domingo, 27 de dezembro de 2015

Quem é o dono da técnica?

Técnica. Do grego “téchne”, significava arte, ou ofício. É o procedimento ou o conjunto de procedimentos que têm, como objetivo, obter um determinado resultado, seja no campo da ciência, da tecnologia, das artes ou em outra atividade qualquer. Trocando em miúdos, técnica é tipo uma “receita de bolo” que você segue para conseguir alguma coisa, algum resultado. Óbvio que a definição do termo “técnica” vai bem além disso, mas para o que eu quero discutir aqui essa ideia central serve muito bem.

Todo mundo que pratica swordplay já tentou, pelo menos uma vez, fazer a sua própria espada. Não só no Brasil, como em todo mundo as pessoas desenvolvem “receitas” de como fazer suas armas favoritas, dando mais cor e forma ao desporto: machados de duas cabeças, réplicas de armas vistas em filmes e animes, armas orientais, onde o limite é apenas o que a pessoa é capaz de construir. Tutoriais existem aos montes pela internet e não me deixam mentir. Alguns deles tão antigos quanto a atividade desportiva em si. Variações dentro dos modelos, formas, objetivos e necessidades que se aplicam a cada grupo ou clã. É muito comum, inclusive, que se dê nome às técnicas mais famosas. É normal ouvir coisas como “esta espada foi feita pelo método bellator” ou “esse machado foi feito baseado no estilo da magnus legio”. E não existe nada de errado nisso.

Mas será que existe alguém que possa dizer-se “dono/dona” de uma determinada técnica? Será que num mundo com 7 bilhões de pessoas, você é único “floquinho de neve” que desenvolveu aquele modo de fazer adagas, ou aquele jeito de fortificar as bases de um machado? Desculpe filho/filha, mas a resposta é não.

Existem XXXX itens a serem observados. O primeiro deles é que existe nos seres humanos uma coisa chamada “evolução paralela”: pessoas submetidas a problemas semelhantes e com recursos semelhantes tendem a descobrir respostas parecidas para seus problemas. Você é capaz de dizer qual o país ou cultura do mundo desenvolveu a lança? Ou espada?  A clava? Você não pode porque são criações que existem em todas as culturas do mundo. Desde os Ianômanis do norte do Brasil, passando pelos Otomanos do século XV, até os gregos de VII aC.

A segunda coisa a ser observada é que muito do que é criado no swordplay vem da interação com os outros. É muito difícil fazer swordplay sozinho. Não dá para dizer onde começou a sua ideia e onde terminou a dica do outro. Quem pensou me usar macarrão de piscina pela primeira vez? Quem decidiu fazer guarda de EVA siliconado? Quem decidiu experimentar a fibra de vidro ou o famoso (e mítico) PI pela primeira vez? Ninguém sabe, mas provavelmente não foi qualquer um capaz de ler essas palavras.

Então o meu conselho é: vamos parar de ser cuzões e deixar de reivindicar para nós mesmos a “invenção da roda”. Se você criou algo bem legal mesmo para o desporto o legal é compartilhar com os outros. Manter a fórmula secreta só para você faz de você um babaca. E de babacas, convenhamos, o mundo está cheio.

É isso  gentes. Bom fim de ano para todos e longa vida ao swordplay.

Serviço:


terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Quando o dever chama

Minha mãe tinha uma frase que durante muitos anos eu repeti sem entender muito bem. A frase é: “primeiro a obrigação, depois a devoção”. Significa que primeiro temos que fazer aquilo que é realmente importante para a nossa vida e depois partir para outras coisas menos importantes. Eu só tive mesmo consciência real dessa frase quando passei a morar sozinho e entender que por mais que eu goste de gastar dinheiro com certas coisas, algumas despesas precisam ser pagas primeiro, como a conta de água, por exemplo.

No fim de semana passado tivemos o segundo episódio da guerra entre os assassinos e os cavaleiros da virtude. Uma interação bacana entre dois dos melhores clãs de swordplay do DF. Um momento de disputa, embate e ao mesmo tempo de formar novas amizades e trocar ricas experiências. É como eu costumo dizer aos amigos Rômulo e Lucas de Lima: fui ara a guerra e acabei fazendo bons amigos. Foi um deslocamento hercúleo de forças dos dois lados: reunir gente que saiu de Santa Maria para o parque da cidade não foi fácil. Uma festa sem precedentes na história do swordplay do DF... e eu não fui.

“Porra Betão, como é que você não foi?” pode perguntar alguém. É simples: eu tinha outros compromissos agendados. “Mas o que pode ser mais importante que uma guerra?” pode inquirir outro. A resposta não pode ser mais simples do que essa: sair com a minha esposa. Enquanto meus amigos trocavam golpes com armas feitas de cano e espuma, cobertas por silver tape, eu estava passeando no shopping com a minha esposa.

Você deve estar pensando que eu me arrependi de ter saído com a patroa, não é? Ledo engano esse... eu adoro sair com a minha esposa. Como não gostar de sair com a pessoa mais importante da minha vida, minha companheira, amante e confidente? Temos uma relação bem bacana e sabemos que de vez em quando temos que separar um tempo só para nós dois. Sair para almoçar fora, fazer compras, ir no cinema sem hora para voltar... esse tipo de coisa que apenas um casal pode fazer como a gente faz. Eu troco o swordplay qualquer dia da semana por estar perto da minha amada. Swordplay é hobby, é algo que eu faço por prazer, nas horas vagas.

Aprendi a duras penas que na vida adulta tem coisas que a gente faz por obrigação e outras que a gente faz por prazer. E quando eu consigo unir os dois, é com isso que eu vou ficar.

Longa vida ao swordplay. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Equipamento de qualidade faz toda a diferença

Eu me lembro de que quando comecei a editar textos, trabalhava num Works 5.0 que rodava em DOS (não é MS-DOS, é apenas DOS) que veio de “brinde” quando comprei o meu primeiro PC com Windows 3.1. E eu odiava. Fazia o possível para usar o Write, mesmo que ele não tivesse corretor de texto e nem pudesse fazer alinhamento justificado de texto. Só depois consegui uma cópia do Word for Windows 2.0 (sim, dois ponto zero).

Na época eu prestava serviços de digitação para a Pró-reitoria de Pós-Graduação da Universidade Estadual do Ceará e a diretora na época exigia que eu usasse o Works. Não adiantava nem dizer que ele era um editor ruim. Ela queria no Works. Numa de nossas discussões eu a apresentei ao Word 2.0 e disse que o trabalho fluiria melhor com a ferramenta certa.

“Ah, isso não existe. O texto tem que sair bom com o editor que for. Se eu te der uma caneta de ouro você faz um best seller?” Era bem equivocada essa posição. E sabe por que? Porque a ferramenta de trabalho faz sim diferença no produto final. Pegue um super cozinheiro e dê a ele ingredientes de terceira, ou pegue um super piloto e dê a ele um carro de motor mais fraco. Não precisa ser gênio para perscrutar o resultado.

O swordplay também não foge a essa regra. Quanto melhor o equipamento, melhores suas chances. Afinal se você pode ter acesso a uma espada bonita, leve, resistente e bem acabada por que você optaria um uma espada feia, pesada, frágil ou mal acabada?  E para conseguir equipamento de qualidade você tem duas opções: virar um ferreiro bom demais da conta ou comprar uma peça de algum cara consagrado.

Faz algum tempo eu cometei aqui com vocês que tinha encomendado uma espada longa com eles e dessa vez me arrisquei a pedir alguma coisa mais “complicada”. Uma espada bolongnese. Estou encantado com este estilo de esgrima e precisava de uma espada do estilo, também chamado de escola Dardi,  para usar nos meus treinos em casa.
Então, encomendei a espada mais uma vez ao Victor. Ele é um dos membros da Aliança Beufort, a mais bem sucedida associação para a prática do swordplay aqui no DF e cavaleiro dos grifos de prata - um dos grupos mais honrados.  E agora, pela minha própria experiência pessoal, posso coroá-lo como o melhor ferreiro de todo DF. Não amigo, não tem para mais ninguém.

Mas não precisa acreditar somente na minha palavra (seria sábio da sua parte, mas não posso esperar isso de todos) e por isso estou colocando uma ilustração.
Mais uma vez: se precisarem de um ferreiro, chamem o Victor. Melhor no DF não há.

