terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Novo local de treino

Ficou misto de sentimentos que venho por meio desta avisar a todos amigos dos Lordes de Ferro que o nosso local de treino mudou.
Nós não treinamos mais no setor central do Gama, próximo ao galpãozinho, simplesmente por motivos de segurança. Existe um grande número de mal elementos rondando o setor central justamente por causa disso deliberamos mudar o local do treino.
O nosso novo local de treino é o parque infantil dentro da praça do cine Itapuã, conhecido carinhosamente como Park leste do Gama. Alguns pontos de referência são agência do Correios do Gama, o próprio cine Itapuã, a Bull's hamburgueria.
Espero todo mundo no nosso novo local de treino, já a partir deste domingo dia 16 de dezembro de 2018.








segunda-feira, 26 de novembro de 2018

3 regras para Trabalhar com grupos grandes


Lembro-me de ter lido uma entrevista do Bruce Dickinson onde ele falava da logística de um show do Iron Maiden. Uma frase me marcou com certeza: “um turnê como a que fazemos hoje não é a mesma coisa de jogar os instrumentos numa van, cheia de amigos, com algumas cervejas no porta-malas”. E eu ficava sonhando quando é que eu teria o prazer de dizer uma frase no mesmo nível para um assunto que eu gostava. Esse dia chegou, e é como diz a música keeper of the flame, da banda Blackmore’s Night: “be careful of what you wish for, And make sure when it knocks at your door, It'll be what you need, not some fantasy, That will haunt you forever more” (tradução livre: “Tenha cuidado com o que você deseja, E certifique-se que quando bater à sua porta, Vai ser o que você precisa, não alguma fantasia, que vai assombrá-lo para sempre e além”).

“Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização. Controlar muitos ou poucos é uma mesma e única coisa. É apenas uma questão de formação e sinalizações”. (Sun Tzu – a arte da guerra, Capítulo V: Estratégia do Confronto Direto e Indireto).

Estava olhando as fotos dos Lordes de Ferro. Sempre, ou quase sempre, ao final de cada treino eu tiro uma foto das pessoas reunidas. Para ter uma lembrança daquele dia. Tivemos dias muito bons, e dias igualmente ruins. Lembro que num treino tivemos apenas três pessoas: eu, o Bardo e a Gelo. Naquele dia pensei em desistir do hobbie e fazer qualquer outra coisa. Mas olhando as fotos do último treino, quando tivemos trinta e duas pessoas, penso que fiz bem em não desistir. Mas teve outra coisa que eu tie de fazer bem também: me preparar para quando o grupo fosse maior.

No começo eu ficava feliz quando tínhamos cerca de dez a quinze pessoas por treino. Dava para fazer um treino bom, mesmo que eu não tivesse uma organização fenomenal. Eu tinha alguma organização, é verdade, e sempre planejava com antecedência o que íamos fazer naquele dia. Cacoete de professor: planejar para ter o que fazer.

Quando eu percebi que estávamos passando fácil da casa das duas dezenas de jogadores em campo soube que seria a hora de programar regras mais severas e organização mais séria para o treino. Passei a cobrar um equipamento mínimo de cada membro, além do tabardo; passamos a fazer fichas de inscrição, e criamos um sistema de regras padronizado que cada jogador tem acesso. Regras e punições foram estabelecidas e para que sejam levadas á sério eu não tenho qualquer pudor em aplicar a lei. Esse sistema de regras está em sua versão 1.5 e passará por uma revisão no final de 2018 para se acomodar às necessidades do reino para 2019.    

Então, a primeira regra para se comandar grupos grandes é criar um sistema de regras amplamente divulgado e claro, que qualquer um seja capaz de ler e de entender. A partir deste ponto é preciso que as pessoas compreendam que a liderança existe e que deve ser seguida. O trabalho da liderança, inclusive, é o de aplicar as regras e as punições para todos. Quando o grupo recebe um comando deve fazer o seu melhor para cumprir esse comando.

A segunda regra é fazer com que suas ações falem mais alto do que suas palavras. Não apenas falem mais ato, mas falem com coerência.  Eu não posso exigir do meu grupo nenhuma forma de honestidade em combate se eu mesmo sou desonesto; Não posso exigir coragem ou habilidade de meus comandados se meus generais assim não o forem; Não posso exigir justiça ou parcimônia se eu proteger de forma injusta alguns membros do grupo em detrimento de outros. As minhas ações devem ser capazes de convencer meus comandados que o meu principal cuidado é “preservá-los de toda desgraça.”

A terceira regra tem a ver com o conhecer para administrar. Lembre-se dos nomes de todos os oficiais e subalternos. Tenha um registro fiel, anotando o talento e suas capacidades individuais, a fim de aproveitar o potencial de cada um. É para isso que servem as fichas de inscrição. Manter essas fichas atualizadas é um passo importante para você saber o que esperar de cada uma das pessoas de seu grupo.

Sun Tzu encerra a questão com um aforismo bem interessante: Em poucas palavras, o que consiste a habilidade e a perfeição do comando das tropas é o conhecimento das luzes e das trevas, do aparente e o secreto. É nesse conhecimento hábil que habita toda a arte. Assim, o perito ao executar o ataque “indireto” assemelha-se ao céu e as terras, cujos movimentos nunca são aleatórios, são como os rios e mares inexauríveis. Assemelham-se ao sol e à lua, eles tem tempo para aparecer e tempo para desaparecer. Como as quatro estações, ele passa, mas apenas para voltar outra vez.

Em outras palavras: organize-se, conheça o seu grupo e mantenha uma liderança firme e honesta. 

Tudo vai se ajeitar.

domingo, 4 de novembro de 2018

Swordplay para deficientes

Um colega meu sugeriu que eu fizesse um texto abordando as reais possibilidades do swordplay servir para pessoas com deficiência. 
Eu achei um tema bastante interessante, apesar de no momento da sugestão eu não ter qualquer subsídio para desenvolver uma ideia minimamente adequada. Então eu fiz como qualquer pesquisador que tem um assunto novo em mãos faz: saí em busca de pesquisas. E nada melhor para me ajudar do que profissionais que trabalham com pessoas com deficiência. Levei algum tempo para contactar todas as pessoas que eu queria e fazer as pesquisas necessárias para me sentir à vontade para escrever essas mal traçadas linhas. Devo admitir também que o resultado final talvez não seja o que você está esperando. Mas acredito que como ponto de partida o texto cumpre a sua função. 
A grande questão aqui é a adaptação do Esporte e suas regras para pessoas com deficiência. O melhor exemplo que eu posso pensar é o futebol de salão para cegos. Existem regras especiais para essa modalidade: bola com Guizo, plateia em silêncio, goleiro capaz de enxergar, mas usando venda nos olhos...
A mesma coisa pode ser feita com swordplay. Basta adaptar colocando guizos nas espadas, vendando os adversários que porventura não possuam deficiência visual. 
Mas e quando é a deficiência não trabalha com um dos sentidos? E se é uma deficiência motora? Uma pessoa que perdeu a mão ou que usa uma prótese na perna? 
A explicação mantém-se a mesma: a pessoa pode e deve utilizar equipamentos adaptados para a sua condição. Existe um grupo de recreação Histórica viking no Brasil em que um dos participantes não tem uma das mãos. Isso não impede que ele use um escudo amarrado ao braço ou que seja extremamente perigoso e ameaçador usando uma espada ou o machado na sua mão hábil.
Com a questão da prótese basta colocar por cima dela uma armadura ou peça de armadura que a torna imune a golpes. Devemos lembrar que neste caso específico a proteção adequada da prótese é indispensável. Muitas próteses foram feitas para suportar o peso do corpo e caminhar mas não foram feitas para receber golpes laterais com espadas de espuma. Neste caso mais do que nunca o cuidado com o outro é indispensável. 
Se o seu grupo não trabalha com regras de Armadura vale a pena dar uma olhada nas que estão na página do pessoal da Gladius swordplay.
No fim das contas tudo se resume a duas coisas: vontade de inclusão e adaptação das regras. É óbvio que uma pessoa cega não poderia ir para uma linha de batalha massiva como a que temos no encontro Paulista de swordplay. Mas isso não deveria ser empecilho para qualquer pessoa participar e se divertir com a nossa modalidade favorita. 

