quinta-feira, 31 de março de 2016

Treino aberto dos Cavaleiros da Virtude

Olá gentes!
Segue abaixo um banner convite para o nosso próximo reino. É, sei que está em cima da hora, mas vamos lá! Faz um esforcinho.  
Não esqueçam de levar bastante água, protetor e chegar no horário!
Tenham uma boa semana e até sábado!
Um abraço a todos!


terça-feira, 29 de março de 2016

Oito perguntas básicas sobre o Swordplay

Ou: minha mãe não me deixa mais jogar!


Olá. Meu nome é Valberto Filho, tenho 40 anos, moro em Brasília, sou professor concursado de filosofia e história, muito bem casado, pai de um rapaz de 23 anos (que faz faculdade de engenharia - o orgulho do papai), tenho pós-graduação em Docência do Ensino Superior… e pratico SWORDPLAY a mais ou menos 2 anos, pelo menos uma vez por semana. De uns tempos para cá eu tenho visto muita gente falar besteiras sobre o Swordplay. Na maioria das vezes não passa de um ou outro “caçador de fama” tentando se promover, colocando a culpa dos males do mundo numa prática desportiva pouco conhecida. Outras vezes são pessoas legitimamente preocupadas, pais de família como eu, que foram influenciadas por amigos, ideias religiosas ou por reportagens mal feitas ou tendenciosas, nos jornais e TVs. Por isso, resolvi escrever esse pequeno artigo para esclarecer os praticantes de swordplay, seus pais e possíveis curiosos sobre o tema.

E o que você vai fazer com isso? Bom é mais ou menos como um guia básico de sobrevivência misturado com tira-dúvidas sobre o assunto. Se seu pai, sua mãe ou seu colega da escola tem alguma dúvida sobre o jogo, mostre esse material para eles. Se assim mesmo não bastar, peça que entrem em contato com o pessoal que joga (gente como eu) e eles vão ter o maior prazer em responder quaisquer dúvidas adicionais. No fim do artigo eu disponibilizo o meu e-mail, para comentários, dicas e sugestões.

Vamos lá:

1. O Swordplay incita a violência?
Não. O Swordplay é apenas uma atividade lúdica-desportiva. Ele não incita a violência, da mesma forma que outros esportes como o futebol, o vôlei, o basquete, o rugby e as artes marciais sérias também não o fazem.  Na verdade estudos de universidades americanas atestam que pessoas envolvidas em práticas esportivas que lidam com luta ou simulação de combate têm muito mais autocontrole e disciplina do que pessoas que não praticam. Nos Estados Unidos o Swordplay existe como hobby desde 1978 e nunca se registrou nenhum crime envolvendo sua prática. 

2. Porque o Swordplay usa espadas, machados e facas, se não é um jogo violento?
Muitas vezes os jogos de Swordplay remetem a algum tipo de recriação histórica. As pessoas querem sentir a emoção de empunhar uma espada, uma lança ou mesmo um arco sem o risco de machucar alguém. As armas são feitas de espuma macia, feita justamente para não machucar o coleguinha de treino. Mesmo o uso excessiva do força é duramente combatido por todos os grupos sérios que eu conheço.  

3. Mas teve gente se machucando, que eu sei. Deveriam proibir um jogo tão perigoso. Eu jamais deixaria meu filho/minha filha participar de um jogo em que ele/ela pode se machucar.
Swordplay não é mais perigoso do que qualquer outro esporte de contato. É um hobby, um passa-tempo e nada mais. Se fôssemos proibir qualquer prática social na qual houvesse acidentes ou gente machucada o nosso querido futebol seria o primeiro a ser extinto. Sofrem ferimentos e são machucados mais e mais jogadoresde futebol a cada ano e ninguém sequer especula a possibilidade de fechar os estádios ou proibir o jogo: por que com o swordplay deveria ser diferente?

4. O Swordplay corrompe a juventude com temas demoníacos. Não pode ser coisa de deus.
Nada mais longe da verdade. Quando há alguma história envolvida, os jogadores são convidados a interpretar os heróis da história. Nas modalidades de “LARP” são eles que vão salvar a princesa, matar o dragão, prender o bandido, desvendar o mistério, proteger os mais fracos. A bem da verdade, existem até grupos de sworpdplay com temas bíblicos e religiosos nos EUA.
Muitos grupos tem como base de inspiração os cavaleiros medievais, cavaleiros templários e hospitalários, que protegiam os cristãos durante as perigosas travessias da Europa para a Terra Santa.

5. Por que vocês se vestem como se estivessem numa festa a fantasia?
Toda atividade desportiva tem seu uniforme padrão. Pode ser um conjunto de camisa com calção, como é o caso da maioria dos esportes como o futebol, o vôlei e o basquete; pode envolver um conjunto de sunga e touca ou de maiô e touca quando o esporte for aquático; e em outros casos pode envolver até mesmo um kimono ou máscaras, no caso de esportes de contato como o caratê, o judô ou a esgrima olímpica. O uniforme do swordplay é a sua bata, ou tabardo, que ajuda a identificar os grupos e poupa as roupas do dia a dia do desgaste provocado pela atividade. Você não quer que sua blusa da Nike, que custou mais de R$90,00 volte rasgada ou furada para casa, não é mesmo? 

6. É alguma seita?
Não. O Swordplay não é nenhum tipo de seita, ou religião. Não passa de um hobby, um passa-tempo social. Da mesma forma que torcer para algum time de futebol ou acompanhar a carreira de um cantor ou fazer parte de um fã-clube de um ator de novelas também não é considerado “seita”, o Swordplay também não é. Está mais para um clube informal de amigos do que para qualquer outra coisa.