SERVIÇO:
Página das Gatosas. https://www.facebook.com/gatosas

Victor Lima. https://www.facebook.com/victor.lima.547?fref=ts

domingo, 6 de dezembro de 2015

Os vídeos de treinamento da internet funcionam?

Desde que eu comecei com esse negócio de swordplay eu tenho me embrenhado pelo universo do treinamento online. Você sabe e até mesmo já deve ter visto por aí: pessoas ensinando você a usar, em pleno século XXI, armas do século XV.

Como sou naturalmente curioso, tenho visto muitos vídeos com posturas, posições, técnicas e escolas de combate com armas. As fontes são as mais variadas: desde renomados professores de história, com suas reencenações históricas precisas, passando pelos especialistas do HEMA (Historical European Martial Arts/ Artes Marciais Históricas Européias), com suas reinterpretações dos antigos manuais de luta medievais, atravessando os entusiastas de Percy Jackson, até pessoas que “desmontam” as coreografias dos filmes e animes para criar seus próprios estilos de luta. Se você é capaz de pensar em empunhar uma espada, pode ter certeza que em algum lugar da rede você vai encontrar um vídeo que ensine você a usar aquela arma.

Mas qual é a efetividade desses vídeos? Eles funcionam mesmo? Você pode aprender a lutar melhor com eles? Eu procurei alguns colegas para tentar responder essas questões. O primeiro deles é o professor Marcos, titular da pasta de Educação Física da SEDF, e faixa preta de Kung Fu no estilo Louva-a-deus. Expliquei rapidamente as regras do swordplay para ele e mostrei como se luta: onde podem pegar os golpes, onde não pode, o que pode fazer e o que não pode, enfim, o básico. Depois mostrei a ele dois vídeos de treinamento com a espada longa, no tradicional estilo alemão: um de posturas e outro de sparing.

A primeira coisa que ele esclareceu é que eu deveria ter em mente as diferenças entre brandir uma arma de cano coberta com espuma para uma arma de metal. As armas de metal serão sempre mais rápidas, leves e precisas, uma vez que não estão realmente preocupadas com a segurança do oponente. Elas são, quase sempre, balanceadas e feitas para o que se propõe: acertar o outro causando o maior dano possível.

A segunda coisa é que nenhuma das posturas de ataque que eu mostrei está preocupada em deixar de acertar a cabeça, os genitais ou o pescoço. Na verdade, acertar essas áreas é uma necessidade num combate “de verdade”. Boa parte dos ataques mira justamente nesta área. Um exemplo disso é o kendo/kenjutsu. Um praticante que migre dessa modalidade para o swordplay terá muitas dificuldades em usar o que já sabe de um combate real num combate “amistoso”, já que o primeiro golpe que se treina é o “men” (golpe na cabeça).

Um terceiro item que ele reforçou é que as posturas (katas, como ele se referiu) da esgrima alemã partem do princípio que se você bobear e deixar a guarda aberta vai morrer ou ficar seriamente ferido. É tudo muito cauteloso, mesmo àquelas manobras que parecem um ataque descontrolado. No swordplay essa limitação inexiste porque o pior que pode acontecer é você levar um ou dois golpes no peito e ficar de fora da partida por um round ou dois. Então as pessoas são menos cautelosas com armas de verdade, mas não com armas de espuma. Eu mostrei um vídeo de sparing dos cavaleiros da virtude e depois comparamos com um vídeo de sparing do estilo alemão. A constatação foi automática: todo cara de swordplay vai para cima de verdade.

O segundo especialista que eu contatei foi um amigo que treina HEMA e swordplay nos estados unidos, Sean Aspie. Ele mesmo tem ou tinha alguns vídeos de tutorial de como usar a espada. Nosso papo foi rápido, mas ele foi categórico em afirmar que pouca coisa que você vê nos treinos de HEMA ou de reencenação histórica podem ser usadas no swordplay. Você aproveita as posturas básicas, as posições de guarda, como segurar a arma, aprende a medir distância e dar alguns golpes, mas é só. É como tentar pegar o que você aprendeu jogando futebol de salão a vida inteira e transportar para o futebol de campo: algumas coisas vão funcionar, mas outras... (ok, ele usou outra analogia, mas creio que essa ficou bem melhor).


E o veredicto final? Os vídeos funcionam de certa forma. Se você pegar vídeos de swordplay mesmo vai ver uma coisa mais limpa, mais ajustada para aquilo que você pratica. Se não, vai ter de filtrar/ajustar/ignorar um monte de coisas. No final das contas é você que vai ter de julgar se aquele material serve ou não para você. 

domingo, 15 de novembro de 2015

Arena circular

Olá gentes,

Hoje quero falar com vocês de uma atividade que tivemos meio que por acaso no treino passado. Foi muito legal e achei que foi bem divertida. O nome é arena circular.

A arena circular consiste em que todos os participantes façam um círculo bem largo. Então entram dois contentores e duelam. Cada um tem dois pontos de vida e se aplicam as regras pertinentes a cada grupo. O perdedor volta para o círculo e um novo desafiante entra. Assim vai revezando até que todos que tenham interesse entrem no circulo e testem suas habilidades.

A meu ver a grande vantagem que esta atividade fornece é que você pode lutar um a um com qualquer pessoa do seu grupo ou clã. Você pode fazer aquele x1 que você sempre quis com aquele colega, mas nunca teve tempo. Você pode evoluir suas habilidades contra alguém bem mais treinado que você e pode ser que se veja derrotado por alguém que nunca fez isso antes. Além de estreitar os laços de camaradagem é uma boa atividade para que os mais graduados do clã possam ver o desenvolvimento individual do grupo.

Até a próxima!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Quando o inimigo está do seu lado

Quando o caldo azeda.


O mal estar entre colegas do mesmo grupo é mais comum do que se imagina. Grupos musicais famosos como os Rolling Stones não entram em turnê se não forem com uma espécie de psicóloga/juíza de paz que vai fazer a mediação entre os membros. Tenho colegas que trabalham lado a lado, fazem anos, na mesma repartição pública e não trocam sequer um bom dia. E é claro, essa situação pode afetar – e muito – grupos de swordplay.

Bem, pode ter começado como um mal entendido, uma troca de impropérios num momento em que o sangue estava quente, um golpe mais forte que acabou deixando certo rancor, uma série de pequenos desentendimentos que foram se acumulando, ou qualquer outro motivo, mas fato é que você não suporta mais aquele seu colega de treino. Você não vai deixar de treinar e é muito provável que seu colega também não deixe. Como suportar e treinar junto com aquela pessoa que você não quer ver nem "pintado de ouro”?

A boa notícia é que se você está passando por esse problema e consegue ler este texto, provavelmente você já tem todas as ferramentas necessárias para resolver ou amenizar a situação.

A primeira coisa que você tem que entender é que não existe nenhuma lei cósmica que obrigue você a gostar de todo mundo. O reverso é verdadeiro: ninguém é obrigado a gostar de você. Mas como vivemos numa sociedade regida por um código de conduta moral, as coisas vão bem além dessa questão. Não preciso gostar de você, mas tenho que te respeitar. Ser respeitoso não é ser falso (ou falsiane, como dita agora a moda dos memes nas redes sociais). Ser respeitoso é agir de forma socialmente aceita para evitar conflitos desnecessários. É mais ou menos a mesma coisa de você dar bom dia para a tia que você não gosta ou para o professor que você não suporta: você não está sendo falso; está apenas cumprindo um ritual social, sendo ou demonstrando ser educado.   

Então a primeira dica é essa: cumpra estritamente os rituais sociais. Dê bom dia, boa tarde e boa noite, e se for o caso pode até apertar as mãos, mas não passa disso. Você não precisa nem sorrir, embora não seja de bom tom ficar com cara de quem foi reprovado no exame de fezes. Se não for uma obrigação, não precisa nem mesmo dar bom dia. Com o tempo vocês dois vão entrar em sincronia e meio que vão “se evitar mutuamente”.  

Se os santos de vocês não se batem, evite a pessoa no campo de batalha. Isso é mais fácil de conseguir em grupos grandes, mas é plenamente manobrável também em grupos menores. Se o seu dessabor está no mesmo time que você basta ignorar a presença dele/dela. Se ele está no time oposto, basta evitar essa pessoa no campo de batalha. Resista a tentação de ir até lá e enfiar a sua espada de espuma de flutuador no meio das costelas daquele infeliz escutador de Anita. É como diz um colega meu, o Júlio: “se o problema não te encontra então você não tem problema”.