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Relato do EBSB 2018


Eu tenho estado ausente deste blog. Peço desculpas aos meus 1d6+1 leitores. Mas o mundo real chamou por minha atenção nos últimos meses e mesmo que eu tivesse uma pauta razoavelmente interessante para escrever, me faltava tempo hábil para tal.

Mas, para começar a falar de tudo o que aconteceu no EBSB deste ano, eu preciso retroceder no tempo.

Mas se você não quer saber disso, vá rolando a tela até achar um paragrafo que começa com a frase “Então é agora que eu começo a falar do evento”.

Pelo menos um ano e uns meses quando o meu antigo grupo de swordplay, os cavaleiros da virtude/eldhestar chegou ao fim. Eu estava conversando com o meu amigo Manassés Cohen, o samurai judeu, sobre isso. Conversa vai e vem ficamos de montar um novo grupo do Gama – a cidade que eu moro atualmente. Escolhemos o lugar e começamos a fazer a divulgação. Contamos com a valiosa ajuda de Rhayra dos Santos que nos trouxe nossos primeiros recrutas. Foi com poucos treinos do meu grupo, sem nome ainda, que tivemos que tomar algumas decisões importantes: seriamos filiados à Aliança de Beufort ou seríamos um grupo independente, andando com nossas próprias pernas? Teríamos a estabilidade e o know-how de um grupo estabelecido com mais de dez anos de estrada ou optaríamos pela liberdade de dar forma a nos mesmos e seguirmos por nosso próprio caminho?    Escolhemos a segunda opção e foi aí que a minha vida – e minha relação com o EBSB – mudou para sempre.

De repente, lá estava eu, sozinho, dando a forma que eu achava que o grupo precisaria ter para crescer. Já tinha falado com grandes nomes do swordplay do Brasil, pessoas que eu respeito e admiro como Juan Sebastian do Aliança e Glauco da Magnus Legio. Então eu fiz o que todo professor sabe fazer: preparei um planejamento daquilo que eu queria que o grupo se transformasse. Comecei introduzindo os escudos aos poucos e depois as lanças. Depois passamos a adotar a formação de hoplita – a mais completa, em minha opinião.  Não apenas isso. Era a formação usada por outro grupo que eu admiro muito – mas que tem uma injustificada má fama: os cavaleiros da morte / death knights do Rio de Janeiro. Eu disse tem? Não tem mais. Mas calma, que eu estou passando o carro na frente dos bois. Já, já eu volto a essa questão.

Naquele momento eu sabia que eu queria um grupo como o DK. Uma compacta formação de hoplitas, bem oleada e que sabe trabalhar em equipe. Era isso que eu queria, mas tinha coisas que eu não queria. Eu não queria aqueles escudos “porta de frigobar”. Como historiador, preferi ficar com os tradicionais escudos gregos redondos com um quê de escudos vikings – muitos dos meus jogadores são fãs da série.

E então começamos a trabalhar para fazer um escudo e uma lança para cada membro do grupo. Depois disso treinamos exaustivamente as formações básicas de hoplita: golpes, movimentação, formação.  Tudo isso para levar um time pequeno e funcional para São Paulo daqui a dois anos. Eis que surge no horizonte o EBSB. A nossa grande chance de nos apresentarmos. Seria o nosso cartão de visitas.

Então, durante os dois meses anteriores ao EBSB eu fui pilhando o grupo com cada pedaço de informação que eu podia garimpar do evento em si. Ia dizendo a eles: “Olha, o pessoal do Tocantins vai trazer 15 pessoas. Do Tocantins! Não podemos fazer feio! Você mora no DF e no entorno e, portanto, não tem desculpas para não ir”. Ou então “Você não vai? Vergonha, vergonha, vergonha!” Acabou dando certo. Conseguimos levar 36 pessoas para o evento.

Então é agora que eu começo a falar do evento.

Não era para irmos no sábado. Mas como eu ia bancar o cicerone de alguns grupos como o DK e os Macacos eu coloquei dois malucos no Betão-móvel e tocamos para o parque da cidade. Foi um dia maravilhoso de reencontros, batalhas e bate-papo gostoso com amigos que se não fosse pelo swordplay eu jamais teria conhecido. Meio a meu contragosto os meus meninos Thalles e Johnnie Walker se meteram nos torneios. Eu parei para ver a luta do Walker com o Gabriel Carrusca. Walker tem pouco mais de um ano de treino enquanto Carrusca tem pelo menos seis anos. Tava na cara que o Carrusca ia ganhar – e ganhou.... mas foi por pouco. Mas não foi isso que me chamou atenção. Foi o fato do Walker não ter precisado dos juízes em nenhum momento. Ele acusou cada golpe que recebeu e saiu de lá como um vencedor aos meus olhos. Mais tarde Carrusca e falou sobre a luta: “Foi uma das melhores lutas que Eu tive lá. Não sei em que nível ele está, mas luta bem de espada e escudo. Ele tem movimentos rápidos”.  

Também tive a oportunidade de no sábado mesmo treinar com algumas pessoas e saber do infeliz incidente com a delegação dos Macacos. Numa atitude mais do que feliz a organização do evento postergou os demais campeonatos até que eles chegassem. Aproveitei para conversar longamente com o Richard Jorge do DK e fiquei muito triste em saber como algumas palavras maldosas e críticas destrutivas afastaram alguns membros do DK do evento.

E quem teve a oportunidade de conversar com a pequena, mas competente, delegação dos DK pode atestar, como eu também atesto, que as críticas são infundadas. Se elas foram verdadeiras algum dia hoje não passam de “Fake News”.

Encontrei o Daniel dos cavaleiros da Távola Redonda, a sua esposa Pandy e o seu ferreiro Frederico Galheiro. Pessoas maravilhosas. Impressionado com o arsenal deles.

O ponto alto foi a chegada dos macacos. Que grupo mais divertido. E habilidoso também.  
O dia das massivas começou devagar, com um sol de rachar o coco. Todo mundo cansado do sábado.  Mas eu não reclamei nenhum momento. Todo mundo sabia que a semana tinha sido toda chuvosa, com tempestades e o escambau. O sol era mais que bem vindo.
O meu grupo foi chegando aos poucos. Fizemos a última checagem nas armas e mandei todo mundo lutar. Ficar sentado era para gente velha como eu.

No fim as massivas foram incríveis. Os juízes fizeram o possível e os líderes de clã brilharam colocando ordem em suas hostes. Lindo ver a habilidade do Romulo do Alamut com o arco ou ver o desempenho impecável do Luiz Felipe com seus sabres de luz que faziam barulhinho.

Mas nem tudo são flores, abraços e lutas divertidas. Algumas regras da organização como a de cobrir totalmente o cabo das lanças para que se parecessem mais com armas reais (sem mostrar o cano pvc) só deram prejuízo. Eu entendo que “em roma como os romanos” e que se eu aceitei as participar do evento eu aceitei suas regras, mas acho que essa poderia ser revista.

