quinta-feira, 24 de março de 2016

Armas de arremesso

Sugestão dos Leitores Luis Felipe Nascimento e Gabriel Charrusca.

“Oficial persa: Tolos! Nossas flechas cobrirão o sol.
Stelios: Melhor. Lutaremos à sombra”.
(300 de Esparta, EUA, 2006).

Esse é um assunto mais ou menos recorrente do blog. Na postagem de abril de 2015 eu dou minha opinião sobre o assunto, mas agora eu pretendo expandi-la, dando voz e vez a outras formas de pensamento.

Existem dezenas (literalmente dezenas!) de assuntos que são controversos quando falamos das regras e das práticas de swordplay. E como toda boa controvérsia esta aqui não deixa de criar a sua dose de polêmica, com posições apaixonadas sendo discutidas de ambos os lados. Falo da famosa polêmica das armas de arremesso no swordplay. Se você estiver disposto a nos acompanhar nesta dissertação, coloque seus óculos de proteção, engatilhe sua nerf gun e se prepare para jogar coisas nos amiguinhos.

Arma de arremesso é qualquer arma que tenha sido preparada especificamente para ser arremessada (arremetida, jogada ou disparada) em algum alvo ou oponente. As primeiras armas de arremesso que se têm notícia são as pedras usadas por homens pré-históricos. Mas desde a idade da pedra lascada o nosso arsenal aumentou muito: lanças, facas, adagas, setas, dardos, machadinhas, shurikens, kunais, bacamartes, pistolas, mosquetes, rifles... bom, já deu para você ter uma ideia. Algumas dessas armas são icônicas e despertam a curiosidade das mais diversas culturas mundo à fora. Armas exóticas como o bulmerangue ou o dardo de zarabatana são reverenciadas como prova de que o primitivismo de nossos antepassados não tem nada a ver com falta de inventividade.

Aliás, no mundo real, o desenvolvimento das armas de arremesso é o que possibilitou a evolução da guerra como conhecemos. Um arco longo inglês poderia matar um soldado  francês a quase 300 metros de distância! Podemos até dizer que as armas de arremesso como os rifles e arcabuzes acabaram por sepultar a armadura pesada.

Mas no nosso mundinho do swordplay as armas de arremesso estão longe de produzir qualquer coisa que não seja a mais intensa discórdia. Enquanto estudava para escrever este artigo pude perceber que existem três vertentes mais ou menos básicas e abrangentes sobre o assunto: os de uso livre, os de uso restrito e os de uso proibido.

Nos grupos de uso livre as armas de arremesso existem, são permitidas e até incentivadas. Armas de arremesso são vistas como parte eminente do combate: arcos, bestas, nerf guns (desde que se pareçam com armas antigas), adagas de arremesso e até shurikens (as famosas estrelinhas ninja). Nestes grupos qualquer pessoa pode empunhar uma arma dessas e as regras normais de penalidade por acertar áreas proibidas continuam valendo. Exemplo de grupo: a Ordem dos Assassinos – DF (grupo temático, baseado no famoso jogo da Ubisoft). – Se bem que neste grupo em questão apenas os membros do grupo Ninja ou membros de alta patente podem usar arremessos (adagas, shurikens e etc). 

Estas armas existem nos grupos de "uso restrito" mas seu uso é restrito (dã... momento Homer Simpson). Normalmente estão reduzidas apenas a arcos e flechas, e mesmo nestes casos apenas lutadores com alguma experiência podem usufruir delas. Mesmo assim, as armas sofrem um handicap: a sua calibragem é reduzida e a as cabeças das flechas recebem cobertura acolchoada especial para reduzir o dano potencial causado por uma flecha. Exemplo e grupo: Aliança Beufort – DF (a maior aliança de jogadores de swordplay da região centro-oeste).