E quando eu tenho de treinar justo com aquela pessoa? Bom, pode acontecer. Alguns grupos criam dinâmicas de treinamento que exigem que você dialogue ou trabalhe com aquela pessoa que você não gosta. Tenha em mente que isso vai ser temporário. Simplesmente faça o que foi pedido no exercício/treino e nada mais. Seja educado. E só. 

Óbvio que o ideal seria chamar a pessoa de lado e colocar tudo em pratos limpos. Mas sei bem que às vezes isso não é possível, nem desejável e nem necessário: aliás, só causaria mais transtornos e desavenças, azedando o caldo ainda mais.


Resumindo: seja respeitoso, evite a pessoa e mantenha uma distância segura. No fim, dará tudo certo. 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Quer bem feito? busque um profissional.

Nada supera o profissionalismo.

Desde que entrei no swordplay eu tenho me tornado um entusiasta da arte da forja. Criar armas e equipamentos é uma parte que para mim é muito divertida e pessoal. Você pode soltar a imaginação e criar aquela arma, escudo ou peça de armadura que você sempre sonhou. É uma satisfação e tanto entrar no campo de batalha usando armas únicas, aquelas que foram gravadas com o seu suor e o seu cuidado. Armas suas.

E desde que eu entrei para esse mundo das forjas de silvertape tenho buscado me aprimorar cada vez mais. Para isso eu busco sempre novos vídeos na internet. Nota de agradecimento especial ao pessoal do Magnus Legio e do Bellator, sem os quais eu ainda estaria quebrando a cabeça sobre como fazer uma espada.

Mas eu sempre fui um forjador de fim de semana. Nunca pensei em vender os frutos do meu trabalho. Até porque eu não preciso. Eu já tenho um emprego. Eu já sou profissional numa área que nada tem a ver com o swordplay. Eu sempre tive muita curiosidade em saber como seria encomendar uma arma de uma pessoa que é profissional no assunto. E para a minha primeira encomenda eu procurei um pessoal que faz parte do meu círculo de conhecimento.

Contatei o Victor, das Gatosas de Prata. Ele é um dos membros da Aliança Beufort, a mais bem sucedida associação para a prática do swordplay aqui no DF e cavaleiro dos grifos de prata - um dos grupos mais honrados. Quase todo o contato com ele foi feito via chat do facebook.

Daí eu pude perceber o que é profissionalismo quando o assunto é swordplay. Desde o primeiro momento o Victor se mostrou verdadeiramente interessado no meu pedido. Conversamos longamente sobre o que eu  esperava da arma, se tinha imagens de referência, tamanho da arma, se seria de fibra ou cano... ele tomou cuidado até mesmo para perguntar se eu tinha algum problema dele usar couro no cabo da espada. O atendimento não poderia ser melhor. Mesmo apenas via chat ele passou sempre muito profissionalismo, atenção e paciência para explicar tudo o que eu perguntava.

Mas quando eu peguei a espada pela primeira vez ela era muito mais do que eu esperava. Era leve, ágil e muito bonita. Muito parecida com a imagem que eu tinha mandado para o Victor. Foi nesse momento que eu percebi a diferença entre um amador e um profissional. Mesmo com o equipamento dele eu não teria habilidade para fazer uma arma daquele porte. Estou de lua de mal com ela, como dizem.
Modelo I

Modelo II


Espada pronta

Não é linda? Estou em lua de mel...

Não apenas o pré-atendimento, e o atendimento foram exemplares, mas o pós-atendimento foi incrível. Além de ganhar 20% de desconto no próximo pedido eu ganhei uma garantia “para toda a vida” por parte do Victor. Não que eu espere precisar usar. A espada é muito sólida e é a melhor que u já usei na vida.

E o preço? Eu não achei caro não. PI e fibra de vidro, sem falar de todo o cuidado para proteção e detalhes... R$70,00. Fantástico.


SERVIÇO: 
Página das Gatosas. https://www.facebook.com/gatosas
Victor Lima. https://www.facebook.com/victor.lima.547?fref=ts

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Grupos de Swordplay no Distrito Federal

Com a ajuda do inestimável e inexorável Glauco da Magnus Legio vou postar aqui uma lista mais ou menos atualizada dos grupos de Swordplay do DF. Vai que um deles é perto da sua casa e quem sabe podemos cruzar espadas qualquer dia.

Vida longa ao Swordplay!

Distrito Federal (DF)
 Aliança de Beufort | Brasília | http://aliancadbeufort.blogspot.com.br/
-- Ordem dos SilverGriffens | Brasília | http://ordemdossilvergriffens.blogspot.com.br/
-- Grisel | Brasília | Sem Página
-- Cavaleiros de Ibelin | Brasília | Sem Página
-- Ordem dos Cavaleiros da Virtude | Santa Maria DF| https://www.facebook.com/groups/290815834386415/

Fraternidade Klart Vand | Águas Claras | https://www.facebook.com/groups/1506254379594253/

Lobos da Noite | Brasília | Sem Página

Mercenários | Brasília | http://www.facebook.com/groups/251015685014414/

Ordem dos Assassinos | Brasília | https://www.facebook.com/ordemdosassassinos.df/?fref=ts

SACRA - Esgrima, e Combate Histórico- Brasília - https://www.facebook.com/sacradf?ref=bookmarks
--- Ordem de Ascalon
--- Ordem de Aversa



segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Entre semideuses e grifos, um final de semana pra lá de bacana

Não é sempre que meus finais de semana são recheados de muita atividade física. Como professor tendo a usar de forma errada o meu fim de semana. Sempre tem alguma prova para corrigir, algum projeto, trabalho para por em dia ou correção para fazer em algum lugar. Mas dessa vez eu arrumei um tempinho não intencional para ter um fim de semana super movimentado.

No sábado, o já tradicional treino com os cavaleiros da virtude. É um super programa.  É sempre bom rever os amigos e treinar o bom boffer swordplay sem muito compromisso, onde o mais importante é cuidar da segurança do colega e se divertir. Como eu sempre estou forjando espadas novas o treino é o lugar para colocar minhas espadas em teste. O que foi bom: duas espadas minhas estragaram: um machado e uma espada média. Tenho certeza que quem estragou o machado (não fui eu) o estava usando com força excessiva a julgar pelo estrago que o cano de eletroduto preto sofreu. A espada quebrou, mas dessa vez acho que só tive azar escolhendo o material. Tem vezes que escolhemos o pior cano da loja. Durante a semana vou refazer e torcer para não dar mais nada errado. J

No sábadoo fui avisado de um evento do clube do livro DF que se realizaria no domingo. Uma ex-aluna minha, chefe das caçadoras de Artemis, perguntou se eu não poderia dar uma sessão rápida de treino com a espada. Claro. Os semideuses usam na sua maioria espadas curtas e médias. Algumas das armas que levei como machados, escudos e maças foram novidades para eles. O mais importante é que não fui lá para ensinar e sim para aprender com eles. É o que eu mais gosto de ser professor: quanto mais você compartilha o conhecimento mais ele cresce.  

Já depois do evento dei uma esticada até o ninho dos grifos de prata, um grupo de swordplay em Brasília que é aliado dos cavaleiros da virtude e membro da aliança de Beufort. Era o aniversário do grupo e resolvi ir ate lá para dar um abraço no pessoal, prestigiar o campeonato deles, bater papo e participar de uns free-for-all. Foi muito divertido, um espaço privilegiado de verde e grama, entre os prédios residenciais da 307 sul. Foi demais colocar as minhas habilidades em cheque contra colegas talentosos e amigos de outros grupos. Você aprende muito com o jeito de lutar deles – bem diferente do nosso. Aproveitei e treinei um pouco de arco (quatro flechinhas...hahaha) e aprendi algumas posturas de esgrima espanhola .


É certo que não dá para fazer isso todo fim de semana, mas esse foi um fim de semana bom demais da conta. 

domingo, 13 de setembro de 2015

É... está quebrada...

Além de qualquer reparo.


Cedo ou tarde vai acontecer. Cedo ou tarde – mais cedo do que tarde no meu caso – o seu equipamento de swordplay vai quebrar, vai estragar para uma condição além de qualquer forma de conserto. Isso é meio que inevitável, uma vez que usamos como matéria prima canos de pvc, EVA, papelão e espuma de poliuretano. Não foi feito mesmo para durar... a não ser que você faça a sua espada e jamais a use.