Vou encerrar esse relato com a frase do Cezar, um dos meus meninos: “O EBSB, pra mim, serviu como um motivador. Ver tanta gente engajada e se esforçando, mas sem perder a camaradagem, pessoas habilidosas num nível que eu nunca pensei. Tudo isso me fez ter vontade de  melhorar e treinar cada vez mais, a minha vontade depois do EBSB, é de trazer cada vez mais pessoas pra dentro do esporte”.

É isso gente. Nos vemos de novo em 2020!

PS: não tem fotos. Eu estava ocupado demais me divertindo para tirar fotos. 

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Obrigado por sua consideração


Yoroshiku Onegaishimasu

Uma das primeiras coisas que você aprende quando começa a treinar no Instituto Niten de kenjutsu é a seguinte frase: yoroshiku onegaishimasu. Eu sempre pensei que se traduzia como “me ensine, por favor”, mas depois de alguns anos descobri que se traduz por “obrigado por sua consideração”. Bom, o efeito é plenamente o mesmo.

O efeito da frase é agradecer. Normalmente usávamos quando algum superior lutava conosco e nos vencia. A frase servia para agradecer o trabalho que o senpai teve conosco, sua consideração com o nosso aprendizado. Afinal, ao nos derrotar, ele mostrava onde estava a falha de nossas técnicas, a brecha em nossas defesas, o erro em nossa postura. Ele nos permitia aprender com o seu estilo, com a sua experiência, mostrando o caminho certo para ser trilhado.

E por que trazer este tema à tona? Porque muitas vezes esquecemo-nos de agradecer. Esquecemo-nos de agradecer o colega de treino que para a sua luta para nos mostrar o jeito certo de conduzir o combate; esquecemo-nos de agradecer ao ferreiro do clã por manter as nossas armas em boas condições; esquecemos de agradecer ao colega que passou a semana inteira planejando o treino para que ele ficasse divertido e legal. E não fazemos isso por mal. Fazemos porque, no nosso mundo apressado, acabamos esquecendo coisas simples como agradecer. Agradecemos então, não para inflar o ego dos colegas, mas para mostrar que estamos felizes em ter um bom colega preocupado com o nosso crescimento.

Então pare de bancar o ingrato e comece a agradecer o que os outros estão fazendo por você, para que o se treino seja cada vez melhor.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Apresentando: Alliance Village Swordplay


Uma das coisas mais legais que vem acontecendo é ver o surgimento de novos grupos. Um deles - e bem promissor - é o Alliance Village Swordplay.

Eles treinam no parque do Trote: Av. Nadir Dias de Figueiredo - Vila Maria Baixa, São Paulo - SP, 02110-000. Próximo à Avenida Maria Cândida, do metrô Santana e Carandiru.

Os treinos ocorrem todos os sábados e domingos das 14:00 as 18:00.

E o que pode ser esperado desse grupo?

Com a palavra os fundadores:
“Nosso clã nasceu e se baseia na cultura Bretanha e do Reino Unido, onde nos priorizamos espadachins e bom lanceiros como Diarmung herói da mitologia celta e Dagda Deus da guerra e da forja. Nosso método de crescimento dentro do clã e puramente meritocrático. Para nós o clã é uma família. Nosso maior símbolo e a árvore, e  a usamos em braceletes e em nosso tabardo”. Rafael (diarmung) e Gustavo (reod dai).

O contato com os líderes pode ser feito por e-mail:
rafaeltech13@gmail.com

Ou, pelo telefone:  
(WhatsApp) (11) 97770-2543

Ficou curioso? Quer conhecer? Dê uma passada lá e conte para nós o que você achou de treinar com eles. Não esqueça de usar roupas leves, calçado firme, protetor solar e levar uma boa garrafa de água!

domingo, 19 de agosto de 2018

É o meu futebol


Uma das coisas que eu mais trabalho nesta vida é com definições. Conceituações. Dar o nome e a definição correta a cada termo para poder usa-los adequadamente para construir uma narrativa, uma explicação ou mesmo construir um conceito.

Para que haja uma comunicação eficaz, ambos os interlocutores tem de falar o mesmo idioma e ter clareza dos mesmos termos. Caso contrário, a comunicação e a compreensão da mensagem ficam prejudicadas. Observe por exemplo a palavra “escudeiro”, usada com tanta frequência em nosso meio. Ela pode designar ao mesmo tempo a pessoa que luta usando o escudo combinado com outra arma e o servidor ou pajem que carregava o escudo de um cavalheiro, acompanhando-o na guerra. Ela também pode significar um cavaleiro em treinamento, ou mesmo um título de nobreza baixo. É claro que num bate papo de amigos sobre swordplay quando eu uso a palavra escudeiro estou me referindo a quem usa escudo. Mas se eu estiver falando de idade média eu me refiro ao pajem.

Por isso, dar definições adequadas ao swordplay e suas práticas é uma coisa que me persegue. Eu já fiz algumas digressões sobre isso aqui (http://swordplaydobetao.blogspot.com/2017/06/esclarecimentos-definicoes-e-objetivos.html) mas queria hoje fazer mais um aprofundamento.

Aproveito para começar o texto pegando emprestado a frase de Kyo Tachibana Santos, dada em entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”, quando ele diz que “este (esporte, no caso o swordplay) é o meu futebol”. Sempre gostei de analogias sobre o esporte favorito dos bretões e portanto começarei por ele.

Existem diversas modalidades esportivas que atendem por futebol. Tem o futebol de campo (o mais famoso), o futebol de salão, o futebol de praia, o futebol americano (que não é bem um futebol mesmo...), o futebol de botão... é tudo futebol. Cada categoria de futebol é independente uma da outra e ninguém as vê como alguma fase introdutória para se chegar a outra. Você pode migrar regras de uma modalidade para outra, mas no fim tudo é futebol e todas são diferentes.

Com o swordplay é a mesma coisa. Existe o boffer, o softcombat, o hema, a esgrima, a recriação histórica, o kendô... todos lidam com espada, mas cada um é um universo em si mesma.

O grande erro das pessoas, a meu ver, é tentar trazer para a sua modalidade favorita características de outras modalidades. É mais ou menos como uma pessoa que adora futebol de campo e quer usar chuteiras numa partida de futebol de areia. Não dá muito certo.

Outro ponto a ser considerado é que embora muitos jogadores transitem entre as diversas modalidade de swordplay nenhuma delas funciona como uma “escada” o como “um ponto de iniciantes para as outras”. Assim como o futebol de salão não é a versão para novatos do futebol de campo, o boffer swordplay não é a versão para iniciantes do hema ou de qualquer outra categoria. Quem não gosta das dimensões do campo ou do tamanho da bola do futebol de salão, muda para o futebol de campo e não tenta trazer o campo gramado ou a bola da copa do mundo (jabulaaaani!) para o futebol de salão. Se você treina kendô, você não vai levar para o treino uma espada chinesa ou um escudo viking. Pelo menos, deveria ser assim.

Claro que aqui o objetivo não é cagar regras. Se você acha que as regras do boffer não são adequadas para você e você não quer migrar para outra categoria pode tentar fazer uma das três coisas abaixo:

Criar uma categoria nova

Mudar as regras no seu grupo

Propor e convencer outros grupos a fazerem a mudança junto com você.

Seja lá o que você for fazer é bom ter em mente, com muita clareza, o que você quer. Você quer uma coisa mais realista? Você quer a possibilidade de fazer ataques de carga? Chutar escudos? Usar as regras de combate medieval desarmado? Usar armaduras e armas de metal? Fazer valer apenas os golpes que acertam em cheio? Banir para sempre “jutsus” e posturas de anime? Proibir regras de magia ou poderes sobrenaturais? Acertar a cabeça e os genitais dos colegas? Se você quer uma delas ou mais de uma eu tenho duas notícias para você:

Primeiro: a modalidade que você quer já existe.

