei com ele nada parece fazer efeito para que isso se reverta.

Você se sente familiar com essa situação? Já passou por isso? E o que se pode fazer numa situação como essa? Procurar um novo grupo? Buscar por paliativos (tipo videogame/ academia/ esportes de contato)? Arrumar uma namorada? Maratonar todas as temporadas de TBBT?

Ponderei bastante sobre essas questões – e até assisti dois episódios de TBBT – e a única reposta coerente que consegui encontrar foi: “sei lá”.

Uma coisa que eu percebi ao longo da minha vida, e de todos os hobbies que eu já tive, é que grupos [de qualquer coisa] costumam possuir uma espécie de “prazo de validade”. Eu estimo alguma coisa entre dois e cinco anos. E foi. Alguém se muda, casa, briga, começa a faculdade, termina o colégio, começa a namorar, começa a trabalhar, tem filhos, ou qualquer outra mudança drástica que vem com o passar dos anos. Algumas vezes não precisa nenhuma mudança drástica. A pessoa continua a mesma: não casou, não tem filhos, não trabalha, não faz porra nenhuma... Basta que ela esteja de saco cheio para treinar. Já é suficiente para parar de jogar e dar uma rasteira na motivação do resto dos jogadores.

O pior é que, na verdade, muitas vezes nem dá para saber o motivo que leva uma pessoa a deixar de frequentar os treinos. No meu grupo mesmo tinha um casal que simplesmente resolveram não treinar mais, sem dar nenhum feedback a respeito.

Ah Betão, mas quem quer de verdade dá um jeito de continuar treinando. Eu tô casada, filha pequena no colo e mudei para a puta que pariu de longe e continuo frequentando os treinos sem problemas” afirma aquela menina simpática com bata branca e vermelha, segurando uma adorável e imparável bebezinha no colo.

Sim, eu sei e concordo com você. Quem quer vai e faz. O ponto é que swordplay não é o hobbie mais atrativo do mundo. Aliás, quanto mais velho você fica, mais complicado é manter um grupo regular. As pessoas mudam, envelhecem e mudam de interesse. Nada mais natural. 
  
E finalmente o que fazer? Tem muita coisa que você pode fazer a respeito, mas antes de qualquer coisa veja se vale a pena manter suas energias no seu grupo atual. Vai ver ele já deu o que tinha que dar. Ficar insistindo é meio que incentivar um cavalo morto a continuar puxando uma carroça.

Quem sabe seja a hora de se reinventar. Você pode procurar outros grupos e se filiar a eles. Quem sabe mudar o local de treinos para ver se atrai novos jogadores? Quem sabe?


Se quiser se aprofundar sobre o assunto dá um pulo neste outro artigo que escrevi: 
http://swordplaydobetao.blogspot.com.br/2016/03/a-faculdade-e-outras-doideiras-da-vida.html  

sexta-feira, 30 de junho de 2017

Esclarecimentos, definições e objetivos.

Faz pouco tempo eu fui brindado com um vídeo de uma “prática de swordplay” que aconteceu durante a feira medieval, na Quinta da Boa Vista – Rio de Janeiro – RJ, em junho de 2017. O vídeo foi postado nas redes sociais (facebook) pelo grupo que o protagonizou, a Casa Vieira Turaine, na comunidades“liga xablau de swordplay – free post” e causou uma séria discussão com os membros das listas. Quando este texto tinha começado a ser escrito, no dia 30/06/2017, o vídeo em questão já tinha mais de 70 comentários. Eu vou fazer upload de uma cópia deste vídeo no final deste artigo para que se tenha noção exata do que estamos falando.

Mas antes de começar o artigo propriamente dito eu tenho que fugir das possíveis digressões que as falácias do tipo “escocês de verdade” podem produzir. E para isso me proponho a responder a pergunta a seguir, de forma bem direta: o que é swordplay?

Swordplay é qualquer ação humana, seja ela de treino funcional, treino físico, treino marcial, competição, brincadeira, encenação ou diversão que envolva espadas ou simulacros de espadas. Dessa forma, se você treina kendo/kenjutsu é swordplay; se você treina softcombate é swordplay; se você treina HEMA é swordplay; se você faz coreografia de lutas para o teatro ou cinema é swordplay; se você imita as coreografias de guerra nas estrelas é swordplay; se você treina boffer swordplay com seus amigos é swordplay; se você vai jogar o reizado, nas ruas de Juazeiro do Norte, batendo espadas é swordplay... Enfim, tem espada no meio... bom você já entendeu.