O importante nesses momentos é manter a calma e aceitar que a coisa está perdida. O primeiro impulso da gente é tentar consertar – especialmente se você a construiu. Bem lá no fundo da sua cabeça aquela voz diz algo como “você construiu isso cara, pode reformar”. Nem sempre isso é verdade. Quem é um forjador sabe do que eu estou falando: muitas vezes é mais fácil começar uma peça completamente nova do que refazer uma que já existe. Mas que dá raiva, ah, isso dá mesmo.

Você nunca deve ter raiva do colega de treino, se ele for o “culpado” pelo seu equipamento quebrar. Pode ser que aquele golpe mais forte tenha quebrado o cano da sua arma, ou que aquele encontrão tenha acabado por rasgar a alça do seu escudo. Mas essas são coisas que acontecem. Fazem parte do esporte. Ficar com raiva só atrapalha você e os outros. Deve ter sido um acidente e se não foi procure os chefes da sua guilda para reclamar do fato.  

E o que fazer com o equipamento quebrado? Bom, você pode usar como item de decoração. Junte as peças de modo que ele pareça firme e pregue na parede do seu quarto ou sala. Você ainda pode tentar desmontar tudo e salvar matéria prima que pode ser reaproveitada.


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Versatilidade

Ou, como diz Bruce Lee, seja como a água.

Treinar em setembro, no clima de Brasília não é para qualquer um. É um desafio e tanto para qualquer pessoa, atleta ou não. Mesmo assim o Reino dos Cavaleiros da Virtude reuniu 37 bravas almas no sábado 05 de setembro, sob o sol escaldante do cerrado do Planalto Central, com uma temperatura média de 32°C e uma umidade relativa do ar em torno de 31% (dados do meu celular – duvido que esteja correto). Estava quente e seco pra caramba! Muita gente não foi porque mães e esposas proibiram. Só fui porque quando saí de casa o sol estava meio escondido por trás dumas nuvens bem lá em cima.

Para se treinar nessas condições é necessário adequar suas atividades. Protetor solar e muita água, além de estratégicas pausas em baixo das frondosas árvores do campo de treino. Treino leve. Nada de ficar se esforçando além do normal. Tudo para evitar superaquecimento e desidratação.

Mesmo assim a energia foi lá em cima. Tanto é que a estrutura do meu escudo de papelão não resistiu e começou a rasgar nas tiras superiores da amarração do punho.  Esse é o segundo escudo que eu fabrico. Ele tem o tamanho certo para uma pessoa do meu tamanho (1,92m de altura). O meu primeiro escudo, feito de EVA e papelão tinha praticamente 3/4 do tamanho deste. Não podia arriscar que ele se abrisse no meio do combate. Se papelão é barato e tal, a cola que eu usei, além das fitas e do isolante térmico não são. Tinha que trazer de volta para casa e tentar consertar.

Daí que de uma hora para outra eu era um escudeiro sem escudo. Fui à minha sacola de armas e procurei algo que eu pudesse usar. Eu tenho muitas opções pra usar com escudo: uma espada estilo viking (feita no estilo Magnus Legio), uma espada híbrida de katana e espada longa (feita no estilo Belathor), uma maça de cabeça cilíndrica, um machado de uma mão e uma mistura de rapier com cimitarra (também no estilo Magnus Legio).

Resolvi usar uma combinação inicial de espada viking/híbrida. Depois passei para uma combinação maça/machado e por fim fiquei com uma espada/machado. O importante mesmo é que, independente da combinação de armas à minha disposição, eu tive de mudar todo o meu estilo de jogo. Afinal com o escudo grande eu posso adotar uma postura mais defensiva, tanker se preferirem. Já com as duas armas eu tinha de adotar uma postura mis ofensiva em campo de batalha. Nada fácil com um clima como aquele. Mas nada de desanimar.

O importante é ir para cima. É sem dúvida uma das coisas que eu mais faço, independente da arma que eu uso. Detesto os caras que ficam só recuando, recuando, esperando um momento de atacar.

Daí que no final não acho que me saí tão mal. Claro que não é hoje que vou trocar o escudo pela dual. Mas a lição que fica é que quanto mais rápido você se adapta às novas circunstâncias ao seu redor melhor.


Serviço:
Espada Estilo Magnus Legio - https://www.youtube.com/watch?v=nY0s0fA7CBA
Espada Estilo Belathor - https://www.youtube.com/watch?v=vTOMnnH_ojg
Machado Estilo Belathor - https://www.youtube.com/watch?v=sBJ9DH74VXY

domingo, 30 de agosto de 2015

Com luvas ou sem luvas?

No treino da semana passada resolvi testar um usar um par de luvas. Eram luvas dessas simples, de pedreiro mesmo, que você compra nas lojas de 1,99. Elas são macias, de algodão e na palma vem com um monte de bolinhas de plástico que deveriam, supostamente, aumentar a aderência entre a luva e seja lá o que você estiver segurando.

Como era um par de luvas mais surradinho (eu usava para brincar com as minhas cachorras) eu cortei os dedos fora. Ficou uma luvinha estilo aquelas de ciclista, confortáveis e com um jeitão bem rústico que combina bastante com o estilo viking de luta que eu treino.

Bom, na mão do escudo caiu como uma luva (desculpe o trocadilho bobo, mas não resisti). Ajudou a segurar melhor a correia do escudo e deu mais conforto à mão em contado com o material protetivo do escudo. Ajuda a manter o suor das mãos nas mãos, sem deixar que ele vaze para o papelão do escudo. Como eu uso um escudo todo feito de folhas de papelão, os efeitos da água e da umidade são uma preocupação para mim.

Já na mão da espada eu não gostei tanto assim. Como eu raramente faço decoração do cabo com algum material, normalmente seguro no PVC nu. Nessas a pegada ficou estranha e a todo tempo ficava com a impressão de que a espada ia sair voando das minhas mãos a qualquer momento. Tenho apenas duas espadas com cobertura de corino no cabo e nessas a pegada funcionou melhor.

Essa foi a primeira experiência com luvas. Pretendo treinar mais algumas vezes com elas para ter certeza de seus efeitos. E você? Costuma usar luvas? Qual é a sua sensação?


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

13 dicas para aproveitar melhor seu treino de swordplay

Feito com a ajuda do professor de educação física Aloísio Pires.


1- O treino de swordplay é um exercício que deve ser praticado com regularidade. Se seu grupo treina apenas uma vez por semana, procure encaixar algumas rotinas de golpes básicos e manobras em casa ou com os amigos. Pacotes de exercícios com as armas que duram de dez a vinte minutos são perfeitos. Tente encaixar ao menos um por semana.

2- Antes de dar início a seus treinos, procure um médico para uma avaliação, principalmente da capacidade cardiorrespiratória. A cada ano refaça os exames (se você tem mais de 40 anos, refaça os exames a cada seis meses).

3- Procure fazer uma refeição leve antes de iniciar o treino. Dê preferência para frutas e carboidratos. Evite praticar swordplay em jejum e após a ingestão de alimentos gordurosos.

4- Evite ingerir bebidas alcoólicas, pelo menos 12 horas antes da prática de swordplay e procure hidratar-se preferencialmente com soluções isotônicas, ou água em intervalos regulares. Evite a ingestão de grandes volumes de água de uma só vez, isto poderá lhe trazer mal estar (a famosa dor desviada).

5- Abandone o hábito de fumar. O uso do cigarro favorece o aparecimento de várias doenças e limita sua atividade física. Se você não fuma, ou nunca fumou, nem pense em começar.

6- Procure dormir pelo menos 8 horas por noite, especialmente na véspera do treino.

7- Use calçados e roupas adequadas e confortáveis para o exercício. Se o dia estiver quente evite usar roupas demais, para não gerar superaquecimento do seu corpo. (Walasson, arrume uma bata, por favor).  

8- Use protetor solar com fator de proteção igual ou superior a 20, pelo menos 30 minutos antes da exposição solar, mesmo com tempo nublado.

9- Evite os horários mais quentes. Se puder use óculos com proteção contra os raios solares (UVA e UVB). Se preferir, use também boné ou viseira.

10- Realize exercícios de alongamento e aquecimento antes do treino. Alongamentos após a atividade física também evitam dores e lesões futuras. É importante alongar após o treino também.