Segundo: ela não é o boffer swordplay.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Traição


Embasamento teórico-conceitual
Traição é um substantivo abstrato, não condicionado a gênero, que remete para o ato de trair e significa uma falta de lealdade, quebra de fidelidade e confiança.
Traição tem a mesma origem que a palavra tradição, o termo em latim traditione. Quanto à etimologia, esta palavra está conotada com a entrega de alguma coisa que pode prejudicar outro.
O conceito de traição implica que há quebra na confiança, fidelidade ou lealdade, entre os elementos envolvidos. Assim, a traição pode acontecer entre amigos, entre companheiros ou entre pessoas que têm um relacionamento amoroso.
Uma das traições mais famosas da humanidade é a de Judas. Segundo conta a tradição, este traiu o seu mestre Jesus, entregando-o às autoridades judaicas. Esta traição também é famosa porque Judas identificou Jesus através de um beijo.
Entretanto, a traição é sempre uma coisa ruim? Não sou religioso e o que vou dizer a seguir não tem por objetivo questionar a fé de quem quer que seja. Veja o caso de Judas: Jesus é filho de deus, onipresente, onipotente e onisciente, e sabia que Judas o trairia. Ele teria, em tese, poder para impedir a traição de Judas, uma vez que ele sabia da tal traição. Ou seja, se não houvesse a traição de Judas, Jesus não teria sido preso e nem tão pouco crucificado. Não teria morrido e nem ressuscitado. Concluindo, sem a traição de Judas, o Cristianismo, como conhecemos não existiria. Claro que há quem defenda que jesus estava apenas respeitando o livre arbítrio de Judas, mas não muda o fato de que ele sabia da traição.  
Existem outros pontos a serem debatidos. A traição pode ser boa. Imagine uma guerra entre dois senhores feudais. Um dos vassalos do senhor A rompe relações com ele e bandeia seus exércitos para o senhor B. Durante a feroz batalha o vassalo traidor começa a atacar a forças do senhor B. A traição dele tinha sido falsa. Ele era, em suma, uma traição dentro de uma traição. Para o senhor A, a estratégia da traição foi muito boa.
A traição, portanto depende do ponto de vista de quem trai e de quem é traído. É necessário lembrar que apenas uma pessoa sente os efeito da traição e realmente se importa com ela: a parte que é traída.   

E o quico (e o swordplay)?
Recebi uma comunicação de um amigo e antigo colaborador da página (O que? Você não sabia que pode ser colaborador aqui da página? Contate-me em particular e descubra como) que dizia mais ou menos assim:
- Betão, tem algum texto na sua página que fale de traição?
- Cara, que eu saiba não. Mas qual foi a fita?
- Bom, o meu clã treinávamos com vários lordes. Cada lorde tinha uma casa e o membro que atingisse a patente baixa de soldado era convidado a entrar numa casa. Dentre essas casas, tinha uma casa chamada XXXXXXXXX, é o lorde dessa casa começou a usar os membros que tinha com ele para montar um novo clã sem se pronunciar. E os que eram da casa dele foram juntos e ainda combinaram de convidar o oferecer vantagens para os outros membros do clã para se juntarem a eles no novo clã. Então, isso nos deixou bem chateado. (...) Ele usou do pouco de influência, mais o trabalho dos membros do clã, para criar um novo clã sem se quer se pronunciar, tudo secretamente. Enfim, pegou a gente de surpresa.  
- Vou ver o que eu posso fazer.
Bom, este texto é a resposta deste diálogo. Eu fiz pequenas alterações cosméticas no texto o meu amigo para que não fosse possível identificar quem era ele e de que clãs estávamos falando. Num assunto passional como a traição eu preciso manter a discrição e a posição neutra.  

Tratando do assunto
A primeira coisa que se tem que entender é que cada caso de traição é um caso diferente de traição. Duas traições não são as mesmas e cada um tem suas nuances, agravantes e atenuantes. Mas outra coisa que há de se deixar claro: os motivos não variam muito. Relação desgastada por brigas e desentendimentos, Falta de interesse de umas ou de ambas as partes, Falta de companheirismo, e Promessas não cumpridas figuram entre os motivos mais comuns para esse tipo de fenômeno.
Uma relação é feita de idas e vindas, onde todo mundo tem que ceder. E num grupo de swordplay as relações entre os membros ou entre os membros e os líderes podem azedar. Ninguém quer permanecer num grupo que perde mais tempo se desentendendo ou fazendo DR (Discutindo Relação) do que efetivamente treinando. Ninguém vai para o treino para ter raiva.  
A falta de interesse ou até mesmo a falta de companheirismo são fatores bem críticos também. Especialmente se o novo grupo que vai nascer dos dissidentes do antigo tiver uma proposta diferenciada, mais de acordo com os interesses das pessoas. Para evitar esse tipo de coisa o grupo tem que se reinventar a cada seis meses.
Entretanto são as promessas não cumpridas que causam a grande quantidade dos casos envolvendo o swordplay. Não foram poucas as vezes eu presenciei pessoas que saíam de seus clãs ou de seus grupos, sob a justificativa de que não tinha sido por aquilo que eles tinham assinado a ficha de filiação. Promessas de igualdade de tratamento, de justiça entre os membros, ou mesmo ações que indicam favorecimento de determinados membros em detrimentos de outros são fatos mais pesados do que a maioria das pessoas gosta de supor.  
Independente dos motivos, se justos ou não, a traição não deve ser tratada como tabu ou coisa que o valha. É desagradável, sem dúvida, mas está longe de ser o fim do mundo. O ideal é que o grupo tenha tudo às claras e que as relações entre os membros sejam regidas por normas bastante dignas Reclamações devem ser ouvidas e resolvidas. E mesmo que haja uma ruptura, é imprescindível que haja uma ponte de comunicação entre os membros para que as coisas possam ser resolvidas em paz. Ou pelo menos da melhor forma possível.


Resumindo...
A traição não é necessariamente uma coisa ruim. Ela pode ser parte de um necessário crescimento para você e seu grupo, se assim você compreender este fenômeno.  Por lidar com a ideia de uma quebra de confiança entre duas ou mais pessoas a traição costuma ser um assunto passional e pode levar a dissabores bem maiores.
Sobre o que aconteceu com o meu amigo, vale a pena repensar se o grupo poderia ter antevisto os sinais de uma eminente traição ou se poderia ter feito alguma coisa para evitar o que aconteceu. Isso para referências futuras, lógico.
E o que fazer no presente? O melhor é esquecer e deixar que os outros sigam com suas vidas. Siga com a sua. Se quiser, risque o nome da pessoa da sua agenda e bloqueie no facebook.  Você não vai ganhar nada em espezinhar e perseguir os que se foram. Deixe que vão embora e lamente a perda deles enquanto se esforça para se recuperar, seja em números ou em qualidade.
E para o futuro? Aprenda a ouvir seus membros e dar seguimento às suas demandas com parcimônia, justiça e transparência. Entenda também que não importa o que você faça traições podem surgir de qualquer lugar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Minhas impressões do EPS 2018


No princípio
Lembro-me vagamente quando ouvi falar do EPS pela primeira vez. Foi durante o meu treino conjunto da Aliança de Beufort.  Todo mundo dizia que valia à pena ir para um treino conjunto, que era muito legal e coisa e tal, sensacional, que tinha gente pra caramba...