Nos grupos de uso proibido as armas de arremesso simplesmente não existem. Nem mesmo um simples arco e flecha. As armas desse tipo são terminantemente proibidas ou banidas inteiramente. Exemplo de grupo: os cavaleiros da virtude – DF (meu grupo!)

Como todo mundo sabe o Swordplay é um esporte de conato. Ele envolve acertar os outros com armas feitas de espuma e mesmo com todas as normas de segurança, acidentes podem acontecer. Não é incomum que um golpe mal calculado acerte áreas proibidas (cabeça ou genitais), que se exagere na força, que haja trombadas entre jogadores, além de torções, quedas, arranhões entre tantas outras coisas nem um pouco agradáveis.

Assim sendo eu acredito que a segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Nada deveria ser mais importante do que isso. Num treino passado vi o Pedro Rabay brandir um arco. Uma das flechas acertou em cheio na orelha de outro jogador, o Juan Sebastian. Resultado: nocaute instantâneo e o som de “telefone ocupado” durante um bom tempo na cabeça do colega. O Juan é uma montanha de uns 130 kg e foi ao chão! Imagina se pega numa pessoa que está passando por aí, sem ter a menor noção do que é swordplay?

“Mas foi um acidente!” vai comentar alguém. Claro que foi! Eu não imagino que alguém vá fazer uma coisa dessas de propósito – especialmente o Pedro Rabay que é um amor de pessoa: doce, meigo e muito gente boa. Mas o fato é que a arma de arremesso contém em si um perigo eminente que não pode ser desprezado. As chances de sair alguma coisa errada são muito grandes.
“Mas tomamos todas as precauções. E foi como você disse mais em cima: swordplay É um esporte de contato. Acidentes podem acontecer. Minimizamos isso aumentando a segurança das nossas armas e refinando a nossa técnica”, comentou Lucão, um dos graduados dos Assassinos. Mas não posso deixar de pensar que é um pouco frustrante morrer com uma kunai cravada nas suas costas por um inimigo a mais de 6 metros de distância.

“Acontece. Você tem que prestar atenção no que está acontecendo no campo de batalha ou vai ser só mais um cara esperando o fim da rodada na zona do respawn”, completou Red Wolfrick, arqueiro e escudeiro da Beufort.


E no fim? Bom deixo essa decisão para você, leitor. É você e seu grupo que devem decidir se vão usar ou não. 


Serviço: 
Imagens: 
http://www.swordplay.com.br/galeria-38/
http://www.foamsmithing.com/wp-content/uploads/2013/02/566307_10151498815289595_701162696_n.jpg
Grupos:
Aliança Beufort - https://www.facebook.com/AliancaBeufort/
Ordem dos Assassinos: - https://www.facebook.com/ordemdosassassinos.df/
Cavaleiros da Virtude: - https://www.facebook.com/CavaleirosVirtude/


3 comentários:

  1. "Mas não posso deixar de pensar que é um pouco frustrante morrer com uma kunai cravada nas suas costas por um inimigo a mais de 6 metros de distância"

    da mesma forma que alguns grupos consideram qlqr forma de contato o dano, ate um simples raspão ja mata. Acho ate mais frustante o cara correr pro seu lado, dar um totozinho no seu peito e você ter que morre, ser for que seja um golpe bem dado, que realmente seja um golpe.

    No meu grupo, Ordem da Tormenta - Falkisgate, o uso do arco, é assim como algumas armas (uso de machado, lança ate escudos), precisam de uma etapa para o membro poder utiliza-la. Sempre começando com uma espada simples, o mesmo ocorre com o arco.

    Da mesma forma que o Merlino falou la no grupo, os maiores problemas são com lança ou similares e espadas grandes.

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    1. Obrigado pela contribuição. O Falkisgate é um dos grupos mais admirados pelo pessoal de Brasília.

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  2. no meu grupo tem uma limitação drástica de distancia que se pode arremessar um projetil sendo de qualquer tipo, e o famoso "raspão" consideramos golpe ineficiente

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