11- Caso você faça uso contínuo de medicamentos como insulina, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, etc., não o interrompa para praticar esportes. Peça sempre orientações ao seu médico.

12- Se você sentir estar no seu limite físico ou passar mal durante o treino, interrompa o mesmo e peça ajuda.

13- Tenha sempre com você um documento de identidade, cartão com endereço e telefones de contato, além da carteira do plano de saúde se possuir. Ajuda na hora de levar você ao hospital ou ao centro de saúde.


O swordplay é uma atividade saudável. Além de manter o corpo em forma, ajuda a fortalecer os músculos e proporciona o bem-estar que tanto buscamos. Isso sem falar que é divertido pra caramba!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

There and back again

A difícil arte de recomeçar

Algumas vezes a vida adulta nos prega peças engraçadas. Hoje em dia eu tenho recursos para comprar qualquer coisa nerd que eu sempre quis comprar. Se eu quiser, e bater o pé com alguma força, posso comprar uma luminária do Goku se preparando para lançar uma Genkidama. Claro que eu tenho outros gastos em mente, como a prestação do carro e a reforma da cozinha, mas não posso dizer que me falte dinheiro para atender meus desejos. O que me falta de verdade é tempo.

Estou a quase um mês sem pisar nos treinos de swordplay. Os motivos são vários mesmo. Desde obrigações sociais e familiares, trabalho ou mesmo impossibilidade física de participar – a minha presença era necessária em outro lugar. Claro, em nenhum dos lugares/eventos que eu fui – exceto talvez a obrigação trabalhista – eu fui realmente obrigado a ir. Foram escolhas. Escolhas conscientes. Escolhas que geraram perdas. Quando você escolhe, obrigatoriamente você perde alguma coisa. Neste último mês o swordplay parecia o vasco no campeonato brasileiro de 2015: perdeu muitas vezes em seguida.

Estou ensaiando uma volta para este fim de semana. Mas eu digo que não é fácil. Voltar, depois de tanto tempo, parece ser mais difícil do que eu me senti quando comecei. É uma sensação estranha mesmo. Uma sensação de puro estranhamento. Eu vou estar lento, fora de forma, sem a mesma pegada no combate, sem visão de campo, sem estratégia... eu tenho certeza que a mente vai pedir alguma coisa e o corpo, bem, o corpo vai dar “sinal de ocupado” ou como dizem os mais jovens “de conexão recusada”.


Mas é como diz aquela célebre fase do Hobbit: “there and back again”. Vamos ver o que é que acontece. 

terça-feira, 28 de julho de 2015

Você luta como uma menininha



Sabe, em vários lugares do mundo a expressão “como uma menina” é um termo pejorativo. Indica fraqueza, incapacidade, algo mal feito. É até mesmo um tipo de insulto. Insulta duplamente: como misoginia, comparando o que as mulheres fazem como algo fraco ou ruim e dando essas indesejáveis características (fraco e ruim) a outro ser humano. Deve ser uma das coisas mais preconceituosas que eu já ouvi na vida e um dos insultos mais imbecis jamais criados.

Pois bem, revendo algumas anotações que fiz das experiências do meu grupo de swordplay eu cheguei a conclusão de que lutar como uma menina é um elogio. E não é um elogio qualquer. É um elogio que eu reservo às pessoas que se mostraram verdadeiros combatentes, guerreiros indestrutíveis e incansáveis no campo de batalha. Gente que eu não hesitaria em ir para a batalha se estivessem do meu lado e que eu temeria enfrentar, caso estivesse no lado inimigo.

E por que eu digo isso? Bom, no meu grupo tem muitas meninas e a mais velha delas deve ter algo em torno dos 16 anos. E são todas, sem exceção, combatentes valorosas.  O que dizer da pequena Sara Yasmin (menos de dez anos de idade) que colocar medo em muito homem barbudo (eu incluso) com uma técnica de espada-e-escudo somada a uma mobilidade fenomenal. O que dizer da melhor lanceira que eu já conheci, a digníssima Maria Clara Fonts (que não tem nem 15 anos!), que além de lanceira uta como um pequena demônia da Tasmânia Loira. Mais uma é a pequena Graziela Vieira, que em campo de batalha age com estratégia e sabedoria, digna dos grandes generais.

Sempre que vou aos treinos e vejo qualquer uma delas lutando, dando o melhor de si, combatendo feito verdadeiras deusas da guerra sinto um calor no meu coração ao saber que a próxima geração de meninas não está nem um pouco mais fraca que a geração anterior.

Por isso, pense duas vezes antes de dizer por ai que alguém luta como uma menininha. Você pode estar fazendo um elogio certo á pessoa errada.



domingo, 12 de julho de 2015

Inimigo Natural

- Apesar de todos os estilos de Wushu você defende que nenhum estilo é superior ao outro?
 - É nisso que eu acredito.
 - Se é verdade, deixe-me perguntar: se não há diferença no Wushu por que tantas competições?
 - Eu acredito que não existe nenhum estilo superior de Wushu. Todos que praticam diferentes estilos de Wushu teriam, naturalmente, um nível diferente de habilidade. As competições revelam nossas fraquezas e inflam o ego. Nossos verdadeiros inimigos somos nós mesmos.

Essa é provavelmente a melhor cena de O mestre das Armas (Fearless, 2006). Ele trás, em poucas palavras, várias lições poderosas e verdadeiras.

A primeira delas é que não existe ninguém melhor do que ninguém. Nenhum combatente, nenhuma arma, nenhum estilo, nenhum grupo é melhor que o outro. O que existem são combatentes diferentes, armas diferentes, estilos diferentes, pessoas diferentes, enfim, níveis de habilidades diferentes. E é justamente essa diferença que faz a vida valer à apena. É a sua diversidade e não a sua homogeneidade que faz da vida uma experiência única e verdadeira.

Outra lição que devemos aprender e que pretendo carregar sempre junto ao meu coração é que é nas competições que revelamos nossas fraquezas – físicas, mentais, espirituais, morais, de todos os tipos – e que deixamos o nosso ego dominar a nós mesmos. O meu maior inimigo não é o outro combatente. É a mim mesmo.

Quando vamos treinar kenjutsu o sensei nos ensina a dizer sempre “Onegai-shimassu” antes de começar a luta ou o treino com um colega. A expressão quer dizer “Ensine-me, por favor”. E ao final da sessão as pessoas se cumprimentam com um “Arigatô Gozaimassu”, que quer dizer “muito obrigado”.  Por que todo esse cuidado? Para evitar que o ego cresça. Para que a lição mais importante passa ser compreendida: nós somos nosso maior inimigo.


Por isso da próxima vez que você for treinar pare um pouco e perceba o que você esta fazendo. Contra quem você está mesmo lutando?

terça-feira, 7 de julho de 2015

E veio a guerra

A batalha da floresta escura


Domingo, 05 de julho de 2015 já entrou para a história do Swordplay no DF, como o primeiro dia de guerra entre a Irmandade dos Assassinos e o Reino dos Cavaleiros da Virtude. Foi um evento de swordplay que congregou no mesmo lugar mais de 80 praticantes do desporto. Além disso que quebrou o antigo recorde de deslocamento de grupos (o grupo dos Cavaleiros levou 49 pessoas ao duelo – o recorde anterior era de 44 pessoas). Muito mais do que decidir quem golpeava melhor com espadas de espuma foi uma experiência única, diferente, histórica.  

O evento foi intenso e cheio de momentos com informações valiosas por todos os lados. Trouxe de lá dois prêmios inestimáveis: conheci pessoas fantásticas e Sinto ter trazido uma lista interminável de coisas para melhorar. O mundo estava ali, pronto para ensinar. Espero ter aprendido as lições direitinho.

Foi uma oportunidade inestimável para entender através das palavras e experiências o que viemos treinando desde o começo do ano, quando efetivamente o reino dos cavaleiros da virtude começo, das cinzas dos antigos “lobos do sul”. Naquele domingo foram forjadas histórias reais, que representaram suas luzes e sombras, e que deixavam claro como o treinamento duro e sua constante dedicação ao Caminho são um exemplo que engrandece as pessoas que são capazes de transformar a vida daqueles que seguem os seus passos.