Então eu paguei para ver. Quase 50 pessoas distribuídas entre todos os reinos da Aliança à época. Muito interessante e divertido lutar ao lado, com e contra tantas pessoas diferentes. Tantos estilos diversos, tantas armas diferentes, tanta gente para conhecer. Foi mesmo muito legal.
- Tá gostando, Betão? – perguntou para mim o antigo rei da Aliança, Juan Sebastian.
- Achei muito legal. Valeu à pena vir até o parque da cidade.  – respondi.
- Pois se você gostou tem de conhecer o EPS. Isso aqui não é nem um décimo  do que é o EPS.

Por um momento eu fiquei sem acreditar, mas como eu já tinha morado na terra da garoa e sabia, pelas experiências dos eventos de RPG que eu costumava ir, que em São Paulo tudo é superlativo.

Então em 2016 eu fui para o evento. E meu mundo nunca mais foi o mesmo.

O evento
Mesmo quem conhece o EPS de várias edições não tem como não sofrer o impacto da quantidade absurda de pessoas que participam dele. É muita gente. MESMO. Linhas de trezentas, quatrocentas pessoas de cada lado se aproximando para o alcance das lanças e a defesa dos escudos. É uma sensação única, um tanto indescritível. Parafraseando Cecília Meireles: O EPS é uma coisa que não há ninguém que explique, e uma vez vivido, ninguém que não entenda.

O local foi o mesmo dos anos passados, o Parque Villa Lobos, mas com uma bem vinda alteração. Não seria mais na ilha musical, que estava ocupada com um festival de jazz, e sim em outro ponto, mais arborizado, ao lado do portão 2, próximo a estação Villa Lobos – Jaguaré.

O vídeo com a Toshie mostrando como chegar da estação para o evento foi bastante didático. Fácil de chegar. O local é infinitamente melhor que a ilha musical e desde já tem o meu voto para ser o novo point do EPS: mais arborizado, de melhor acesso, mais seguro, com fácil acesso a lanchonetes, bebedouros e banheiros. Por ser um espaço um pouco menor garantiu que os grupos ficassem mais próximos uns dos outros. Isso aumenta a integração entre os grupos e a segurança de nossos equipamentos.

Fiz um vídeo mostrando a minha experiência durante o evento.  O link estará no final deste relato.
A manhã começou morninha, com poucos grupos, mas a medida que o dia ia avançando as coisas foram esquentando. Depois de ter inspecionado meus equipamentos e de ter me registrado, comecei a passear pelo evento, revendo amigos de outras edições e conhecendo novas pessoas como o tiozão da Magnus Legio, Romão da Wolfenrir, a Charlote do ombro deslocado da Leões do Vale, o pessoal fantástico da Lions and vandals, e tantas outras pessoas maravilhosas que a minha memória de peixinho dourado não permite lembrar agora.

Passei boa parte da manha circulando entre os grupos, numa atmosfera muito amigável e descontraída. Foram dezenas (talvez até uma centena de duelos de x1) onde não tive nenhum dissabor ou aborrecimento. Mesmo nas concorridas rodadas de 4x4, 10x10 e 20x20.

Outro ponto muito forte que eu pude observar foi a organização do evento. Foi impecável. Dos guias espalhados pelo parque, passando pelos juízes-gandulas de equipamentos, até o pessoal da área médica, tudo funcionava milimetricamente bem. Eu me lembro que na terceira ou quarta rodada das massivas eu perdi um braço e deixei meu escudo cair. Logo em seguida eu morri. Quando me virei vi que meu escudo já estava na área de retorno de equipamentos.

Só tenho agradecimentos a fazer. Nada mais. Foi uma experiência memorável. Única. Alguma coisa que todos deveríamos almejar.

Finalizando
Só uma coisa quero acrescentar. Ao final do evento e saí para me despedir dos colegas e passei em dois lugares muito rapidamente: no pessoal da DK do Rio de Janeiro e no pessoal da Magnus Legio de Limeira. E nas duas eu ouvi coisas muito parecidas.

“Gente, o parque fecha em quinze minutos. Reúnam todo o equipamento e vamos embora. Mas antes de irmos, deem uma passada nos outros acampamentos para socializar, apertar as mãos e conhecer os outros. Todo mundo aqui é amigo”. 

Ver essa mesma sintonia nos dois maiores grupos do evento me emocionou de verdade. E no ano que vem? No ano que vem tem mais.

https://www.youtube.com/watch?v=IN6x_Hhkv5Y&t

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Sobrevivendo ao EPS


Tradicionalmente o EPS é realizado no último final de semana de julho, no Parque Vila Lobos em São Paulo. Este pequeno guia tem 5 itens que você deve observar se quiser se dar bem no evento.

1 – Leve água e comida.
Sério neste item, com certeza. Na véspera do evento compre ou encha aquelas garrafas de 1,5 litros de água ou várias menores de meio litro. Tem bebedouro no local, mas nem sempre dá para contar com ele.
Comida é outro item vital. As opções no parque são decepcionantes e caras. Não custa nada você fazer um monte de sanduíches de presunto com queijo na véspera e carregar dentro da sua mochila. Vai por mim, sair do evento para almoçar fora pode levar horas de aborrecimentos.

2 – Protetor solar.
Nem se preocupe com o poeminha cantado pelo Pedro Bial. Aqui o lance é sério. Quase não tem árvores no parque! É um mega campo gramado. Sombra é item de luxo. Protetor solar é vida. Você não quer ganhar uma insolação e sair mais cedo do evento, né?

3 – Roupas leves.
Você vai correr, lutar e o escambau. Use roupas leves por baixo do seu tabardo. Calçado firme no pé, como um tênis, coturno ou coisa que o valha. Se puder proteger sua cabeça com alguma coisa (lenço, chapéu, bandana), faça isso. Acima de tudo leve uma toalhinha e uma muda de roupa seca para o fim do evento. Você não quer ir para casa todo molhado de suor, não é mesmo?

4 – RG, CPF, comprovante de residência.
Leve apenas o essencial quando o assunto são documentos. Você não quer e nem precisa perder sua carteira num evento desse porte. Mantenha sempre perto de você um RG, um cartão de banco e algum dinheiro para emergências, mas é só. Mantenha seu celular sempre perto de você. De preferência, leve um power bank. Nunca se sabe quando a bateria vai te abandonar.

5 – Arsenal.
Você não precisa levar toda a sala de armas do Castelo de Buckingham com você. Leve a sua arma de preferência, uma arma reserva, e um rolinho de silvertape para reparos de última hora.   



segunda-feira, 23 de julho de 2018

Passando da teoria a prática


Tenho certeza que isso já aconteceu com você. Um belo dia você estava de boas, navegando por aí quando esbarra num vídeo de receitas. Com efeitos de corte de câmera e uma musiquinha bem bacana o cara termina o prato em questão de minutos. Daí você pensa: “ah, não deve ser tão difícil assim”, ou “com certeza posso fazer isso”, ou ainda “já sei o que vou fazer para o almoço”.   Só que quando você chega à cozinha e começa a preparar o negócio as coisas mudam de figura. É bem frustrante, não é mesmo?

Com o swordplay é exatamente a mesma coisa. Você procura um vídeo de como fazer um espada, um escudo, um tabardo ou seja lá o que for. Encontra alguma coisa que parece simples e fácil. Mas quando você começa a fazer, as coisas desandam. Nada é tão simples como parece no vídeo.

Fizemos uma forja de escudos recentemente, usando como modelo o escudo do vídeo “How to Make a Foam Shield!” do James Fullmer. O vídeo em si tem menos de seis minutos, mas levamos a tarde inteira para fazer pouco mais de cinco escudos: todos incompletos porque simplesmente não deu tempo.

