Sugestão do leitor Gabriel Luz
Os eventos de anime são um fenômeno razoavelmente recente.
Uma clara evolução dos grandes eventos de RPG dos anos 90, começaram a ganhar
força nos primeiros anos da década de 2000, com a explosão de animes no Brasil.
Nesta época animes como Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X, Yuyu Hakusho, Samurai
Warriors, Dragon Ball entre outros fazia muito sucesso e sua base de fãs acabou
por se revelar extremamente rentável.
Ao contrário de fãs de RPG, que são conhecidos por sua
“pão-durice” fãs de anime e séries de TV não se sentem constrangidos em gastar
vistosas somas de dinheiro apenas para ter perto deles uma lembrança ou
memorabília de seus ídolos.
Mais recentemente, com a popularização das séries de ação na
TV e com o aval de séries de comédia como “How I met your mother” e “The big
bang theory” os eventos de anime acabaram por se tornar verdadeiras
“disneylândias nerds”: campeonatos de jogos em rede, palestras e shows com
cosplayers e youtubers, oficinas de desenho, escultura, cardgame, demonstração
de artes marciais, salas de dança, airsoft, comidas típicas, barraquinhas
vendendo de tudo um pouco. E é neste ambiente de diversão e bons negócios que o
swordplay faz a sua participação.
De certa forma a entrada de swordplay nestes eventos é mais
do que natural: é bem vinda. Quem nunca brincou de “lutinha” quando criança ou
não desejou estar no lugar de algum guerreiro famoso? É a sua chance de ser um
ninja, um guerreiro viking ou mesmo um cavaleiro de armadura brilhante, mesmo
que o que você esteja segunda na sua mão seja apenas um pedaço de cano PVC
coberto por espuma e fita silvertape. É também uma forma relativamente fácil de
capitalizar o potencial do grupo: com o lucro obtido no evento pode-se mandar
reformar as armas do reino, por exemplo, ou investir num novo tipo de bata.
A aproximação entre os dois nichos é uma situação ganha-ganha:
ao mesmo tempo que agrega mais valor ao evento e o deixa mais diversificado e
atrativo (é mais uma coisa para ver/participar) ajuda a divulgar a prática do
swordplay para outras pessoas que não são diretamente o seu público alvo.
Quantos fãs de Samurai X ou Berserker não se tornaram swordplayers apenas
porque puderam experimentar um pouco da prática num evento de anime? O ganho
para o swrodplay é ainda maior, porque ele pode entrar em contato com
cosplayers e com eles aprender a fazer novas peças de armaduras ou adereços.
Tem tudo para ser um casamento longo e feliz.
Mas, claro, alguns cuidados devem ser adotadas para que este
casamento não termine num divórcio sangrento. A primeira delas é que a equipe
de swordplay que vai comandar o evento deve ser responsável, comprometida e
muito madura. Nada pior do que colocar para cuidar do evento um pessoal que
está mais preocupado em curtir o evento (já que entraram de graça) do que
atender os visitantes. Esses guerreiros devem ser um misto de apresentadores, recepcionistas
e vendedores. A pessoa que vai ao stand deve ser bem tratada e receber toda
atenção possível. Deve ser tratada com cortesia e respeito. Ela deve se sentir
bem vinda como se aquele ambiente também fosse parte do seu habitat natural. A
segunda delas é que não devem ser apenas gentis: devem ser firmes. Fãs de
anime/séries em geral não têm noção do que estão fazendo quando pegam numa
espada pela primeira vez: se você, membro do stand, não for firme com as regras
e bem didático nas explicações você pode acabar tendo que lidar com armas
quebradas, narizes partidos e olhos atingidos. E ninguém quer isso, não é
mesmo?
A meu ver é uma situação bacana: todos tendem a ganhar com ela.
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