Pude lutar com diversos companheiros de caminho, disputas contra técnicas que nunca havia visto. Lutas tão intensas e a meu ver divertidas, que poderão trazer lembranças de combates únicos que me incentivaram a algum dia, através do treinamento, poder aprender aquilo que meus irmãos de treino se empenharam tanto em me ensinar. Também encontrei muitos dos meus erros, lutar contra tanta gente nova também me ajudou a revelar minhas fraquezas, minha falta de postura, os meus erros de estratégia. Porém com essa mistura de admiração e de erros a corrigir, voltei cheio de emoção e vontade de redobrar o treinamento para conseguir transformar isso em algo melhor.

Por outro lado, sempre senti que o Swordplay é um “descanso” de um mundo que às vezes está perdido na confusão sem sentido. Onde o mundo é problemático, mas as estratégias de combate e a luta um contra um fazem tudo ficar um pouco mais claro e direto, como um pouco de água fresca para os que têm sede.

Se treinar com os Cavaleiros da Virtude é beber um pouco de água fresca, estar num combate, tão próximos de outro grupo é como beber direto da fonte mais pura. E conviver com as diferenças dos dois grupos me mostrou que não existem monstros do outro lado das lanças. Bem, quem sabe exista um ou outro ogro, mas do lado de cá também o sou.

Agradeço a todos os guerreiros e generais que nos ajudaram e conviveram, especialmente ao Rei Alexandre que se aproximou de nós e compartilhou seu tempo e sua energia, Caio Nagell e Lucas de Lima (da Irmandade)  que compartilharam a batalha, e ajudaram para que a viagem fosse tão profunda e frutífera.

Dizer obrigado por tudo é pouco.  Essa batalha redobrou minha admiração pelo esporte como um todo. E quem ganhou? Pouco importa. O que importa é que muitos se enfrentaram, uns poucos se odiaram e muitos viraram irmãos. 

quinta-feira, 2 de julho de 2015

A palavra do dia é...

Voltaire, filósofo e poeta francês, tem uma das frases mais repetidas e alegadas da história da humanidade. Não apenas isso é uma das frases mais usadas fora de seu contexto em todo o mundo. “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”.
Uma leitura superficial indicaria que o poeta afirma a liberdade de expressão. Mas se você olhar com cuidado vai perceber que ele fala sobre outras coisas também igualmente importantes: respeito e tolerância.
Dentro das sete virtudes indispensáveis ao Samurai – descritas no bushidô: o caminho do guerreiro – a número 04 é Rei. “Respeito, Polidez, Cortesia”. O guerreiro poeta não tem qualquer razão para ser cruel. Não há necessidade de provar a sua força. Um samurai é cortês até mesmo com os seus inimigos mais declarados. Se não fosse assim, ele não seria melhor do que seus inimigos. Ele não seria melhor do que qualquer animal. Um samurai é respeitado não só por sua coragem, mas também pela forma como eles tratam os outros.

E será que estamos mesmo demonstrando esse respeito todo pelos nossos colegas de treino? Será que as pessoas demonstram essa polidez com aqueles, que como eles, estão em busca de trilhar com efetividade o caminho da espada? Tratamos os outros como gostaríamos de ser tratados?

Não me surpreendo mais ao ver em fóruns e discussões em geral pela internet e pelas redes sociais que as pessoas vêm perdendo todos os níveis de tolerância. Tolerância é um termo que vem do latim “tolerare” que significa “suportar”, “aceitar”. A tolerância é o ato de piedade perante algo que não se quer, não se pode mudar ou que não se pode impedir.

A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade. Uma pessoa tolerante normalmente aceita diferentes opiniões ou comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social. Você não precisa concordar com a posição política de um amigo ou com o time de futebol que ele devota torcida, mas aceita simplesmente que você e ele são diferentes. E essas diferenças não impedem que vocês vivam juntos. Ao contrário: a diferença, a diversidade, o contrário de opiniões e modos de vida é o que faz as cores da vida.

A tolerância nos treinos tem de ser exercitada sempre. Afinal de contas, mesmo com sua estrutura mais ou menos hierarquizada, o treino ainda é um espaço de relações humanas e elas se dão bem melhor quando respeitamos os nossos colegas e toleramos suas atitudes. E não esqueça do reverso da medalha: as vezes somos nós que temos que ser respeitados e tolerados!


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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ser um líder melhor.

O segredo da boa liderança

Todo grupo precisa de líderes. Pessoas mais experimentadas que assumem a ponta, guiam os mais novos no caminho das armas, mostram o que se deve fazer e o que se deve evitar. Normalmente em grupos de sowrdplay ou soft combat os líderes são os guerreiros mais habilidosos ou mais antigos.

Todos os grupos têm uma estrutura hierárquica. Além do rei ou do chefe do clã existe normalmente um grupo de pessoas que ajuda o rei. São membros mais antigos, graduados ou de confiança do reino. São chamados de conselheiros, cavaleiros de elite, as mãos do rei... o nome pouco importa. O trabalho deles é definir as melhores soluções de maneira rápida e espontânea para que o grupo não perca o seu movimento.

É também dever dos conselheiros e líderes seguir as regras do reino, ainda mais quando o assunto for chamar a atenção de alguém do grupo. Esta situação exige muito cuidado para não desmotivar o colega de grupo nem desrespeitá-lo. Segundo Namy Kimizuma  (especialista em relações pessoais empresariais e esportivas), quando um colega de treino cometer algum erro, o ideal é riscar a palavra bronca do manual. Nesse caso, o adequado é ter uma conversa particular e explicar como o trabalho ou o fato deveria ter sido conduzido.

O líder direto é quem deve falar com o combatente. Se for um lanceiro, o chefe dos lanceiros, se for um escudeiro, o chefe dos escudeiros e assim por diante. O papo deve ser sério, franco e bem objetivo. E o conselheiro não pode ressaltar apenas os pontos negativos. Ao elogiar um colega, você cria um clima melhor. Assim, vai ser menos difícil quando precisar fazer alguma crítica. O guerreiro vai perceber que a conversa corrige o que requer conserto. Os elogios são sinônimos de um reconhecimento imprescindível para o crescimento pessoal e de todo reino.

Uma boa média nesse assunto é elogiar em grupo e criticar em particular. E mesmo quando estiver em particular com a pessoa procure ser firme, direto, mas ainda assim educado. O tom de voz e a postura corporal costumam dizer mais do que as palavras.

Exemplo:  Ao ver que um dos soldados da infantaria leve está exagerando nas provocações ao time adversário, xingando impropérios na frente dos colegas, cabe ao comandante daquele grupo falar com a pessoa.

Ele deve chamar a pessoa do lado e comentar algo mais ou menos assim: “Cara, você tem melhorado muito no combate, parabéns. Mas não rola descuidar do que a gente fala, né? Vamos maneirar no xingamento na frente dos pequenos, ok?”

Mas você deve tomar cuidado para não entoar o mantra do mau líder: do as I say but dont do as I do – Faça como eu falo, mas não faça como eu faço.  Não existe nada pior ou que desmotive mais o seu colega de treino do que você, como líder, cobrar dele uma atitude que você não tem. Se você é highlander cobrar que outra pessoa aceite golpes é no mínimo hipocrisia. Se você xinga, nem que seja um simples “porra” ou um inofensivo “pônei maldito!” você tem que tomar cuidado para não soar hipócrita e mal caráter na frente dos amigos.


E no mais, se você se sentir desrespeitado pela forma como o conselheiro ou o líder do clã conversar com você, tente conversar com ele em outro momento, explicando porque você se sentiu desconfortável. Se isso não adiantar, quem sabe seja a hora de você abandonar o grupo. Um lugar sem respeito apenas diminui você e não vale à pena. 

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Tamanho é documento

O tamanho do escudo.

Uma coisa que sempre me preocupou quando comecei a treinar swordplay é o tamanho das coisas. Quer dizer, como uma atividade desportiva deveria haver algum tipo de regra para indicar o tamanho máximo de escudos, espadas, lanças e outras coisas não é?
Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que não existia uma regra geral para isso? Que cada grupo tem suas próprias regras para cada coisa dessas. Isso é, quando essas regras existem.

Estudando mais à fundo eu descobri que quando você faz uma arma ou equipamento pessoal ela deve ser talhada de modo a ser perfeita para o seu uso. Uma arma ou equipamento pessoal deve ser feita e planejada sob medida.

Assim resolvi compartilhar com vocês algumas das minhas descobertas sobre o tamanho certo que um escudo deve ter.