Provavelmente os ajustes finais para cada escudo (colocação de borda de isolante térmico e decoração da frente) vão levar bem mais tempo do que havíamos previsto. Sem falar do gasto monstruoso de material entre cola, papelão e outras comodidades.

Link para o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=B9ixHvXuCWE&t=1s

Isso quer dizer que os vídeos são ruins? Longe disso. Os vídeos são, na sua grande maioria, absolutamente fantásticos. Quando você está assistindo um vídeo tutorial você está trilhando o caminho mais rápido para conseguir fazer alguma coisa. Caminho esse que foi desbravado pelo autor. Imagina quanta dor de cabeça o cara teve para pensar no modelo de machado funcional?

Então, da próxima vez que você se meter a besta de fazer algum tutorial de construção, tenha em mente duas coisas:

1 – vai demorar pra burro!
2 – dê os devidos créditos e deixe um comentário na postagem do cara. Ele merece.    

domingo, 15 de julho de 2018

Neymar, Swordplay, Lei de Gérson e fairplay

Fair play, Neymar, Swordplay e jeitinho brasileiro.


A copa do mundo de 2018 chegou ao fim com o bicampeonato da França, o uso (ou não) do árbitro de vídeo (VAR) e algumas surpresas bem interessantes. Grandes medalhões ficaram pelo caminho, como a Argentina de Messi, o Portugal de Cristiano Ronaldo e a Alemanha, que foi eliminada pela (já eliminada) Coréia do Sul. Times sem muita tradição futebolística foram muito longe (Rússia, Croácia, Suíça...) enquanto que países de muita tradição (Brasil, estou olhando para você!) ficaram pelo caminho.

Ao final do campeonato, a nova geopolítica do futebol mundial se estabelece e vamos entrando na segunda década de espera pelo tal hexa. No fim do campeonato, mesmo sendo derrotados, jogadores como Messi, CR7, Harry Kane saíram fortalecidos. O mesmo não pode ser dito da seleção brasileira, que amargou mais um fiasco. E muito menos pode ser dito de seu maior astro em campo (ou não): Neymar Jr, que a imprensa insiste em chamar de “menino ney” (porra, o cara já tem 26 anos!). Finda a copa e o que resta para Neymar é amargar ser a piada do mundial. Neymar virou sinônimo de “cair”, alorizar quedas, fazer teatrinho, jogo catimbeiro.

Talvez um sinal dos tempos, mas Neymar não estava fazendo nada além do que a escola sulamericana de futebol ensina. Catimba, manha, dengo, valorização de falta... tudo para ganhar alguma vantagem. No futebol ninguém se importa se o mundial veio na raça ou se foi roubado. Dizer que o soco que Maradona deu na bola, no campeonato de 1986, fez apenas parte do jogo ou era “la mana de dios” (a mão de deus) é no mínimo falta de caráter. Educado neste ambiente Neymar tentou fazer o que lhe fora ensinado, mas, canastrão como a sua namorada, fez uma atuação exagerada que lhe valeu a pena de “cai-cai”. Ninguém, nem no seu país ou fora dele o leva a sério.

E de onde vem essa ideia de ganhar vantagem a todo custo? Não se sabe ao certo, mas podemos traçar parte de sua origem com o meio campista Gérson, jogador da década de 80. A expressão nasceu em meados da década de 80 numa entrevista para a revista Isto É. Foi nesta entrevista que que o jornalista Maurício Dias batizou como "Lei de Gérson" o desejo que grande parte dos brasileiros tem de levar vantagem em tudo. A tal “Lei de Gérson”, o costume de levar vantagem em tudo, acabou se tornando um traço não oficial, porém permanente, da mídia, da personalidade e do futebol brasileiro.

Neymar não está sozinho nessa. Comentaristas como Galvão Bueno insinuam o tempo todo vantagens que um jogador pode ter se valorizar uma falta ou se agir de forma ilegal, contando com a “falta de visão do árbitro”. Esta atitude resumia (e talvez ainda resuma) o pensamento de uma boa parte dos brasileiros, ou seja, egoísta, capaz de qualquer coisa para levar vantagem, mesmo que seja imoral ou ilegal. Nada disso importa, o que importa é se dar bem.

E o que diabos isso tem a ver com o swordplay?

Diferentemente de outros esportes/modalidades esportivas onde o objetivo é simplesmente vencer ou mostrar quem é o mais forte, o swordplay trabalha um conceito diferente. Você é o seu próprio juiz. É você que deve avisar quando o golpe do adversário pegar você em cheio. Não existe VAR, nem sensores de toque na sua roupa, nem 4 árbitros circundando o octógono. É você que vai se acusar. Você vai dizer que perdeu.

E por que eu faria uma coisa idiota dessas? Porque é a coisa certa a fazer. Porque, se você joga swordplay, é isso que você vai fazer. Porque a sua palavra vale mais do que um prêmio sem merecimento. Um troféu vazio que vai adornar sua estante pelos anos que virão não vai ter valor nenhum se foi conquistado com “la mana de dios”. Aliás, é bem possível que ele seja até mesmo um motivo de vergonha: tomara que toda vez que olhar para ele, você ouça “trapaceiro/trapaceira” bem dentro da sua cabeça.

Por ser diferente e por permitir que você se auto-acuse, o swordplay pressupõe outra coisa: a sua palavra tem valor. As pessoas acreditem em você. Quando você diz que sentiu o golpe mais duro, o seu oponente vai maneirar nas próximas pancadas; quando você diz que o golpe pegou numa área proibida o seu colega vai se desculpar e sair do jogo; quando você diz que o golpe não pegou numa área mortal o seu oponente vai aceitar e continuar lutando. E se você fizer diferente disso? Se você mentir? Bem, cedo ou tarde todos vão saber. E você vai ficar com a fama de higlander, de trapaceiro, de mentiroso, de neymar... e ninguém mais vai querer jogar com você – ou mesmo pior: ninguém mais vai acreditar na sua palavra.

Por essa dualidade de “auto-acusação e fé publica” é que posturas como “cantar golpes”, “bater com força” e “não aceitar golpes” são duramente repreendidas em grupos sérios. Não é o caso de você ser sempre 100% certinho e honesto, mas é o fato de você tentar agir dessa forma, negando a trapaça e exigindo o mesmo de seus colegas.

É dessa forma que se constrói o fair play (jogo limpo/ jogo honesto/ jogo justo) onde o importante não é vencer o outro e sim superar seus próprios limites. Sim, eu sei que vencer é bom. Eu gosto de vencer. Mas não acho que vale à pena vencer a qualquer custo. Hoje no pega-bandeira o meu time bateu cabeça e perdemos de 7 a 3 (foi quase um 7x1!). Mas quer saber de uma coisa? Eu posso colocar minha cabeça no travesseiro esta noite e dormir o sono dos justos, sabendo que eu dei o melhor. O meu melhor. Sei também que o time que venceu pode fazer o mesmo. Pois eles também deram o seus melhores.

Cabe a você decidir: fica com o jeitinho brasileiro? Com a espada de wave monstruosa? A armadura ilegal? A exploração indevida de uma regra para obter ganhos ilícitos? Ou vai atrás de alguma coisa melhor?

Em tempo: Neymar Jr ganha mais em um ano do que eu vou ganhar em toda a minha vida (a não ser que eu ganhe na mega da virada), mas nem todo dinheiro do mundo compram respeito ou dignidade.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Unidos


De volta à estrada


Só não muda de ideia quem não tem ideia. Ouvi essa frase pela primeira vez, provavelmente, pelos ensinamentos do mestre Mario Sérgio Cortella. Mais provavelmente não seja de sua autoria. Mas independente de seu autor, o seu ensinamento é de uma singeleza e certe
za desconcertantes. Toda pessoa inteligente é cheio de ideias; portanto, mudar de ideia é uma prova de inteligência. É uma fortaleza. Não uma fraqueza.