7. Esse não é um esporte/atividade/coisa para meninas.
Nada mais longe da verdade. Hoje as mulheres conquistaram o direito de praticar qualquer esporte em pé de igualdade com os homens – e em muitos casos são até melhores! Isso não as faz menos femininas ou menos mulheres. Pense por exemplo em atletas brasileiras mundialmente famosas e que enchem o Brasil de orgulho como Dayane dos Santos (ginástica olímpica), Marta (futebol), Hortência (basquete), Jacqueline e Sandra (vôlei de praia), Maria Elizabete Jorge (levantamento de peso), Maria Ester Bueno (tênis), Maria Lenk (natação)... algumas delas competiram em épocas que a mulher não podia nem votar, como foi o caso da nadadora Maria Lenk, que participou das Olimpíadas de 1932! Por que o sworplay não seria para meninas?
Mesmo nos tempos antigos as mulheres participavam ativamente das guerras. Vikings, Persas, Soldados medievais e até os famosos Samurais tinham mulheres em suas fileiras.
O mundo moderno exige uma mulher forte e ativa, capaz de vencer. O swordplay ajuda a menina a criar a confiança que ela precisa para fazer isso.

8. Existe algum benefício nesse jogo?
Inúmeros. Estudos de universidades tanto nacionais como internacionais provam que o swordplay, por ser uma atividade social, estimula o trabalho de equipe, desenvolve a auto-estima e combate a timidez.
Pessoas costumam jogar nos mesmos grupos por anos a fio, fortalecendo laços da amizade e companheirismo. Não fosse o bastante o Swordplay favorece o raciocínio estratégico, a rapidez de resposta, desenvolve a capacidade de expressão e de interpretação e já está sendo usado como ferramenta pedagógica dentro da sala de aula em muitas escolas.
Como ele é também um desporto aeróbico, é indicado para pessoas que querem manter a boa saúde física, perder peso ou ganhar agilidade e resistência física.
O Swordplay também incentiva a leitura, não apenas de livros relacionados ao assunto, mas de romances, história, geografia e outras ciências que a maioria dos adolescentes detesta. Outra grande vantagem do Swordplay é que ele é um jogo que você pode jogar com o seu filho. Imagine as horas maravilhosas que vocês dois vão passar juntos, se divertindo e se conhecendo. Eu jogo Swordplay com o meu filho e posso dizer que isso me fez estar muito mais próximo dele.
O Swordplay também incentiva a criatividade e o trabalho artesanal. Não existem lojas de equipamentos de swordplay no Brasil. Você não pode simplesmente entrar numa loja de esportes e pedir uma espada longa com a mesma facilidade que pediria uma bola de futebol de salão oficial. Sendo assim os próprios jogadores têm que confeccionar seus equipamentos, tendo em vista sua segurança, maciez e aspecto estético.

Espero que essas 8 perguntas e respostas tenham sanado todas as suas dúvidas. Mesmo assim se ficou faltando alguma coisa, escreva seus comentários aqui. Tenho certeza de não apenas eu, mas outros praticantes ficarão felizes em poder ajudar ou esclarecer você onde o meu artigo não pode. No mais, quem quiser entrar em contato, seja para comentar o texto, mandar dúvidas, críticas ou sugestões podem me encontrar em valberto.filho@gmail.com. Eu demoro um pouco para responder, mas não é nada do outro mundo. E lembrem-se da velha máxima:


“Reúna uns amigos, Divirta-se pra valer!”

Serviço:
Imagem: http://www.swordplay.com.br/organizacao-dos-treinos/

sábado, 26 de março de 2016

Quando o veneno do passado nos impede de viver o presente

O que eu vou escrever aqui é uma postagem bem pessoal. É uma experiência de vida que eu vivi e que de certa forma pode ser o que está acontecendo com outras pessoas mundo a fora e não apenas necessariamente com jogadores de sworpdplay. Tudo o que vou relatar é a minha visão dos fatos. Você pode discordar dela, ok. É um direito seu. Mas quando o fizer, seja educado. Eu já perdi tempo demais da minha vida com essas merdas.

No dia 07 de julho de 2015 tivemos a primeira batalha com a Ordem dos Assassinos, um evento que descrevi com bastante poesia aqui mesmo neste blog. Mas a minha batalha com aos assassinos começou bem antes. Pelo menos um mês antes quando o então rei dos Cavaleiros, Alexandre Couto, acertou com a liderança do Conselho dos Assassinos o tratado de guerra entre os dois clãs.

Desde esse dia o Alexandre passou a pintar os assassinos comas piores cores possíveis. Sério. Quando naquele dia eu fui ao Parque da Cidade eu sentia como se estivesse indo enfrentar monstros e não seres humanos. O Alexandre pintou os assassinos como pessoas arrogantes, metidas, babacas... Enfim um bando de “pau no cu” que merecia uma boa surra para aprender o lugar deles no mundo.

E é com muita vergonha que eu digo que eu comprei cada palavra que ele me disse. Aliás, como não comprar? O cara era o meu rei e tinha fundado os Cavaleiros da Virtude. Quer dizer, ele não tinha fundado os matadores de dragão e nem os ceifadores sinistros. Éramos os Cavaleiros da Virtude. Ninguém precisava empenhar a palavra para falar porque ninguém pensava que alguém pudesse estar mentindo.

Depois da primeira onda de batalha eu sentei do lado de alguns assassinos e passamos a conversar. E que susto! Não eram os arrogantes “pau no cu” que eu julgava que encontraria no campo de batalha. Eram pessoas como as que eu encontro no treino: boas, educadas, animadas, dispostas a fazer novas amizades. Não havia arrogância neles mais do que havia em mim mesmo. E eu fiquei em dúvida. Será que eu tinha dado sorte de ter esbarrado nos únicos assassinos legais? Ou será que o Alexandre simplesmente nos passou uma imagem errada dos caras apenas para acender em nós o fogo do espírito de luta? Quando eu abracei o Lukão naquele dia, e o tirei do chão estava buscando mais do que uma dor nas costas. Estava buscando um novo irmão.