O segredo aqui é a proporção. O tamanho do escudo deve ser proporcional ao tamanho do seu usuário.

Escudo redondo (round shield):
Se você usa um escudo redondo (chamado popularmente de round shield) o diâmetro do mesmo deve ser a medida dos dois antebraços do usuário, contanto com o punho fechado. Dessa forma um rapaz que tem 38cm de antebraço e punho fechado teria que ter um escudo redondo de pelo menos 76cm.

Heather Shield
O comprimento máximo desse escudo deve ser a medida da ponta do dedo médio do usuário até o alto do seu ombro. Já a largura é determinada por dois terços desse valor. Se do ombro à ponta dos dedos a medida for de 84cm esse será o comprimento máximo do escudo e a sua largura máxima será de dois terços desse valor, ou seja 56cm.

Escudo Gota (Kite Shield)
Já modelos como o Gota (também chamado de Kite Shield) devem ter uma largura máxima de acordo com a medida do antebraço do usuário, somado com o dobro do comprimento de sua mão estendida. Uma amazona com 35cm de antebraço e mais 20cm de mão estendida deveria usar um Escudo Gota com 75cm de largura. O seu comprimento máximo deve ser o mesmo da distância do ombro do usuário até o seu joelho.  



domingo, 7 de junho de 2015

Nenhum de nós sozinho é maior que a soma de todos nós juntos.

Um conceito vencedor e cada vez mais valorizado no campo de batalha é o trabalho em equipe. Ter agilidade para desenvolver trabalhos em conjunto tem sido um das qualidades mais exigidas para qualquer guerreiro. Trabalhar em equipe significa criar um esforço coletivo para resolver um problema, vencer um obstáculo, contornar uma situação. Em poucas palavras são pessoas que se dedicam a realizar uma tarefa visando concluir determinado trabalho, cada um desempenhando uma função específica, mas todos unidos por um só objetivo, alcançar o tão almejado sucesso.

A atividade em equipe deve ser entendida como resultado de um esforço conjunto e, portanto as vitórias e fracassos são responsabilidades de todos os membros envolvidos. Vejo muitas pessoas nos diversos grupos que conheço que estão trabalhando em grupo e não em equipe, como se estivessem em uma linha de produção, onde o trabalho é individual e cada um se preocupa em realizar apenas sua tarefa e pronto. O lanceiro apenas ataca com a lança e mantém a posição que foi designado a manter, mas não faz nada além disso.

No trabalho em equipe cada membro sabe o que os outros estão fazendo e reconhecem sua importância para o sucesso da tarefa. Os objetivos são comuns e as metas coletivas são desenvolvidas para ir além daquilo que foi pré-determinado. O trabalho em equipe possibilita trocar conhecimentos e agilidade no cumprimento de metas e objetivos compartilhados. Na sociedade em que vivemos, o trabalho em equipe é muito importante, pois cada um precisa da ajuda do outro. Não existe vitória sem trabalho de equipe.

Pense numa vela acesa, ela é bonita, envolvente, ilumina tudo ao seu redor. Uma vela acesa simboliza esperança, harmonia, fé. Por si só é bonita, porque ela mesma tem a sua luz. Mas a vela por outro lado é muito frágil, e qualquer vento ou sopro pode apagá-la.

Transferindo isso para nosso querido esporte podemos concluir, que por mais que tenhamos luz própria, que brilhemos e tenhamos talento, é preciso lembrar que sozinhos nós somos muito frágeis e é exatamente por isso que qualquer problema do dia-a-dia pode ofuscar o nosso brilho. Daí a importância de entendermos o poder da ajuda mútua, sempre lembrando de que líderes e equipes superam crises quando se unem.

Saiba que quando pegamos os nossos sonhos e juntamos com os sonhos de outras pessoas, tudo se torna mais forte, iluminado e por mais escuro que o mundo pareça ser, quando o ser humano se junta consegue milagres extraordinários. O ser humano trabalhando em equipe, colaborando uns com os outros, cooperando. Consegue com certeza, afastar a escuridão e todos os problemas que possam afligir a organização.

Quando treinamos temos de ter em vista sempre a visão do campo de batalha. Muitas vezes o time mais talentoso não é o vencedor e sim o time que trabalha junto. O lanceiro é difícil de vencer sozinho? Junte-se com mais dois colegas e flaqueie: um vai pela frente, outro pelo flanco direito e mais um pelo flanco esquerdo. Não existe guerreiro que dê conta de três atacantes assim (ok, sei que existem, mas são minoria). Você dividiu seu grupo em duas unidades e uma delas está em dificuldades? Não hesite em atravessar o campo de batalha e dar algum suporte.

No campo de batalha temos que enfrentar muitas adversidades, mas quando nos juntamos um ao outro a coragem aumenta, o nosso potencial se duplica e os nossos objetivos se tornam mais passíveis de realização.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O grito de guerra!

O grito de guerra

Se você tem um clã, família ou reino, ou mesmo um esquadrão que luta sempre ao seu lado seria interessante que você tivesse um grito de guerra. A mecânica é muito simples e tem um efeito psicológico poderoso no campo de batalha. Se por um lado infunde coragem e determinação nos seus colegas causa medo e temor no coração dos inimigos. Em esportes de contato por equipe alguns gritos de guerra são marcas registradas  de seus times.

A seleção de Rugby da Nova Zelândia é famosa por seus característicos gritos de guerra. No vídeo abaixo (apenas o link, assista no youtube) mostra do que estou falando.  Veja as cenas. Enfrentar os All Blacks depois disso deve ser dureza.


Óbvio que eu não peço que você ou seu grupo façam uma coreografia exagerada ou gritem frases em dialeto aborígene. Mas existe uma “receitinha de bolo” que funciona bem.

Uma das pessoas grita o grito inicial. Uma frase curta e poderosa. Depois uma segunda voz destaca uma palavra da frase original. Depois disso todo mundo repete esse palavra especial três vezes. O feito é maravilhoso. Experimente. Veja o exemplo:

1ª voz (gritando): Cavaleiros da Virtude, eterna será a nossa vitória!
2ª voz (gritando): Vitória!
Todos juntos: Vitória, vitória, vitória!


Não subestime o poder psicológico que um grito tem no campo de batalha. Se não fosse assim samurais não gritavam kiai!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

O aprendizado do caminho da espada (de espuma)

Se um dia você vier visitar os treinos dos cavaleiros da virtude e jamais tiver empunhado uma espada em sua vida, com certeza passará pela escudeira Juliana, a instrutora-chefe de todos os que buscam trilhar o caminho do swordplay. Ela dará a você as primeiras instruções, os primeiros passos seguros no caminho da espada. Este aprendizado inicia-se empunhando a espada com as próprias mãos, passando por sucessivos treinamentos, até que o corpo se habitue a manipulá-la.

A espada é a sua primeira arma. É a extensão do seu braço. É o caminho que abre para outros caminhos. Você pode ser um excelente lanceiro, um mestre da arma exótica, ou um escudeiro de defesa impenetrável, mas invariavelmente você começou girando uma espada e aprendendo os fundamentos com alguém.

Assim que o corpo estiver mais habituado, passa-se para a próxima etapa: lutar contra a própria arma. Ou seja, contra um oponente empunhando a arma almejada. Você começa lutando contra outros espadachins, aprendendo as rudezas e sutilezas da espada. A sua rapidez, a sua mobilidade. Um bom espadachim é a epítome do guerreiro perfeito.

Logo depois você aprenderá a combater outras armas. Será a sua espada contra o escudo, contra a maça, contra a lança, contra arco que ataca de longe. É o conhecimento de “dar golpes”, assim como “receber golpes”. Aprendemos a atacar, a defender, a aceitar os golpes que recebemos. Amadurecemos e aceitamos com um sorriso quando o ataque do outro vaza a nossa defesa e nos mata: pois é só assim que evoluímos e é assim que aplaudimos o crescimento do outro. É nesta atitude de descobrir uma arma, que torna a prática do swordplay singular, completo, segundo o treinamento dos antigos guerreiros e mestres, dos quais buscamos treinamento e inspiração em seus manuais.

É preciso coragem e determinação para estar aberto a novas formas de lutar. Depois de aprender a espada deixe seu coração aberto. A sua arma de estimação vai escolher você. Seja ela uma espada longa, duas espadas médias, espada e adaga, duas adagas, espada e machado, dois machados, machado de duas mãos, martelo de guerra, maça, mangual, arco, espada e escudo, lança...



domingo, 10 de maio de 2015

Coragem!