Desde que me entendo por jogador de swordplay e forjador de equipamento tenho sido resistente ás ideias de união e de padronização do esporte. Os motivos me pareciam bastante sólidos a época. Quem dava legitimidade aos grupos que desejam essas padronizações? Como garantir que cada grupo tenha acesso aos mesmos materiais e regras de construção de equipamentos? Como padronizar os tamanhos das armas? Como padronizar as regras de desmembramento? Double tap? Wave?

Então, por muito tempo, em nome da manutenção da criatividade e da autonomia dos grupos, eu fui frontalmente contra qualquer padronização.

Entretanto, dada às novas configurações do cenário do swordplay nacional, tais como o surgimento de uma associação como a Magnus Legio, passando por eventos como os EPS, ECS, Odisséia entre tantos outros, o nascimento e fortalecimento de grupos nos mais diversos estados do Brasil e do nascimento de grupos violentos e preconceituosos dentro do swordplay eu me vi forçado a reavaliar minhas posições.

Depois de muito refletir só consigo ver na união dos diversos grupos e agremiações de swordplay no Brasil, com força de associações, ligas, federações e confederações uma maneira eficaz de defender não apenas o nosso hobbie como também defender a integridades física de membros, para que eventos como os ocorridos no Rio de janeiro não venham a se repetir novamente.

Então, muito humildemente, me comprometo à causa da união dos grupos de swordplay em nome de uma padronização de regras, equipamentos, normas de conduta e segurança dentro dos diversos grupos, a fim de criar um cenário forte, acolhedor e protetor de nossos desejos e vontades.

Um swordplay, um conjunto de regras.




segunda-feira, 21 de maio de 2018

Relato do evento do 6º Matsuri no Cil Gama


O ataque dos otakus!

Mas bem que poderia ser chamado de “bando de otaku fedido”

Contando a história do começo.
No dia 14 de abril de 2018 o grupo dos Lordes de Ferro foi convidado para fazer uma participação no já tradicional festival de cultura japonesa – o 6º Nihon Matsuri – do Cil (Centro Interescolar de Línguas), na cidade do Gama. Foi um convite que nos deixou muito felizes e ao mesmo tempo um pouco apreensivos. Afinal de contas seria o nosso primeiro evento. Iriamos nos apresentar para um público estimado de mais de 400 pessoas.
Prontamente entramos em contato com a organizadora do evento, a Sensei Veryanne Couto, que se mostrou bastante solícita e disposta a nos ajudar. Escolhemos um espaço arborizado, entre a quadra de esportes e ao prédio da coordenação, em frente as primeiras salas do bloco A. O espaço foi escolhido porque as chuvas no DF já tinham passado e os dias de agora até novembro tendem a ser bem ensolarados: a sombra das árvores seria mais do que bem vinda em caso de sol forte. O espaço escolhido, apesar de um pouco apertado, serviria para pequenos combates, um espaço para arquerismo e até mesmo uma oficina para fazer espadas na hora e ensinar as pessoas como funciona um boffer. Também era propício para trazer e levar equipamentos sem ter que andar muito e podíamos contar com algumas tomadas à disposição.
Tinha selecionado uma equipe com oito voluntários (que depois se tornaram nove) e dei a eles todo o treinamento que eu julguei ser capaz de dar no pouco tempo que tivemos para nos preparar. Pouco tempo mesmo, porque levamos quase duas semanas apenas para fechar o espaço com a Sensei Veryanne. Não que fosse culpa dela: a boa e velha burocracia estatal nos atrapalhou um pouco. O evento abria as portas as dez da manha, mas as oito a galera já estava montando o stand a todo vapor.
Íamos ter um dia longo e divertido à frente. Ele se revelou, entretanto, bastante estressante também.

Bando de Otaku fedido!
O evento começou morninho. Os primeiros visitantes vinham até minha mesa (que transformei em oficina) e perguntavam timidamente como faziam para participar e se tinha que pagar alguma coisa. Como a ideia era apenas divulgar o grupo, deixamos as pessoas curtirem o stand de forma gratuita. Eu sorria e pedia que eles buscassem informações com os meus confrades vestidos de tabardos. Esse foi o nosso primeiro grande erro.
Por mais que a equipe fosse comprometida havia sempre mais pessoas no stand do que o confortável. E sem supervisão o público pegava a primeira arma que via pela frente e se batia livremente com qualquer coleguinha armado.   
Observando agora percebo que deveria ter limitado o numero de participantes de cada vez na arena. No máximo três ou quatro para cada confrade. Por mais boa vontade e paciência que meus confrades tivessem foi muito extenuante repetir dezenas de vezes as mesmas instruções: não bata com força, não apoie a espada no chão, não atinja a cabeça do coleguinha... Muitos pareciam fazer de propósito, trocando de equipamento a cada rodada, deixando as espadas com a ponta para baixo ou simplesmente jogando as armas ao chão. Isso quando não se batiam como se fossem selvagens, descontando a raiva do coleguinha ou o estresse do dia a dia.
O resultado não poderia ser pior: vou levar semanas para reparar todas as espadas cuja estrutura ou segurança foram comprometidas durante o evento.
As coisas começaram a acalmar a tarde quando o tempo nublou e... choveu. Estava no meio do processo de fazer uma espada nova. Foi literalmente um banho de água fria e o fim prematuro da arena de swordplay. Eu não ia arriscar que ninguém se machucasse ali e não ia deixar meu equipamento e ferramentas se molharem. Tem coisa perdida até agora.
Agora eu entendo um pouco o horror que alguns grupos têm dos otakus. Não consigo deixar de pensar que muitos deles realmente trazem má fama ao grupo inteiro.

Se você sobreviveu é porque, provavelmente, fez direito.
Do jeito que estou colocando este relato eu fiz parecer que o evento foi um grande fracasso. Não foi. Desculpe se eu dei essa impressão. Os problemas que tivemos serviram como um aprendizado fantástico. É uma pena que eu não soubesse disso duas semanas antes. O evento teria sido completamente diferente. Mas assim mesmo foi divertido: fizemos muitos amigos, fechamos alguns contatos e já fechamos a nossa participação para o Nihon Matsuri para o ano que vem.
Só que dessa vez eu vou ser mais assertivo e não vou permitir excessos. Aprender com os erros é uma forma dura de aprender, mas é  a forma que traz frutos mais valiosos.

Para quem quiser, tem versão em vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=VTJYzdaf8qY 

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Bancando o tirano para um swordplay melhor

Olá amigos como vão vocês?

Peço desculpas pelo tempo sem escrever, mas o meu blog é alimentado pelas minhas angústias, necessidades e dúvidas. Às vezes eu acho que não tem nenhum assunto para falar e do nada um assunto novo vem à baila.

O texto dessa semana será bastante curto e sucinto. Um grande amigo de São Paulo, líder de um clã, me pediu auxílio para lidar com um membro problemático. Segundo palavras deste meu amigo o membro em questão é um "encostado". Vive às custas de outras pessoas. Mas até aí é uma dinâmica desse cara com as pessoas que ele se relaciona. O problema é que ele vem causando descontentamento e desagregação dentro do grupo.