Nas semanas que se seguiram eu travei conversas elucidativas com Rômulo, Caio e Lukão, os líderes dos assassinos e percebi que eles eram gente como eu. Impossível não ser amigos deles. Eu não conseguia mais comprar as palavras do Alexandre: as palavras dele diziam uma coisa, mas as ações dos meninos diziam outras.

“Ah Betão, é que você não sabe da história toda! Esses assassinos já fizeram muita merda e treta por aí”, pode dizer alguém. Não duvido. Mas tenho certeza que a Aliança também fez muita merda no passado. Mas daí eu pergunto: os cagões que fizeram essa merdalancia toda ainda estão por aí? Não. Então por que eu é que tenho que carregar essa herança maldita de odiar pessoas que eu nem conheço? Apenas porque eu ouvi alguém dizer que eles não prestam? Apenas porque, sei lá, dez anos atrás o pessoal se desentendeu? Na boa, do alto dos meus 40 anos eu vi e fiz muita coisa nessa vida. Aprendi a perdoar. Perdoar é divino. Aprendi a não carregar para frente os erros dos outros. Apendi que a melhor tradição que eu posso cultivar é a da união, a de fazer novos amigos. Aprendi que me divertir com amigos é melhor do que guardar mágoas por ofensas que eu nunca sofri.  

Por isso, em nome dos cavaleiros da virtude, venho por meio desta pedir desculpas a amiga ordem dos assassinos pelo nosso vergonhoso comportamento quando nos encontramos. Quero deixar claro que vocês são nossos amigos e nossos treinos vão estar sempre de braços abertos para receber vocês. Rafael Branco, Rômulo Benigno (não estou com suas flechas, porra!), Caio Nagell (aquela camisa foi preta um dia), Lucas de Lima (espero você no ano que vem, “campeão”), peço desculpas a vocês. Vocês se mostraram mais amigos e companheiros do que muitos que um dia vestiram as mesmas cores que eu carrego com orgulho.


A grande lição que eu tiro disso? Que treta só é divertida nos posts do facebook. Quando o assunto é swordplay, ou qualquer outra atividade desportiva, a treta não tem vez. Não é uma guerra. É um encontro de amigos. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Armas de arremesso

Sugestão dos Leitores Luis Felipe Nascimento e Gabriel Charrusca.

“Oficial persa: Tolos! Nossas flechas cobrirão o sol.
Stelios: Melhor. Lutaremos à sombra”.
(300 de Esparta, EUA, 2006).

Esse é um assunto mais ou menos recorrente do blog. Na postagem de abril de 2015 eu dou minha opinião sobre o assunto, mas agora eu pretendo expandi-la, dando voz e vez a outras formas de pensamento.

Existem dezenas (literalmente dezenas!) de assuntos que são controversos quando falamos das regras e das práticas de swordplay. E como toda boa controvérsia esta aqui não deixa de criar a sua dose de polêmica, com posições apaixonadas sendo discutidas de ambos os lados. Falo da famosa polêmica das armas de arremesso no swordplay. Se você estiver disposto a nos acompanhar nesta dissertação, coloque seus óculos de proteção, engatilhe sua nerf gun e se prepare para jogar coisas nos amiguinhos.

Arma de arremesso é qualquer arma que tenha sido preparada especificamente para ser arremessada (arremetida, jogada ou disparada) em algum alvo ou oponente. As primeiras armas de arremesso que se têm notícia são as pedras usadas por homens pré-históricos. Mas desde a idade da pedra lascada o nosso arsenal aumentou muito: lanças, facas, adagas, setas, dardos, machadinhas, shurikens, kunais, bacamartes, pistolas, mosquetes, rifles... bom, já deu para você ter uma ideia. Algumas dessas armas são icônicas e despertam a curiosidade das mais diversas culturas mundo à fora. Armas exóticas como o bulmerangue ou o dardo de zarabatana são reverenciadas como prova de que o primitivismo de nossos antepassados não tem nada a ver com falta de inventividade.

Aliás, no mundo real, o desenvolvimento das armas de arremesso é o que possibilitou a evolução da guerra como conhecemos. Um arco longo inglês poderia matar um soldado  francês a quase 300 metros de distância! Podemos até dizer que as armas de arremesso como os rifles e arcabuzes acabaram por sepultar a armadura pesada.

Mas no nosso mundinho do swordplay as armas de arremesso estão longe de produzir qualquer coisa que não seja a mais intensa discórdia. Enquanto estudava para escrever este artigo pude perceber que existem três vertentes mais ou menos básicas e abrangentes sobre o assunto: os de uso livre, os de uso restrito e os de uso proibido.

Nos grupos de uso livre as armas de arremesso existem, são permitidas e até incentivadas. Armas de arremesso são vistas como parte eminente do combate: arcos, bestas, nerf guns (desde que se pareçam com armas antigas), adagas de arremesso e até shurikens (as famosas estrelinhas ninja). Nestes grupos qualquer pessoa pode empunhar uma arma dessas e as regras normais de penalidade por acertar áreas proibidas continuam valendo. Exemplo de grupo: a Ordem dos Assassinos – DF (grupo temático, baseado no famoso jogo da Ubisoft). – Se bem que neste grupo em questão apenas os membros do grupo Ninja ou membros de alta patente podem usar arremessos (adagas, shurikens e etc). 

