terça-feira, 29 de março de 2016

Oito perguntas básicas sobre o Swordplay

Ou: minha mãe não me deixa mais jogar!


Olá. Meu nome é Valberto Filho, tenho 40 anos, moro em Brasília, sou professor concursado de filosofia e história, muito bem casado, pai de um rapaz de 23 anos (que faz faculdade de engenharia - o orgulho do papai), tenho pós-graduação em Docência do Ensino Superior… e pratico SWORDPLAY a mais ou menos 2 anos, pelo menos uma vez por semana. De uns tempos para cá eu tenho visto muita gente falar besteiras sobre o Swordplay. Na maioria das vezes não passa de um ou outro “caçador de fama” tentando se promover, colocando a culpa dos males do mundo numa prática desportiva pouco conhecida. Outras vezes são pessoas legitimamente preocupadas, pais de família como eu, que foram influenciadas por amigos, ideias religiosas ou por reportagens mal feitas ou tendenciosas, nos jornais e TVs. Por isso, resolvi escrever esse pequeno artigo para esclarecer os praticantes de swordplay, seus pais e possíveis curiosos sobre o tema.

E o que você vai fazer com isso? Bom é mais ou menos como um guia básico de sobrevivência misturado com tira-dúvidas sobre o assunto. Se seu pai, sua mãe ou seu colega da escola tem alguma dúvida sobre o jogo, mostre esse material para eles. Se assim mesmo não bastar, peça que entrem em contato com o pessoal que joga (gente como eu) e eles vão ter o maior prazer em responder quaisquer dúvidas adicionais. No fim do artigo eu disponibilizo o meu e-mail, para comentários, dicas e sugestões.

Vamos lá:

1. O Swordplay incita a violência?
Não. O Swordplay é apenas uma atividade lúdica-desportiva. Ele não incita a violência, da mesma forma que outros esportes como o futebol, o vôlei, o basquete, o rugby e as artes marciais sérias também não o fazem.  Na verdade estudos de universidades americanas atestam que pessoas envolvidas em práticas esportivas que lidam com luta ou simulação de combate têm muito mais autocontrole e disciplina do que pessoas que não praticam. Nos Estados Unidos o Swordplay existe como hobby desde 1978 e nunca se registrou nenhum crime envolvendo sua prática. 

2. Porque o Swordplay usa espadas, machados e facas, se não é um jogo violento?
Muitas vezes os jogos de Swordplay remetem a algum tipo de recriação histórica. As pessoas querem sentir a emoção de empunhar uma espada, uma lança ou mesmo um arco sem o risco de machucar alguém. As armas são feitas de espuma macia, feita justamente para não machucar o coleguinha de treino. Mesmo o uso excessiva do força é duramente combatido por todos os grupos sérios que eu conheço.  

3. Mas teve gente se machucando, que eu sei. Deveriam proibir um jogo tão perigoso. Eu jamais deixaria meu filho/minha filha participar de um jogo em que ele/ela pode se machucar.
Swordplay não é mais perigoso do que qualquer outro esporte de contato. É um hobby, um passa-tempo e nada mais. Se fôssemos proibir qualquer prática social na qual houvesse acidentes ou gente machucada o nosso querido futebol seria o primeiro a ser extinto. Sofrem ferimentos e são machucados mais e mais jogadoresde futebol a cada ano e ninguém sequer especula a possibilidade de fechar os estádios ou proibir o jogo: por que com o swordplay deveria ser diferente?

4. O Swordplay corrompe a juventude com temas demoníacos. Não pode ser coisa de deus.
Nada mais longe da verdade. Quando há alguma história envolvida, os jogadores são convidados a interpretar os heróis da história. Nas modalidades de “LARP” são eles que vão salvar a princesa, matar o dragão, prender o bandido, desvendar o mistério, proteger os mais fracos. A bem da verdade, existem até grupos de sworpdplay com temas bíblicos e religiosos nos EUA.
Muitos grupos tem como base de inspiração os cavaleiros medievais, cavaleiros templários e hospitalários, que protegiam os cristãos durante as perigosas travessias da Europa para a Terra Santa.