Coragem


Os filósofos do mundo antigo sempre estiveram em busca de um sentido para a vida. Alguns vão dizer (e concordo com eles) que a felicidade é a busca suprema da humanidade. Quando Aristóteles escrevia sobre a ética (o caminho que nos leva à felicidade) ele escreveu também sobre as virtudes. A grosso modo a virtude é uma ação voluntária, equilibrada, que pode ser melhorada e nos melhora no processo. Quase tudo que permite nossa evolução pode ser convertido numa virtude.

Se existe uma virtude suprema no swrodplay é a coragem. Sua habilidade com a sua arma pode te fazer um jogador desejado, mas é a coragem que separa guerreiros de lutadores de fim de semana. Coragem é o famoso “cair dentro”, “ir pra cima”, “dar cara à tapa”, “encarar”, “bater de frente”. Segundo as palavras do sensei Jorge Kishikawa coragem marca quem você é no campo de batalha. Se você não demonstra coragem o seu oponente perde respeito por você. 

E convenhamos, não é mesmo? O que de pior pode acontecer com alguém que encara seus inimigos de frente e não tem medo de enfrentar inimigos em maior número ou que são sabidamente mais habilidosos do que ele? Passar uma rodada fora do jogo por que morreu? Esperar na zona de respawn enquanto o resto da pancadaria come solta? E se você der sorte e despachar aquele lutador muito superior a você? E depois de avançar uma centena de vezes pode ter certeza que sua perícia com a arma vai melhorar muito.

Na maior parte das artes marciais com espada do mundo oriental os praticantes iniciantes só aprendem golpes e manobras ofensivas. É assim no kendô. Você leva semanas de treino apenas treinando ataques e katas para depois de quase dois meses descobrir que existem coisas como defesa e bloqueios. Os próprios instrutores incentivam que o iniciante vá para cima com tudo. Nunca me esqueço do que disse o senpai Patrick Lopes, da Niten-DF: “Imagine que você está lutando de costas para um precipício.  Qualquer passo que você der para trás significa a sua morte. Por isso avance sempre”.

E isso vale para todas as unidades do seu reino ou clã: tanto faz se você é da infantaria leve, luta com duas armas, se faz parte dos escudeiros ou se é lanceiro: mostre coragem, vá pra cima.
Só tome cuidado porque coragem não é a ausência de medo. O medo, como dizia Abin Sur “é o instinto de sobrevivência da raça humana”. É o medo que nos impede de fazer coisas idiotas (ou pelo menos nos dá tempo de perceber que fazer aquela coisa é algo bem estúpido). Coragem não é a falta de medo. É agir mesmo com medo. Coragem também é diferente de temeridade. Temeridade é a ousadia burra. O sábio tem a coragem na medida.


Por isso, no próximo treino vá buscar emoção. Corra atrás do oponente mais valoroso que encontrar e vá ser feliz. 


sábado, 2 de maio de 2015

Broken lance

O prazer de treinar (ou não) com lança.


Desde que comecei a treinar com swordplay uma coisa tem me intrigado de sobremaneira. A lança. Nunca fui bom contra lanceiros e sempre que os vejo em ação no campo de batalha penso que são uma das mais efetivas unidades. Um grupo coeso de lanceiros pode fazer mais estrago no campo de batalha que uma horda de soldados de infantaria leve e dúzias de escudeiros.
Pensando nisso eu resolvi mudar um pouco o meu estilo de luta, deixar um pouco a espada e o escudo de lado e tentar a sorte com as armas de haste. Não posso dizer que minha primeira experiência tenha sido o que eu esperava. A bem da verdade, não foi.
Resolvi estudar lança semanas antes de me decidir a treinar com ela. Vi um monte de vídeos com técnicas e treinamentos, desde as armas ocidentais, passando pelas orientaria e me decidi por uma alabarda: uma lança longa com uma cabeça de machado. Pode ser usada para estocar e golpear.
Construí a arma com um dois metros de eletroduto de ½ polegada, uma adaga velha (feita com cano marrom de ¾) e a cabeça do machado de tatame coberta com espuma de flutuador. Ela ficou muito bonita, mas eu deveria ter usado um cano mais grosso. Não deu outra: no comecinho do treino de hoje a lança partiu-se em duas metades.
Não posso dizer que eu fiquei triste. Melhor que quebrasse agora, bem no começo, sem dar chances de machucar ninguém. A quebra me ajudou a repensar técnicas de construção e uso de materiais diversos. Mas também não fico feliz com isso, afina de contas devotei tempo, energia e material para que a alabarda fosse criada.

Bom, de volta à mesa de trabalho.  Vamos ver se consigo fazer melhor do que antes. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Não se exceda.

Cuidado para não se exceder nos treinos.


O aviso não parece ser novidade. É dessas coisas que escutamos o tempo todo nas atividades desportivas. É um desses conselhos que ouvimos mas que por algum motivo preferimos ignorar. Faz parte daquele grupo de coisas como “alongue-se”, “faça aquecimento”, “beba água”, que resolvemos conscientemente, ou não, ignorar.

Ás vezes diante do desejo de melhorar como guerreiros tomamos atitudes que são contra producentes. O excesso de treinos é um engano comum que se costuma cometer no desejo de melhorar. Quantas vezes não ouvi de colegas comentários como “sei que o treino foi bom porque estou todo quebrado”, como se estar “quebrado” fosse sinônimo de alguma coisa boa!

Praticar todos os dias as mesmas técnicas ou estilos de combate gera fadiga osteomuscular e facilita o aparecimento de lesões. O ideal é praticar diferentes exercícios a cada dia, em modalidades e intensidades diferentes. Isso porque ganhamos massa muscular, fortalecimento dos ossos e perdemos gordura no período de descanso. Se não temos este tempo, ocorre o processo contrário, conhecido como catabolismo, no qual perdemos massa muscular de maneira generalizada e ainda aumentamos o estímulo para depósito de gorduras.

No último treino me deixei levar pela excitação do combate e das práticas e acabei que fiquei muito mal o fim de semana inteiro. Forcei demais a minha coluna e os meus joelhos (que não são muito bons) e acho que aprendi a minha lição.


Dizem que sem dor não há resultado. Pode até ser. Mas doer demais não garante resultado demais. 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Alabarda para Swordplay

A alabarda é uma arma de haste longa. Parece, visto de longe, com o cruzamento de um machado com uma lança e partes de uma picareta. Seu uso foi iniciado por volta do século XVI e logo ela ganhou os campos de batalha por sua versatilidade contra soldados de infantaria e pesada e até mesmo contra cavaleiros.

Por conta de sua eficiência e multifuncionalidade comparada às demais armas da época, era utilizada pelos guardas de castelos e palácios para proteção das propriedades. Ainda hoje a Alabarda aparece como o padrão em unidades militares históricas, mantidas para fins decorativos, com suas fardas e armaduras de época.

A alabarda supera a lança em diversos aspectos. Primeiro porque não é uma arma apenas para estocar. A cabeça de machado permite uma boa variedade de golpes e posturas que se aproveitam dessa caraterística de corte. Um alabardeiro poderia atacar de cima para baixo, de baixo para cima, de um lado para outro e vice-versa, sem comprometer a sua posição.

O uso em combate de proximidade não era frequente devido à haste longa. O soldado armado de alabarda geralmente possuía uma adaga e eventualmente uma espada curta para estas situações. Além dos usos da parte ativa, a haste ou cabo poderia ser usado como bastão, para impacto, e o pé ou coronha muitas vezes era recoberto por metal para ser usado como ponta ativa secundária, para atingir um oponente que já tivesse ultrapassado o soltado, que aplicava um golpe para trás.

Pessoalmente, tenho uma alabarda e a acho muito mais útil em combate do que lanças e lanças de duas pontas. Fora a sua construção, que demanda mais tempo, habilidade e material específico, não vejo porque ela não é arma padrão de qualquer unidade de lanceiros.

Segue abaixo um link para um vídeo onde vemos essa arma em ação.


https://www.youtube.com/watch?v=OmEQUnd2_cs

A Importância da Malícia e da Cautela nas Relações Sociais no Swordplay

Na complexidade das relações humanas, é inevitável que, independentemente de quão bons sejamos e de quanto nos importemos com os outros, sem...