Estas armas existem nos grupos de "uso restrito" mas seu uso é restrito (dã... momento Homer Simpson). Normalmente estão reduzidas apenas a arcos e flechas, e mesmo nestes casos apenas lutadores com alguma experiência podem usufruir delas. Mesmo assim, as armas sofrem um handicap: a sua calibragem é reduzida e a as cabeças das flechas recebem cobertura acolchoada especial para reduzir o dano potencial causado por uma flecha. Exemplo e grupo: Aliança Beufort – DF (a maior aliança de jogadores de swordplay da região centro-oeste).

Nos grupos de uso proibido as armas de arremesso simplesmente não existem. Nem mesmo um simples arco e flecha. As armas desse tipo são terminantemente proibidas ou banidas inteiramente. Exemplo de grupo: os cavaleiros da virtude – DF (meu grupo!)

Como todo mundo sabe o Swordplay é um esporte de conato. Ele envolve acertar os outros com armas feitas de espuma e mesmo com todas as normas de segurança, acidentes podem acontecer. Não é incomum que um golpe mal calculado acerte áreas proibidas (cabeça ou genitais), que se exagere na força, que haja trombadas entre jogadores, além de torções, quedas, arranhões entre tantas outras coisas nem um pouco agradáveis.

Assim sendo eu acredito que a segurança deve vir sempre em primeiro lugar. Nada deveria ser mais importante do que isso. Num treino passado vi o Pedro Rabay brandir um arco. Uma das flechas acertou em cheio na orelha de outro jogador, o Juan Sebastian. Resultado: nocaute instantâneo e o som de “telefone ocupado” durante um bom tempo na cabeça do colega. O Juan é uma montanha de uns 130 kg e foi ao chão! Imagina se pega numa pessoa que está passando por aí, sem ter a menor noção do que é swordplay?

“Mas foi um acidente!” vai comentar alguém. Claro que foi! Eu não imagino que alguém vá fazer uma coisa dessas de propósito – especialmente o Pedro Rabay que é um amor de pessoa: doce, meigo e muito gente boa. Mas o fato é que a arma de arremesso contém em si um perigo eminente que não pode ser desprezado. As chances de sair alguma coisa errada são muito grandes.
“Mas tomamos todas as precauções. E foi como você disse mais em cima: swordplay É um esporte de contato. Acidentes podem acontecer. Minimizamos isso aumentando a segurança das nossas armas e refinando a nossa técnica”, comentou Lucão, um dos graduados dos Assassinos. Mas não posso deixar de pensar que é um pouco frustrante morrer com uma kunai cravada nas suas costas por um inimigo a mais de 6 metros de distância.

“Acontece. Você tem que prestar atenção no que está acontecendo no campo de batalha ou vai ser só mais um cara esperando o fim da rodada na zona do respawn”, completou Red Wolfrick, arqueiro e escudeiro da Beufort.


E no fim? Bom deixo essa decisão para você, leitor. É você e seu grupo que devem decidir se vão usar ou não. 


Serviço: 
Imagens: 
http://www.swordplay.com.br/galeria-38/
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Grupos:
Aliança Beufort - https://www.facebook.com/AliancaBeufort/
Ordem dos Assassinos: - https://www.facebook.com/ordemdosassassinos.df/
Cavaleiros da Virtude: - https://www.facebook.com/CavaleirosVirtude/


terça-feira, 22 de março de 2016

A polêmica do teste de fidelid... quero dizer de graduação.

Pauta sugerida pelo leitor Luis Felipe Nascimento.


Teste de graduação, teste de proficiência, exame de suficiência... são muitos os nomes que designam essa prática, bastante comum, nos diversos grupos de swordplay Brasil à fora. Segundo o site do Draikaner, os testes de graduação “são momentos muito importantes na trajetória dos membros (...). Neles suas habilidades são verificadas para que possam provar o quanto evoluíram”.

Testes de graduação separam os homens dos meninos, ou combatentes sérios dos guerreiros de fim de semana. Mostram o nível dos guerreiros dos clãs em diversas situações de combate e estratégia. Em muitos aspectos não é diferente de um exame de faixa das diversas modalidades sérias de artes marciais (como o judô, o karatê, o kung-fu entre tantas outras). Alguns grupos as usam para selecionar membros através do seu mérito próprio para atuarem em posições de destaque dentro da organização do clã/reino. O próprio site do Draikaner separa seus membros de acordo com a sua graduação em combate: aprendiz, guerreiro, soldado, sargento, e finalmente capitão. Outros grupos como os Cavaleiros da Virtude usam outras denominações (aprendiz, veterano, veterano virtuoso...), mas o sentido é o mesmo.

Num primeiro olhar o teste de graduação não é uma coisa ruim. Ele premia de forma clara o esforço pessoal de cada participante em se dedicar aos treinos, desenvolver a maestria na sua arma de escolha e de adquirir habilidades úteis a um combate. Mas um olhar mais de perto pode ensejar alguns questionamentos interessantes. Essa separação entre graduados é realmente boa para o grupo ou tende a criar clubinhos fechados e panelinhas de membros?

Para ajudar a responder essa pergunta eu busquei a ajuda do meu velho conhecido antigo colaborador da página, o professor Marcos. Titular da pasta de Educação Física da SEDF, e faixa preta de Kung Fu no estilo Louva-a-deus ele explicou qual é o sentido das faixas nas artes marciais. Segundo ele as faixas indicam o comprometimento do aluno consigo mesmo e com a sua arte. Katas, manobras e golpes especiais só podem ser ensinados à graduados justamente porque eles já dominam os fundamentos básicos e se mostraram dignos de receber esses ensinamentos. No kenjutsu, o kyo (ou nível/faixa) indica que golpes você pode aprender, treinar e usar em combate. Não apenas isso, assegura o professor Marcos, a graduação não vê apenas a questão executória dos golpes. Bons mestres e sensei observam o caráter do aluno. Muitas vezes eles se recusam a passar de nível pessoas habilidosas, mas com temíveis falhas de caráter.  