Então o que se vê no vídeo é swordplay. Você pode não gostar, pode não aprovar, pode até mesmo querer experimentar, mas não pode dizer que aquilo ali exposto não é swordplay. Segundo as pessoas que o protagonizaram, ele reflete a prática do softcombate, imitando as regras do Battle of the Nations, mas sem armaduras. Ou seja, bater na cabeça dos outros com um simulacro de espada até que um dos oponentes esteja no chão. E no evento em questão as três ambulâncias que estavam disponíveis foram usadas para socorrer pessoas que se feriam na prática, que no facebook ganhou o título de “swordplay de respeito”.  

Uai Betão, mas se é swordplay por que todo o fuzz envolvendo o vídeo? Porque ele não é seguro. Ele não é são. Ele não é simpático.  Assim como qualquer modalidade esportiva que se preza, o swordplay deve seguir uma diretriz de “SSS”. Sadio/são, Seguro e Simpático.

Sadio/São - Referência aqui à sanidade da pratica esportiva, ou seja, o que acontece na relação não pode deve afetar negativamente outros aspectos da vida da pessoa, como família, trabalho e amigos. As atividades relacionadas ao swordplay são caracterizadas pela sua profundidade e intensidade. Os sentimentos ocorrem em fluxo, e com trocas constantes de honra, habilidade, lealdade, honestidade, desenvolvimento pessoal e confiança na mistura. Como em qualquer arte marcial os sentimentos devem ser treinados e educados, junto com o corpo, a mente e o espírito.

Seguro - Esta é a área que trata especificamente dos riscos físicos envolvidos no processo. O universo do swordplay é formado em sua essência por atividades físicas de contato, através das espadas, que podem ser verdadeiras ou simulacros. A segurança tem a ver diretamente com a capacitação e o cuidado no uso destes recursos. Existem dezenas de estudos e trabalhos publicados afirmando dos perigos da prática esportiva sem o devido cuidado com as normas e regras de segurança.

Simpático – essa parte tem muito mais a ver com a sua relação com outro. A maneira como você percebe o outro e como você reage ao outro. Muito mais do que o simples trato pessoal, a simpatia envolvendo o swordplay trabalha com a ideia ética do “cuidado com próximo”. Em muitos casos eu não preciso de um juiz: a simples palavra do outro me basta.

Não sei como funciona no Softcombate, mas no Boffer Swordplay a honestidade e a humildade com nossos oponentes falam mais alto do que um par de músculos. Isso é respeito de verdade.

Uma coisa que eu aprendi com o passar dos anos em que o indivíduo é inteligente, mas o grupo de pessoas é burro. Basta uma postagem sensacionalista de um pai preocupado sobre os malefícios desse terrível swordplay, onde o rapaz saiu com nariz machucado, ou com o supercílio aberto, para vermos uma verdadeira caça às bruxas relacionada ao nosso querido esporte. E digo isso com conhecimento de causa. Além de praticar swordplay eu também jogo RPG faz muitos anos. E na minha cabeça ainda está muito vivida a memória de quando o RPG foi associado com crimes de assassinato no Brasil, onde se você perdesse o jogo tinha que pagar com a vida. Tão absurdo quanto possa parecer essas palavras, foi assim que durante muito tempo a mídia mostrou as pessoas que jogam RPG. Ainda hoje, vira e mexe, a mídia sensacionalista desenterra o assunto querendo colocar a culpa de alguma coisa no RPG. Já fizeram com Assassin’s Creed, uma franquia multimilionária da Ubisoft. Por que não poderiam fazer a mesma coisa conosco? Será que queremos a mesma coisa com swordplay?

Veja bem: se eu me meto a jogar futebol com meus colegas, entendendo que do pescoço para baixo é tudo canela e que você pode bater à vontade, ninguém no Brasil inteiro vai querer proibir o campeonato brasileiro de futebol.

Agora se eu vou para uma feira medieval e começo a espancar os outros com uma espada de espuma até que o cara saia de lá direto para uma ambulância, as pessoas vão querer proibir essa prática por ela ser extremamente violenta. E não vão querer proibir apenas o Softcombate Swordplay da Casa Vieira Turaine. Vão colocar todos no mesmo saco e proibir.  E não pensem que não podem fazer isso. Por causa dos famosos “Caso de Ouro Preto” e do  “Caso Guarapari” envolvendo RPG, nos anos 2000, existe uma lei proibindo o jogo de RPG na cidade do Espírito Santo:

Art. 1º – Fica proibida a exposição e comercialização, em bancas de jornais e revista e demais estabelecimentos congêneres, de CDs, DVDs, Livros e demais publicações referentes a “Jogos de Interpretação de Personagens”, conhecidos como RPG – Role-playing game. (lei nº 2605, de setembro de 2005). No site da Câmara Municipal, consta que a lei ainda está em vigor.