5. Por que vocês se vestem como se estivessem numa festa a fantasia?
Toda atividade desportiva tem seu uniforme padrão. Pode ser um conjunto de camisa com calção, como é o caso da maioria dos esportes como o futebol, o vôlei e o basquete; pode envolver um conjunto de sunga e touca ou de maiô e touca quando o esporte for aquático; e em outros casos pode envolver até mesmo um kimono ou máscaras, no caso de esportes de contato como o caratê, o judô ou a esgrima olímpica. O uniforme do swordplay é a sua bata, ou tabardo, que ajuda a identificar os grupos e poupa as roupas do dia a dia do desgaste provocado pela atividade. Você não quer que sua blusa da Nike, que custou mais de R$90,00 volte rasgada ou furada para casa, não é mesmo? 

6. É alguma seita?
Não. O Swordplay não é nenhum tipo de seita, ou religião. Não passa de um hobby, um passa-tempo social. Da mesma forma que torcer para algum time de futebol ou acompanhar a carreira de um cantor ou fazer parte de um fã-clube de um ator de novelas também não é considerado “seita”, o Swordplay também não é. Está mais para um clube informal de amigos do que para qualquer outra coisa.

7. Esse não é um esporte/atividade/coisa para meninas.
Nada mais longe da verdade. Hoje as mulheres conquistaram o direito de praticar qualquer esporte em pé de igualdade com os homens – e em muitos casos são até melhores! Isso não as faz menos femininas ou menos mulheres. Pense por exemplo em atletas brasileiras mundialmente famosas e que enchem o Brasil de orgulho como Dayane dos Santos (ginástica olímpica), Marta (futebol), Hortência (basquete), Jacqueline e Sandra (vôlei de praia), Maria Elizabete Jorge (levantamento de peso), Maria Ester Bueno (tênis), Maria Lenk (natação)... algumas delas competiram em épocas que a mulher não podia nem votar, como foi o caso da nadadora Maria Lenk, que participou das Olimpíadas de 1932! Por que o sworplay não seria para meninas?
Mesmo nos tempos antigos as mulheres participavam ativamente das guerras. Vikings, Persas, Soldados medievais e até os famosos Samurais tinham mulheres em suas fileiras.
O mundo moderno exige uma mulher forte e ativa, capaz de vencer. O swordplay ajuda a menina a criar a confiança que ela precisa para fazer isso.

8. Existe algum benefício nesse jogo?
Inúmeros. Estudos de universidades tanto nacionais como internacionais provam que o swordplay, por ser uma atividade social, estimula o trabalho de equipe, desenvolve a auto-estima e combate a timidez.
Pessoas costumam jogar nos mesmos grupos por anos a fio, fortalecendo laços da amizade e companheirismo. Não fosse o bastante o Swordplay favorece o raciocínio estratégico, a rapidez de resposta, desenvolve a capacidade de expressão e de interpretação e já está sendo usado como ferramenta pedagógica dentro da sala de aula em muitas escolas.
Como ele é também um desporto aeróbico, é indicado para pessoas que querem manter a boa saúde física, perder peso ou ganhar agilidade e resistência física.
O Swordplay também incentiva a leitura, não apenas de livros relacionados ao assunto, mas de romances, história, geografia e outras ciências que a maioria dos adolescentes detesta. Outra grande vantagem do Swordplay é que ele é um jogo que você pode jogar com o seu filho. Imagine as horas maravilhosas que vocês dois vão passar juntos, se divertindo e se conhecendo. Eu jogo Swordplay com o meu filho e posso dizer que isso me fez estar muito mais próximo dele.
O Swordplay também incentiva a criatividade e o trabalho artesanal. Não existem lojas de equipamentos de swordplay no Brasil. Você não pode simplesmente entrar numa loja de esportes e pedir uma espada longa com a mesma facilidade que pediria uma bola de futebol de salão oficial. Sendo assim os próprios jogadores têm que confeccionar seus equipamentos, tendo em vista sua segurança, maciez e aspecto estético.

Espero que essas 8 perguntas e respostas tenham sanado todas as suas dúvidas. Mesmo assim se ficou faltando alguma coisa, escreva seus comentários aqui. Tenho certeza de não apenas eu, mas outros praticantes ficarão felizes em poder ajudar ou esclarecer você onde o meu artigo não pode. No mais, quem quiser entrar em contato, seja para comentar o texto, mandar dúvidas, críticas ou sugestões podem me encontrar em valberto.filho@gmail.com. Eu demoro um pouco para responder, mas não é nada do outro mundo. E lembrem-se da velha máxima:


“Reúna uns amigos, Divirta-se pra valer!”

Serviço:
Imagem: http://www.swordplay.com.br/organizacao-dos-treinos/

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