Mas devido a seu peculiar estilo desportivo de ser o swordplay não tem muito disso. Dificilmente um clã/grupo vai ter a exclusividade sobre uma determinada técnica ou manobra. Como não existe nada parecido com “um faixa preta de sowrdplay” cada praticante é devidamente competente pra pesquisar e treinar seus próprios golpes.  

Assim sendo cada grupo desenvolve sua própria tabela de experiência. Como eu já comentei em outra postagem nos grupos sérios, como a Beufort, a Folkisgate, a Magnus Legio, o Império Kyodai (só para citar alguns) não basta que você tenha uma boa perícia com a espada. Exige-se também um comprometimento que vai muito mais do que ir frequentemente aos treinos. Tem a ver muito mais com outras capacidades como companheirismo, liderança, honra, senso de justiça, coragem, honestidade e outros predicados igualmente indispensáveis.

Alguns membros podem achar conceitos como “companheirismo”, “liderança”, “honra” entre outros difíceis de quantitatizar. E convenhamos, é bem subjetivo. Como saber se o cara que está me avaliando não tem uma rusga comigo ou se não vai olhar com olhos mais cândidos o coleguinha de infância que veio treinar com ele? Como saber se não serei também julgado por minha posição política ou pela minha preferência sexual?  Se você tem esses questionamentos cabe duas opções: buscar os líderes do clã e tentar por tudo em pratos limpos, ou, buscar outro clã para treinar. Eu confio no julgamento dos meus pares e não vejo demérito algum em não passar de nível.

Vale a pena fazer aquele velho autoquestionamento: Estou lutando limpo? Estou aceitando os golpes? Estou lutando em igualdade de condições com pessoas com menos habilidade do que eu? Eu cumpro com o que prometi? Será que eu bato com muita força? Será que sou highlander? Será que fico cantando golpes? Será que não tenho me esforçado o bastante?


No fim, apenas em grupos sem transparência, com óbvias disputas pelo poder (sério isso Arnaldo?) é que a graduação pode ser usada de forma corrupta e leviana. No mais é apenas um efeito da meritocracia. 


segunda-feira, 21 de março de 2016

Swordplay como atração de eventos de games/animes

Sugestão do leitor Gabriel Luz


Os eventos de anime são um fenômeno razoavelmente recente. Uma clara evolução dos grandes eventos de RPG dos anos 90, começaram a ganhar força nos primeiros anos da década de 2000, com a explosão de animes no Brasil. Nesta época animes como Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X, Yuyu Hakusho, Samurai Warriors, Dragon Ball entre outros fazia muito sucesso e sua base de fãs acabou por se revelar extremamente rentável.

Ao contrário de fãs de RPG, que são conhecidos por sua “pão-durice” fãs de anime e séries de TV não se sentem constrangidos em gastar vistosas somas de dinheiro apenas para ter perto deles uma lembrança ou memorabília de seus ídolos.

Mais recentemente, com a popularização das séries de ação na TV e com o aval de séries de comédia como “How I met your mother” e “The big bang theory” os eventos de anime acabaram por se tornar verdadeiras “disneylândias nerds”: campeonatos de jogos em rede, palestras e shows com cosplayers e youtubers, oficinas de desenho, escultura, cardgame, demonstração de artes marciais, salas de dança, airsoft, comidas típicas, barraquinhas vendendo de tudo um pouco. E é neste ambiente de diversão e bons negócios que o swordplay faz a sua participação.

De certa forma a entrada de swordplay nestes eventos é mais do que natural: é bem vinda. Quem nunca brincou de “lutinha” quando criança ou não desejou estar no lugar de algum guerreiro famoso? É a sua chance de ser um ninja, um guerreiro viking ou mesmo um cavaleiro de armadura brilhante, mesmo que o que você esteja segunda na sua mão seja apenas um pedaço de cano PVC coberto por espuma e fita silvertape. É também uma forma relativamente fácil de capitalizar o potencial do grupo: com o lucro obtido no evento pode-se mandar reformar as armas do reino, por exemplo, ou investir num novo tipo de bata.

A aproximação entre os dois nichos é uma situação ganha-ganha: ao mesmo tempo que agrega mais valor ao evento e o deixa mais diversificado e atrativo (é mais uma coisa para ver/participar) ajuda a divulgar a prática do swordplay para outras pessoas que não são diretamente o seu público alvo. Quantos fãs de Samurai X ou Berserker não se tornaram swordplayers apenas porque puderam experimentar um pouco da prática num evento de anime? O ganho para o swrodplay é ainda maior, porque ele pode entrar em contato com cosplayers e com eles aprender a fazer novas peças de armaduras ou adereços. Tem tudo para ser um casamento longo e feliz.

Mas, claro, alguns cuidados devem ser adotadas para que este casamento não termine num divórcio sangrento. A primeira delas é que a equipe de swordplay que vai comandar o evento deve ser responsável, comprometida e muito madura. Nada pior do que colocar para cuidar do evento um pessoal que está mais preocupado em curtir o evento (já que entraram de graça) do que atender os visitantes. Esses guerreiros devem ser um misto de apresentadores, recepcionistas e vendedores. A pessoa que vai ao stand deve ser bem tratada e receber toda atenção possível. Deve ser tratada com cortesia e respeito. Ela deve se sentir bem vinda como se aquele ambiente também fosse parte do seu habitat natural. A segunda delas é que não devem ser apenas gentis: devem ser firmes. Fãs de anime/séries em geral não têm noção do que estão fazendo quando pegam numa espada pela primeira vez: se você, membro do stand, não for firme com as regras e bem didático nas explicações você pode acabar tendo que lidar com armas quebradas, narizes partidos e olhos atingidos. E ninguém quer isso, não é mesmo? 