Segundo esse meu colega, o rapaz em questão passou na frente da autoridade do rei e vendeu para um novato um tabardo. A questão é que o tabardo custava r$ 20 e o cara Vendeu por r$ 30. Além disso ele passou um bom tempo cozinhando este novato sem entregar o bendito tabardo.
Dono de uma boa lábia, ele ainda enrolou o novato por mais um tempo e conseguiu tomar dele mais r$ 20. Mas com toda lábia chega ao fim, o novato veio e conversou com os dirigentes do clã. A reclamação teve efeito e pouco dele depois ele teve o seu tabardo, conforme prometido.

Entretanto o mal-estar permaneceu. E esse meu amigo me perguntou o que eu faria se estivesse no lugar dele.

Bom nós temos a obrigação de dar a segunda chance, é verdade, quando o erro é legítimo. Mas quando o assunto é falta de caráter não existe essa de segunda chance a ser dada. Quando o assunto é mau-caratice a única coisa que você pode fazer, o melhor que você deve fazer, é expulsar sumariamente a pessoa do grupo.

Eu entendo que muitos grupos Democráticos ficam cheios de dedos na hora de se desfazer de um membro que é problemático. Mas esse não deveria ser um problema. Membros, como este do exemplo citado, só servem para criar desunião no grupo. Eles são verdadeiras sementes do mal que se você deixar vão Destruir todo o seu trabalho duro.

Como eu aprendi recentemente estudando sobre tolerância. Uma sociedade tolerante deve tolerar aquilo que é intolerável? A resposta é muito simples. Para que uma sociedade seja plural e tolerante, ela deve ser intolerante com aquilo que é intolerável. Em outras palavras: mesmo que sejamos Democráticos não devemos tolerar nenhum tipo de crime ou atitude antiética dentro de nossos grupos.

Certamente algumas pessoas irão taxar a minha opinião de autoritária. Alguma coisa como um líder autoritário. Tirânico ate. Mas eu devo lembrar a essas pessoas que nem toda autoridade é ruim. Imagine um batalhão do exército que recebe uma ordem: se a opinião de todos os membros do batalhão tivesse que ser ouvida para que uma ordem pudesse ou não ser cumprida não haveria motivo para uma cadeia de comando.

Não tenha dedos ou escrúpulos para cortar membros problemáticos do seu grupo.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Dia internacional das mulheres


Uma data para ser...
É, eu sei que já passou. Foi dia 08. Mas eu queria escrever uma coisa diferente. Eu queria fugir do clichê. Nada de rosas. E levei mais tempo do que eu pretendia para traçar essas linhas sobre uma data que representa tanto em minha vida.

Para começo de conversa eu não queria uma postagem dando os parabéns às mulheres pelo seu dia. Porque eu sei que enquanto precisarmos de um dia internacional das mulheres não temos muito o que comemorar. Esse é um dia de lutas. É um dia para lembrar de todas as mulheres que ao longo da história bateram o pé e mantiveram firmes suas posições e convicções. Seja como uma rainha guerreira como Maeve de Connacht, seja como uma guerreira santa como Joana D’arc, seja como pilotas guerreiras como Yevdokia Bershanskaya, seja como as guerreiras da fantasia como Guinnevere ou a princesa Lea Organa, ou mesmo como qualquer mulher que colocar os olhos nesta postagem.

E para garantir que não sejam apenas as palavras de um “homem cis” eu convidei quatro mulheres que eu admiro para que escrevessem como elas vêm a prática do swordplay. Vou me dar apenas o direito de reorganizar algumas falas e fazer um pequeno trabalho de edição. E vamos a elas. Porque dia da mulher é dia de luta.

As mulheres-guerreiras falam (e se bobear, elas batem forte!)
A primeira entrevistada (e a última a entregar seu texto) foi a Neire, do Star Warriors. Ela fala dos desafios de ser swordplayer: “Há algumas coisas desafiadoras para uma praticante de Swordplay como eu...primeiro o fato de ter iniciado a prática sendo um pouco mais velha que os demais praticantes, após os trinta anos. Geralmente eles são mais novos e com um pouco mais de tempo para aprofundar-se. Claro que não utilizo isso como desculpa e procuro render o máximo que posso”.

Da mais madura para a mais inexperiente do meu seleto bando de contribuintes, eu chamo a fala de Amanda Gabrielle, que também atende pelo apelido de Vanny: “A época medieval e seus combates sempre foram algo que despertou curiosidade em mim. Então gosto muito de lutar dentro deste universo, tanto por sentir que de alguma forma eu estou participando e aprendendo mais sobre uma época que eu gosto muito, quanto por questões pessoais, tais como trabalhar minha coordenação motora e socialização”.

A mais qualificada de todas as entrevistadas já treina a alguns anos. Mas é sua fala que traz peso a esta publicação: “Praticar swordplay para mim é como sair desse universo atual, é como misturar fantasia com um pouco de realidade, quando estou lutando minha imaginação cria todo um cenário medieval com emoção e glória. Lutando aprendi a ter coragem e garra, mas também humildade e honestidade, me tornei uma pessoa mais determinada até na vida”. (Rebeca “Becka” Gabriela).

A menor de todas (altura) elas é a jovem Amanda Vieira: “Desde a primeira vez que eu participei do Swordplay eu fiquei simplesmente encantada. Apesar dos treinos serem bem cansativos, cada segundo em campo valia a pena. Não se tratava apenas de treinamento, era uma comunidade onde as pessoas se importavam umas com as outras”.

E os golpes saem derrubando desafios
“Conheci o Swordplay há alguns anos em eventos que visitei, porém, nunca havia cogitado praticá-lo, embora tivesse contato com esgrima tempos atrás.  Até que conheci o Luís Nascimento em um encontro do Conselho Jedi São Paulo e com isso tive a oportunidade de aliar duas coisas pela qual me interesso: Swordplay e Star Wars. Participar desse grupo é uma experiência rica  e desafiadora...nada conhecia sobre Saberplay”. (Neire).

“Entretanto, devido ao fato de eu ser mulher, algumas vezes eu pude sentir tratamento diferenciado. (...) Enquanto meus colegas se vêm como oponentes em um perigoso campo de batalha, eu ainda sou vista como alguém brincando com uma espada de mentira. Não os culpo por causa disso, eles nem sequer devem enxergar isso como um problema”. (Titânia)

Cuidado com as menininhas empunhando espadas de mentira. Elas lutam como aves de rapina. A prática com elas me ensinou a não subestimar ninguém. 
“Como uma garota sempre me disseram que eu deveria ser delicada e frágil, que meninas devem fazer “coisas de meninas”, mas no swordplay eu sinto que posso ser como eu quiser, vi que até mesmo uma garota com braços fracos pode lutar bem”. (Becka).

A cada desafio vencido, um novo se abre
“Apesar de ser vista como alguém frágil, eu ainda consigo me divertir muito. Apesar de me verem mais como um alvo do que como um adversário, eu ainda adoro correr pelo campo. Todos esses obstáculos que tenho que lidar, tornam ainda mais doce a sensação de quando eu finalmente dou um golpe mortal em alguém”. (Titânia)

“Em experiência eu sou iniciante, eu ainda não lutei ou conheci algum outro grupo, mas é uma questão de tempo, já sei o básico e a cada treino tenho aprendido mais coisas novas, não só sobre técnicas de batalha, mas também técnicas que posso usar em minha própria vida pessoal”. (Vanny)

“O meu desafio reside em tendo de analisar artes como Ai-Do, Kendô, tipos diferenciados de Esgrima, de maneira que possamos realizá-las com eficácia. Isso faz do meu aprendizado algo riquíssimo, despertando cada vez mais a minha curiosidade como praticante à respeito das mais variadas técnicas. É um mundo fabuloso, sem dúvida”. (Neire).



A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...