É óbvio que se trata de uma lei inconstitucional, pois estabelece censura prévia, violando liberdade de expressão expressamente garantida pela Constituição. Até aqui na minha vizinha Minas Gerais, onde um procurador federal propôs a proibição de livros e dvds destinados a jogos de RPG, já se chegou à conclusão de que não se pode proibir a circulação dos livros, sendo permitida apenas a classificação indicativa do material. Mas não é isso que vem ao caso. A pergunta que eu faço é: você quer que seja feita uma lei proibindo o Swordplay, por conta de como meia dúzia de irresponsáveis apresenta a prática por aí?

Eu não conheço nenhum pai ou mãe que depois de ver um vídeo como esse vai deixar o filho dele chegar a menos de 100 metros de uma arena de swordplay.

“Ah Betão mas é todo mundo maior de idade!” Sim eu já sei disso. Mas se você não quer que o esporte morra quando você ficar paraplégico, depois de levar uma canada na coluna, não é mesmo?

É melhor que comecemos a olhar direitinho o que é que estão fazendo com o nome do esporte que nos une a todos. E essas não apenas preocupações minhas. Nas palavras de Daniel Aureliano, que esteve presente no evento “Mas o pior de tudo foi a imagem que ficou depois, pais preocupados de deixar o filho participar da arena de swordplay achando que era a mesma pratica... Pois viram a violência desnecessária e pessoas saindo sangrando... Aos olhos leigos tudo e a mesma coisa e isto macha de sangue e preconceito nossa atividade”. Seguindo com as palavras de Felipe Almeida (praticante de Softscombate Swordplay e Reencenação Histórica): “Além de não ser softcombate, pode manchar a modalidade e afetar todos que praticam o soft com segurança e responsabilidade”.

Percebam que eu não estou proibindo a casa Turaine de Vieira ou seja lá quem for de jogar swordplay como achar melhor. Quem dera eu tivesse esse poder. Mas não vou me furtar de criticar uma postura irresponsável como a que foi demonstrada no vídeo, uma vez que ela não afeta apenas quem foi "passear de ambulância", mas também afeta outros grupos – esses sim formados por pessoas de comportamento mais sadio e feliz e que não precisam de extrema violência gratuita e aberta para se divertirem. Mesmo sendo alvo de minha preocupação, por serem seres humanos, o que cada grupo faz em seu particular não me compete proibir ou abençoar. Mas quando o reflexo do que você faz pode afetar negativamente a minha diversão, eu sou obrigado a me intrometer.

“Mas Betão, ninguém foi obrigado a participar da atividade. Todos foram porque quiseram”. Ok, ninguém foi obrigado a participar. Isso não foi questionado. Mas o efeito do que foi praticado pode – e deve – ser questionado. Ninguém foi obrigado a ver aquele espetáculo, mas todos saem de lá com alguma ideia sobre o que viram. E para alguns, aquilo ali é que vai ser a ideia que se vai ter quando perguntarem o que é swordplay. Pode ser que você que está lendo isso esteja cagando para o que os outros pensem, mas eu me preocupo, porque eu trabalho com público. Porque eu já vi esse tipo de merda virar uma coisa muito maior. Nos jogos interclasse deste ano teremos swordplay na minha escola. Da mesma forma que foi feito no ano passado. Mas duvido que eu conseguisse colocar a modalidade se o meu diretor buscasse por swordpay no google e caísse neste vídeo.

Por fim quero encerrar este artigo com uma frase endereçada a mim pelo dono do perfil “Vieira Turaine”: “Meu ponto de vista é. tu fala que e perigoso e que é para a gente parar. Eu digo que não vamos. logo se tu quiser que isso pare tu tem que tomar alguma atitude outra que não seja escrever na net”.

“Valberto Filho”: “Querido, eu não vou sair no braço com você, se é isso que você quer saber. Mesmo que eu fizesse isso só mostraria, naquele momento, quem bate mais forte. Não resolveria nada. Nada. Se você quer continuar se estapeando como você faz eu não posso fazer nada além de criticar. Porque se eu fizer qualquer outra coisa vou estar interferindo no seu direito constitucional de fazer o que deseja, desde que dentro da lei. E criminoso é uma coisa que eu não sou. Por isso, sonhe que você está me agredindo. O sonho é livre”.



A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...