A meu ver é uma situação bacana: todos tendem a ganhar com ela. 

domingo, 20 de março de 2016

O que você quer quando vai ao treino?

Ok, eu entendo perfeitamente que esta parece ser uma pergunta óbvia. Mas a minha pouca experiência com swordplay me avisa que a resposta é bem menos óbvia do que parece. E para fazer uma introdução adequada à questão dou-me o direito de parafrasear Aristóteles. O bom grego dizia que a felicidade é o maior objetivo da vida. É o que nos une como seres humanos. Mas o que é felicidade? Para uns é ser rico; para outros é ter saúde; para tantos outros é ainda estar cercado de amigos ou familiares queridos... Praticamente cada ser humano tema  sua própria receita do que é felicidade, mas todo ser humano busca ser feliz. O que nos une como raça, nos separa como indivíduos.

“Certo, filósofo” comenta aquela menina de bata verde e cabelos loiros encaracolados “e o que isso tem a ver com bater espadinha?”. Tudo. Se você trocar “ser feliz” por “ir ao treino” vai entender o que eu quero. Todo mundo quer ir ao treino porque essa prática nos faz felizes. Mas o que é a felicidade para cada um nos diferencia.

Tem aquele cara que, como eu, vai para treinar. Descarregar o estresse da semana e me divertir com amigos. Outros querem apenas desenvolver novas habilidades. Outros querem competir, no melhor estilo pokemon de ser. Encontrar com os amigos fora do mundo virtual – o famoso olho no olho – é também um dos motivos que eu consigo pensar. Aliás, com vistas a este último, tem pessoas no meu grupo que não treinam, mas comparecem a quase todos os treinos apenas para “bater papo” com o pessoal que está treinando.

E qual é o problema? Nenhum. Desde que haja equilíbrio e que no final todo mundo ache a sua felicidade. O problema é quando os grupos acabam se desagregando por conta das diferentes vertentes e modos de se alcançar a felicidade. Imagina que você chega pilhado para treinar, cheio de energia, e o seu colega de treino só quer saber de ficar sentado na sombra da árvore conversando sobre assuntos pessoais.  É como jogar água fervendo no seu chope gelado! O contrário é bem verdadeiro. Sabe aquele dia que a “bad bateu forte”? Justamente nesse dia que tudo o que você precisa é um papo amigo com pessoas da sua confiança e estima, chega aquele cara chato querendo combater. Dá vontade de mandar tudo àquele lugar.

Eu entendo as posições envolvidas, mas tenho que advogar em nome da prática de swordplay. Se você não está a fim de treinar, não vá ou pelo menos não leve o seu equipamento. “Ah, mas no treino passado tinha uma galera sentada conversando. Se esse pessoal não viesse treinar teríamos quantas pessoas treinando? Dez no máximo.”, comenta aquele rapaz com um lenço vermelho amarrado no braço. Daí é que eu discordo de você, colega: se eles vão treinar e não treinam é como se eles não estivessem lá. Estão lá para bater papo, mas não para treinar.


Como resolver isso? Sinceramente não sei. Se você souber de alguma forma de resolver essa sensação, esse gosto de “treino ruim”, por favor comente abaixo. Estou mesmo querendo experimentar alguma coisa. 

terça-feira, 15 de março de 2016

OTAKUS sonhadores extremamente empolgados e suas espadas maravilhosas

Uma das coisas que eu percebi desde que comecei a frequentar fóruns e comunidades de forjadores de espada para a prática do swordplay é que parece existir uma “má vontade” em comum com os fãs de anime, os famigerados otakus.

Algumas das reclamações gerais giram em torno da maneira como os otakus se comportam. Pedidos como “Me ensina forja que eu quero fazer a Zangetsu” ou “Quero fazer as espadas do Kirito” ou usar armas desproporcionalmente grandes como a Buster Sword do Cloud (FF7) estão entre os pedidos que costumam enervar os forjadores. Além disso, muitos deles “voam” pelo campo de batalha, gritando nomes de golpes de anime, correndo como se fossem ninjas do Naruto (você sabe, com as mãos para trás). 

Outro dos pontos ressaltados é que os otakus não querem “começar do começo”, aprendendo a lidar com os equipamentos básicos e sim começando direto de suas armas exóticas que mais parecem adereços de carro alegórico do que espadas.

A grande pergunta que se faz a partir de tais reclamações e alegações é: e daí?

Sério... Que mal tem em um novato ou novata começar a treinar com uma espada desproporcionalmente grande? Ou vinda de um anime? Ou um par de adagas super crescidas que parecem ter saído do League of Legends?

“Ah, mas as espadas de fantasia não funcionam no mundo real” poderá argumentar aquele rapaz de cabelos encaracolados e óculos remendados. E ainda completará: “eu vi um vídeo do Skallagrim que fala sobre isso”. Eu concordo com você. No mundo real o guerreiro que usasse uma Buster Sword duraria pouco ou quase nada no campo de batalha. Uma Buster Sword pesaria algo em torno de 80 pounds (cerca de 36kg)! No tempo que você levaria para levantar a espada e preparar para golpear você seria acertado uma dúzia de vezes por alguém usando uma espada longa. Sendo que um ou dois golpes bem colocados por uma espada longa seria o bastante para matar você. E mais: quanto você acha que pesa uma espada longa, cuja lâmina alcança 90cm? Levíssimos 770 gramas – menos de 1 quilo!


Mas para a nossa sorte (ou azar, depende do ponto de vista) temos o boffer swordplay e não o HEMA (Historical European Martial Arts). Minha arma não precisa trespassar a armadura do opoente e nem acertá-lo em cheio para acabar com ele. Força física não é sequer um pré-requisito para empunhar uma espada feita de cano PVC, coberta com espaguete de piscina. Basta um toquinho da outra arma no meu peito (seja essa outra arma uma lança, um machado ou mesmo uma faquinha de pão) para que se vá mais cedo para a zona de respawn. Daí uma espada grande ou espalhafatosa pode ser usada sem problemas. Você pode até mesmo criar seu próprio estilo de luta, colocando à prova os estilos marciais dos tempos dos cavaleiros medievais. 

Em outras palavras: você está liberado para correr feito um adorável retardado com uma oversized boffer sword pelo campo de batalha. Ninguém pode te julgar!

sexta-feira, 11 de março de 2016

A faculdade (e outras doideiras da vida adulta) .

Parece até que foi ontem que você estava passando pelo parque e viu aquele pessoal fantasiado batendo espadinhas. Ou foi na televisão, aquela reportagem com o pessoal no parque da cidade? Ou foi aquele vídeo que aquele seu colega mais velho estava vendo no celular, na escola? Nem dá para lembrar direito... Contrariando todas as expectativas você foi até lá e se apaixonou pelo esporte. Antes que você pudesse perceber já tinha seu próprio tabardo, já tinha feito sua arma pessoal e já era um dos melhores guerreiros do seu clã. E quanta coisa bacana você viveu desde que começou a treinar: os amigos que fez, aquela menina da lança que até hoje não dá bola para você (mas você continua gamadão nela), aquela manobra épica que você aplicou (só deus sabe como!) e as pancadas que levou. Puxa parece que faz uma eternidade.

Nesse meio tempo você cresceu. O ensino médio ficou para trás. É um efeito natural da vida. Acontece com todo mundo. Você está crescendo: faculdade, emprego, relacionamentos mais sérios, baladas, primeiro carro, morar sozinho, bancar a própria vida... de repente você se vê sem tempo. Os professores da faculdade têm certeza que você só estuda a matéria deles, os chefes são muito piores que o mais exigente dos professores que você teve no colégio, e como é diferente bancar a balada com a sua própria grana. Parece que a vida adulta está batendo no horizonte e quando você vê está cada vez mais complicado curtir seus hobbies antigos: quem tem tempo para ver a segunda temporada de Jéssica Jones quando aquele professor esquerdista de cheiro estranho exigiu a leitura e o fichamento de um livro (um livro!)? Quem pode se dar ao luxo de uma maratona de lolzinho quando a prova de Cálculo I (oh, o terror!) se aproxima velozmente no horizonte? De repente as responsabilidades são tantas que quase não sobra tempo para ser você!

Bom, mas são os ossos do ofício. Todo mundo passa por isso. Todo mundo, cedo ou tarde, tem que assumir seu fardo na sociedade: arrumar seu lugar ao sol, construir uma vida, buscar uma carreira, edificar sonhos... a boa notícia é que com um pouco de organização e planejamento você pode ter tudo. Pode se sair bem na faculdade, ter um relacionamento estável e saudável e conseguir sobreviver ao seu emprego sem querer matar o seu chefe e ainda assim ter tempo para fazer aquilo que você gosta: bater espadinhas com os coleguinhas no parque da cidade.

O segredo aqui é colocar seu tempo em ordem e não misturar suas prioridades. Sim, o seu escudo precisa de reparos, é verdade. A sua espada também precisa de uns remendos perto da guarda. Mas tudo isso pode – e vai esperar. Você tem outras prioridades na frente: textos para ler, trabalhos para fazer, aulas para assistir, coisas para entregar, novos conhecimentos para adquirir... é como dizia a minha mãe: primeiro a obrigação, depois a devoção.

Não se preocupe. Você ainda vai poder assistir Jéssica Jones, jogar lol e treinar espadinhas. Mas tudo há seu tempo: ao invés de ver todos os episódios da menina mais forte da Marvel comics veja apena sum por semana; ao invés de doze horas de lolzinho experimente ficar duas horas, no máximo. E é claro, o seu clã/reino/guilda de artífices vai ter que entender que você não vai mais poder se dedicar do jeito que fazia antes. Você vai deixar de ser um “profissional” para ser um “casual”. Delegue funções, pegue mais leve, procure se encaixar em sua nova realidade. E se tiver que faltar a qualquer evento de farra por conta de suas obrigações, falte sem medo e sem dó no coração. Não vale à pena ir ao treino e deixar de estudar para a prova de Cálculo I (oh, o terror!) ou deixar de fazer alguma obrigação do seu trabalho. Quantas vezes eu mesmo não deixei de ir aos treinos, com dor no coração, por causa de alguma obrigação profissional ou social? Mas é a vida que temos e é a vida que vamos viver.


O segredo da história toda é equilibrar tudo na balança da vida. Eu sei que você consegue. 


quarta-feira, 9 de março de 2016

No swordplay o sexo importa?

Essa é uma pergunta que veio depois que eu divulguei a postagem anterior sobre o dia internacional da mulher. A discussão que surgiu disso nos grupos do facebook foram peculiares, para dizer o mínimo. Daí, como um bom professor, resolvi eu mesmo conduzir alguma pesquisa e quem sabe lançar alguma luz sobre o assunto.

Antes que eu me esqueça, essa é uma opinião pessoal, baseada em fatos científicos e observação empírica. Não quer dizer que seja regra universal e, sim, eu sei que no seu caso é diferente. Eu posso viver com isso. Basta postar sua opinião nos comentários.

Vamos começar traçando as diferenças dos dois objetos em pesquisa: homens e mulheres. Usamos como base a divertidíssima obra: “Por que os homens mentem e as mulheres choram” do casal de pesquisadores Alan e Barbara Pease.

Homens tendem a ser mais corpulentos, ágeis, fortes e resistentes que as mulheres. Isso graças a testosterona, que corre solta em seus corpos. Sua reação e orientação espacial remontam dos tempos de nossos ancestrais pré-históricos, onde a capacidade de correr, passar muito tempo em movimento, ou ficar em silêncio por muitos períodos de tempo eram indispensáveis para a sobrevivência e para o sucesso da caça. Outra habilidade tida como masculina é a capacidade de mirar em alvos distantes. Homens são, via de regra, indisciplinados e lentos para aprender.

Mulheres tendem a ser menos fortes que os homens. Elas também são menos ágeis e não possuem tanta resistência física. Mas elas possuem uma visão periférica invejável e prestam atenção em detalhes que homem nenhum consegue ao menos notar. Elas podem dizer se você está mentindo apenas observando a sua linguagem corporal. Da mesma forma, podem dizer se você está blefando com a sua finta. Enganar uma mulher não é para qualquer um. Outra de suas características positivas é que elas possuem uma invejável destreza manual. A mulher é mais habilitada para dialogar e tem um vocabulário muito maior que o do homem. Mulheres aprendem com mais facilidade e focam em mais de um assunto ao mesmo tempo.

Colocados os pesos na mesa, vamos ver o que é realmente útil no swordplay.

Como o swordplay é um esporte de contato, habilidades como correr, resistência física e boa mira parecem saltar aos olhos. Nestes pontos os homens levam vantagem. Mas nem só de porrada vive a troncação de espadas de espuma: habilidades de liderança, visão de campo de batalha e boa capacidade de comunicação fazem das meninas líderes naturais em campo de guerra. Outro ponto a se ressaltar é que swordplayers não são jedis – eles não precisam e – não devem “usar a força”. Qualquer toquinho e você já vai estar a meio caminho da zona de respawn, seja por conta de um machado de duas mãos enorme, ou pela ação de uma adaga do tamanho de uma inocente régua escolar. Meninos levam vantagem em armas mais “brutais” como a espada longa e as combinações com escudo e as meninas ganham vantagem usando a lança (com todas as suas variações), espadas leves de uma mão, combinações de armas exóticas e broquéis e adagas (especialmente adagas).

Consultamos a opinião do sensei Jorge Kishikawa, pentacampeão brasileiro de kendô (consecutivo por 2 vezes), invicto em quase 80 embates, vice-campeão mundial em 1985, em Paris e 3º colocado no mundial em 1977, em Tokyo. É também o primeiro 7ºDan (grau) Kyoshi do Brasil a ser aprovado com unanimidade por uma banca de mestres japoneses. Acho que o currículo dele já serve como fundamentação para o que vem a seguir.

Segundo Kishikawa-sensei: “Quando leciono às mulheres o Caminho da Espada, procuro fazer com que a parte física não implique em desvantagem no combate. Isso não é tão difícil. As mulheres não utilizam a força bruta para vencer. De longe, elas possuem a melhor postura e a melhor pegada na espada, itens importantes para se começar corretamente. Ao longo do tempo, adquirem menos vícios que os homens, o que me poupa tempo e saliva durante a aula. Homens precisam aprender com as mulheres a ser mais “femininos” e menos brutamontes.” (Shinhagakure, pág. 137).

E no final, quem leva vantagem? Parafraseando Salladin: nenhum deles... e todos eles! Homens e mulheres são diferentes e suas vantagens e desvantagens não apenas se equilibram como se completam. Uma escudeira pode organizar uma linha de escudos tão impenetrável quanto uma barreira de aço enquanto um lanceiro pode dar a mobilidade que a linha de lanças precisa para flanquear com ousadia e coragem. Procurar qual dos dois é melhor é tão tolo quando tentar separar leite e café misturados num copo.


sexta-feira, 4 de março de 2016

Esforço e graduação.

Certa vez perguntaram para Ronda Rousey qual era o seu herói favorito. Sem titubear a ex-campeã respondeu que gostava muito de Dragon Ball, especialmente Goku e Vegeta. O fã emendou em seguida: por que não o super homem? Daí ela respondeu com uma simplicidade que se perde na tradução: porque o super homem não fez esforço nenhum para ganhar seus poderes. E se você pensar bem essa é uma das grandes coisas da vida: crescer a partir do teu próprio esforço. Outra das coisas mais legais do mundo é quando te reconhecem pelo teu esforço e pelo teu desenvolvimento pessoal.

E daí? Daí que nos grupos de swordplay essa dinâmica também existe. E graças a deus, não existe super homem jogando. Se você quer ser “alguém” vai ter de ser pelo teu desenvolvimento pessoal. Vai ter de suar o tabardo e levar muita espadinha no peito. E quando eu falo isso não é apenas por conta da tua habilidade com a tua arma de preferência. Nos grupos sérios, como a Beufort, a Folkisgate, a Magnus Legio, o Império Kyodai (só para citar alguns) não basta que você tenha uma boa perícia com a espada. Exige-se também um comprometimento que vai muito mais do que ir frequentemente aos treinos. Tem a ver muito mais com outras capacidades como companheirismo, liderança, honra, senso de justiça, coragem, honestidade e outros predicados igualmente indispensáveis.

Por isso, se houver alguma graduação no seu grupo e você não passar para um cargo mais elevado não fique com raivinha do pessoal de patente mais elevada. Aproveite este momento para olhar para dentro de você e vigiar suas atitudes. Estou lutando limpo? Estou aceitando os golpes? Estou lutando em igualdade de condições com pessoas com menos habilidade do que eu? Eu cumpro com o que prometi? Será que eu bato com muita força? Será que sou highlander? Será que fico cantando golpes? Será que não tenho me esforçado o bastante?


Vale a pena olhar para si mesmo e se conhecer melhor. Aproveite para aprender com seus erros. E por favor, não desconte nos outros quando você não consegue crescer. 

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...